A quebra das barreiras emocionais que são impostas na vida de um shinobi representa muito de quem ele será no futuro. Caso está permaneça intacta, é provável que sua evolução seja tardia e momentos difíceis se aproximem rapidamente, trazendo tristeza e desespero. O Jonin sabia muito bem como era se sentir assim, porém, não mais o fazia agora que todas as barreiras impostas em seu emocional haviam se quebrado e a escuridão da tristeza havia se convertido em uma intensa luz que lhe dava forças para alçar voo com suas asas. Naquela noite, o Akimichi havia reservado seu tempo para um treinamento um tanto atípico como Shinobi, comprando uma certa quantidade de ingredientes para treinar as práticas culinárias e se aproximar um pouco da qualidade dos pratos feitos pela Baa-chan. Havia uma bela peça de pernil a ser temperada pelo grandalhão, utilizando os diversos temperos locais da Pedra Oculta para adquirir o melhor sabor e textura possível para uma carne tão apreciada.

Entre os cortes e preparos, pode ouvir estalos na janela, típico das bicadas de um pássaro. De fato era, e o recebia com calma para dentro de casa, deixando que pousasse onde bem entendesse. Ele escolhia um cantinho na mesa de jantar e, deixando ser tocado para que a carta em seu corpo fosse recolhida, o mesmo alçou voo novamente para se retirar do local. O papel possuía uma coloração diferente, como se estivesse a muito tempo exposto aos ventos e umidade da Pedra, mas a qualidade da escrita era impecável. Quando começou a ler, os olhos do grandalhão barbudo se encheram de lagrimas, mas não havia aquela tristeza profunda como antes, estava feliz por poder participar dos últimos momentos de Baa-chan como um filho para ela.

Havia ainda mais para ser aprendido e ninguém além dela poderia ensinar ao Akimichi, que já havia recuperado as reservas de gordura gasta durante a utilização do Modo Borboleta. Apenas guardou as coisas na geladeira, sabendo que iria aproveitar um belo banquete quando chegasse até a Garganta do Mundo. Recolheu equipamentos para a viagem, se prevenindo de quaisquer interferências, sabendo que aquela região poderia estar sobre os olhos ruins de outros shinobis, esses que possivelmente não gostavam do Tsuchikage King. A arma mais nova do Jonin estava amarrada atrás de sua cintura, repousando o martelo em seu lado direito e o machado no esquerdo. Deixou sua casa direto para os portões da Pedra, seguindo os caminhos conhecidos para se aproximar da fazenda da ruiva, utilizando da passagem secreta para se permitir chegar ao terceiro salão, o maior deles, aquele que era utilizado para os treinamentos dos Akimichi e suas técnicas de proporções colossais. – Baa-chan? – Falou calmamente enquanto sua voz ecoava pelos três salões.

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Estava mais uma vez nos grandes salões akimichi da Pedra Oculta, local onde havia desperto uma de suas maiores habilidades como Shinobi e finalmente poderia retornar para continuar o aprendizado, tendo a Baa-han Uzumaki como Mestra. Jurou para si mesmo que cuidaria daquele local como sua própria casa, e que se tivesse filhos os levaria ali para aprender e servir comidas deliciosas como a outra custava em fazer. O tempo havia sido cruel com a ruiva, em pouco tempo após o treinamento do Jonin o estado de sua doença avançou rapidamente, dominando todo seu corpo que já não era dos mais resistentes quando o gordo a conheceu. Lentamente ele se aproximou da ruiva, tocando seus fios de cabelo que resistiam ao clareamento que a idade trazia, mantendo cada fio avermelhado no melhor estado que poderia estar. A suavidade do toque do Akimichi transmitia um enorme carinho por ela, olhando no fundo de seus olhos com um sorriso antes que ela pudesse falar. – Você está cada dia mais linda, Baa-chan. – Ele tocou o rosto da ruiva e se levantou novamente disparando olhares orgulhosos pelo salão. Ela logo se pronunciava e agradecia a chegada do Jonin, sem demoras utilizou de uma técnica nova, criando uma leve fumaça branca no local para dar origem a uma ostra marítima, de tamanho duvidoso para a enormidade do pergaminho que a mesma guardava.

