[Solo] Em terra de cego -

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[Solo] Em terra de cego -
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Menestrel

Genin

- quem tem dois olhos é muito malvisto;

Sorri uma última vez, estendendo a mão em despedida aos três homens que haviam se disposto a recolher minhas caixas e outros poucos pertences, colocá-los em uma carroça e então deixar tudo na minha nova casa - tudo por um preço irrisório, diga-se de passagem. É engraçado pensar que nossa vida toda cabe em meia dúzia de caixas. Ao vê-los sumindo no horizonte, dei meia volta e conferi o meu quarto vazio. Minha vó estava sentada no alpendre da casa fingindo cuidar de suas flores. Me aproximei:

- Vai ficar tudo bem. Eu já sou bem grandinho pra continuar morando aqui com a senhora. Já quase não tenho ficado em casa mesmo, né? - Afaguei seus cabelos brancos e envolvi num abraço, sentindo seu cheiro que me arremetia à conforto - Inclusive, eu já tô de saída. Vou treinar na floresta, e quando voltar será pra me inscrever no exame Jonin de Iwa.

Ela sorriu orgulhosa.

- Crianças crescem tão rápido - Ela me disse - Vá. Você será o melhor. E não esquece de comer direitinho. Quando precisar de alguma coisa me avisa. Se também quiser vir pra cá eu posso fazer um...

- Eu sei, vó. Você é a melhor. Mas agora eu preciso ir, tenho um treino importante - Cortei sua fala ou ficaria refém daquela conversa para sempre. Sendo assim, tomei meu caminho rumo à pequena cabana usada para estudos anatômicos d'A Velha.

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Menestrel

Genin

Qua 4 Mar - 20:15

- aquela famigerada cabana;

- Estava esperando por você, garoto - A voz da velha ressoou por entre os galhos daquela antiga floresta no coração de Iwa quando meus passos já haviam me aproximado de sua solitária cabana.

- É claro, velha. Não esperava que você estivesse dando uma festa - Sorri, terminando minha caminhada e me esticando um pouco meu corpo. O lugar era silencioso e a noite já começava a cair, lançando cores quentes no céu que escurecia pouco a pouco, podendo ser observado entre as frestas das copas das árvores.

A senhora de avançada idade estava sentada em um banquinho na parte de fora, apoiada em sua bengala, recebendo-me sem abrir os olhos. Como ela sempre sabia que eu estava chegando me deixava intrigado, afinal nunca foi comentado nada sobre ela ter habilidades sensoriais. A questão é que de todos os poderes que ela podia ter, aquele era o de menos. Afinal, ela havia-o salvado quando sua vida estava por um fio e ensinado-o o ritual do Jiongu. Também havia-o ensinado mais sobre conhecimentos anatômicos e a transferir meu chakra para desenhos feitos com tinta e óleo em pergaminhos. Aquela pequena senhora encurvada tinha minha total confiança, e naquele dia eu havia chegado para mais.

- Você tem se tornado mais ganancioso, não é mesmo? - Ela deu uma gargalhada - Sede de saber. Isso é bom... Isso trás poder! E talvez seja a hora de você treinar especialmente o seu Ninjutsu cujo qual já és muito hábil.

- Tá amolecendo, senhora? Você nunca foi de sentimentalismos - Bati com o punho da mão esquerda na palma da mão direita - Vamos começar logo com isso.

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Menestrel

Genin

Qua 4 Mar - 23:15

- domínio interior;

Caminhamos até o alto de uma colina sobre aquela floresta de pedras e árvores não muito altas. Lá de cima, era possível ver o pôr-do-sol alaranjado com clareza, assim como sentir a brisa da noite que chegava soprando já mais amena - apesar do calor abundante e sempre presente em Iwagakure e seus arredores. O local era um descampado sem árvores e pela primeira vez em vários minutos um de nós falou:

---- Muito bem, aqui está bom ---- Ela disse, apoiando-se em sua bengala enquanto observava o horizonte com uma nítida nostalgia ---- Você conseguiu dominar o Kuro Manto no Ito, certo? Mostre-me suas capacidades de Ninjutsu enquanto o utiliza. Sei que você conhecesse algumas técnicas complexas referente à arte do Ninshuu.

Dei um leve sorriso. É claro que eu tinha algumas cartas na minha manga. Num piscar de olhos, acoplei sobre minha pele um manto negro, feito de bandagens formadas apartir dos fios do Jiongu. Através de uma grande capacidade em manipular o Chakra e grande aptidão com Ninjutsu, enquanto estivesse revestido pelo negro era possível esticar membros, formar novos e até me mover mais rápido. Eu realmente me sentia muito mais forte naquele estado. Através da modelagem do Chakra apenas possível com Ninjutsu eu também conseguia exercer o elemento Poeira para me proteger.

Olhei para a senhora e assenti com um leve movimento de cabeça, estendendo minha mão e buscando conjurar de minhas mãos uma grande orbe com outras orbes menores em seu interior. Aquela era uma técnica extremamente poderosa, e conseguir conjurá-la sob aquele manto exigia habilidade. Ela possuía uma tonalidade azulada de puro chakra condensado. Entretanto, eu estava ali para ir além dos meus limites, e dessa vez tentei fazer algo mais ousado. Ainda segurando a técnica na minha mão esquerda, tentei criar outra daquela orbe na mão direita. Não fui tão bem na tentativa, perdendo o foco e fazendo com que a orbe na minha mão esquerda se desfizesse. Praguejei, mas não desanimei. Tentei por várias vezes, até que em dado momento fui capaz de conjurar duas orbes ao mesmo tempo, sentindo as palmas das minhas mãos queimarem. Ela se animou:

---- Condensando e girando o seu chakra numa velocidade poderosa e extrema, não é mesmo? ---- ela continuou, ainda de pé, escorada sobre a bengala ---- Isso demonstra bastante domínio interior... É mais sobre o chakra que está dentro de você, entende? Sobre isso, você se mostrou muito capaz ao manter controle. Agora vamos aos elementais.

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Genin

Qui 5 Mar - 2:17

- percepção exterior;

Eu entendia perfeitamente o que a Velha esperava de mim. Aquele descampado onde apenas nossas duas presenças podiam ser encontradas parecia um ótimo cenário. Já era noite e a lua se encontrava subindo no horizonte: Tão cheia e brilhante quanto só uma lua de verão em Iwagakure pode ser. Ela pediu para que eu continuasse meu treinamento com um movimento de cabeça. Sendo assim, respirei fundo e me concentrei, tomando noção da natureza ao meu redor. Podia moldá-los em meu estômago, em minha mente, em meus poros...

- Doton: Chidokaku! - Bradei, batendo minhas mãos no solo, emanando meu chakra e criando uma grande plataforma que nos elevou até um pouco mais perto do céu estrelado. A nova plataforma tinha cerca de trinta metros quadrados e quarenta de altura. Um sorriso confiante surgiu no canto da minha boca, mas foram minhas mãos que agiram primeiro enquanto teciam novos selos.

- Katon: Onidōrō! - Do meu estômago eu senti a formação de uma sensação como aquela de quando comemos muita pimenta, porém fazendo o caminho inverso: Meu hálito de pura chama invocava bolas de fogo com faces que se espalharam ao nosso redor, subindo pelo céu segundo o meu comando. Antes que elas pudessem ir demasiadamente longe, teci outros selos rápidos, bradando:

- Fuuton: Rasengan! - Vociferei enquanto formava um barulhento acúmulo de chakra de vento na palma de minha mão, lançando-a em seguida nos fantasmas de fogo que seguiam rumo aos céus, fazendo com que a grande shuriken elemental transformasse o contato com as chamas flutuantes em explosões como fogos de artifício. Eu olhei para a velha com um péssimo arquear de sobrancelhas, tentando parecer romântico: - Quer segurar minha mão?

