Parte de seu corpo começava a ficar imóvel, e o processo de petrificação provavelmente começaria a ter seu início quando a Serpente fez com que sua voz soasse grave na Pirâmide, pedindo para que o jovem Benimaru parasse. Ao ouví-lo, teve a sensação de quando estamos há muito tempo num quarto escuro e alguém liga a luz. Sentiu sua mente voltando novamente para o corpo, e toda aquela sensação que a energia natural produzia foi embora. As cores e os sabores. A paralisia e até mesmo o sentimento de que seu interior explodiria em energia.

Erudas tomou a decisão de que talvez aquele fosse um passo grande demais para Mu. Aquilo soou quase doloroso ao shinobi que se cobrava tanto em dar o seu melhor, mas a sabedoria da besta não poderia ser negligenciada, e ao invés de internalizar de uma forma ruim decidiu apenas que daria o seu melhor para se tornar apto rapidamente a voltar ali e continuar seu treinamento.

Sendo assim, montou Erudas e eles partiram em vôo para o templo próximo a Iwagakure, subindo novamente o lago por entre uma fenda espaço-dimensional, calculava. Ao chegar novamente naquela caverna, sentou-se novamente com a coluna alinhada e não quis perder tempo. "-Quer dizer que eu posso virar pedra, então? Melhor que eu faça isso direito.", pensava, enquanto seguia com o seu treinamento, sentindo a nítida diferença de carga enérgica entre os dois lugares.

Considerações do Post:

Notas gerais:

Bolsa de Armas:

Procurou cigarros no bolso, mas espera... Ele era um Genin. Ele não fumava quando ainda era Genin. Deveria estar ficando doido com essa vontade toda de fumar do nada; Enfim, era melhor seguir logo com o que estava fazendo naquela noite. Podia lembrar que era algo importantíssimo, mas o que? Ele tinha um amigo. Onde será que ele estava? Tinha alguém cantando. Na verdade, ele conseguia se lembrar desses sons malditos que ressoavam ao fundo, ele ainda podia ouví-las em seus sonhos em noites solitárias. Como uma voz adocicada vinda direto do inferno, convidava-o para entrar. "Muuunzinho", era tão agradável, mas dava calafrios. Ele não deveria seguir chamados que davam-lhe calafrios, ou deveria? Agachou-se por um breve segundo, confuso demais. Tentou tapar seus ouvidos, mas as vozes vinham de sua cabeça. Não havia para onde fugir, não havia como sair dali. O solo era como piche, ou suas pernas que estavam pesadas demais?

Deveria seguir em frente. Satoru o esperava. O garoto de cabelos prateados olhou para baixo, tentando puxar seu pé do piche, mas descobriu que era só água pantanosa. Ele estava rodeado por árvores sinistras e, ao olhar para frente, seria impossível lembrar do símbolo que os galhos formavam. Como num estalo, olhou para seus pulsos e observou as costuras que precisaram ser feitas em seu corpo após a explosão em uma missão de Rank A. Rank A? Ele não poderia ser um Genin. Sua feição na água estava amadurecida. Seu olhar estava mais triste. Aquilo havia acontecido há muito tempo.

A casa em sua frente não poderia estar mais sinistra. O lugar pálido transformava as sombras ao redor em máscaras da morte. - Eu não sou mais um Genin, seus filhos da puta. Vocês não vão me assustar. - Lembrava-se do ser que havia enfrentado. Lembrava-se de que aquela foi a sua primeira vitória sólida; Hoje, não mais fugiria, por mais que sua mente latejasse e vagasse por acontecimentos que não entendia muito bem ainda.

Então, adentrou à casa.

Considerações do Post:

Notas gerais:

Bolsa de Armas:

O interior da casa não havia mudado em nada, a não ser pelo fato de que, porta à dentro, o shinobi passava a pisar no teto. O chão, de cabeça pra baixo, mantinha os móveis podres e tábuas úmidas de fezes e lama pingando incessantemente enquanto grudados ali. Infelizmente, não era só isso que estava sobre ele: Como um animal, com a coluna envergada e os quatro membros tocando o chão (que no caso era o teto da perspectiva de Mun), também estava sua querida avó, rosnando alguma fala sinistra, enquanto sua pele pálida enxarcada de lágrimas dos que se perderam naquela floresca fazia gotejar sobre o topo da cabeça de seu neto.  

Toda sinistra perturbação vinha exatamente de onde ela estava. Seus joelhos falharam por um segundo, visto a extrema confusão gerada em seu corpo. O ser avançou contra o ninja que movimentou-se para frente, rolando por sobre as poças de natureza envelhecida, escapando a tempo da investida. Fitou novamente a senhora-monstro, observando-a babar, tamanha era sua sede de sangue.

- O que eu estou deixando passar? - Perguntou-se, ainda confuso, mas certo de que aquela não poderia ser sua avó. Olhou rapidamente em volta e tudo que via eram absurdos irreais demais para ser verdade. Estava em um Genjutsu? Ou estava em sua mente? Porque sua mente criaria aquilo? Que tipo de energia macabra era aquela que sentia?

Espera... Energia?

Lembrou-se da energia natural, das cores, de sua meditação... De Erudas. Pouco a pouco, tomou consciência de seu corpo que suava, pálido, em alta temperatura. Porém ainda estava preso ali, dentro de sua própria cela mental. Mas se aquilo era um treinamento, o que a natureza estava tentando monstrá-lo?

"- Eu vou te matar! Deixa que eu te mate, deixa que eu me alimente de você.", dizia a senhora incansavelmente que brincava de pique-pega com Mun dentro daquela estranha sala que as vezes parecia maior, as vezes menor. Pôs-se a pensar: Da última vez que estive ali, sua vó apareceu monstruosa como naquele momento, porém lembrava-se bem de que naquele dia ela o aconselhou a correr, sendo que segundos depois o verdadeiro monstro apareceu. Foi então que sua mente fez um estalo: Era isso... Por mais que se tente entender a natureza, nunca será possível fazê-la sem que se entenda sobre a morte. Na morte existe mais vida do que seríamos capazes de imaginar.

O leão come o cervo, e quando o leão morre, aduba a grama para que alimente o cervo. Todos os seres estavam ligados pelo ciclo da vida, e a morte estava tão intrínseca neste ciclo que seria imprudente não aceitá-la como parte do todo. Percebeu de imediato o quanto dava valor à sua própria vida e o quanto aquilo era idiota de se fazer. Nunca seria capaz de entender o chakra natural se não aceitasse a forma como a natureza trabalhava. Se a morte era parte do que precisaria entender, então talvez fosse hora de resolver o assunto.

Com um movimento grave, retirou a Kusanagi de sua baínha, segurando-a com a canhota. Sua avó, podre e barulhenta no canto da sala de madeira gritou de medo. O Tokubetsu Jonin olhou-a e apenas disse: - Me perdoe, vovó. - Em sequência, enfiou a lâmina da espada em seu próprio peito, entregando-se totalmente para que a energia da natureza completasse o seu ciclo naquele ambiente.

Quando abriu os olhos, suas mãos estavam vazias e seu corpo intacto. A espada já não mais era possível ser encontrada na baínha, mas talvez fosse o sacrifício para sentir tudo que sentia agora. As cores ao redor estavam mais vívidas do que nunca, como se fluíssem por tudo, inclusive por ele mesmo, como se ele não precisasse absorvê-la, mas sim entender que ela sempre esteve ali. Sentiu-se exausto, suas roupas estavam enxarcadas e a febre ainda não havia passado, mas ainda assim teve forças para olhar mais uma vez para Erudas, feliz - Acho que consegui - e deixou que seu corpo pendesse para o lado, batendo o ombro no chão.

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Notas gerais:

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Durante alguns segundos, Mun permaneceu deitado, imóvel. Apesar das dores em seu corpo e mente, sentia-se feliz e realizado. Dessa forma, quando Erudas se aproximou rastejando e envolveu-o em suas escamas e plumas, o shinobi foi capaz de sentir seus interpéries indo embora, trazendo de volta uma coloração saudável àquela pele parda. Dessa forma, pôde respirar melhor e se sentiu como se todos aqueles devaneios fossem mais do que um sonho febril. Talvez o aprendizado daquele dia significasse muito mais para ele.

- Eu não sei sobre as estrelas, Erudas, tampouco me acho digno de ser chamado de Guardião... - Procurou um cigarro no bolso, encontrando-o, mas deixou-o no bolso antes de retirá-lo, dado o sagrado solo em que pisava. Não sabia o que a Serpente pensaria, mas não o fez principalmente por pensar no quanto demoraria o sermão se sua avó um dia descobrisse sobre ele ter fumado em um local místico como esse. Continuou, então: - Mas eu acredito em lealdade. Acredito em gratidão. Acredito que utilizarei de seus ensinamentos com honra e harmonia com a natureza. Então... Te vejo por aí, pode ter certeza.

Pensou em estender a mão, mas também desistiu da ideia. Fez um aceno com a cabeça e após observar Erudas partir com seu mergulho estridente e brilhante, deu de costas e rumou-se para onde a brisa de outrora o levaria de volta para a porta. "-Quanto tempo se passou? Eu não faço ideia se ainda é dia ou noite", pensava, antes de chegar à saída daquela caverna.  

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Notas gerais:

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Seguiu por entre as pedras e dessa vez possuía uma nova habilidade para seguir. Foi então que se viu em plena luz da manhã. Parecia que seu treinamento havia consumido bastante tempo, e logo o shinobi reparou na diferença de ambientação que se encontrava. Enquanto ainda estava pelos descampados inférteis de pura pedra e terra, formando incríveis estruturas parecidas com esculturas esculpidas à mão. Lá também era mais fácil de sentir a energia natural e absorvê-la, se tornando um centro, entretanto quanto mais chegava próximo à cidade, entendia que toda aquela energia era perturbada.

As vozes, as movimentações das pessoas. Animais, ninjas, carroças, civis, crianças e tudo quanto é tipo de sons podiam ser ouvidos, assim como sentidos. Tantas energias bagunçando o bom andamento natural. Entretanto, pessoas também faziam parte da natureza, e saber se concentrar ali ainda com tantos distúrbios era uma prova a ser vencida. Todos o achariam estranho, mas não se importou em sentar numa pedra da praça e começar a meditar novamente. Apesar dos olhares e comentários, apenas seguiu em sua jornada mental e mística. Com certeza era um processo complicado, porém havia se tornado cada vez mais fácil, quanto mais tentasse. Pouco tempo depois, estabilizara toda energia dentro de si de forma satisfatória.

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Quando acordou de madrugada naquela noite, mal pôde entender o porquê de ter se sentido tão atraído por aquela rocha no meio do nada. Todas as experiências que obteve e aprendizados que lhe foram ensinados através da sabedoria de Erudas havia sido de extrema valia. Sendo assim, rumava para sua casa de forma contente, orgulhoso de todos os seus avanços e por possuir em sua bagagem de poderes algo muito mais profundo do que poderia imaginar. Com certeza toda aquela casta de bestas seriam extremamente bem vindos nas guerras que viriam a seguir.

Levantou-se da pedra e partiu em direção a sua casa, trilhando pelos caminhos de Iwagakure. Já fazia um tempo em que não se sentia tão bem assim e talvez também tão cansado. Sua casa estava vazia, o que era ótimo: Poderia descansar sem incômodos futuros. Deitou-se sem demora, e antes de pegar realmente no sono, tomou um tempo para se lembrar do quão incrível havia sido sua madrugada. Viajar nos ombros de uma Serpente Alada, adentrar lagos místicos e partir para um local totalmente, até ele chegar, intocado por mãos humanas. Em sua própria mão, o corte da espada que havia produzido o sangue com o qual havia frechado aquele precioso contrato.

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