A luz intensa adentrou pela abertura da janela do quarto tocando meu rosto logo pela manhã. O incomodo do calor mais o brilho fez-me despertar, ainda sonolento pela noite mal dormida. Tinha se passado bastante tempo, e agora já não era mais aquele gennin fraco de outrora. ”Levante.” Mandei a mim mesmo, sentando-me sobre o colchão. O toque gélido do chão em meus pés gerou um frio em minha espinha, mas continuei.

Meus passos vagarosos seguiram rumo ao banheiro, onde tomei um banho rápido e me vesti logo em seguida. A barriga roncou e então direcionei minha caminhada até a cozinha. Comi uma maçã e durante as mordidas uma batida na porta me chamou. ”Missão?” Talvez, por isso segui e fui logo a abrindo me deparando com um mensageiro. — É para o senhor. — Não tinha destinatário e isso me deixou curioso. — Quem mandou? — Questionei o homem, vendo-o balançar a cabeça negativamente como se não soubesse. — Ok, obrigado. — Agradeci, o vendo se afastar.

Antes mesmo que a porta fosse fechada abri a carta, sentindo um calafrio em minha nuca ao perceber de quem era. ”É ela, só pode ser.” A raiva e lembranças tomaram meu corpo, e naquele momento amassei o papel e avancei até a sala pegando meus equipamentos. A bolsa de armas foi presa a cintura e pouco depois parti de casa, trancando-a como sempre.

Um salto me levou até o telhado da casa mais próxima, e com uma velocidade mediana me direcionei até o campo de treinamento. ”Ela acha tudo isso uma piada? Quer brincar comigo, é isso mesmo?” Não tinha a resposta, mas certamente as teria ao chegar no local marcado.

Saltei de casa em casa até parar sobre uma delas, próxima à entrada do campo de treinamento onde deveria ir. ”Vamos lá.” Meu corpo decaiu de cima da residência e pousou de forma suave sobre o solo. Voltei a andar, agora mais lentamente, adentrando ao local enquanto observava atentamente tudo ao meu redor em busca de algo estranho.

Meus passos seguiram pelo gramado até ter visão do centro do local de treino. Parei ao me centralizar, voltando meu olhar para todos os lados a procura da mulher. — Estou aqui, onde está você? — Falei em um tom irritado, querendo que ela aparecesse de imediato. Não tinha noção do que ela queria comigo, porém já estava na hora de me deparar com ela, caso quisesse mais respostas.

Considerações:

O frio em minha espinha gerou um desconforto tremendo ao escutar o toque da harpa vindo de uma outra direção. Virei-me na direção da música, vendo crianças ao redor da mulher de cabelos rosados. ”Não faça nada.” Falei para mim mesmo, apertando a destra com força ao ponto de deixar a palma branca. Minha respiração se aprofundou e meu olhar sério focou-se na mulher. — Como que você está tão diferente? — A questionei curioso.

A canção que era entoada me dava calafrios, e a visão das pequenas crianças ao seu redor, usadas como escudo, me deixaram com mais raiva. Suspirei mais uma vez, levando a destra rumo a bolsa na parte de trás da minha cintura e colocando a mão em seu interior enquanto ela olhava para os pequenos. Não tinha noção do que estava acontecendo, e a falta de informação me deixava preocupado.

Tentei me acalmar mordendo o lábio inferior, sentindo o sangue quente escorrer rumo ao queixo. — Deixe elas irem, por favor. — Era um pedido, meu tom soou tranquilo sem hostilidade, querendo evitar que ela fizesse algo contra elas. Dei mais dois passos para frente, mantendo meu olhar vidrado nos movimentos dela, até escutar suas palavras. — Bem, apesar da raiva que senti ao ler o que tinha escrito, a curiosidade bateu mais forte. — Questionado sobre o que tinha feito durante tanto tempo, a respondi. — Missões, uma invasão no meio da minha vila, vi muitos se mostrarem corruptos e muitos fazerem o que não devia. Não sou mais o garoto ingênuo da outra vez que me encontrou, agora a dor me conduz. — Apertei o cabo da kunai com força, pronto para lançá-la contra ela.

Treinar-me, foi oque ela disse. Não entendi muito bem, e por isso voltei a questioná-la. — Como assim? Alguém que se diz Jashin entre nós? Me explique um pouco mais sobre isso. — De fato era estranho, alguém tentar tomar a identidade do deus da morte que me guiava maior parte das vezes. — E você? Me treinar? Que tipo de brincadeira é essa, posso saber? — A arma foi retirada rapidamente de dentro da bolsa, colocada atrás das costas para não ser vista.

Meu olhar se mantinha com tamanha seriedade, procurando um meio de entender melhor tudo o que estava sendo dito para mim. ”Me treinar para enfrentar alguém que se denomina Jashin. O treino ser feito por ela, e as crianças por ali.” Procurei me tranquilizar e não demonstrar o nervosismo para aqueles pequenos, que já se voltaram para mim com um olhar infantil. — Se vai mesmo me treinar, então o que vai me ensinar? — Coloquei a arma dentro da bolsa novamente, aproximando-me um pouco mais a espera da resposta vinda da mulher de cabelos rosas.

O clima ambiente estava agradável, misturado com o som do cântico dos pássaro. Tudo isso contrastava com a situação tensa que se formara no momento em que me deparei com crianças ao redor da mulher. Minha vontade inicial era a de voar no pescoço dela, porém agora minha vontade era saber mais da atual situação que estava acontecendo por aí.

Considerações:

O nervosismo aumentou quando ela passou as mãos sobre a cabeça de uma das crianças que a rodiava. ”Não faça nada, por favor.” Estava torcendo para que nada de mal fosse feito aquela pequena, e por isso apertei com mais força a kunai atrás das costas. O sorriso malicioso se formou nos lábios da mulher de cabelos rosados, e assim as os mais jovens partiram como se estivessem sendo controlados. ”O que é isso?” Questionei-me, sabendo que talvez a resposta não viria. Suspirei mais aliviado, e então continuei a olhá-la bem nos olhos.

A resposta da mulher me deixou ainda mais assustado, aquelas crianças? Possíveis devotos de Jashin? Não podia ser. Por mais que eu o seguisse, sabia bem que não era um caminho tão bom para crianças como aquelas. Não deveriam perder a pureza de suas almas, assim como ocorreu comigo. — Você está brincando comigo, só pode ser isso. — Incrédulo afirmei, tentando me acalmar.

Era visível a raiva que ela sentia após ouvir meu questionamento sobre de quem ela estava falando. Uma das cordas de sua harpa se rompeu, dada a força usada por ela enquanto me olhava com uma feição desgostosa. Mantive-me calado, escutando o que ela tinha a dizer sobre tal assunto. Ela cuspiu sobre o solo, falando que um homem de cabelos azuis apareceu na organização dela se denominando Jashin. — Se é assim, porque não fizeram nada contra ele? Se odeiam tanto ele por se dizer Jashin, porque não acabaram com ele no mesmo instante?  — Era uma dúvida pertinente, ela sempre se mostrou tão poderosa, porque agora não era mais?

A arma já se encontrava no interior da bolsa, o que diminuiu bastante a tensão entre ambos. Ela se aproximou com certa calma, mantendo seu olhar ardiloso enquanto me observava. As palavras da mulher demonstraram tamanho desprezo pelo homem. Aquilo me fez lembrar do nome dito. — Bem, creio que esteja falando do Shaka? — Um ar de curiosidade se formou em meus rosto, ao mesmo tempo em que fiquei surpreso ao saber que ela estava por ali a um bom tempo.

O questionamento logo veio, a medida que se afastava até se sentar em uma rocha a metros dali. — Fomos atacados no exame Chunnin. — Meus olhos se voltaram para o chão, vendo que nada tinha conseguido fazer. — Korra, esse era seu nome. Uma maluca, que queria nos matar e nos devorar. Não tive poder o bastante para acabar com ela, e em um dos ataques atingi um dos meus amigos. Quero poder para derrotá-la, quero poder para derrotar Shaka e poder para destruir todos os inimigos que aparecerem pela minha frente. — Um olhar raivoso tomou meu rosto, a medida que direcionei minha atenção totalmente para ela. — Então, vai aceitar me dar tal poder? — Meu tom soou desafiador, enquanto meu punho cerrado apertava-se até o sangue deixar de correr sob a palma.

Considerações:

A explicação dela sobre cada criança me gerou um intenso frio na espinha, obrigando-me a olhar para cada um deles enquanto caminhavam para fora do campo de treinamento. ”Isso não deveria acontecer.” Afirmei para mim mesmo, soltando um suspiro preocupado ao saber que talvez o destino de muitas crianças da vila fossem daquele jeito. — Entendo, espero que eles tenham um rumo melhor do que muitos que já vi por aí. — Meus olhos se voltaram para a mulher, respondendo suas últimas palavras. — Sim, eu o fiz algumas vezes, e com quem realmente merecia ser levado deste mundo. Bandidos, corruptores, e muito mais. — Havia um ar de satisfação em minha resposta, o que nem sempre podia ser visto.

A resposta sobre o tal herege em nada me animou. ”Sério isso?” falei para mim mesmo, balançando a cabeça negativamente enquanto levei a destra até a face. — Bem, se estamos falando do mesmo homem, então ele seria Shaka. — Me pronunciei, dando uma breve pausa e recomeçando em seguida. — Então os que tentaram foram despedaçados. Muito bom, e eu que talvez seja mais fraco do que até mesmo você, vai ser mandado para derrotá-lo? Isso só pode ser brincadeira. — A mão partiu do rosto e voltou a ficar ao lado do corpo. — Bem, creio que não tenha outra escolha, não é mesmo? — Disse cruzando os braços próximos ao peito.

Meus olhos se abriram mais amplamente, vendo a lufada de ar que ela havia disparado contra árvores ao longe, arrancando-as do chão. — Nossa, como fez isso? — Estava impressionado, não podia negar. E vê-la fazendo aquilo de um jeito tão simples me fez crer que eu também conseguiria.

Quando ela disse que teria um preço, aí sim voltei a sentir o frio na espinha. ”Como é?” Questionei-me, respirando profundamente enquanto mantinha meus olhos vidrados aos dela. — Creio que não vá gostar da sua condição, mas ainda sim fale. — O queixo pousou sobre os dedos indicados e a ponta do polegar, curioso e ao mesmo tempo receoso para saber o que ela queria.

Os ventos leves que invadiam o ambiente deixava um clima agradável, os cânticos dos pássaros contrastava com a voz odiosa daquela mulher. Se tinha certeza de uma coisa, era que teria que mais uma vez matar a mando dela. Esperava e torcia para que não fosse ninguém que não merecesse morrer, pois aí sim eu teria um problema comigo mesmo, e talvez com a vila. O que aconteceria? Bem, somente escutando-a atentamente para saber detalhadamente o que ela queria de mim. Minha mente se tornou um turbilhão de pensamentos, gerando diversas hipóteses sobre o que ela iria me pedir. Não tinha certeza se seria algumas das hipóteses já imaginadas, mas talvez também poderia ser.

Considerações:

Por mais errado que parecesse ser ainda senti um certo alívio ao ouvir que não teria que matar ninguém da vila. — Entendi, fico mais tranquilo quanto a isso. — Um suspiro escapou pelos lábios, enquanto meu olhar permaneceu atento na mulher. Era espantoso vê-la tão íntima de Konoha. Ninjas, que às vezes passavam, a cumprimentavam como se ela fosse parte de nós, alguns até mesmo flertavam com ela. O jeito fofo como ela fazia tudo isso em nada se parecia com aquela garota maldosa que sempre se mostrou. As vezes me questionava se ela só se fazia de má para mim ou se realmente era tudo aquilo.

