Acordou e o sol comaçava a se pôr, enquanto o shinobi se movimentava vagarosamente, sussurrando reclamações sobre as dores que assolavam seus músculos. Seu corpo ainda pagava o preço por todo treinamento cujo qual estava se submetendo de forma incessante, mas sentir-se cada vez mais poderoso e capaz trazia-lhe um sabor aos lábios que instigava-lhe a gula.

Apesar de noite, o calor de Iwagakure era inconfundível, embora gostasse do fato de não precisar dormir coberto ou temendo o frio graças ao inverno, sendo que o calor deixava-lhe bem mais à vontade. Afinal, foi forjado na Pedra, e todos os seus hábitos eram endurecidos pela filosofia daquele povo. Uma dessas características era, de fato, sempre dar o seu melhor, e lembrar-se de tudo que havia vivido nos últimos dias o dava ainda mais ânimo para não se manter parado.

Levantou-se de súbito, deixando calma de lado e buscou um cigarro no bolso da calça jogada sobre a cadeira, vestindo-a a seguir. Acendou-o e assoprou pela longe a fumaça agridoce aos seus pulmões, enquanto terminava de se arrumar. Já havia decidido: Pegaria o esforço que Erudas havia lhe mostrado necessário e dobraria isso, não deixando de treinar em um só segundo enquanto lhe houvessem forças.

Terminou seu pão, bebeu água e partiu correndo. De fato, aquela Serpente Alada havia conhecido um aprendiz ferrenho e incansável, e sentia-se mal por tirá-la de seu sossego, mas era impossível manter a cabeça em paz após descobrir tanto sobre o mundo e sobre a energia natural. Isso trazia-lhe ainda mais vontade para apressar seus passos por Iwa em direção à Montanha de seus sonhos passados.

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Notas gerais:

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— Há quanto tempo eu não vejo a luz do sol de Iwa? — Indagou-se, enquanto observava o brilhante teto de estrelas sobre sua ínfima existência. Observava toda a natureza como uma criança que acabara de aprender a ler. Recentemente havia tornado-se um centro de energia devido à sua tênue relação com a natureza, então era comum que ainda se surpreendesse ao se sentir capaz de ver cores de uma forma mais víviva, bem como a maior percepção da brisa do ar em sua pele, onde cada lufada se assemelhava à uma carícia de amantes saudosistas.  

Graças ao treinamento, seus dias haviam sido gastos na escuridão do Templo de Erudas, na caverna ao sopé da montanha solitária. E embora o caminho até lá já fosse conhecido, dessa vez voltar para lá tinha um sabor especial. Sendo assim, logo ao desviar sua atenção do céu estrelado, pôde ver a entrada da caverna após algum tempo de caminhada, iluminada pela lua e de difícil acesso.

Finalmente alcançando a porta repleta de símbolos, sentiu novamente o coração palpitar, onde novas experiências ao lado do Rei das Serpentes poderiam aguardá-lo. Tinha um plano em mente, e este cumpriu-se logo ao chegar no lago no fundo daquela caverna de mineirais brilhantes: Sentou-se com a coluna ereta, meditando à beirada da água totalmente cristalina e imóvel. Conectou-se com a energia natural e clamou por seu sensei:

— Erudas, me sinto pronto. Me leve de novo para a Cidade Dourada — Seus lábios pediam, e do lago quieto submergiu em um vôo acrobático a grande besta. Ali era o único lugar onde poderiam se encontrar não fosse através do chamado de invocação, e o shinobi precisava usar aquele lago como portal para rumar-se ao seu novo treinamento.  

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Notas gerais:

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Tão logo o shinobi terminava de falar, Erudas surgiu em seu vôo sublime, dispersando a água do lago que ainda assim permanecia cheio, e após algum tempo, quieto. A serpente alada circundou o cenário com suas asas gigantescas, voando tão alto quanto o pé direito do interior da caverna permitia. Sendo ali um local sagrado, Mun permanecia reverente, aguardando o contato de forma vênia. Após um minuto completo esticando as asas e espalhando a energia natural através de seu vôo naquela grande concentração, o Rei das serpentes aladas pousou seu corpo esguio no chão de pedra, se movimentando de forma ofídica, recolhendo as plumas das asas, deixando-as retraídas o suficiente para que não o atrapalhassem. Sua voz soou magnânima:

— Sim, o Guardião voltou! Sim, eu o levo até a Cidade Dourada! Tens tanto a aprender sobre... O modo Sábio! — Completou a serpente, falando de forma pausada como se aquilo fosse um jogo de palavras. Droga, é obvio que Mun não fazia idéia sobre o modo sábio.

— Então ser um centro de energia natural não é tudo? Quer dizer... eu posso usá-la para atingir um novo modo? — Perguntava, interessado. O rapaz que antes, ainda com o surpreendente vôo do amigo, permanecia sentado com as pernas cruzadas e coluna ereta para meditação, agora encontrava-se de pé, pronto para partir.

— Oras, Guardião. Eu acredito que você se sairá bem, afinal o seu primeiro treinamento havia sido bastante rigoroso. Quando a base vem forte, o restante dos domínios se tornam mais simples. Acredite, você conseguirá. Agora suba. — Foi o comando que ele deu, aproximando o seu corpo para perto do ninja a fim de que ele subisse e se agarrasse às suas plumas. Assim Mun o fez.

Segundos depois, alçaram um vôo emocionante pela caverna, enquanto Erudas mergulhava como uma flecha para baixo, até adentrar o lago. E o que veio a seguir? ah... O que veio a seguir era brilhante e dourado.  

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Notas gerais:

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Alguns raios de sol escapavam por entre as folhas das palmeiras e coqueiros, projetando uma falha porém agradável sombra por sobre a cabeça do shinobi, que já há muito tempo permanecia sentado na areia fina em pose de meditação à beira do grande lago que havia entre as grandes Pirâmides Douradas. O clima tropical, embora completamente ameno e agradável, fazia com que a energia natural do local fosse quente, inevitavelmente produzindo uma linha de suor que escorria pela lateral direita de seu rosto, enquanto os olhos permaneciam fechados em completa concentração. Em seu ombro, Garaga mantinha uma guarda atenta, portando um porrete que se enrolava em sua cauda. O objeto tinha a cor tão dourada quanto todo o resto da cidade, bem como entalhes de uma língua mística tão antiga que Mun havia desistido de tentar entendê-la. Em dado momento, ainda que de olhos fechados, o corpo do rapaz começou a ser tomado por uma estrutura sólida e cinza que se espalhava rapidamente, tomando perna, braço, tronco e parte do rosto direito. Sem demora, Garaga manejou o porrete com a cauda e acertou-lhe na cabeça do ninja.

— Ai-ai-ai-ai! - Deixou que sua boca exclamasse, passando a mão na cabeça com força sentindo seu crânio queimando com a pancada. De qualquer forma, deveria agradecer à Garaga, afinal foi ela quem havia expulsado toda energia natural que seu corpo que já havia começado seu estado de petrificação. — Essa merda é bem mais difícil e perigosa do que me foi dito que seria, Erudas.

— Ora, o Guardião deve ser capaz de dominar o Modo Sábio. É como a história foi escrita muito antes de acontecer... O grande problema é... Se a energia se acumula demais, como pôde ver, você pode ser petrificado para sempre. Não tens medo? - Perguntava a Serpente alada que descansava preguiçosa à sombra da pirâmide, alimentando-se de uma árvore frutífera enquanto esperava seu aprendiz ser capaz de dominar a arte que lhe era proposta. A Serpente falava de modo grandioso e sempre muito grave, mas Mun já havia se acostumado.

— Eu tenho mais medo da Garaga com esse porrete. Eu tô falando sério, cara, isso dói demais - Virou-se para onde a serpente alada menor se posicionava com a arma que expulsava energia natural. Eles já haviam se tornado próximos graças ao tempo de treinamento e por Garaga fazer várias perguntas, bastante curiosa sobre o mundo dos humanos. E falando em treinamento, Mun parecia animado com o seu: — Vem tranquila, sua cobra marrenta... Essa foi por pouco, mas eu quase consegui. Eu me descuidei um pouquinho só... Vamos, quero tentar mais uma vez.  

Repentinamente, a feição de Mun se tornara repleta de seriedade. Sua respiração ébria acalmou o espírito e aguçou a sensação no que tangia a energia natural. Pôde sentí-la, pôde vê-la em cores, pôde sentir seu cheiro adocicado. Já havia vinculado e treinado repetidas vezes até chegar naquele estágio. Concentrou-se, dessa vez, principalmente na quietude daquele lago, na magnânimidade das pirâmides estáticas. Entendeu que ainda que elas ficassem ali pra sempre, a energia natural fluía por elas a ponto de nem mesmo o tempo danificá-la. Deixava cada vez mais fluir, ser uma ponte de ligação de seu chakra com o chakra natural. Respirou fundo e absorveu a quantidade limite do que lhe era capaz de fazer sobre energia natural, tomando a si mesmo como um receptáculo de vida fluida e poderosa. Sentiu um só com a natureza, sentiu cada detalhe ofídico das Serpentes em si mesmo. Sentiu seu rosto se coçar pelas plumas, seu rosto queimando enquanto alguma marca era marca ali por mãos invisíveis do destino: Ao abrir os olhos, a esclera negra e a íris amarelada brilharam por todo Oásis. Marcas vermelhas em rosto se espalhavam até o pescoço e suas orelhas foram substituídas por pequenas asas de plumas. Erudas sorriu, observando tudo aquilo. Garaga abandonara o porrete e enroscou-se com Mun, comemorando. Mas ainda assim faltava algo.

— É isso! Você conseguiu... Não está perfeito, mas ainda assim você conseguiu. Agora só precisamos melhorar isso. Acho que ele está pronto, ó Grande Rei Tempestade, para tentar o processo dentro da Grande Pirâmide do Trono. - Disse Garaga, com sua voz esganiçada, pedindo permissão para Erudas. O Rei fez que sim, e o treinamento continuaria para o seu último estágio. 

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— Então essa é... a força do Modo Sábio - Dizia o shinobi que emanava por todos os seus poros uma energia totalmente brilhante. Após a transformação corpórea tão intrínseca ao interior do rapaz, ele sentia-se bem mais forte e rápido, como se o seu corpo fosse capaz de alcançar extremos que antes seria impossível. Admirado, olhava para as suas próprias mãos, estas que pulsavam em energia lilás. Tinha a sensação de poder ouvir o rolar da areia após as pequenas lufadas de vento, como uma dança secreta que acontece o tempo todo, mas são imperceptíveis às sensações daqueles desprovidos da arte do modo sábio. As marcas em seu rosto e as penas que tomaram o lugar das orelhas: tudo aquilo formava um cenário místico dentro da Pirâmide Dourada, onde o trono do Rei Tempestade Erudas reinava soberano.

Mesmo tendo alcançado aquela forma, ela ainda não demonstrava todo o potencial que Mun possuía. Sabendo de tais aptidões e acreditando no rapaz cujo qual se referiam como Guardião das Serpentes Aladas, Erudas e Garaga rumaram pirâmide adentro, onde a energia natural era carregada e densa. Aquele lugar era um pouco amedrontador devido ao seu tamanho e ao eco que produzia, mas principalmente pelo fato de que a última vez que o ninja esteve ali a força da natureza havia pegado-o de forma tão intensa que surgiram dificuldades para que ele conseguisse vencer a força da sua mente. Com um aceno de cabeça, todos estavam prontos. Quando o pardo suspirou para tentar dar o próximo passo, acumulando energia e deixando-a fluir dentro de si, uma figura inesperada surgiu do interior daquela montanha...

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— Hmmm... eis que vejo meu pai distraído com seu novo brinquedinho. - A grande Serpente Alada havia sido a única no que tangia se equiparar ao tamanho e imponência de Erudas, porém suas cores eram de um dourado vívido e suas plumas totalmente azuis, diferentes do colorido verde e carmesim do pai e também de Garaga (que é apenas um pequeno ser frente àquelas Serpentes. A nova visitante do local rastejava lentamente, traçando um som contínuo enquanto riscava o chão com seu corpo de ofídio. Sua fala era venenosa — Cuidado, papai. Humanos são tão frágeis. Você sabe bem como é fácil quebrá-los. Você ainda lembra o quão incrível era, Rei?

"Que história é essa de... Papai?", pensava Mun, tentanto entender melhor sobre a casta que regia aquelas bestas. Se aquele ser gigantesco e ameaçador que agora dividia espaço com os outros na pirâmide de ouro era filho de Erudas, isso fazia dele o príncipe. A forma como ele mantinha sua conduta também dizia muito sobre isso. O seu porte e imponência. Sua atitude soberana sobre os outros com um olhar altivo. Tudo isso deixava às claras que aquele ser havia sido abençoado desde o nascimento, sendo fruto do próprio rei, provavelmente herdando todo seu poderio e melhores armas. Precisava, com toda certeza, se atentar aos próximos passos do ser.

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Imponente e com a voz como trovão, a Serpente Alada se mantinha altiva frente aos outros seres que ocupavam a pirâmide dourada. Entretanto, mal sabiam eles que o príncipe era residente por direito do local, e quem sabe num futuro era ele quem descansaria seu corpo alongado ao redor do trono da Serpente. Num tom grave, ele continuou:

— Nós já fomos grandiosos na guerra, menino, mas esse velho se esqueceu do orgulho que um guerreiro deve carregar. Eu? Bom, eu sou Príncipe Kogane, o General de guerra das Serpentes Emplumadas... E já que é do seu desejo usar-nos como ferramenta para sua guerra, você precisa mostrar pra mim do que é capaz. Afinal, se você não for capaz de resistir à guerra, melhor que morra antes que nos envergonhe com sua fraqueza... - Num piscar de olhos, Kogane havia assumido um tom ainda mais ameaçador, mas tudo que ele disse a seguir foi o nome de seu golpe:

— Rakurai! - Num piscar de olhos, Kogane havia assumido um tom ainda mais ameaçador. Após proferir o último nome, a gigantesca Serpente Emplumada emanou uma grande quantidade de Chakra elemental embuído em Raiton provocando uma sequência de impulsos elétricos azulados em forma de cúpula que avançaram contra o único humano do lugar, num golpe que acertaria até mesmo Garaga devido à sua expansividade. Mun precisava fazer alguma coisa.

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Não havia tempo para qualquer tipo de vacilo. Sentindo a energia natural fluindo por todo seu corpo, seus sentidos estavam aguçados, sua velocidade aprimorada e sua força pulsava por todo o corpo. Ao que parecia, durante todo esse tempo imóvel, seu corpo estava acumulando energia natural incansavalmente, alcançando finalmente o seu máximo. Entretanto, Kogane havia atacado e se não fosse rápido nos próximos milésimos de segundos, provavelmente estaria morto demais para continuar o treinamento. Com um movimento tão rápido quanto astuto, as mãos do shinobi tocaram o solo, e a ele foi possível sentir uma força descomunal sendo descarregada de uma só vez:

— Doton: Gōremu no Jutsu! - Exclamou o rapaz, ainda emanando energia e criando um grande e imponente golem que deu colo ao invocador e também à Garaga, a pequena serpente sensora, sacrificando seu corpo humanóide de pedra para que os outros dois não fossem atingidos pela eletricidade.

Quando o golpe desmanchou aquela invocação, Mun o fitou com seriedade por um milésimo de segundo, se preparando para atacar... Só parando graças à risada estridente do Príncipe. Incrédulo pelo que estava acontecendo, viu os olhos de Garaga se arregalarem e os de Erudas carregarem orgulho. Olhou para o peito e viu que seu corpo brilhava em lilás, e sua aparência não mais era tão ofídica.

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— Kikikiki! Você é uma caixinha de surpresas, humano! - Disse Kogane com sua voz retumbante que ressoou por toda Pirâmide. Quando Mun finalmente se deu conta, seu corpo estava tão brilhante como nunca, e seus cabelos lisos que alcançavam o ombro faziam um movimento como se estivesse na água, sendo jogados para cima por algum tipo de energia ou magnetismo ao contrário. Uma energia lilás também subia-lhe até para um pouco além do topo da cabeça, fluindo como água. De sua face, marcas vermelhas tatuavam-lhe as feições, e seu olhar havia se tornado tão dourado quanto aquela cidade. Ele havia alcançado o modo Perfeito. Por tudo que havia trabalhado, aquele foi o momento em que se sentiu realizado. Sentia-se poderoso. Olhava para si mesmo espantado, e seus devaneios foram cortados pela voz da Serpente de Raio;  

— Não morra, e quem sabe eu me divirta guerreando ao seu lado... - O shinobi nada respondeu, apenas sentiu o Modo Sábio se esvaindo até que o brilho desligasse e os símbolos sumissem. Seu Chakra, apesar de ainda vivo, estava totalmente desgastado. Isso fez com que seus joelhos perdessem a força, perdendo as forças pouco a pouco, e o rapaz deitou no chão. Havia sido pressionado até a última gota em todo aquele treinamento, e quem sabe não fosse mesmo uma boa hora para deixar que o sono o levasse, ainda que no assoalho de ouro da Pirâmide do grande Rei Tempestade, onde pela primeira vez um humano foi capaz de alcançar... O Modo Sábio.

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Quando abriu os olhos, foi Garaga quem o recebeu na Pirâmide, olhando-o fixamente bem de perto (ao ponto de assustá-lo de primeira), . A Serpente Alada voava alegre, voando ao redor do ninja que ainda colocava a mão na cabeça, reclamando silenciosamente de todas as dores que sentia no corpo. De fato, alcançara a transformação sábia por completo, por mais demorado e trabalhoso que tenha parecido. Uma de suas companheiras de treinamento, a feliz e curiosa serpente sensorial não para de falar.

— Espera só um pouco, Garaga. Minha cabeça ainda tá meio zonza... Quer dizer que deu certo, não é mesmo? Eu não consigo colocar em palavras o quanto me senti fodão. Você viu? Meu corpo brilhou tanto, e a pressão exercida por aquela energia... - Comentava, mas parou por não conseguir encontrar palavras. Lembrando-se do que fazia antes de desmaiar, olhou para todos os lados e não viu Erudas e Kogane. — Pra onde o Rei e o Príncipe foram?

— Ah, eles saíram. Você pode não saber por ser novo por aqui, mas aqueles dois não se dão muito bem. Cada um defende uma filosofia... Mas eu sou de uma casta baixa demais entre as serpentes pra dizer quem tá certo ou errado. Um quer paz, o outro guerra. Talvez com a sua chegada as coisas melhorem, por isso Erudas ficou tão feliz ao encontrar o Guardião há muito tempo talhado nas paredes sagradas e brilhantes do Templo em que você, sabe-se lá como, adentrou. Aliás, sua transformação sábia é linda; - Dizia a Serpente, convidando-o a encontrar a saída da Pirâmide — Erudas está muito ocupado agora acalmando os ânimos de Kogane, então só me segue que eu vou te levar de volta, tá bom? Não vai ter tanta emoção, mas é o mínimo que eu posso fazer por você após ter salvado-me do ataque do príncipe.

— Não tem problema, Garaga. Aliás, quero te agradecer por tudo que fez por mim. Apesar do galo na minha cabeça... - Sorriu — Vocês são ótimos... E se não for um problema, quero voltar sempre aqui.

Por Garaga, nitidamente, o trato já estava feito. Ela o guiou até o lago quieto e límpido no centro do oásis, que por sua vez ficava nas entranhas perdidas do deserto. A serpente esverdeada e carmesim pediu para que o jovem rapaz entrasse na água, despedindo-se em seguida. Mun entrou vagarosamente, cobrindo seu corpo com a água, até que submergiu novamente e dessa vez já se encontrava no interior da montanha nos arredores de Iwagakure. Talvez nunca se acostumasse com aquele tipo de evento, mas sentia-se extremamente realizado ao caminhar pelas pedras enquanto finalmente voltava para casa.

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