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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
Akeido#1291
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Havilliard
Havilliard#3423
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Convidado
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Meu reencontro com o mestre Haseo desde quando eu havia partido para em busca de melhor entendimento a respeito de tudo foi interessante. Normalmente, quando eu era criança e aprontava alguma coisa que me custava um bom tempo sem ser visto, eu era capaz de sentir em seus olhos quando me via que ele sabia exatamente o que eu havia passado os últimos minutos fazendo. E, embora eu tenha amadurecido em vários aspectos – incluindo o de não mais jogar pedras no vidro de meus vizinhos – eu sentia que o seu olhar após algum tempo sem me ver continuava o mesmo. Contudo, desta vez foi diferente; ao invés de olhos penetrantes que combinavam com o teor esquadrinhador em seu rosto, desta vez eu via olhos e semblante confusos diante de mim. Ainda assim, talvez “confuso” não fosse o melhor termo para descrevê-lo. Talvez fosse melhor algo como “incerto”, ou “suspeitoso”. Eu entendia que ele ainda buscava discernir as minhas verdadeiras intenções quando decidi me retirar temporariamente da vila, e gostaria de saber se meu coração ainda estava no lugar certo. – Não se preocupe, mestre. – Busquei assegurá-lo com minha resposta. – Algumas coisas estavam erradas no modo como eu penso, eu admito. E por isso precisei pensar a fundo. – Lembrei-me de um termo que ele usava nestes contextos. – Buscar os meus sentimentos. – E foi exatamente o que entoei, para que facilitasse a sua compreensão. Resolvi ser sincero em minha resposta, é claro. Mentir não era digno da ordem, e, além do mais, me foi ensinado que “nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade”.

Através de passos leves e descontraídos, eu caminhava para o quartel general do vilarejo; caso tudo estivesse correndo de acordo com o planejado, eu teria duas missões importantes esperando por mim. Importantes, porque, mesmo que fossem de um nível baixo, ocupariam cerca de cinquenta porcento das missões remanescentes para que eu pudesse subir de cargo. E, como é de se supor, eu não gostaria de ocupar meu cargo atual por muito mais tempo. Desta forma, encaminhei uma carta para o quartel general – algo costumeiro, até onde eu sei – informando-os de minha chegada e solicitando duas missões de nível C que seriam realizadas a partir desta noite.

– Olá. – Saudei uma das atendentes locais com um sorriso amigável. – Estou aqui a respeito das missões que solicitei... me chamo Enmei Sarutobi. – Cumpri com todas as devidas formalidades assim que iniciei o diálogo. Agradavelmente, ela parecia comprometida e igualmente formal. Correndo com os meus olhos pelo interior do quartel general, visto que eu não o visitava há uns bons meses, pude notar que algumas reformas sutis foram feitas por aqui e por ali, mesmo que nada extravagantes. Enquanto a atendente rebuscava por entre as suas gavetas por minhas designações, mentalmente me certifiquei de que carregava todos os meus itens necessários comigo; um punhado de kunais, shurikens, e uma mochila contendo alguns itens básicos de sobrevivência, alimentos enlatados e um par de garrafas com água. “Ah. Aqui está.” ouvi de sua voz que imitava sua atitude solícita. Agradecia-a enquanto recebia seus pergaminhos, utilizando uma pena que repousava sobre o balcão para assinar a documentação necessária que declarava meu recebimento e minha compreensão sob todas as responsabilidades envolvidas nas missões que me foram incumbidas. Devolvi os papéis para a senhorita e carreguei os pergaminhos para fora do estabelecimento em minhas mãos, já que, assim que avistasse um banco qualquer, iria sentar-me para entender as tarefas que iriam me ocupar pelas próximas horas.

HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [01/10]

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A primeira coisa que notei foi o teor similar que ambas as missões apresentavam; pelo que pude entender, ambas requisitariam um atento trabalho de exame de pistas e possíveis rastros para que ambos os criminosos fossem capturados. Na verdade, nenhuma declaração contida nos pergaminhos impedia a possibilidade de ambos os crimes terem sido cometidos por um único transgressor. Na verdade, eu gostava de trabalhos assim; eram oportunidades de usar algumas faculdades de raciocínio que outrora ficariam defasadas por ausência de uso. Não obstante, eu sou um ávido leitor de uma grande gama de livros, e aqueles de teor criminal e investigativo foram algumas de minhas melhores leituras recentemente. Então, mesmo que eu tivesse em mente que deveria levar estas designações com a seriedade que elas mereciam, era difícil eu não fingir que era um detetive protagonista de um destes livros. O mero pensamento de meu mestre descobrindo que eu estava pensando desta forma me assombrava, mas, infelizmente, este sentimento tornava a aventura ainda mais interessante.

As florestas vítimas das queimadas eram mais próximas do que o vilarejo aliado da Nuvem, então imaginei que o mais prudente seria buscar por alguma pista no que tivesse sobrado do balcedo que circundava minha aldeia. Assim que cheguei ao local, entretanto, a “paisagem” era surpreendente; definitivamente o dano foi muito maior do que aquele que eu havia estipulado. Uma vasta área havia sido reduzida a cinzas, poeira e restos de madeira plantados ao chão. Dobrei meus joelhos, estendendo minha mão direita para que estivesse livre para resvalar sobre os restos mortais de centenas de seres centenários cuja vida havia sido interrompida. Permiti que o ar pesarosamente evadisse meus pulmões enquanto meu semblante, carregado, lamentava pela destruição injusta de existências intimamente ligadas com a Força. Aquilo havia renovado minhas motivações para concluir esta missão. Assim que levantei meu queixo, entretanto, encontrei algo que poderia me ajudar.

Um pequeno tecido, indubitavelmente rasgado, constatado por suas bordas e por seu formato, repousava sobre a ponta de um galho. Tinha uma evidente coloração escarlate, e logicamente parecia estar fora de lugar em um ambiente destruído como este. Minha mente disparou imediatamente, buscando relacionar alguma coisa com esta evidência. Onde eu já havia visto um tecido de cor semelhante? Será que esta pergunta era realmente possível de ser respondida, visto que era sustentada por algo tão trivial quanto um pano? – Vejo que encontrou algo interessante. – Uma voz controlada mas feroz alardeou-se, chamando minha atenção para quem estava à minha frente. Sentindo sua intenção ameaçadora, preparei-me para o combate eminente.

HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [02/10]
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Agora de pé, pronto para me movimentar, analisava com cuidado tudo que era visível em seu corpo; as botas desgastadas, as duplas espadas embainhadas penduradas em suas costas, as mãos rafadas e a ausência de uma bandana. A minha, em contrapartida, se via firme em minha testa, então ele já suspeitaria de minhas atividades neste local. Desta forma, eu não poderia dá-lo tanto tempo para pensar. – Esta área é restrita para civis. – Repreendi. Ingênuo, eu sei, mas acho que é o caminho mais rápido para cortar as enrolações. O próximo som a ser ouvido foi o deslizar de uma de suas espadas pelo metal da bainha enquanto ele a empunhava. Rapidamente saquei uma kunai em resposta. – Que engraçado. – Disse o homem de tez negra e de sorriso que refletia sua maldade. – E eu estava prestes a dizer que esta área é restrita para qualquer lixo da Nuvem. – As suas palavras foram o suficiente para me aprontar para a batalha. Rodopiei minha arma algumas vezes entre meus dedos e esperei que ele disparasse até mim. Quando ele o fez, entretanto, parte de minha tensão foi embora; ele era lento para os meus olhos. Rapidamente evadi seu ataque desengonçado, imobilizando-o no chão, com suas costas para cima e minha lâmina próxima de seu pescoço.

– Lhe perguntarei apenas uma vez. – As aulas do templo a respeito de interrogatório eram extremamente efetivas, pelo que diziam. – Onde está o homem que fez isso? – Vociferei enquanto o pressionava. Eu sequer estava tão alterado, mas deveria parecer irado para que ele entenda que não pode tentar alguma brincadeira. Após cinco segundos de silêncio, senti que ele ainda questionava minha motivação para prosseguir com minha pergunta. O templo deveria me perdoar desta vez; levemente aumentei a pressão que exercia sob a kunai, fazendo com que seu pescoço começasse a sangrar a partir de um ponto não vital. A ardência que ele sentiu – eu já estive nesta posição, acredite – provavelmente foi o empurrão final que ele precisava. – Tudo bem, tudo bem! – Dizia com um tom de voz diferente do anterior. Agora, parecia conformado e assustado. – É um dos caras daquela fortaleza abandonada ao norte. Tem um grupo de capangas com ele. É tudo que eu sei! – Concluía o seu testemunho, entre murmúrios e grunhidos de dor. Meus princípios me impediriam de matá-lo, é claro, então utilizei algumas tiras que rasguei de suas próprias vestes para atá-lo, imobilizado, ao chão. – Ei! Espere! – Resmungava, à distância, ao me ver indo embora. – Não me deixe aqui desse jeito, cara! – Contive em minha boca a hilaridade, não permitindo que atrapalhasse a minha voz circunspecta. – Eu voltarei em breve. – Disse pelas minhas costas, sem interromper a minha caminhada.

Eu sabia de qual fortaleza ele se referia. O que complementava a minha curiosidade é que, até onde eu me lembre, aquela fortaleza sempre se manteve deserta. Existem algumas histórias em torno dela de que foi construída como uma base operacional para nações que tentaram invadir a Nuvem mas falharam, e, por isso, era considerada um símbolo local. Aliás, pelo que sei, ocasionalmente patrulhas são feitas por dentro dela para se certificar de que o seu interior se mantinha preservado e inóspito. Enquanto atravessava a floresta em direção ao monumento, então, via-me aflito por várias dúvidas que pairavam sob meus pensamentos.


HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [03/10]
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I n t e r l ú d i o
Dissidência

Assim que atravessei um pequeno portal natural que algumas árvores delineavam, quase caí para baixo do grande precipício que se formou diante de meus olhos. Aquela era, de fato, uma fortaleza natural. Apenas com o som do canto de alguns pássaros e de algumas pedras que caíam por meu susto, permiti a mim mesmo um tempo para compreender tudo que eu podia ver. Tratava-se de um grande castelo parcialmente coberto pelo crescimento selvagem e parcialmente coberto por ruínas; ambos prova da idade avançada da construção. Completamente se erigindo de dentro de um abismo, compreendi o propósito militar desta fortaleza. Era difícil de localizar, e, quando localizada, a invasão do lugar também era custosa. Perguntei-me como meus conterrâneos antigos foram capazes de neutralizar as forças inimigas deste lugar. Agora, meus olhos faziam uma varredura nos sopés da cidadela, em busca de um ponto que me permitisse a entrada. Assim que localizei duas grandes portas de pedregulho, realizei uma sequência de pulos, entre um ponto e outro da grande descida, para que aterrissasse com segurança. Novamente parei para contemplar a entrada do local, retirando de um de meus bolsos aquele pequeno lenço escarlate que encontrei em uma das árvores. Agora, compreendia de onde vinham: duas grandes bandeirolas rasgadas adornavam as grandes portas de entrada. Aquilo não podia ser uma coincidência. Contudo, também não poderia ser simplesmente um acidente que me deixou aquela pista.

HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [04/10]
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O interior do castelo estava ainda mais silencioso do que a parte exterior da grande construção monumental. Enquanto meus passos me traziam, sutilmente, para cada vez mais perto da solução deste mistério, meus olhos varriam todo canto que alcançavam daquele lugar. Aquele lugar realmente parecia não estar habitado. Aquele capanga realmente havia mentido para mim? Não, pois ele dependia de meu retorno satisfatório para que ele não fosse abandonado onde o amarrei. A menos que ele tenha escondido alguma técnica que o libertaria, mas, dado o seu intelecto, acho esta uma teoria difícil de se acreditar. Muitos dos cômodos realmente davam-me a impressão de que o este era um lugar esquecido; adegas completamente vazias e cheias de aranha, ratos correndo por cozinhas vazias e conjuntos inteiros de móveis de salões ovais de refeição sendo devorados por cupins e outros vermes. Certo de que eu estava seguindo uma pista valiosa, presumi que quem estivesse por trás disto estava empregando um esforço dispendioso para que seu esconderijo não fosse descoberto.

Assim que entrei em um grande cômodo no segundo andar do castelo, algo como uma grande sala de reuniões com muitas janelas que permitiam a boa iluminação de uma enorme mesa, uma voz crepitante manifestou-se, enviando calafrios para a minha espinha: – Saudações, ninja da Nuvem. Compreendo que meu associado tenha realizado um bom trabalho. – Entoou o homem de voz gutural. Dados os grandes corredores e as grandes salas quase que vazias, era difícil discernir a origem do som. Eu não tinha escolha se não dizer alguma coisa. – Bem, se você ignorar o fato de que ele está amarrado e desmaiado no meio de uma floresta queimada, claro, um exímio capanga. – Ironicamente respondi, agora alerta e em busca daquele homem. – Ah, que deleitoso. Meu convidado é um comediante. – Disse-me. Embora eu tivesse mudado duas vezes de localização neste segundo andar, a fonte da voz ainda continuava incerta e distante. Era algum tipo de técnica que estava sendo empregada? Eu não conseguia discernir. Entretanto, eu deveria mantê-lo em conversa até que eu possa definir um curso de ação.

– É uma pena que não viverá para contar outra piada. – Rapidamente complementou o homem. Assim que ouvi a última palavra de sua sentença, um som diferente invadiu meu ouvido aos poucos. Começou baixo, tão leve quanto um sussurro; entretanto, conforme passavam os segundos, o som se intensificava. Parecia com uma pessoa que você vê à distância, e te cumprimenta, sem você ainda saber quem é, e, apenas quando se aproxima você o reconhece. Este, entretanto, não era nenhum amigo meu, embora eu tenha o visto algumas vezes: Um sistema interconectado de papéis bomba. Ou, em termos mais simples, “corra o mais rápido que puder”. E foi exatamente isto que eu fiz. Mas, já que eu me encontrava no segundo andar, correr para a saída não era uma opção. Desta forma, eu deveria optar por uma “outra saída”. Uma pouco convencional, também: Imediatamente lembrei-me da grande sala de reuniões, repleta de janelas. Rapidamente corri para aquele cômodo, e, com o som dos papéis prestes a detonar em meus ouvidos, tive o ímpeto necessário para me jogar contra as grandes peças de vidro assim que a explosão foi ativada.

[...]

Por sorte, embora este tenha sido mais custoso, pude vencê-lo rapidamente assim que aterrissei ao chão e me deparei com ele. Embora no calor da batalha eu tenha-o feito confessar que tinha um mestre e que seu dever era preparar o castelo para a sua chegada, eu não pude extrair mais informações valiosas, como de onde eles vinham e qual era o plano deles. Entretanto, eu não tinha tempo para mergulhar em perguntas, já que esta missão havia sido concluída, restando-me ainda uma pendente. Trouxe o criminoso que derrotei para junto do outro, na floresta de cinzas, atando-os juntos e chamando ajuda policial – já que estávamos perto da Nuvem – para que os levassem para a prisão.


HP [450/450] | CH [450/450] | ST [1/5] | Post [05/10]
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Dei uma última olhada para trás, vendo os policiais de minha aldeia levando os dois criminosos que capturei para a prisão. Como qualquer missão que eu era capaz de cumprir, me via feliz com os resultados que meu esforço pôde trazer; servia como um bom analgésico contra o pesar que me trazia ver grande porção de uma floresta reduzida a meras cinzas. Aproveitei este pequeno momento de intervalo, também, para me sentar sobre um tronco caído ao chão para descansar um pouco e meditar. Por primeiro, removi a mochila de minhas costas, posicionando-a sob o solo. Quando a abri, o vislumbre de um pouco de comida pronta e água me fizeram perceber o quão exaurido eu estava. Desta forma, permiti-me algumas mordidas em alguns umeboshi seguidas por um ou dois goles em uma das garrafas de água que eu trazia comigo. Abri os pergaminhos que continham o compêndio de minhas missões, apenas para verificar o meu progresso até então. Confirmando que havia cumprido todos os detalhes da missão que acabara de realizar, pude guardar o pergaminho respectivo com uma consciência limpa. Aproveitei, também, para ler novamente os meus deveres a respeito da segunda missão; deveria repelir um guerreiro sobrevivente de uma guerra recentemente travada em uma vila subsidiária da Nuvem. Ciente de minhas responsabilidades, então, eu dei outra mordida em meu alimento e tomei mais um pouco de água, guardando todos os itens de volta na minha mochila e meditando pelos próximos minutos, aproximadamente.

Este vilarejo ao qual eu rumava, a pequena aldeia Tengu, não ficava muito distante de casa. Não era particularmente um lugar muito conhecido, tampouco importante em termos econômicos ou políticos; era uma vila subsidiária, ou seja, dependia das atividades econômicas e agrícolas de Kumogakure para que pudesse prosperar. Além disso, na academia shinobi, se minha memória não me prega peças, aprendemos que Tengu é uma vila mercantil. Bem, de quaisquer formas, eu não tinha muito tempo para imaginar as coisas que eu sabia sobre aquele lugar; ao invés disso, mais fácil seria eu apertar os meus passos para chegar lá. Desta forma, assim que saí de meu estado meditativo, senti meu corpo descendo gradualmente, até que eu finalmente pousasse sobre o tronco que utilizara como banco há alguns momentos. Peguei a minha mochila, coloquei-a novamente em minhas costas e, logo após alguns segundos fitando o céu para estipular o horário aproximado – algo entre uma e três horas da tarde –, iniciei minha locomoção para a segunda missão.

HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [06/10]
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Desde quando o vi pela primeira vez, o vilarejo de Tengu me trazia uma sensação nostálgica, extremamente agradável. Parecia ter o cheiro do chá que minha mãe me fazia, a sensação do abraço de Sayuri, uma menina de meu vilarejo, e as gostosas correntes de vento do quintal de minha casa, sim, todos estes ao mesmo tempo, mesmo que estas palavras ainda não descrevam com tanta acribologia este prazeroso sentimento. Basicamente, em termos práticos, Tengu era exatamente como eu havia imaginado: várias casas modestas de madeira, com um rio que atravessa toda a cidadezinha, fornecendo uma fonte limpa de água que é bem utilizada através de uma grande roda hidráulica. Visivelmente, mesmo que todas as casas estejam ocupadas, estipulo que o número populacional deva ser baixo. Mas, para ser sincero, pessoas que foram criadas em lugares assim são as mais humildes e as mais trabalhadoras, de acordo com a minha experiência. Impedindo-me de devanear por muito tempo, meus pés rapidamente iniciaram o trabalho de me levar para mais perto da aldeia.

Percorri uma pequena estrada de terra que me levava até o portal de madeira que dava as boas vindas aos visitantes com gentis palavras. Atravessei-o, caminhando por mais alguns momentos até que me deparasse com a primeira moradia que via de perto; era maior do que minha visão panorâmica havia me indicado, como de se esperar. Ao seu lado, uma grande fazenda corria por alguns hectares. Assim que vi uma silhueta trabalhadora arando o solo, aproximei-me da cerca. – Ashla, amigo. – Talvez saudar alguém desconhecido com um cumprimento do templo seja uma má ideia, mas eu também entendo que não devo ter vergonha de minha própria fé. Atraí a atenção da pequena figura, que se virou para revelar uma pequena senhorinha. – Oh! Ashla, meu anjo! Alguém do templo veio nos visitar? – Hah. Esqueci de mencionar, também, que pessoas de pequenas aldeias são muito mais devotas às coisas espirituais, as que realmente importam. – Sim, senhora. Na verdade, estou há trabalho. – Confessei. Nada como uma boa conversa inicial para me dar algumas informações.

Acabamos conversando por mais tempo do que eu imaginei, na verdade. Algumas pessoas de idade têm o costume de falar bastante, e este foi o caso; contudo, eu simplesmente não tive coragem de interrompê-la em nenhuma de suas histórias. Aprendi alguns detalhes sobre sua longa vida, e, mais importante ainda, em uma escala oficial, descobri que uma espécie de oficial local estava investigando o caso. Normalmente, estes oficiais eram suplentes de uma força policial de verdade, e em alguns lugares eram mal vistos pela baixa efetividade com que realizam seu serviço; como um médico incapaz de usar ninjutsu, presumo que seja uma comparação adequada. Entretanto, ele é a fonte mais confiável de informações até o momento, creio eu, então visitá-lo deve ser a ação mais lógica e frutífera agora.


HP [450/450] | CH [450/450] | ST [0/5] | Post [07/10]
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Knock knock. Bati duas vezes na pequena porta de madeira que daria entrada para uma casa. Esta, por sua vez, deveria ser a residência de Ichirou, um oficial local que havia tomado para si a responsabilidade de resolver os crimes deste pequeno vilarejo. Infelizmente, é comum que um único agente seja despachado para pequenas aldeias para cuidar de seus problemas, afinal de contas, o daimyo não conheceria o seu próprio país bem o suficiente para reconhecer que cada uma de suas províncias merecia uma força policial de verdade para manter a paz e a ordem. Pra quê, não é mesmo? Desta forma, alguns policiais, os chamados “oficiais”, tomavam residência temporária em um local até que a criminalidade abaixasse por lá. Por mais sem sentido que isto parecesse, era o que tínhamos, e eu simplesmente teria de operar sob este contexto. KreeEek. Aos poucos, a madeira desgastada da porta crepitou em atrito contra os pregos que a sustentavam, revelando-me o rosto cansado de um jovem de vinte e poucos anos. – Ah, olá. – Tomei a iniciativa, já que o homem não parecia muito convidativo. – Você é Ichirou? – Rapidamente perguntei. – Quem quer saber? – Rispidamente retrucou, em uma voz exausta que precisamente imitava o seu semblante.

Bem ensinado de que a gentileza deveria sempre estar em meu coração, fiz um cumprimento formal, curvando minhas costas para enaltecê-lo. – Prazer em conhecê-lo. Meu nome é Enmei, eu sou um ninja de Kumogakure. – Iniciei, agora novamente endireitando minha postura para olhá-lo de volta nos olhos. – Eu estou aqui para ajudá-lo a resolver uma missão. – Busquei lembrar o nome do sujeito para que ele entendesse mais fácil. – Algo a ver com um... Geki Yugao? – As relidas que dei sobre o pergaminho realmente se mostraram úteis, afinal de contas. Assim que ouviu o nome que pronunciei, seus olhos correram por todo o meu corpo; parecia estar examinando-me, como se estivesse estipulando se eu estava à altura da tarefa ou não. Mas, para falar a verdade, eu não acho que eu pareça, fisicamente, alguém tão capaz assim. Caso estivesse julgando pela aparência, creio que se decepcionaria. Entretanto, ele pareceu receptivo o suficiente à ajuda. Ao menos, pediu-me para entrar assim que saiu de trás da porta para ir para outro cômodo de sua casa. Não adiantaria de nada ficar ali fora, e ele não parecia exatamente com muita pressa para sair, então, provavelmente, atender ao seu convite seria o mais prudente agora.

Assim que entrei, pude finalmente vê-lo melhor. Era um homem alto – com cerca de um metro e noventa e poucos centímetros – e magro, verdadeiramente esguio. Utilizava óculos para corrigir a sua visão. A sua casa era modesta, embora parecesse muito bem cuidada do lado de dentro apesar de bagunçada em alguns aspectos. – Sente-se, por favor.  Disse-me, apontando com seu rosto para uma das cadeiras na mesa de sua cozinha. Obedeci, puxando-a e recostando-me, aproveitando o momento para descansar meus pés por alguns minutos valiosos. – Kumogakure, não é? Faz tempo que não vou para lá. – Disse-me à distância, de outro cômodo. – Eu também estava longe por muito tempo, voltei apenas recentemente. – Complementei, sem o desejo de perder muito tempo com isto. Por algum motivo, aquele homem parecia distraído, e, embora eu não possa julgar sem antes conhecê-lo, ele parecia complacente em relação a estes crimes. O que eu deveria fazer?


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Beberiquei um pouco do chá a mim oferecido pelo hospedeiro, mas não desejava perder muito tempo ali. – E então, oficial, estava pensando que poderíamos investigar algumas coisas durante a noite. – Desconfortavelmente entoei, evitando o contato visual com esse propósito. A verdade é que eu não realmente suspeitava que o oficial Ichirou fosse, de alguma forma, o culpado pelos crimes; a energia que eu era capaz de sentir vindo dele era completamente diferente. A minha verdadeira preocupação, entretanto, era a de que ele não considerava aquele caso importante o suficiente. Provavelmente, a própria administração militar de Kumogakure pensava similar para ter a iniciativa de enviar outro ninja para auxiliar no caso. – Não será necessário. – Ouvi de sua voz sempre conspícua. – Eu sei exatamente onde ele está. – Bem, eu simplesmente adoro mudanças súbitas de eventos. – Bem... vamos lá de uma vez, não?! – Questionei, tentando parecer o mais enérgico possível ao estreitar meus olhos, movimentar a parte superior de meu corpo e manter contato visual.

Ouvi um longo e anticlimático suspiro vindo de Ichirou. – Bem, acho que você só vai entender se eu te mostrar... – Comentou, quase que murmurando para mim. – Venha. – Disse-me, me obrigando a dar um último gole em meu surpreendentemente saboroso chá de ervas. Desta maneira, coloquei novamente minha fiel mochila nas costas, agilmente seguindo o homem que me levaria para um lugar desconhecido. Assim que cruzei pela segunda vez a sua porta de entrada, desta vez para ir embora, acompanhei-o. – É por aqui. Não deve demorar. – Ouvi-o pronunciar, me mantendo calado como evidência de minha própria curiosidade. Ele sabia onde o criminoso estava? Ou talvez estivesse me levando para algum tipo de armadilha? Eu não podia dar espaço para a dúvida em meu coração, e, desta forma, independente de quem ele fosse ou para onde estivesse me levando, eu sairia triunfante; nada mais importava além da vontade da Força, e ela seria feita independente de qualquer outra coisa. Apertei o meu passo para nivelar com o de Ichirou e continuamos.

Atravessamos duas ou três pequenas estradas de terra, ou seja, mais da metade do pequeno vilarejo de Tengu. Quando paramos, estávamos sob a sombra acalentadora de uma árvore, um local que também nos dava visão para várias casas e fazendas. – Lá. – A única sílaba derramada da boca de Ichirou antes de apontar para um pequeno grupo de ovelhas que rodeava uma silhueta, que deduzi como seu pastor. – Ótimas paisagens, Ichirou, mas eu realmente gostaria de resolver este caso. – Minhas palavras irônicas visavam apressar todo este pequeno teatro, e, dada a leve irritação que surgiu no rosto daquele rapaz assim que me ouviu, eu provavelmente havia surtido o efeito desejado. – Geki Yugao. Lá está ele. – As suas palavras foram contidas e calmas, e não combinavam nem um pouco com seu rosto levemente zangado. Observando melhor, aquele homem que cuidava das ovelhas realmente batia com as descrições fornecidas pelo pergaminho. Mas, apenas o que significava aquilo? Um soldado morando no vilarejo em que ele mesmo atacou? Eu deveria prendê-lo? Devo confessar que esperei por vários desfechos diferentes, mas este simplesmente voou direto por mim.


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E  p  í  l  o  g  o
Gematria

Esta história foi muito interessante, e se desenrolou de uma maneira digna de livros; este Geki Yugao, como a missão listava, era, de fato, um soldado de um vilarejo inimigo. Contanto, a sua intenção ao se juntar ao ataque em Tengu não foi realmente para ajudar os seus conterrâneos, mas ter um motivo prático para se reunir com sua amada, Sara, que morava aqui em Tengu. Por isso, visando proteger a sua futura esposa, ele vazou algumas informações estratégicas críticas para a invasão que fariam, e, com isso, todo o vilarejo de Tengu, prevendo o ataque e sabendo exatamente como ele se delinearia, fizeram específicos preparativos para este grande evento. No clímax da batalha, quando os dois grandes grupos de soldados rivais estavam prestes a colidir, Yugao mudou de lado e liderou a contra-investida. Ele estava ciente de todos os riscos envolvidos e de todos os efeitos colaterais provenientes de suas ações, mas, mesmo assim, ele aceitou o perigo de atender aos seus mais profundos sentimentos. “Você é um homem interessante, Yugao”, lembro-me de ter dito a este senhor com uma história de vida tão peculiar.

[...]

Nem tudo revolve em torno de conversas interessantes e histórias de tempos áureos, entretanto, e ainda tínhamos um problema em nossas mãos. E é exatamente neste contexto em que Ichirou é inserido: Ao longo dos últimos dias, ele estava trabalhando duro em um dossiê com vários documentos que asseguravam a Geki Yugao e a sua esposa novas identidades e nacionalidades, removendo destes o perigo constante de serem caçados novamente. Então, utilizei meus últimos dias como visitante do vilarejo de Tengu auxiliando o meu novo associado com os documentos; devemos obedecer às leis de homens, mesmo quando sujeitos ao templo, mas, aprendemos, também, que a bondade deve prevalecer. Eu consideraria esta missão um sucesso também, afinal de contas, quaisquer problemas que possam ter surgido nesta pacata aldeia foram erradicados com o auxílio de pessoas de bem.


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