Não tinha como negar o pedido, ela havia me prometido um poder maior do que eu já tinha para derrotar meus inimigos. — Você também tem acesso a minha ficha? — Surpreso a questionei, percebendo o quão perigosa aquela mulher poderia vir a ser para Konoha. — Bem, se é assim que vai ser, então tudo bem. Eu aceito o acordo, e espero que consiga de fato me deixar mais poderoso. — Os braços se cruzaram diante do peito, enquanto minha face transmitiu um olhar mais desconfiado.

Ela então me explicou o que deveria ser feito, enquanto mantinha seus olhos focados em minha ficha. ”De quem mais ela tem a ficha?” Questionei-me, soltando o ar de forma abrupta enquanto erguia a palma da mão a frente do corpo. Meus olhos se fecharam e então concentrei-me, a sensação que tinha ao entrar em contato com o fluxo do meu chakra era algo inexplicável. ”Com calma, com calma.” Pensei, conduzindo minha energia rumo a minha mão.

Não era algo muito difícil para mim, manipular meu chakra havia se transformado em algo rotineiro que nem percebia quando o fazia. Aos poucos infundia uma quantidade maior de energia em minha destra, percebendo uma leve formigação na mesma. Ainda sim continuei, sentindo todo o chakra na palma. De uma só vez, transformei sua natureza. Toda aquela energia foi levada a virar puro vento, gerando um pequeno turbilhão em meio ao ambiente.

Meus olhos se abriram e então voltei minha atenção para a minha mão, percebendo o que estava acontecendo. Era algo diferente, que nunca tinha sentido antes, mas não tinha certeza se estava fazendo o correto. Direcionei-me então para a mulher e a perguntei. — Está correto? — Não tinha certeza se era mesmo daquela forma que se fazia, mas não tinha como negar que estava conseguindo condensar uma quantidade maior de vento em minha mão.

Os ventos revigorantes invadiam o campo de treinamento, combinando-se com o delicado cântico dos pássaros. Era tudo muito relaxante, e que me ajudava a me concentrar no que estava fazendo. Tinha certeza de que chegaria ao fim daquilo com um controle muito maior do meu poder atual, e isso me servia de combustível.

Considerações:

A mulher explicou como conseguia suas informações. ”A bobinho, e claro que sim, uma transa aqui, uma foto de um shinobi saindo com a amante ali, um outro escondendo sua sexualidade lá e pronto, você tem as informações que precisa em tempo recorde... olha espero que tenha aprendido o básico na academia sobre espionagem..” Ela falou como se fosse algo tão simples, que me fez ficar com raiva. Não pude conter um suspiro mais aprofundado, ouvindo mais de sus palavras. ”Quando você precisa de informações você não tem que ir atrás da hokage e sim da faxineira, do rapaz que cuida do telhado, daquele chunin invisível que dá as missões... do filho gordinho de um Jounin importante... a fraqueza das vilas são aqueles que são invisíveis aos olhos da sociedade…” Aquilo me preocupou, sabendo que ela poderia usar tais informações contra a vila.

Não sabia se suas últimas palavras eram verdadeiras, já que outrora ela havia dito que para me ensinar teria que matar alguém. ”E não se preocupe essa aula que te dei é gratuita.” — Se diz que será gratuito, então não precisarei matar mais ninguém, não é mesmo? — Meu olhar se transformou, curioso para saber sua resposta.

Suas mãos se uniram em meio a um selo, enquanto sua respiração se aprofundou puxando o ar até seus pulmões. Ela disparou uma esfera de vento contra uma árvore bastante robusta, perfurando-a com tamanha facilidade que até me espantei. Não pude deixar de demonstrar minha surpresa.

”Controlar o chakra é essencial para tal maestria, lembre-se você precisa emitir esse chakra na forma de energia em um único rompante de força, agora quero que tente novamente, e espero que ao menos consiga fazer as folhas das árvores se mexerem.” Entendi, puxando uma grande quantidade de ar para dentro de mim enquanto canalizava uma grande quantidade de chakra. A mistura da energia com o ar em meu interior se prolongou até serem disparados contra uma árvore.

O vento forte avançou, porém era o necessário? Não sabia, e por isso questionei. — O que acha, isso foi bom? — A olhei de forma a saber se estava indo bem, embora achasse que não. Suspirei a observando.

Sentei-me sobre o gramado sentindo a brisa fresca enquanto o cântico dos pássaros gerava um clima agradável para ambos. Sentia saudade da época em que minha mãe era viva, onde ela cuidava de mim com todo o carinho. Vendo aquela mulher eu percebia que não era mais o mesmo que antes, eu já não era mais aquela criança indefesa e ingênua.

Me tornar um seguidor de Jashin me transformou, e a invasão que ocorrera na vila tinha me mostrado que o ser humano era cruel. Algo triste, sim era triste demais para uma criança ver, mas foi minha realidade.

Considerações:

O vento partiu dos lábios rumo a árvore tida como alvo. Pensei que conseguiria, mas não foi bem o que aconteceu. A mulher de cabelos azulados olhou para mim e com um suspiro falou. Conseguir de primeira era algo complicado, e eu havia percebido isso muito bem. Ela logo reuniu uma boa quantidade de ar em seu corpo e após misturá-lo com sua energia a expeliu. — Bem, eu também não achei que fosse fácil, eu já esperava. — Meu olhar se manteve na mulher, a vendo executar alguns selos. Logo uma sensação estranha tomou-me por completo, fazendo-me olhá-la com uma expressão de desconfiança. — O que é isso? — A questionei, enquanto os ventos frescos tocava meu rosto.

O corpo dela estava agora estirado no chão, como se tivesse desmaiada, enquanto isso sua voz ecoou em minha mente. Meus braços e pernas se moveram contra a minha vontade, não sendo controlados por mim. Ela estava mesmo dentro de mim? — Pera, você está dentro de mim? Como isso é possível? — A questionei bastante surpreso pelo que estava vendo. O fato dela dizer que não faria nada de mal comigo em nada me tranquilizou, ela era uma pessoa que não se podia confinar, e não começaria naquele momento.

Não queria que ela continuasse em mim, era algo muito estranho e bizarro. Logo pedi para que ela saísse, mas sem receber uma resposta positiva. — Quero que saia, por favor, isso é desconfortável. — Antes mesmo de voltar a falar meus dedos se uniram em um só selo, ao mesmo tempo em que uma grande quantidade de energia se acumulou em meio ao meu estômago. Logo meus lábios se abriram e então todo o ar escapou, despejado em uma rajada grandiosa que varreu diversas árvores do local. — Então é assim que funciona?! — Perguntei mas sem querer a resposta.

Logo senti meu controle retornar a mim, ela já não encontrava-se em meu corpo e isso me deixou mais tranquilo. Ela se ergueu do chão que outrora deitava, mantendo seu olhar em mim. — Acho que agora entendi. — Meus dedos mais uma vez se encontraram, à medida que meus olhos se fechavam e minha energia era conduzida a um ponto abaixo do estômago. Era a mesma sensação que havia sentido da outra vez, mas o nervosismo tomou-me no instante em que abri meus lábios e disparei tal rajada com toda a força.

Uma forte ventania se formou, lançada contra uma grande quantidade de árvores que ainda estavam de pé do lado oposto ao qual eu já havia disparado uma rajada forte. Observava o resultado de minha ação, torcendo para que enfim desse certo dessa vez. — Então, o que achou agora? — A questionei, me voltando para ela a esperando responder.

Considerações:

A forte rajada gerada pela nova tentativa varreu uma grande quantidade de árvores da localidade. ”Espero que ninguém brigue por isso.” Falei para mim mesmo, vendo todo o estrago que havia sido feito por uma grande ventania disparada pelos meus lábios após uma grande mistura de chakra em abundância e um pouco de ar. A mulher falou, com um ar mais tranquilo e ao mesmo tempo descontente com o que eu havia acabado de falar. — Bem, eu só não confio em você, tenho certeza que sai por ai matando qualquer tipo de pessoas, até mesmo inocentes. Fora que você também consegue recolher informações de Konoha, o que me garante que não vai usá-las contra a vila?— Estava claro toda a desconfiança que sentia por ela. — Aliás, você não está me ajudando de graça, já que quer que eu mata uma pessoa. —

A brisa suave invadia o ambiente um tanto quanto tenso, o diálogo entre nós não era dos melhores, e me perguntava se alguma hora ela viria me atacar devido a tudo o que estava falando. — Mas enfim, seu treino servirá e muito para mim. — Um suspiro partiu dos lábios enquanto balançava minhas vestes tirando toda a poeira que nela havia pousado. — O que mais preciso fazer agora? — A questionei com um ar mais calmo desta vez, queria de fato terminar aquele treinamento e conseguir um poder maior do que já tinha até então.

Ela se levantou da rocha em que estava sentada, tomando uma grande distância de mim. — Para que isso? — Não tinha entendido o porque dela ter se afastado tanto de mim daquela forma. Foi então que ela explicou. Pelo que foi dito, ela criaria uma barreira feita completamente de chakra a sua volta, enquanto eu teria que usar o poder obtido com o treino com ela pra desfazer sua defesa. — Isso não é perigoso? — A questionei. Por algum motivo me preocupei com o bem estar dela. — Deixa, não sei porque fiz essa pergunta. — Um suspiro mais prolongado partiu dos meus lábios, a medida que me preparava para executar o que me foi pedido.

— Lá vai a tentativa. — Elevei os braços acima da cabeça, alongando cada parte dos músculos dos membros superiores enquanto fechava meus olhos. Sentia uma leve dor enquanto minha concentração se amplificava com aquelas ações. Logo, puxei uma grande quantidade de ar até os pulmões enquanto meus braços se estenderam a frente do corpo. Meus olhos se abriram e meu chakra fluiu até meu abdômen. Logo um único selo foi feito com ambas as mãos unidas. Todo o ar era expelido pelos lábios com uma grandiosa força, rumando a mulher a minha frente. A grande ventania seguiu com tamanha força, assim como havia feito anteriormente. Observava cada detalhe das minhas ações, esperando que desse certo.

Considerações:

O ar se misturou a uma grande quantidade de chakra canalizada em meu abdômen, enquanto um único selo foi executado com a junção das mãos. Meus olhos permaneciam abertos quando da boca foi lançada uma forte rajada de vento contra a mulher. Ela havia executado um único selo, exalando junto a isso uma certa quantidade de energia que tomou uma coloração esverdeada até se formar uma barreira aparentemente simples. O ataque avançou com forte destrutiva o bastante para arrancar árvores do chão, para mim seria o bastante para desfazer aquela defesa. No entanto, o choque gerado por ambas as técnicas apenas gerou uma pequena explosão. — Consegui? — Perguntei-me em meio a um breve sussurro.

A poeira havia tirado toda a minha visão da mulher, por isso precisei aguardar por alguns segundos até que ela abaixasse. Minha visão voltou a ficar nítida o bastante para saber o resultado. — Não. — Um olhar desapontado se formou em meus lábios ao ver que o ataque não tinha surtido efeito que eu esperava — Todo esse poder, e nem um arranhão? — Era inacreditável, o poder dela era maior do que o meu e isso era assustador.

Um suspiro prolongado partiu da minha boca, enquanto meus olhos se focavam na mulher de cabelos azulados. Ela havia dito que não havia matado ninguém inocente, o que não foi aceito de bom grado por mim devido a tanta desconfiança. Legítima defesa, não havia algo que deixasse claro que ela estava mentindo, mas também não acreditava cem porcento. Suspirei novamente enquanto deixava aquele assunto de lado. — Ok, não acredito em tudo, mas me parece que não está mentindo. — A respondi, vendo-a jogar uma bandana de konoha no chão. Não tinha noção do porquê dela ter feito aquilo, mas também não a perguntei para que não tivesse algum problema e gerar uma discussão.

