Otogakure estava se tornando o palco de uma das maiores evoluções do mundo ninja, estava se tornando o local responsável por moldar um dos maiores pesquisadores de todos os tempos, decidido em mudar todos os fatos compreendidos sobre a medicina, e até mesmo sobre a vida após a morte. A frieza que o ato da passagem carregava era semelhante ao chakra gélido do Yuki que habitava Otogakure no Sato e estava prestes a muda-la diante de todo o mundo. Este que caminhava para sua própria evolução já havia mestrado todas suas capacidades como o detentor da poderosa Kekkei Genkai Hyoton, além de gozar de um vasto conhecimento cientifico que o deixava apto a estudar quaisquer seres vivos existentes no globo, contudo, sua fascinação era clara pela humanidade e de fato desejava aperfeiçoar seu conhecimento técnico sobre a biologia destes seres dos quais compartilha a existência. A anatomia humana era complexa e beirava a perfeição em sua funcionalidade, acima da mente que apenas induzia o ser aos maiores erros de suas vidas.

Acordava naquele fim de noite olhando para a lua que refletia em minha janela, indicando pela posição que já estava bastante próximo da meia noite. Otogakure costuma ser uma vila silenciosa durante todo o dia, mesmo com o comercio crescente na aldeia, ainda não era bastante complexa em população. Carregava comigo, um livro intrigante sobre anatomia humana onde folhei diversas páginas antes de cair no sono, herança guardada por meu pai. Ali, não demorei a preparar o liquido quente e aromático que perfumava todos os cantos da casa, o famoso café. Tomando-o lentamente para degustar o sabor amargoso e requintado que possuía, acendi um cigarro deixando que os químicos me acalmassem também. Os vícios humanos eram verdadeiras doenças e eu sabia que necessitava de um tratamento imediato para larga-lo. Contudo, ainda não era possível faze-lo. Enquanto repousava, minha janela foi bicada por um corvo, algo incomum dentro da aldeia, mas conhecendo a metodologia do Quartel General, suspeitei de uma missão de emergência. Curiosamente, um dos laboratórios antigos de Otogakure foi reativado e necessitava de auxílio para a investigação. O espirito Pesquisador que aflorava dentro de mim implorava para que eu fosse e respeitei o chamado. Munido do livro que serviria de distração em momentos de tedio, deixei os portões da aldeia indo para o laboratório abandonado.

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Aquela noite em Otogakure estava mais gelada que quaisquer outras noites que já havia presenciado naquele inverno que parecia eterno no ano. Desde o último treinamento com as mudanças de temperatura ansiava por desafios que fossem dignos das maiores técnicas que a Kekkei Genkai proporcionava, e de fato haveria de enfrentar algo que fosse apto a suportar pelo menos uma singela demonstração de todo o poder de um membro do clã Yuki. As informações passadas no pergaminho indicavam um laboratório típico da antiga Otogakure, antes dos novos tempos como colônia, onde haviam somente laboratórios subterrâneos utilizados por típicos vilões. Aquele local era amaldiçoado por experimentos bizarros e o cheiro de morte era bastante presente, principalmente quando, entre os arbustos que adornavam a mata, podia ter a visão de uma espécie de criatura humanoide, de aparência duvidável e provavelmente hostil.

Tomei certa distância, buscando observa-lo sem que minha presença fosse totalmente revelada e minha leitura breve e rápida das informações anatômicas não sofresse com a interferência da missão. Busquei, entre as figuras e informações do livro, tomar conhecimento de algumas partes daquele humanoide que claramente era resultado de um lunático experimentalista. O único acesso ao subterrâneo estava bloqueado pela presença do ser e teria que lidar com o mesmo. Havia força para isso, mas deveria tomar todo o cuidado do mundo enquanto estivesse ali. Daquela forma, a temperatura local lentamente caia, diminuindo exatamente dez graus da temperatura atual. Sendo cauteloso nos movimentos, me posicionei firmemente atrás dos arbustos, passando algumas folhas para ocultar talvez meu cheiro, não podendo saber se aquela criatura era um típico predador da floresta. Com o auxílio de um único selo de mão, a umidade foi convertida em pequenos pássaros de gelos, singelos e claramente artísticos, trabalhados em um formato que respeitava o animal original acima de tudo. Foram enviados para frente, desejando que a atenção do monstro fosse roubada por eles enquanto outro selo era responsável pela utilização da minha obra prima, os espelhos gélidos. Caso a criatura se retirasse do posto com a presença dos pássaros, criaria um espelho a poucos centímetros da porta do local e outro em minha costa, necessitando simplesmente atravessa-lo para me transportar até o segundo ponto. Sendo assim, teria passagem livre para o laboratório.

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A técnica do Yuki demonstrava grande versatilidade ao ser utilizada como distração para aquela criatura que provavelmente possuía uma velocidade de raciocínio limitada, julgando única e exclusivamente pela forma como se portava, mesmo possuindo características humanoides notáveis. Quando finalmente os portões do laboratório foram desbloqueados da presença do ser, o jovem pesquisador pode utilizar sua técnica assinatura para se locomover sem sequer ser notado, adentrando finalmente no prédio. Em sua destra carregava um livro semiaberto para a leitura em alguns lances enquanto a canhota buscava um cigarro no maço avermelhado que indicava a força dos químicos. Colocou o filtro nos lábios elevando a altura do isqueiro para acender enquanto o oxigênio era puxado por entre o fogo e o tabaco, acendendo e tragando a fumaça que saciava o vício doentio do gelado. Dentro daquele ambiente, tudo parecia estranho. A instalação era claramente antiga e abandonada, sequer havia algum cuidado para que possíveis contaminações fossem evitadas e a floresta parecia dominar aquele ambiente. As luzes não conseguiam se manter acesas por muitos segundos, enquanto era possível notar as raízes das árvores invadindo o telhado do local, dominando até mesmo as paredes todas. No chão, havia muito barro e vidrarias quebradas, tais como béqueres e balões. Também era possível encontrar anotações, livros e cadernetas por todos os escritórios, laboratórios e salas.

Enquanto eu caminhava e fumava para manter a concentração elevada, entendi brevemente como funcionava a estrutura de um laboratório, ignorando o fato de ele todo estar abandonado e largado para o consumo do tempo. Tentei fazer uma reconstrução mental do que estava vendo, imaginando os experimentos que ali eram realizados nos tempos de auge. Fui mais a fundo nesta investigação, adentrando em um laboratório que, julgando pelos equipamentos na mesa, tratava-se de um laboratório biológico, onde era provável trabalharem com DNA. Naquela bancada, uma anotação tinha destaque, parecia atual e a sujeira do laboratório ainda não havia contaminado a escrita. Ali continha informações sobre o prédio em que eu estava, apaguei o cigarro no chão e fechei o livro por alguns instantes justamente para ler a anotação.

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As descobertas dentro do Centro de Pesquisas Kyoto geravam grande interesse no Yuki que, futuramente, desejava se tornar um médico especializado em biologia humana e nas fases que compunham todo o processo degenerativo do ser humano, principalmente nos estados pré-morte e pós-morte. Saber de tantos experimentos, mesmo que de maneira lunática e macabra, despertava ainda mais a vontade do ninja gélido de se tornar um shinobi medico, tanto para realizar experimentos do mesmo grau, tanto para criar novos métodos de controle da vida, garantindo até mesmo a imortalidade de alguns seres ou de si próprio. Enquanto lia, gerava estratégias na cabeça para formular o que havia causado a reabertura dos procedimentos dentro do CPK. A maior suspeita ali era que Kaiba havia retornado por vingança, desejando criar diversas criaturas como aquela que guardava a porta tão fielmente, ou até mesmo estava ali dentro garantindo a segurança do local com seu monstro. O Yuki sabia que o local reservavas surpresas e por isso não poderia deixar sua guarda baixa. A luz piscante felizmente entregava as suspeitas do gélido, garantindo que pudesse notar a sombra rasteira que se aproximava pelas costas, não se importando se de fato era um inimigo ou companheiro de Otogakure no Sato.

Atento a aproximação, não poderia deixar que nada ocorre a mim, sendo necessário uma ação defensiva imediata e sem sequer intervalos que pudessem criar brechas em minha movimentação. Tão rápido quanto a velocidade deles, não precisei de selos de mão algum para gerar em meus pés um cristal gélido que me retirou dali em menos de segundos, garantindo minha defesa de maneira instantânea. Sugado pelo espelho de gelo, rapidamente outro era formado junto ao telhado da sala, de onde meu corpo sairia diminuindo a temperatura passivamente, enquanto realizava a conjuração de uma técnica ofensiva que visaria perfurar todos os pontos vitais daqueles monstros, enquanto a queda me fazia entrar em um novo espelho, este que me levava para o corredor e rapidamente me retirava do perigo. Permaneci atento a todos os movimentos, sombras e barulhos no laboratório. Meus passos me levavam a outra sala, está muito maior e talvez a principal dentro daquele local.

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A investida do gélido causava efeito nas criaturas que, se não estivessem mortas, estariam paralisadas até que o garoto deixasse o local e a temperatura abaixasse a ponto de desfazer sua técnica. Mesmo que tentasse, estava livre dos perigos do fogo, suportando até mesmo as mais poderosas técnicas do elemento. Foi assim que, com facilidade, teve passe livre para caminhar pelos corredores do Centro e estudar tudo o que estava acontecendo ali. Acendeu um cigarro para saciar o vício da maldita nicotina enquanto lentamente abria o livro de anatomia para voltar a estudar, desejando cada vez mais voltar para aqueles monstros e levar amostras do corpo e do sangue para estudo, mas ainda não havia passe livre para utilizar um dos laboratórios de Otogakure. Enquanto caminhava por todos os corredores e explorava os quartos, havia chego naquele que parecia ser o laboratório particular do presidente do Centro de Pesquisas, encontrando nas paredes diversas anotações e desenhos.

Dentre todo aquele material espalhado na bancada do laboratório, apenas um chamou de fato a minha atenção. O livro de anotações pessoal de Kaiba, o presidente do Centro quando o mesmo ainda era ativo. Dentro das anotações, que mais pareciam um diário das pesquisas, estava toda a metodologia macabra utilizada para as lobotomias e analisas biológicas dos indivíduos selecionados para cada experimento. Havia detalhes sobre a utilização de ninjutsu médico e estudos sobre ressuscitação a partir do DNA, coisas que não faziam o menor sentido na medicina. A cada página, minha curiosidade gritava querendo mais, lendo e avaliando todos os resultados que foram encontrados com as pesquisas de Kaiba e seus técnicos, desde as mudanças comportamentais em suas cobaias a até transformações físicas com a utilização de outros DNA. Ali era a verdadeira formação de um circo de horrores e por algum motivo desconhecido eu encontrava certa beleza em toda a metodologia. Guardei aquele livro enquanto finalizava a leitura do outro, retornando atento para a entrada do laboratório e se estivesse bem retornaria para Otogakure visando continuar os estudos.

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