- Não me faça vomitar - Foi tudo que ela me respondeu sobre isso - Versátil, hein? Terra. Fogo. Vento. Preocupe-se em conseguir primeiro corações de Água e Raio quando fizer seus próximos rituais Jiongu. E com o domínio da natureza, nós trabalhamos a nossa percepção externa. Agora precisamos treinar algo que está aqui.

Ela apontou colocou o indicador no lado esquerdo do meu peito e eu já pude saber a resposta.

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Menestrel

Genin

Qui 5 Mar - 10:12

- alcançando a lua;

Realizei um Jinton ao aproximar minhas duas mãos espalmadas, apontando-as para cima e disparando a figura geométrica desintegradora que desapareceu tão rapidamente quanto surgiu ao não encontrar nada em seu caminho - o que era exatamente o plano -, mas ao que tudo parecia, ainda não era suficiente.

- Hmm... Duzentos e cinquenta metros? - Ela comentou, calculando de alguma forma o alcance do meu ataque - Vamos, Mu! Eu espero muito mais de você.

Naquela madrugada, sentia nitidamente minhas energias se esvaindo quanto mais continuávamos o treinamento... mas de uma forma boa, entende? Como quando você se exercita e o seu corpo libera um coquetel de endorfina que soa como um banquete ao cérebro. Em minha frente, a Velha continuava a falar com aquele seu jeito senil - porém sábio - e eu não podia deixar de ouvi-la:

- Você consegue mais que isso. Vamos! Tudo tem que trabalhar em conjunto para conseguir alcançar o máximo potencial: Corpo, alma, chakra, mente. Concentre-se! Imagine algo na lua... O que você gostaria de alcançar?

- O que eu... Gostaria de alcançar? - Pensei comigo mesmo, respirando fundo e deixando que meus olhos repousassem sobre a lua. Sentia minhas palmas ainda quentes, sentia a brisa no meu rosto e senti algo no meu coração. Uma pontada. O que me movia? Quando mais novo, o ódio pelo meu avô me moveu por muito tempo. Hoje, já mais velho, meu pensamento não era tão recorrente assim. Talvez já estivesse quase na hora de ter que enfrentar o meu passado, porque se não, a qualquer momento, ele poderia voltar para morder minha bunda. Eu não seria pego de surpresa.

Imaginei o rosto do meu avô ali na lua.
Queria alcançá-lo.
Queria desintegrá-lo.
Com todas minhas forças, bradei:

- AAAAAAAAAAAAH!!! - E após reunir todas minhas energias, das mãos estendidas e apontadas para cima mais uma vez um Genkai Hakuri no Jutsu. Dessa vez, seu barulho foi mais agudo, assim como eu percebi que a força da técnica havia sido totalmente diferente dessa vez.

- Quatrocentos metros? - A velha aplaudiu, sorridente - Isso é o dobro do que você fazia quando aprendeu essa técnica de sua Kekkei Genkai... Com o dobro de força, veja bem. Se continuar assim, garoto, quem sabe um dia consiga alcançar a lua que tanto almeja.

- Eu não quero a lua, Velha. Que diferença faria? - Deixei que meu corpo caísse na grama, ofegante. O manto negro que cobria meu corpo se desfez - Sinto que cada vez mais o dia em que eu vou ter que enfrentá-lo vai chegar... Mas enquanto isso... Toma aqui.

Entreguei para ela uma carta. Recentemente havia adquirido a Profissão de Mensageiro, mas eu acabei nunca entregando uma mensagem escrita por mim. Dessa vez, agradeci a ela em papel e letra por todos os treinamentos, mas quando ela lesse eu já estaria muito longe, de volta à Iwagakure no Sato.

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Convidado

Sex 6 Mar - 1:10

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