A ostra lentamente se deixou ser tocada e o pergaminho exposto pela Uzumaki foi aberto no chão, comprido, contendo diversas separações e nomes destacados em todo seu interior. Ali, haviam também marcas vermelhas dos dedos das mãos, possivelmente marcados com sangue como um contrato. Talvez aquilo fosse o indicativo para se associar a utilização das ostras, e o Jonin não perdeu tempo. Com uma leve mordida em seu polegar, utilizou o filete avermelhado para escrever o próprio nome no pergaminho, manchando o restante dos dedos e marcando o local reservado para este fim. Assim, havia selado seu contrato com a invocação das Ostras, não perdendo tempo e testando imediatamente a técnica espaço-temporal. Após os selos de mão e o filete de sangue distribuído corretamente, tocou o solo marcando-o com selos que se espalharam instantaneamente, levantando a mesma cortina de fumaça que outrora chamou a ostra pequena. Diferente da utilização da ruiva, a sombra entre a fumaça dominava uma grande área do terceiro salão, contudo, parecia desaparecer como se a técnica falhasse em sua ativação. Uma técnica ilusória acabava de atingir todo o salão, e mesmo com o pouco ou quase nulo conhecimento destas habilidades, ele conseguiria descobrir o que estava acontecendo.

Por todo o grande salão, a ostra surgia e o Akimichi disparava rapidamente para toca-la, porém, ao mero sinal de aproximação ela se dissipava como uma miragem no deserto. Isto era extremamente intrigante e o fazia questionar a própria existência da ostra, contudo, rapidamente tentou outra investida quando a grande ostra ressurgiu metros atrás. O mesmo resultado se repetiu e a ilusão se dissipou obrigando o animal a ressurgir em outro canto. – Isso parece uma miragem... será que ela está se escondendo enquanto brinca comigo? Preciso encontrar a original... sendo assim. – Ele sorriu e realizou a dança dos selos de mão. – CHO BAIKA NO JUTSU! – O corpo do Akimichi se expandia em cinquenta metros novamente, levantando uma cortina de fumaça e uma pressão nos salões que elevava a poeira do mesmo, espalhando-a por todos os cantos. Notou, rapidamente, ondulações no canto direito do terceiro salão, onde a poeira contornava algo que se assemelhava a uma casca. Quando o corpo do Jonin voltou ao tamanho natural, disparou rapidamente naquela direção, esticando o braço e sentindo o toque gelado e viscoso do animal, que lentamente se revelava para ele. – Consegui, Baa-chan! – Ele comemorou enquanto o animal sumiu em fumaça, voltando ao seu local de origem. Dali em diante, ele havia conquistado um importante detalhe em seu arsenal, porem, o treinamento sobre a curiosa energia natural iria começar no segundo salão, e para lá ele foi.

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Ao termino do treinamento para se tornar digno de invocar a Ostra Ilusoria, o Jonin seguiu o que lhe foi passado pela Uzumaki, atravessando o vasto salão para adentrar na biblioteca da cúpula, onde parecia estar mais arrumada do que a última vez que esteve ali. Talvez a Baa-chan tivesse arrumado um pouco todo o arsenal de conhecimentos que habitava ali, mas o Akimichi reprovava tal ato, pois a saúde física da ruiva não estava das melhores e qualquer esforço físico pode ser prejudicial. Quando atravesso para o segundo salão, infelizmente não pode notar o real etado da Uzumaki, deixando passar seus tossidos dolorosos que demonstravam claramente o qual mal estava sua saúde. Ela fazia questão de lembrar o Jonin dos treinamentos de seu pai na Garganta do Mundo, impulsionando o Akimichi a continuar e superar seu velho mestre, honrando todos os ensinamentos que um dia também fizeram parte de sua vida.

Dentro do segundo salão, da biblioteca que a Uzumaki colecionou durante toda a sua vida, o Akimichi lentamente explorava as prateleiras em busca dos livros que foram passados pela outra, tratando da utilização de energia natural, sendo o Jonin como um centro que a absorveria para os mais devidos fins que, para o gordo, ainda eram um mistério. Demorou um certo tempo para encontrar, entre poeira e teias, um livro de capa esverdeada, lembrando levemente o couro de um animal e com kanjis que indicavam o título do mesmo. Arrumou um canto confortável para se sentar, próximo de uma tocha para iluminar as páginas do livro.

‘’ Energia natural (自然エネルギー, Shizen enerugī), é a energia que pode ser coletada da atmosfera e da terra. Se uma pessoa puder coletar a energia natural ao redor dela e combiná-las e equilibrá-las com as energias espiritual e física que fazem o chakra, ela pode tornar-se Sennin e adquirir o Modo Sábio, permitindo-a usar senjutsu.’’

Intrigado pela nomenclatura que acabou de encontrar, o Senjutsu, o Akimichi curiosamente continuou folhando as páginas para absorver o que podia de informações, tanto na forma de adquirir esta técnica, como utiliza-la e as formas que poderia assumir. – É como meu Modo Borboleta... isso parecia ser algo extremamente difícil de se conquistar, ser um só com a própria natureza... – Folhando e folhando, as dúvidas surgiam sem parar em sua mente, não conseguindo entender como alguém poderia ser um com a natureza e, além disso, sentir sua energia e ao mesmo tempo absorve-la. Bastava, então, estudar ainda mais.

