Floricultura da Vila
Descrição: A garota que cuida da floricultura agora é uma Kunoichi (ninja) médica muito atarefada, sua missão é cuidar da Floricultura enquanto ela está fora! Se tem alergias a flores, use uma máscara!


É dia de semana, por volta das seis horas e quinze minutos da manhã, a estação do ano todo mundo sabe — estamos na rua principal, aquela artéria do vilarejo da folha que liga a praça e o gabinete do Hokage com a guarita dos shinobis da guarda dos grandes portões. O tempo é razoavelmente bom, indiferente. Não chove, mas o céu também não está limpo; é de um branco acinzentado, todo igual, comum, vulgar, e a rua jaz sob uma luz fosca e pobre, que exclui qualquer mistério ou fantasia. O tráfego é regular, sem muito ruído ou aperto, combinando com o caráter tranquilo do vilarejo. Nas calçadas caminham moradores, gente incolor: transeuntes, público, povo.

Como de hábito, o jovem Hakara, mas conhecido por Ojin, apareceu naquele local onde ficam as listas das tarefas básicas no vilarejo, as famosas missões de ranqueamento mínimo: hierarquizadas pela letra “D”. O garoto não escolheu, foi escolhido. Precisaria cuidar de flores, plantas ornamentais e essas coisas todas. Pôs-se à pé até a floricultura da Vila da folha — na qual possui um nome  relacionável à ocasião.

Bateu o pé por lá após uns cinco minutos. Já na entrada, logo acima da porta, lê-se: (やまなか 花, Hana Yamanaka) em letras grandes e bonitas, num chamativo e decorado cartaz. A loja é propriedade exclusiva do clã Yamanaka, um dos clãs mais tradicionais da região. Portanto, é uma loja famosa. Vende-se flores de todos os tipos e variedades. Seguindo o padrão da vila, a floricultura possui também um típico método de pintura, feito com uma tinta especial, diluída em óleo e água, reação que libera um característico cheiro de adesivo misturado com óleo queimado — a origem não é certa, mas alguns shinobi da vila o relacionaram com Hagoromo Ōtsutsuki. Soma-se ao cheiro da tinta o intenso perfume floral. O telhado, as janelas e portas são feitas de uma madeira nobre, percebíveis pela cor com um brilho natural, e pela simetria dos anéis em sua superfície.

Para além da loja, estende-se a vasta região do vilarejo, uma zona imensa, arborizada e provinciana, que vai até a muralha do portão e, no horizonte, morre ao sopé da montanha. Ojin bateu na porta. Uma japonesinha moça apareceu na janela aberta.
– Que deseja?
Disse o que queria e aproximou-se. A moça gritou para o interior da loja:
– Vovó está aí o “moço” que quer falar com a senhora.
Entra, faz o favor — disse ela depois, dirigindo-se ao Ojin.

O interior era amplo. Pelas paredes, velhos quadros de arte, arranjos florais, plantas ornamentais e alguns bonsais — centenários e meticulosamente cuidados — sobre bonitas estantes de madeira e subiam por elas acima até dois terços da altura. Ao lado de uns símbolos de Konoha e do clã, havia um retrato do Yamanaka Inoichi com feições nobres.

Não tardou vir a senhora. Entrou em kimono tradicional. Capenga de um pé e parecia querer ajudar a marcha com a mão esquerda pousada na perna correspondente.
– Bom dia, senhora, disse o ninja.
Ela respondeu, mas não deu mostras de ter reconhecido quem lhe falava. O ninja recapitulou:
– Sou o ninja substituto, o Ojin.
– Ah! É verdade!... Chegou bem na hora. E como você tá, meu filho?
– Vou bem, Senhora...
Ojin era um tanto reservado e o vexame de mostrar os seus sentimentos faziam-no econômico nas demonstrações afetuosas.

De resto, as instruções foram dadas, inúmeras por sinal, e o ninja foi seguindo todas as orientações, principalmente das pequenas podas e transferências das plantas de um vaso a outro. A loja ficou cheia, e o serviço ininterrupto não deu chance para o Ojin fazer as suas anotações. Quem soubesse o que uma tal árvore em miniatura — cultivada em bandeja ou vaso — representava de esforço, de trabalho, de sonho generoso e desinteressados, havia de compreender com que prazer que a matriarca da loja sentia ao discorrer sobre os seus bonsais.

Pronto, pouparei o caro leitor, possivelmente imaginário, de maiores descrições que apenas levariam ao tédio. Não digo que foi uma tarefa inútil, nem do ponto de vista do jovem Ojin, porque às vezes, das coisas mais simples é que se contemplam a verdadeira beleza. O ninja completou a sua missão e eu termino por aqui, com mais esse clichê.