Hanatarō olha para a vila do topo do prédio do Departamento de Pesquisa. Há dois anos era uma salinha no fim do laboratório geral da vila, agora tinha seu próprio prédio tão alto quanto o próprio escritório do Kazekage. Hanatarō sorri vendo as pessoas andando felizes na nova vila construída graças aos avanços científicos realizados com a inteligência de Takura, sua mentora. Antes, ele só via uma vila pobre, com construções de areia frágeis, com um horizonte desértico, dependendo de outras vilas, inclusive de Konoha, para conseguir sobreviver, mas agora... Sunagakure estava grandiosa novamente e tinha comprado sua independência.

As construções ainda tinham porções de areia, mas eram forjadas em metais nobres, em ouro, em prata, criando grandes casas e prédios. As lojas estavam cheias de especiarias únicas, pois o trabalho de encontrar certos ingredientes se tornou muito mais prático desde que a vegetação voltou a florescer nos arredores da vila; onde antes era só deserto agora possuía vielas de relva, florestas, rios e uma fauna cheia de roedores, mamíferos e carnívoros. Uma forma melhorada de vida se comparada às florestas de Konoha, pois ainda existia o deserto mais além, cheio de seus mistérios e segredos, como flores curativas e venenos únicos cultivados em animais exóticos. Um dirigível passou por cima do prédio, construindo uma enorme sombra que se projetou por cima das pessoas que olharam tão animadas que fez Hanatarō lembrar o motivo de ainda sorrir.

Voltou para dentro do departamento e passou por várias salas onde os pesquisadores, agora vários, escreviam, liam ou observavam gráficos em computadores de mesa e laptops, embora ainda faltasse algumas funções e melhorias, como uma rede mais ampla de sinal que conectasse todos os computadores do mundo; eles eram restritos à uma conexão dentro do departamento. Desceu até o térreo, onde uma criança chegava com sua avó. A mulher usava uma das próteses especiais criadas por Takura. A perna podia até parecer mais pálida do que o resto do corpo, mas ainda assim funcionava perfeitamente, e tinha o selo característico de Takura; uma árvore de bonsai.

— Vieram para uma revisão?  — Hanatarō questionou mostrando um sorriso gentil.
— Sim, ela disse que ainda incomoda para fazer algumas tarefas, senhor, e ela não para de fazer as coisas  — a criança respondeu um pouco constrangida.

Hanatarō se aproximou da mulher e olhou a perna dela, uma construção maravilhosa. Tão firme quanto uma humana normal, mas um pouco mais pálida e com linhas pretas nas laterais, feita para os conectores dos nervos funcionarem perfeitamente. O pesquisador deu uma boa olhada, passou a mão e não sentiu nada de diferente.

— Irei marcar um horário com a Dra. Takura, sim?   — os dois agradeceram ao seu gesto e ele se despediu dos dois seguindo caminho até uma porta lacrada com um selo de chakra, nos fundos. Ele tocou as pontas dos dedos da mão direita e o chakra fluiu abrindo a passagem e assim que ele entrou, ela fechou outra vez.

À medida que descia as escadas as luzes ficavam mais fortes. Depois de descer todas, ele ainda passou por um longo corredor com vários tanques fechados e marcados com códigos. HS-14, HS-28, MK-80, HY-35, SM-60... ele sequer os encarou, pois sabia exatamente tudo sobre aqueles experimentos. Chegou até um espaço amplo com várias telas gigantescas de computador cheios de dados e gráficos e tabelas. Sentada à frente das telas, uma mulher pequena coberta de ataduras e um manto rosa.

— Uma senhora precisa que você veja sua prótese.   — ele comentou, parando atrás dela com uma expressão mais séria. — Eu não encontrei nada demais, mas ela ficaria mais segura se fosse a senhora.  —
— Amanhã darei uma olhada, odeio usar o Henge para usar minha antiga aparência — comentou e girou na cadeira, saindo dela. —, mas são os ossos do ofício, certo, Hana-kun?  —

Ele assentiu e seguiu a mulher pelo laboratório adentro, onde mais tanques se projetavam, assim como uma ala cheia de próteses e outras tentativas de experimentos, como armas e radares. — Alguma coisa me diz que estamos muito próximos de conseguirmos criar um clone perfeito, Hana-kun. — Takura disse e tocou um tanque transparente com uma sombra dentro.  — Quando conseguirmos criar os humanos sintéticos perfeitos, nós seremos definitivamente a vila mais forte do mundo. — Takura disse e o artefato dentro do tanque emitiu bolhas pelas, como se estivesse vivo.

Hanatarō abriu um sorriso tímido ao ouvir aquilo. O item dentro do tanque era o mesmo resgatado dois anos atrás, mas ele não esperava que Takura fosse descobrir tantas coisas incríveis, principalmente suas propriedades curativas, sua linhagem especial e, principalmente, seu domínio do yang e da energia natural. Era graças aquilo que Sunagakure tinha tantas coisas, tanto dinheiro, tanta glória. Ao corpo e à mente genial e maquiavélica de Takura que, vendo um fim, criou um recomeço.

Suna estava em seus dias de glória e Hanatarō era um dos responsáveis por aquilo, mas, por algum motivo, ele sentia que alguma coisa não estava certa...