- Você me entende? Eles pensam que nós somos só bonecos. - Tagarelava sem parar, mesmo que em tom de conformidade, sobre como ele pensava a cerca de política e o alto comando ninja. Não necessariamente de Iwa, mas a tudo que se diz respeito quanto se trata de poder e grana ao redor do mundo. Enquanto falava, sujava suas botas pelas ruas empoçadas da vila, tornadas lama após uma forte chuva no período da noite, fenômeno incomum naquele lugar. - Só pecinhas em um tabuleiro sobre alguma mesa. E não existe nada que possamos fazer, meu parça, a não ser torcer pra peça que te representa não cair lá na mesa deles. E no inverno as coisas ficam feias, amigo. É missão atrás de missão. Você mesmo é uma delas... Eu não queria te contar, mas sua dona é uma mulher muito preguiçosa. - Disse, abaixando-se e sussurrando no processo como quem tem um grande segredo a contar. Sorriu, abaixando-se e acariciando os pelos do grande cão amarronzado que lhe era responsabilidade no momento.

- Você é um ótimo ouvinte, Odaiba. - Falou, sem se importar com o fato da atenção do cachorro estar em algum cheiro no mato ao lado. Noite passada, havia sido contactado pelo mensageiro da vila e lhe foram dadas 2 missões de rank D: Passear com o cão de uma senhora muito rica, que por causa do frio da estação não poderia fazer o trabalho. Já a outra era basicamente ajudar alguns alunos com dificuldade na academia Ninja de Iwagakure. Logo, sentia-se animado com o dia e a primeira parte dele havia passado bem rápido. - Ali. Já é a sua casa. Espero que tenha gostado do passeio. E não se esqueça de não contar nada que conversamos pra ela, hein? - Piscou, após entregar a guia para a mulher que o recebeu na porta e o agradeceu pelo serviço.

Assoviou enquanto dava as costas para a mansão, chegando rapidamente ao edifício onde se localizava a Academia. Estar ali era um misto de nostalgia e alívio, tanto pelas inúmeras amizades e lições que aprendeu como também pelos estudos massantes que não precisaria mais passar. Ou era o que pensava, até descobrir que a vida em si é massante e sempre tem outro estudo pra se aprender. - Isso parece um ótimo ensinamento para eles. Ou seria animador demais? Não quero deixá-los ansiosos - Pensou contigo mesmo enquanto observava os mais atrasados, estes que treinavam numa área mais afastada, repetindo selos de mão e tentando alguns jutsus no espaço debaixo de uma grande árvore.

Passou algum tempo ali, respondendo à algumas perguntas mais básicas e ensinando pequenos truques que havia aprendido nos seus poucos anos mais experiente que aquelas crianças. Percebeu que não se importava e, pelo contrário, se sentia feliz por agora estar do outro lado da história, dessa vez como instrutor. Entretanto, não pôde deixar de reparar no aluno que ficava mais afastado ainda dos outros, tentando sem parar realizar um Henge, jutsu de dificuldade baixíssima, mas havia algo em seu rosto além da tristeza de não se conseguire realizar um Jutsu. Após ir até ele, se apresentou: - Ei, carinha. Então... Eu me chamo Mū. Vi que você tá com dificuldade em deixar o seu Chakra fluir. Você já pensou que pode ter algo te incomodando tão profundamente que isso influencia no processo em que ele é gerado? Eu não sou Sensei, mas gosto bastante de Ninjutsu e quem sabe essa possa ser a dica que eu vou te dar hoje: Nosso Chakra é nossa energia mais interna, é de onde você retira poder quando precisa, mas também é a calmaria de um dia em frente ao mar. Sente aqui, perto do peito? Quando você respira e inspira... Você precisa deixar com que ela flua, que corra por dentro de você tranquilamente e que sua mente esteja vazia para poder moldá-la. Seus sentimentos vem depois. Tudo bem? Pensa nisso.

Olhou no relógio e viu que já era hora de ir embora. Sendo assim, levantou-se e se despediu do garoto. Ouviu um tímido e fraco "obrigado", mas isso fez com que o já formado Genin sorrisse ironicamente. - Nah, acha que eu faço isso só por você? Amanhã você pode estar do meu lado numa trincheira, cercado de inimigos. Seria bem interessante se você soubesse fazer algo útil. Te proteger é me proteger. - Então saiu, carregando consigo um sentimento de dever cumprido. Talvez não tivesse dom pra ser um bom irmão mais velho ou até professor, mas caso aquele garoto o ouvisse com atenção, com certeza seu trajeto poderia se tornar menos penoso.  

Considerações: