Hoje eu despertei naturalmente, como se o meu próprio corpo fosse uma outra pessoa, totalmente independente a mim, que me chamava após o tédio lhe impelir a atividade. Já a minha mente estava vazia. Eu conseguia reagir aos estímulos exteriores, como num automatismo, mas, nessa manhã, como em todas as outras, a minha cabeça estava ainda em processo de inicialização, e isso tomava um certo tempo.

Por falar em estímulos captados por minha percepção, depois do café e do banheiro, passei a ouvir um ruído vindo janela. Maldita dobradiça! Tinha consertado ela semana passada. Fui ver. E para a minha surpresa, tratava-se de um pássaro mensageiro, trazendo-me uma convocação. A mensagem no papel era formal e vaga, e só serviu para atiçar ainda mais a minha curiosidade. Parti imediatamente.

Fui recebido por um oficial superior, jounin, que me delegou uma missão de escolta adequada a minha patente, sendo provavelmente de rank c. Não deveria ser lá essas coisas todas, ainda mais pelo fato de que eu iria realizá-la sozinho. Mas, prudente que sou, não seria agora que eu iria subestimar alguma coisa. Depois das instruções e avisos estratégicos e operacionais eu rumei de encontro aos clientes que haviam requisitado a escolta. Tratava-se de dois comerciantes com as suas mercadorias: alegadamente valiosas.

– Olá senhores, sou Ojin, o ninja que que realizará a segurança. – Disse, com uma cortesia acima do que me era de costume.

Cruzamos os grandes portões do vilarejo e começamos a percorrer a estrada, que se estendia indefinidamente à frente.

Considerações:

Jutsus:

Armamentos (20/30):

Nós quatro vínhamos andando pela trilha, à sombra das grandes e majestosas árvores. Queria eu que estivesse sozinho, pois, assim, desfrutaria tranquilamente o doce silêncio daquele bosque. Os três mercadores, todos com um porte físico semelhante: magrinhos e espichados — esguios —, não paravam de falar um segundo. Veja bem, eu sou um cara fácil de se agradar; mas, se tem alguém que não me agrada é um tagarela. E como se um não bastasse, tinham três linguarudos comigo que agitariam qualquer cidade. Ainda bem que o objetivo da minha missão não era me entrosar com eles. Existia também alguma outra coisa que me fazia não ir com a cara deles. Talvez fossem seus comportamentos que vez ou outra deixavam pressentir uma surpreendente malícia.

Pois bem, o meu expediente era assim: enquanto fazia cara de paisagem para fingir estar prestando atenção no que eles falavam, o quê eu prestava atenção mesmo era na paisagem dos arredores. Peço perdão ao leitor pelo péssimo trocadilho. Ademais, nesse ínterim, eu aproveitei para, inclusive, preparar uma certa técnica, selecionando um certo tronco, e mantendo os olhos vivos e vigilantes para examinar muito atentamente qualquer sinal de perigo durante a escolta. Portanto, os meus sentidos estavam predispostos a captar qualquer coisa fora do lugar; estavam em sintonia com o momento; estavam de radar ligado; de acordo com que me foi aconselhado; de acordo com o objetivo da missão.

Ato contínuo, no momento seguinte o meu espírito investigativo me fez tomar interesse em um certo detalhe: uma espécie de linha quase invisível que cruzava todo o caminho. Seria aquilo uma armadilha? Ou seria apenas um graveto ou algo do tipo? Existe algum graveto daquele formato e que reflete? Eu, pelo menos, nunca vi. E dado a natureza e o valor daquelas mercadorias, que eram carregadas com tanto esmero pelos mercadores, e dado também a necessidade que eles tiveram em contratar um guarda-costas, as probabilidades daquilo ser de fato uma armadilha eram altíssimas. Eis aí um dilema, pois, caso tomasse alguma medida drástica perante algo que era apenas fruto da minha imaginação, eu faria um belo papel de bobo perante os meus contratantes, o que não seria nada bom. Todavia, se eu negligenciasse a situação e acabasse por estar enganado, eu falharia na missão e colocaria a vida de todos em perigo. Frente a essas opções, fazer papel de bobo até que não era tão mal assim.

Os mercadores estavam distraídos, mas eu não. E para evitar um mal maior, eu realizei um rápido gesto, tocando no chão, antes de chegar perto daquela linha, uns 10 m distante. Toda a região circundante, na qual estava delineada aquela possível armadilha, seria rebaixada vertiginosamente por cerca de uns 30 m de profundidade. E caso nós sofrêssemos algum tipo de ataque, eu me serviria de uma kunai infundida com o meu chakra para teleguiá-la a minha vontade com movimentos rápidos visando tentar rechaçar qualquer ataque, ou mesmo, atravessar, com ela, o corpo de qualquer hostil que se aproximasse ou representasse perigo eminente.

Considerações:

Jutsus:

Armamentos (20/30):

As flechas rasgaram o ar, sibilando. E eu deixava passar uma delas... A cena temida se concretizava perante os meus olhos esbugalhados. O mercador Guinko era acertado em cheio. Tudo por causa da minha inexperiência...

- Todo mundo pro chão! E se protejam na carroça, rápido! – Ordenei, soltando uma Kemuridama próximo a eles, ocultando-os com a fumaça.

Os meus cabelos se eriçavam, o vento zunia nos meus ouvidos, a sensação de ira era tão intensa que se tornava quase insuportável. O sangue galopava nas minhas veias com uma volúpia bestial e me levava ao paroxismo.

No instante em que a fumaça se espalhou, de um salto, meu corpo voou pelo ar como um foguete, uma kunai me acompanhava e realizaria manobras hábeis para me defender de projeteis inimigos. Portaria também uma kunai em cada mão para fins defensivos, além da própria flutuação acelerada que o meu jutsu me concedia, para a esquiva. Meus olhos penetrantes procurariam os inimigos, e no instante em que eu os encontrasse, não os perdoaria. A minha kunai controlada pelo meu chakra iria voar ferozmente com a intenção de perfurar e atravessar o tronco de cada um daqueles bandidos. Enquanto isso, por via aérea, eu me movimentaria com mobilidade total, visando evitar os ataques hostis e ter a proximidade necessária para eliminá-los até o último deles.

Considerações:

Jutsus:

Armamentos (19/30):

Eu consegui eliminar a ameaça; consegui a minha vingança, por assim dizer. Mas, ainda assim, me sentia profundamente culpado com aquele incidente inesperado e, sobretudo, pelo meu erro de cálculo. A fumaça se esvaiu e eu pude encarar os mercadores novamente, tentando manter o meu pálido semblante assertivo. Os três estavam muito assustados, naturalmente.

– Espera, deixe como está, você precisa de um médico para tirar isso. Por enquanto tente estancar o sangue. – Disse, tentando evitar que o sujeito sangrasse até à morte. – Aguente firme!

O mercante Guinko padecia com uma dor cruciante, chegando a se contorcer em gemidos terríveis. Essa situação me vinha como um trauma, um pesadelo. Mas agora era a hora de perseverar, de puxar a força que jaz no fundo d’alma e invocá-la imperativamente àquele momento de desagradável adversidade. A minha mão foi levada ao solo, para que, através do mesmo jutsu, eu pudesse nivelar o terreno, antes rebaixado, e torná-lo transitável outra vez. Já o comerciante ferido foi improvisadamente alocado naquela carroça, e alguns vasos foram transferidos para eu carregar nos braços.

Percorremos as trilhas e alamedas, que cruzavam a floresta por alguns quilômetros, até alcançar a pequena cidade vizinha à Folha, chamada Campina. Apesar da minha insistência, os três comerciante rejeitaram a oferta de levá-los até o hospital local, alegando a preferência em visitar uma velha conhecida curandeira, muito afamada na região. E eu, por não ter nenhum argumento nem ressalva contrários, aceitei com uma saudação de despedida cerimoniosa, suscitando um certo tom de desculpas. E foi isso. A volta para casa foi, digamos assim, pacífica, a passos demorados e filosóficos. Eu sentia que este episódio ficaria marcado indelevelmente no meu espírito, e, se eu não tirasse lições edificantes deste dia, poderia macular irremediavelmente a minha confiança. Veio-me então à lembrança aquela frase do meu falecido avô: o sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo...

Eu não me lembrava ao certo se eram essas as palavras, mas o sentido era, e fiquei admirado que só agora ela me ocorresse.

Considerações:

Jutsus:

Armamentos (16,5/30):