As palavras da mulher me surpreenderam de uma forma absurda. Ela deixava claro que também era de konoha. — Pe… pera você é daqui? Então você não é maligna? — Aquelas palavras soaram bastante estranhas para mim, ela havia informado que haviam ninjas de konoha fora que a protegiam. — Ok ok, eu prefiro não saber das coisas, pelo menos não agora. — Um olhar preocupado se formou em minha face, sem saber o que ela teria para me dizer.

Meus olhos se fecharam de imediato e comecei a puxar uma grande quantidade de ar até meus pulmões. Meu chakra foi conduzido até o abdômen, conduzido por todo o corpo até chegar onde queria. O misturei ao ar que havia puxado e então juntei minhas mãos em um único selo. Meus olhos se abriram e minha boca disparou uma ventania gigantesca contra aquela mulher. Estava torcendo para que daquela vez tudo funcionasse.

Considerações:

A rajada de vento avançou com violência, alcançando a barreira criada pela mulher de cabelos azuis. Uma grande poeira se ergueu em meio ao ar, impedindo minha visão sobre ela. ”Consegui?” Observava atentamente a diminuição da poluição visual, até ter total percepção dela. Quando toda a sujeira repousou sobre o chão pude ver o resultado de minha tentativa. Um brilho em meus olhos pode ser visto, feliz por ter enfim conseguido. A mulher, por outro lado, se voltou para trás com um olhar debochado porém demonstrando uma cerca felicidade também. Um suspiro escapou dos lábios, sentando-me sobre o gramado para descansar um pouco.

Sentia um certo alívio ao ver que enfim havia conseguido. A mulher, por outro lado, batia palmas fracas. Ela então respondeu-me a pergunta, sanando minha curiosidade. — Bem, verdade. No entanto, talvez haja outras formas de se entrar na vila sem ser percebido. — Meus olhos partiram do chão rumo a mulher a minha frente. — Talvez você saiba algumas dessas maneiras. — Não era uma pergunta, apenas uma suposição, dado o poder que ela havia demonstrado até então.

Questionado, a respondi. — Não, não doeu. Muito obrigado pela ajuda. — Meu corpo se ergueu do gramado, mantendo-se de pé enquanto limpava a sujeira que grudara em minhas vestimentas. A ninja por outro lado se sentou novamente em cima da rocha, mantendo sua atenção direcionada a mim até fechar seus olhos. ”O que ela está fazendo?” Questionei-me bastante curioso ao vê-la daquela forma. Logo seu corpo caiu sobre o chão, fazendo-me correr até ela. — Mas que droga é essa? — A tomei em meus braços procurando acordá-la. — Ei, o que está acontecendo contigo, acorda. — Naquele instante uma silhueta esbelta feita de pura energia emergiu do corpo, deixando-me assustado. — Mas que droga é essa? — Não a reconhecia, não parecia em nada a garota que havia conhecido a um tempo atrás. — Então essa é sua verdadeira aparência? — Era estranho ver aquilo.

Ela pedia para que cuidasse daquele corpo, pois ela deveria retornar para o seu próprio. — Tudo bem, eu cuido. — A respondi, escutando suas palavras relacionadas a missão. — Tudo bem, não se preocupe com isso, eu vou fazer. — Um breve suspiro escapou pelos lábios, enquanto meus olhos se mantiveram vidrados na mulher. Ela então desapareceu em meio às árvores, dando-me um calafrio na espinha. — Isso é tudo muito, estranho. — Sussurrei para mim mesmo, me levantando junto da mulher e a colocando apoiada em mim mesmo. — Para onde devo levá-la? — Questionei-me, sem saber o que fazer. Foi então que uma ideia se passou pela mente. — Vou levá-la até o hospital, eles cuidarão dela. — Meus passos se tornaram lentos, graças ao peso extra que carregava junto a mim.

Considerações: