No dia anterior, dormiu tão pesado e por tanto tempo como nunca havia feito, acordando com os músculos enrijecidos e precisando esticar-se. Eventualmente, flashes de memórias que havia passado em seu exame vinham à tona, mas agora com um sentimento de superação e orgulho de si mesmo por ter conseguido superar todas aquelas dificuldades. Também se alimentou de forma voraz, almoçando como só alguém que passara a dar muito valor à comida faria. Entretanto, cada segundo que passava em casa parecia estar perdendo tempo. Será que isso era o sentimento que um ninja focado tinha? E desde quando isso surgiu em seu peito? Talvez porque agora, com mais responsabilidades, provavelmente precisaria de mais poder se quisesse continuar vivo. Após chegar a essa conclusão, levantou-se da mesa após dar um beijo na testa de sua avó. - Desculpa, vó, mas eu já tô de saída.

Seguia direto ao campo de treinamento de seu vilarejo, passos rápidos sobre a terra pintada com flocos de neve. O clima frio não o deixaria desanimar, afinal seus propósitos eram maiores e mares calmos nunca fizeram bons marinheiros: Crescer ali, naquele lugar endurecido pelo tempo, havia-o feito ser quem era hoje. E isso implica na verdade que havia percebido em sua missão de sobrevivência, sentindo-se insuficiente quando foi levado à uma batalha corpo a corpo. Sentia que era falho em várias áreas, e estava disposto a não deixar brechas para os inimigos.

Sendo assim, chegando no local desejado, amarrou faixas em seus braços e canelas. Deixaria de lado por um segundo suas habilidades com Ninjutsu para treinar então com socos e chutes em uma árvore. Não poderia ser apenas uma casca frágil para uma grande energia.  - Eu vou ficar mais forte. Não posso depender apenas de uma fonte de poder. - Dizia para si mesmo enquanto suava o traje vermelho carmesim, coberto pela Flack Jacket marrom de Iwa. Durante um tempo, socou a árvore até sentir os ossos de suas mãos formigarem, vermelhos e minando sangue. Quando achou suficiente, sem nem mesmo parar para não dar brecha para o frio esfriar seus músculos, passou a bater com o ante-braço naquela árvore, desferindo golpes que gradativamente iam se tornando mais resistentes, porém mais fracos devido ao desgaste do corpo naquela área. Assim continuou por algumas horas, fortalecendo o contato do seu corpo em instrumentos feitos para tal:

Encontrando um boneco ali por perto, feito exatamente para isso e com muitas marcas de já ter apanhado por vários ninjas em treinamento, o jovem de cabelos prateados desferia-lhe caneladas, começando o movimento do início até o fim por várias vezes. Tinha pra si que se criasse uma memória muscular dos movimentos corpo a corpo, isso poderia ajudá-lo a desferir mais facilmente de ataques, já que sentia que sua mente muitas vezes agia bem mais rápido que seu corpo conseguia corresponder. Sendo assim, continuou com socos, chutes e até mesmo cabeçadas.

Parou e deu-se um tempo para respirar. Sentiu parte de seu corpo desgastado, então não poderia continuar com aquele treino de impacto e resistência de seu Taijutsu por muito tempo. Precisava de um combate um pouco mais real, e de qual maneira seria melhor para treinar numa luta justa se não contra si próprio? Pensando nisso, conjurou uma cópia real feita de barro, com as mesmas aparências e trejeitos. Ambos se olharam, original e clone, focados. Tinham o mesmo objetivo pois eram o mesmo corpo, a mesma mente, a mesma energia e Chakra.

O clone correu em direção ao original, este que também saiu em disparada. Ambos se encontraram no meio de uma arena de pedra e grama, onde um soco logo de cara foi desferido contra o rosto do original. Mu, quase caindo pela pancada, apoiou as duas mãos no chão e girou uma cambalhota para trás, se afastando de seu clone. O jovem fez a aproximação dessa vez pensando melhor em se analisar, já que o ser que estava em sua frente era ele mesmo, então todos os defeitos eram de ambos. Primeiro, chutou arrastando o pé, formando um movimento em meia lua. O clone saltou e agora era ele quem tentava acertar o rosto de seu conjurador com um chute bem dado, mas dessa vez o jovem foi mais rápido e defendeu-se com a mão, girando-o no ar e acertando-lhe com os punhos em sequência. O clone caiu no chão, sorrindo.

- Você é meio lento. - Comentou Mu.
- E eu sou você - Disse o clone.

De certa forma, ele estava certíssimo. Tentou então usar estratégias diferentes, mas desenvolveria uma melhora gradual, era certo. No momento, seu corpo rangia e não se sentia rápido o suficiente para elaborar golpes detalhistas e certeiros. Sentia a fúria e a ânsia por ser melhor, e naquela batalha corpo a corpo, sua vontade era a única coisa que ainda o mantinha de pé. O clone também parecia cansado.  

Acançaram mais tantas vezes um contra o outro, até que chegaram a conclusão de que o resultado final era sempre o mesmo: um empate entre as duas forças idênticas. Suas pernas doíam e os músculos de todo seu corpo pareciam arder como brasa. Já não seria mais capaz de continuar com aquele tipo de treinamento por enquanto. Sentou-se por um tempo a fim de descansar, desfazendo o clone em sequência. Olhou para suas mãos trêmulas e cobertas de arranhões e sangue, sabendo que todas as marcas que adquiria com o tempo eram símbolos de seu aperfeiçoamento como ninja. Sendo assim, mesmo que não achasse que havia sido suficiente, era impossível prosseguir devido ao fator biológico.

Sem demora, partiu novamente para sua casa.

Considerações:

Notas importantes: