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   ㅤKiyomi Uzumaki estava em deitado em uma rede na varanda que dava para o quintal de sua casa. O tempo estava ameno com algumas nuvens de chuva cobrindo o sol e uma brisa leve. Sozinho, como costumava estar a aproximadamente dois anos, desde que sua avó morreu, o genin tentava se distrair.
   ㅤO garoto vestia uma samba canção branca com o desenho de algumas shurikens que se repetiam por todo o tecido e usava uma camisa laranja com um redemoinho vermelho na altura do peito representando a Uzushiogakure (Vila Oculta do Redemoinho) local que o genin tinha muito apreço e buscava sempre saber mais sobre; estava sem sua bandana, afinal, naquele momento não trabalhava como um shinobi, mas sim descansava como um trabalhador que cumpriu seus deveres. Um de seus braços estava acima da sua nuca formando um triângulo retângulo que findava com sua mão apoiando a cabeça, enquanto com a outra mão, segurava um livro sobre sua barriga. Poucos minutos se passavam com o livro sendo, aos poucos, folheado, até que enfim o Uzumaki fechava-o e olhava para baixo.
   ㅤ– Parece que enfim terminei todos os livros dessa casa; preciso encontrar mais algo para me entreter – falava baixo consigo mesmo. Ali, o jovem já começava a aguçar sua curiosidade por algo novo que poderia culminar em uma boa experiência e desenvolvimento pessoa.

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   ㅤInicialmente, na sua busca por algo novo, Kiyomi acabava caindo no ócio. Lá estava ele, de frente aos portões da Biblioteca de Kunohagakure. Não costumava ir muito àquele local, onde as pessoas normalmente iam fazer pesquisas e aprender coisas novas; não que o Uzumaki não gostasse de livros, pelo contrário, mas os livros que não possuíam guerreiros em sua capa ou algo minimamente pervertido não lhe atraiam.
   ㅤO garoto enfim entrava na biblioteca para encontrar algo de seu agrado. Ele estava agora com uma camisa branca com o símbolo de Uzushiogakure nas costas, calças folgadas e verdes, sapatos azuis que iam até a altura do seu tornozelo, e sua bandana, na altura da testa, representando o orgulho que o garoto tinha por toda a instituição ninja. A princípio atravessava todas as estantes, se afastando daquela imensidão de folhas, se guiando pelas placas que indicavam os gêneros e informações chaves dos livros. Lia o nome de diversos clãs, antigos kages e outras referências do universo que adentrava, mas nada parecia lhe atrair. Por algum momento até mesmo parava e lia algumas páginas de alguma capa de livro que o atraísse, mas não tardava em desistir, até que, por fim, encontrava a sessão de jogos e logo ia em busca de um dos livros, pegando o primeiro que aparecia. Em sua capa estava escrito “Shogi”.

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   ㅤAo pegar o livro, Kiyomi se aproximava da mesa que estivesse mais perto, afastava a cadeira e se sentava. Estava com um livro de numerosas páginas com uma capa dura marrom, escrito com uma letra parecida com a fonte Impact centralizado na frente do livro via-se a palavra “Shogi” toda em maiúsculo e nada mais, sem nome de autor e nenhuma ilustração. O livro parecia ser velho e se encontrava completamente empoeirado, por isso, muitas das informações haviam sido perdidas com o tempo; mas o Uzumaki resolvia dar uma oportunidade para aquele livro. Definitivamente não era o tipo de leitura que combinava com sua personalidade, Kiyomi nem se quer se imaginava lendo aquilo, afinal, não parecia ter uma linguagem tão simples e atrativa pelo tempo que fora escrito.
   ㅤAbrindo a primeira página o garoto começava a se aprofundar nas noções básicas e iniciais daquele jogo tradicional na sua região. Era incomum nunca ter se interessado por aquilo e estranhar o nome, mas o Uzumaki por ser tão disperso nem se quer sabia que sua avó tinha um jogo desses em sua casa, lapso de memória esse que era concertado ao, durante o folhear de páginas, ainda no primeiro capítulo, ver a figura em preto e branco de um tabulo em escala que ocupada as duas páginas do livro. Naquele momento se comprometia. Não iria se cansar até que aprendesse sobre o jogo que sua tão querida avó jogava.

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   ㅤKiyomi seguia lendo o livro, aos poucos, com atenção. Conforme mais lia, mais difícil ficava. Parecia que as palavras se embaralhavam em sua cabeça e, no final, seu ensino era prejudicado.
   ㅤNaquele momento o genin sabia o introdutório do jogo, ou seja, nada diferente do que uma criança também sabia no momento em que ia aprender o jogo.
   ㅤ“Peão. A função do peão é ser uma peça de sacrifício que fica na linha de frente. Pode fazer um movimento para frente sem voltar para trás.” Estava escrito no livro.
   ㅤ– Ok, isso está claro. Vamos aos próximos – falava para si mesmo, tentando reter o máximo de informação que pudesse naquele momento.
   ㅤ“Torre. Uma das peças mais poderosas do tabuleiro. Movimenta-se em qualquer direção em uma linha horizontal e diagonal.” Lia no livro.
   ㅤ– É... Certo. Acho que entendi. Ok. Posso ir para a próxima –
   ㅤ“Bispo. Posiciona-se na outra lateral do tabuleiro, paralelo a Torre. Pode movimentar para as diagonais, mas nunca em linhas retas.” Constava como terceira definição das peças.
   ㅤ– ... – o garoto ficava em silêncio por um tempo, aproximando sua face do livro, tentando ler mais pausadamente – AH! ACHO QUE NUNCA VOU ENTENDER ISSO!!! – Kiyomi gritava, ignorando completamente o fato de estar em uma biblioteca.
   ㅤAs pessoas no recinto faziam barulhos com a boca pedindo silêncio, enquanto o garoto deixava o livro cair sobre a mesa, levantando sua cabeça para o teto e soltando seu corpo para que escorregasse pela cadeira.
   ㅤ– Ah... Quem eu estou querendo enganar? –

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O genin, descrente e entregue a sorte, ao levantar sua cabeça para o teto como um gesto de derrota, de olhos fechados, suspirava. Ao abrir os olhos imediatamente se assustava, pois, era surpreendido com um rosto jovem, de olhos castanhos e cabelo de tamanho mediando e cor ruiva. A garota olhava fixamente com um tom raivoso para Kiyomi que se prepara para abrir a boca e pedir desculpas, quando então lhe indagava:
   ㅤ– Então vejo que o shogi está te tirando a paciência, é isso?  Vamos ver se eu consigo ensinar isso para você – a garota falava em um tom de superioridade, enquanto Kiyomi virava da cadeira para ficar de frente com quem lhe falava.
   ㅤ– Hã? O que uma criança como você entende desse jogo complexo? –  rapidamente respondia Kiyomi, não dando confiança para a garota devido sua idade.
   ㅤNo mesmo instante, a menina puxava a cadeira, sentava ao lado do Uzumaki e dizia – Me chamo Saori. Jogo shogi desde que me lembro. Está vendo esses livros? Já li todos eles. Acho que sou a pessoa mais qualificada para te ensinar isso! – falava a menina, não deixando se levar pelos julgamentos do genin que resolvia então dar uma oportunidade de ser ensinado.
   ㅤAparentemente uns quatro ou cinco anos mais jovem que Kiyomi, usava uma roupa totalmente preta com estética de traje usado para treinos; Saori puxava o livro das mãos de Kiyomi, colocando-o sobre a mesa e retomava a leitura do início do primeiro capítulo, interrompendo periodicamente para que explicasse com outras palavras o que o livro aborda. Kiyomi apenas ouvia tudo atentamente enquanto ela explicava, balançando a cabeça repetidas vezes, enfim finalizando o primeiro capítulo daquele livro.

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   ㅤ– Então, eu tenho que ir! Acredito que já passei muito tempo aqui e olha para você... Você é um genin. Você que devia está me ensinando! – dizia a garota, enquanto virava seu rosto para o lado, desviando a face e levando levemente os ombros com a palma da mão para o alto, como quem estava repleta de razão – Mas enfim, com isso você já sabe o básico do shogi. Os outros capítulos são estratégias que você pode e tem que usar. Leve esse livro para casa e pratique você mesmo! – falava, juntando suas coisas para ir para casa, provavelmente fazer alguma atividade da academia.
   ㅤKiyomi, mesmo vendo a presunção da garota, via que ela estava tentando ajuda-lo e tinha boas intenções. Fica feliz com aquilo, afinal, nunca havia sido um bom aluno e sempre teve dificuldade de entender livros como aquele. Por um momento parava e pensava que se tivesse uma Saori na sua turma, com certeza suas notas da academia teriam sido melhores.
   ㅤ– Eu me chamo Kiyomi! Muito obrigado! – respondia rapidamente, erguendo seu corpo para frente em demonstração de agradecimento – Inclusive, esteja pronta! Voltarei para lhe desafiar no shogi e mostrei do que um genin é capaz! – brincava, respondendo às provocações da garota com uma chama no seu olhar.

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   ㅤO genin estava ao caminho da sua casa levando seu novo amigo, o livro de shogi, em suas mãos. Ele dava passos lentos enquanto o céu tratava de informar a passagem de tempo do período da tarde para a noite. O jovem observava o sol se pôr enquanto refletia sobre seu dia e o quão vinha amadurecendo com suas últimas missões e alterações de personalidade recente; via que aos poucos estava se adaptando com o dever de ser um genin e ficava satisfeito com isso.
   ㅤ– Cheguei – dizia o Uzumaki, devido o costume que tinha, mesmo que embora soubesse que ninguém responderia. Imediatamente se dirigia a cozinha, cortava alguns legumes que havia comprado no dia anterior e deixava seu livro do lado do fogão, enquanto, dividindo o tempo com as tarefas domésticas, lia-o.
   ㅤMais tarde, enquanto comia o macarrão que havia feito, o jovem continuava lendo o livro. O mesmo se dava no momento que pausava para lavar o prato e inclusive algumas louças que estava há dias pendentes.
   ㅤA sua mente parecia que enfim havia destravado. Agora as palavras do livro se tornavam claras e, mesmo que em uma linguagem antiga, Kiyomi havia se adaptado a ponto de entender sem “travar” muito na leitura e ter que repetir o que estivesse lendo.
   ㅤConforme avançava na leitura daquele livro, o tempo seguia seu fluxo, mas Kiyomi tinha sua atenção presa naquele livro e se quer notava. Aos poucos Kiyomi entendia porque, sua avó e tantos outros eram aficionados por aquele jogo e, em um momento “eureka”, o garoto passava a entende as relações entre aquelas lições do livro e as práticas que aprendera na academia. Tudo isso resultava em uma noite de madrugada com o genin acordado, apenas lendo sobre shogi e analisando as situações com o olhar crítico de um ninja.

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   ㅤEra de manhã. As crianças brincavam nas ruas, os donos de casa já haviam saído para suas atividades matinais, tudo ocorreria, mas o Uzumaki ainda dormia; com o rosto amassado contra o livro que passou a madrugada lendo, de boca aberta deixando escapar um pouco de baba e uma posição nada confortável, afinal, havia literalmente caído em sono. O despertador lutava contra o genin que levava alguns minutos para ouvir o barulho. O cansaço da noite anterior havia vencido, mas, aos poucos ia abrindo os olhos e voltando para si, imediatamente partindo para melhorar sua atual condição em um banho.
   ㅤEmbora todos estivessem em busca de cumprir missões ou exercer suas funções na cidade, naquele dia em um ímpeto, Kiyomi era levado a fuçar caixas antigas em sua casa. Havia muito tempo que não entrava no quarto de sua falecida avó, afinal, aquele local não lhe trazia bons sentimentos, mas naquele momento sabia que aquilo valeria apena.
   ㅤO Uzumaki olhava em baixo da cama, abria cômoda, abria as caixas que estavam lacradas com as coisas de Uzumaki Mira, mas parecia não achar. Afinal, onde que sua avó havia guardado seu tabuleiro de shogi?
   ㅤMesmo desesperançoso, o garoto buscava no enorme guarda-roupa que sua avó tinha com portas de correr. Tudo que antes havia ali estava nas caixas que já tinha aberto, mas como era sua última opção, não custava buscar lá também; até que, enquanto afastava as portas, notava uma sutil diferença entre a porta esquerda e direita, como se tivesse tido que colocar mais força para mover uma das portas do que outra. Assim, passava a averiguar o que havia acontecido e notava que, em cima do armário, no lado esquerdo, estava o antigo tabuleiro que causa atrito levemente com a madeira da porta, dificuldade situlmente a abertura.
   ㅤO genin estava feliz com aquilo. Havia finalmente encontrado o tabuleiro - que não sabia, mas a avó havia escondido pelo seu vício naquele jogo - e agora poderia praticar. Primeiro conferia se estavam todas as peças lá. Peão, torre, bispo, lança, cavalo, general de prata, general de ouro, e, finalmente, rei. Poderia praticar sozinho agora.
   ㅤPassavam-se algumas horas. O garoto já havia se enfrentado diversas vezes, revisto as estratégia que havia lido na noite anterior e agora se considerava pronto para de fato jogar aquilo contra outras pessoas!

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   ㅤFinalmente saindo de casa, Kiyomi estava a prior sem rumo, mas, após falar com duas ou três pessoas que encontrava na rua pedindo informação, encontrava um local. Esse lugar era um pouco distante da casa de Kiyomi e até mesmo da cidade em si, ficava em um parque, o maior que havia por perto, e as pessoas que o gennin procurava se encontravam em mesas que se mantinham em meio àquela imensidão verde.
   ㅤDe início não entendia bem o porquê de estarem em um local tão isolado, mas, os velhinhos que estavam lá jogando explicavam que aquele local era ideal para jogar shogi, já que necessita de completo silêncio.
   ㅤKiyomi se dava muito bem com as pessoas da terceira idade e com pouco já se tornava o centro das atenções naquele lugar. O primeiro idoso que o enfrentava, embora com o raciocínio lento ocasionado pelo avanço da idade, ainda tinha grande desempenho para o jogo. O Uzumaki estava se saindo extremamente bem para sua primeira partida e parecia que iria vencer até que, ao encerrar sua jogada esquecendo-se de promover sua peça que havia avançado no tabuleiro para o lado do inimigo, automaticamente perdia o jogo. Como haviam lhe dito antes: era um jogo que exigia silêncio e concentração máxima e descuidos como aqueles não eram tolerados.
   ㅤKiyomi, impaciente como era, sentia dificuldade em não falar nada, mas conforme fora jogando e se consolidando naquela prática, com pouco tempo já fazia parte do cenário daqueles idosos, se misturando perfeitamente com os jogadores mais experientes.

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   ㅤApós horas jogando os idosos, Kiyomi se sentia extremamente confortável. Havia de fato aprendido o jogo em um tempo impressionante. Tendo almoçado com aquele grupo e enfrentando todos que faziam parte deles, sendo alguns mais habilidosos no shogi e outros não, o Uzumaki havia vencido todos em alguma partida. Olhava o sol que se preparava para se pôr e se despedia dos velhinhos que também tinham de voltar aos seus lares.
   ㅤPelo contrário! Kiyomi não estava indo para sua casa naquele dia. O garoto corria em direção à biblioteca que estava ontem. Como teria tomado todo o tempo de Saori no dia anterior, sabia que a garota teria que voltar ao local para estudar e terminar suas tarefas e... inconveniente como era, Kiyomi não se importava em tratar de shogi novamente com a menina; dessa vez, desafiando-a.
   ㅤO gennin entrava na biblioteca do modo menos barulhento possível, ainda que não conseguisse ocultar seus sons apressados. Atravessava as mesmas estantes, via as mesmas placas de sessões de livros que tinha visto e encontrava a mesma mesa que tinha lamentado sobre o livro que agora amava. Naquela mesa estava sua rival e amiga, Saori.
   ㅤO garoto não pesava sua voz em dizer:
   ㅤ – Então você está aqui! –
   ㅤAutomaticamente era recebido pela Saori com ar de surpresa – Ah, então você voltou para aprender mais sobre shogi? – era dito com um tom surpreso, mas levemente desafiador.
   ㅤ– Não, pelo contrário, fim lhe demonstrar como um verdadeiro ninja joga shogi – dizia Kiyomi enquanto sentava de frente para a menina e abria o tabuleiro – Sei que deve está atrasada, mas, por favor, jogue uma partida comigo antes que vá embora! –
   ㅤOs dois entravam em completo silêncio, fazendo momentos calculados, entretanto, para Kiyomi que já havia frequentado a academia e participado de algumas missões como genin, tudo aquilo era intuitivo. Fora treinado e passou nos testes para analogias como às que fazia com as peças do jogo. O garoto, encarando o jogo como membros shinobis que estavam em uma missão que ele coordenava; tudo que antes era turvo em sua cabeça se tornava claro.
   ㅤA garota, mesmo que nova extremamente treinada no jogo de xadrez oriental, exigia do Uzumaki situações mais delicadas, e, como líder daquela missão metafórica, era forçado a usar a estratégia da “escalada de prata” para que, enfim, pudesse conquistar o xeque mate contra Saori.
   ㅤFeliz, porém, respeitando sua oponente, agradecia por tudo que havia ensinado (que foi muito útil para seu amadurecimento e poderá ser aplicado em planos táticos) e sorrindo, dizia que queria jogar com alguém tão habilidoso quanto ela outras vezes. A menina, bastante surpresa com o avanço inesperado do garoto, se despedia e colocava-se para terminar suas tarefas em casa e poder se tornar uma genin o quanto antes para que pudesse colocar em prática todo conhecimento que tinha e especializar-se ainda mais.