Coisas estranhas estavam acontecendo nas fronteiras de Iwagakure e Konohagakure. Ambas as linhas mais próximas de Sunagakure estavam recebendo relatórios estranhos, como se já não bastasse toda a bizarrice do avanço da flora do País do Vento; alguma coisa estranha estava acontecendo naquele lugar. Desde a aquisição da independência de Konoha, a vila não abriu mais suas portas aos forasteiros da mesma maneira. Tornaram-se mais fechados, menos participativos, e quaisquer que fossem seus avanços científicos, ninguém tinha acesso a não ser eles mesmos. Aquilo era preocupante aos grandes líderes e chefes feudais, mas não podiam exigir nada simplesmente pela desconfiança, pois desde Shaka, a tensão e o medo de uma divindade cair dos céus novamente tentando exterminar tudo, como fora com Okina, rondava a cabeça deles.

No entanto os últimos relatórios... eles não deixariam as coisas continuarem como estavam. Vidas estavam em risco. Pessoas estavam desaparecendo ao se aproximarem dos limites. Alguma coisa dentro do País do Vento, quiçá em Sunagakure no Sato, estava levando pessoas, civis ou militares, e desaparecendo com elas. Ninguém tinha nenhuma pista. Muitas famílias em Iwagakure clamavam por justiça, enquanto alguns ninjas de Konoha começavam a pensar no pior cenário político imaginável; uma guerra contra a nação vizinha. Porém, não era apenas estes dois lugares que estavam sofrendo.

Sunagakure também estava.

Já era o terceiro desaparecimento naquele mês. Desta vez um ninja com uma habilidade única, uma kekkei genkai bastante valiosa. Os membros do conselho estavam intrigados com aquilo e temerosos em uma reunião. Entre os selecionados, uma mulher se destacava com cabelos verdes e olhos castanhos. Takura, a Chefe do Departamento de Pesquisa da vila. O nome mais importante depois do Kazekage nos últimos dois anos.

— Pela localização, talvez seja alguém de Konoha, mas podem ser mercenários envolvidos — ela comentou, apoiando os cotovelos à mesa, encarando os demais homens na sala, sendo ela a única mulher. Um dos ninjas ergueu um calhamaço de papeis e coçou a garganta pedindo atenção de todos. Takura o encarou indiferente.

— Desacredito na possibilidade de ser Konoha, pois, pelo que soube, eles também estão com problemas semelhantes. Sim, talvez sejam mercenários, mas se não fizermos nada, acabaremos sendo considerados culpados deste crime e uma guerra poderá se instalar a qualquer momento.  — comentou encarando no fundo dos olhos da pesquisadora. Aquele era Shisui, um membro importante no conselho e também criador de incríveis marionetes. Todos o conheciam muito bem. Era famoso na região.

— E o que, exatamente, você sugere, Shisui-kun? — Takura encheu a boca de deboche para fazer aquela pergunta.
— Investigarmos internamente esse problema. Se não forem mercenários, é alguém de dentro da nossa vila.

Aquilo chocou a todos e eles se entreolharam. Takura apertou os olhos, sentindo-se ameaçada. Não podia deixá-lo fazer aquilo, precisava de novos argumentos, então colocou seu cérebro a funcionar. — E criar uma crise interna baseada em suposições? Shisui-kun, nós temos tecnologia agora. Posso construir câmeras em dois dias que irão cobrir toda a vila e teremos provas firmes contra quaisquer acusações. —

— A ideia dela é melhor — disse outro ninja, Kurasuna. Ele era chefe dos médicos da vila e entendia a necessidade de paz, além de ser um grande fã de Takura e seus avanços científicos. — Voto pelas invenções de Takura. —

Os demais concordaram com ele. Shisui respirou fundo e fechou os olhos, visivelmente irritado. — Então, se me derem licença, irei para meu laboratório começar as produções. — Takura ergueu-se e saiu da sala.

Ela não se preocupava com o que os outros pensavam dela, pois estava muito acima de todos aqueles homens fracos. Ainda mais depois de tudo que havia descoberto, os poderes incríveis encontrados naquele artefato. Chegando em seu laboratório, já ultrapassando a parede sensitiva de chakra, ela não precisava mais se preocupar em manter a aparência e o Henge foi desfeito, retornando a sua forma coberta de ataduras e faixas brancas escondendo totalmente seu corpo pequeno.

— Takura-san?  — Hanatarō a olhou com luvas e máscara cirúrgica à frente de um corpo sobre uma maca.
— Ele está pronto? — Takura disse se aproximando do homem. Era o ninja desaparecido de Suna, cuja habilidade sanguínea era única. O auxiliar dela assentiu.
— Como solicitado ele está vivo, apenas sedado. Não sentirá nada com o procedimento.  — ele explicou.

Takura realizou selos de mãos e tocou no peito da vítima. Uma gosma se espalhou por ele como se o devorasse e absorvesse para dentro dela. Hanatarō apenas observou, atento a como a técnica funcionava. Aos poucos, o homem foi tomado pelo poder de Takura e o ritual estava terminado.

— Quase lá.  — Takura disse e caiu na gargalhada.

Mas talvez seus planos fossem frustrados com os movimentos dos Senhores Feudais...