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As folhas foram passadas uma a uma, com diversas informações e imagens que de nada acrescentavam no entendimento sobre o assunto, apenas lhe davam detalhes que não sabia como utilizar na pratica, continuando a leitura até que pudesse, de fato, entender o funcionamento do Chakra Natural. Contudo, em um trecho daquele livro, a escrita mudava levemente, como se estivesse sendo adaptada para leitores específicos, e neste caso era para os Akimichi. Em todos os anos de treinamento, ele nunca havia sido apresentado para o Senjutsu, mesmo que tivesse estudo durante u longo tempo de sua vida as mais diversas técnicas ninjas. Naquela pagina em especifico, a escrita era suave e de fácil leitura, fazendo analogias com comidas e seus cheiros, clareando a mente do Akimichi que agora começa a compreender como outros sentiam o chakra natural pelo ambiente.

Como se estivesse prestes a devorar um banquete, ele fechou o livro e cruzou as pernas no chão, levando sua mão até a altura do peito para realizar o selo do trigre. Era assim que se concentrava na maioria das vezes e, lembrando das imagens e escrituras do livro, respirou fundo imaginando estar rodeado por um cheiro delicioso de comida fresca, pelo aroma adocicado das frutas e, por fim, sentia leves ondulações atingirem seu corpo como se o mesmo as puxasse para si, sentindo aquela energia percorrer as tenketsus. Em um leve susto, a concentração foi quebrada e toda a energia extra se esvaiu do mesmo, este se levantou rapidamente e foi para fora dos segundos salões, respirando mais devagar tentando entender o que acabou de sentir. Pela primeira vez teve contato com a energia natural e ela era ainda mais pura que o chakra, tê-la no corpo era uma sensação indescritível e que poderia gerar um certo medo e desconforto para os iniciantes da arte sennin. Quando retornou para o terceiro salão, notou a Uzumaki dormindo, preocupado se aproximou rapidamente e tocou seu ombro, balançando-a suavemente para acorda-la. – Hey, Baa-chan, está tudo bem? Acorde. Vamos, precisamos ir até o salão da energia natural... – Pegaria ela no colo esperando que indicasse o caminho assim que acordasse.

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A Uzumaki demonstrou toda a sua força ao se levantar sozinha e seguir caminho mesmo sonolenta e com os movimentos cada vez mais fracos. Quando se aproximou de um dos pilares no salão, rapidamente e com um único selo, fez uma porta se abrir entre as rochas, onde nem sequer havia resquícios de que uma passagem estava ali. O Jonin ficou impressionado pelas habilidades da outra, mesmo no auge de sua idade e doente, ainda era poderosíssima e com um leque de conhecimentos invejável. O Akimichi agradeceu mais uma vez e talvez pela última vez, dando um beijo em sua teste como um sinal de amor e carinho por tudo o que ela fez. Tocou seus fios avermelhados olhando em seus olhos como um filho olhando para sua mãe. – Eu não tenho como agradecer, mas eu prometo que cuidarei destes salões por toda a minha vida... – Ele sorriu como sempre sorria, soltando seu riso característico antes de descer as escadas, lentamente, notando a profundidade da mesma e que provavelmente estava chegando no misterioso fundo da Garganta do Mundo.

Ali, após minutos gastos apenas para descer as escadas, ele encontrava um ambiente totalmente inesperado. Um lago brilhante, adornado por cristais e rochas diferentes, fungos enormes que traziam uma aura totalmente mística para as profundezas de um lugar tão assustador. Ali deveria ser o auge do chakra natural daquela região e podia sentir toda aquela energia mesmo sem se concentrar devidamente. Com o pergaminho para assegurar a própria vida, o Akimichi sentou-se em frente ao lago, onde abriu o pergaminho. Utilizando os métodos aprendidos, fechou os olhos e selou o tigre na altura do peito, respirando devagar, sentindo a vasta energia local entrar em seu corpo descontroladamente, atacando seus membros inferiores e travando-os. Imediatamente tocou um dos kanji, eliminando aquela energia em excesso e redobrando a concentração, desta vez estando apto a controlar a quantidade de energia que deixaria o corpo absorver. Repitiu o processo diversas vezes, esvaziando o corpo e absorvendo energia novamente. Após as diversas repetições, ele se levantou orgulhoso, subindo novamente as escadas pronto, se tornando um Centro de Energia Natural.

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