Mais um dia começou em Konoha e o sol de inverno incomodava como sempre. Hora quente demais, hora frio demais. Hana caminhava pelo centro da cidade com um livro na mochila e suas armas na bolsa ninja, indo em direção ao seu camp ode treinamentos favorito. Havia terminado de ler um livro sobre anatomia animal semanas antes e estava quase terminando o de anatomia humana que locou noa biblioteca da vila. Pensou em treinar um pouco e parar pra ler enquanto em seu momento de descanso. Havia melhorado bastante suas habilidades nas últimas semanas e desejava continuar melhorando, afinal, os exames chunins estavam se aproximando. Existe incentivo maior para melhoria de habilidades do que uma promoção de patente na vila? A garota devaneava tão profundamente sobre como seria sua vida quando passasse nos exames que nem percebeu quando chegou no campo de treinos.

Era seu campo de treino de sempre, o favorito. O lugar era todo gramado e com muitas árvores presentes, o que fazia com que o ambiente ficasse mais frio do que o normal, nada que a incomodasse pois sabia que logo estaria suada. Sentando-se ao lado de uma grande rocha a jovem de cabelos prateados abriu sua mochila e retirou uma grande toalha de piquenique para forrar na grama, onde deixou todos os seu pertences, inclusive seu almoço que havia levado pois pretendia passar todo o dia naquele lugar. A grama ainda estava meio molhada devido a falta de incidência da luz solar no inverno. O céu nublado com pouco espaço para o sol indicava uma chuva próxima, mas ela não se deixou abalar por isso.

A seu redor havia exatamente dez grandes árvores e, para ajuda-la em seu treinamento, a garota resolveu montar uma armadilha em cada uma dessas árvores. Cairia nas em suas próprias armadilhas para melhorar suas habilidades. Elas eram simples: montou um mecanismo de ataque em cada uma daquelas árvores, de movo que quando ativasse — cortando uma corda — dez kunais seriam lançadas em sua direção. Esse era mais um dos motivos por ter carregado uma bolsa tão grande até ali: todas as armas que teve que levar. Concentrada, parada ao centro das dez árvores, Hana sacou sua Hakkō Chakura Tō e respirou fundo. "Pronta.", pensou. Assim, a garota levou sua mão esquerda para dentro de sua bolsa ninja que estava presa a sua cintura e sacou uma shuriken comum, a lançando contra a primeira corda da árvore mais ao norte. O ruído metálico cortou o ar e a estrela acertou a corda em cheio, o que acionou o mecanismo montado pela garota e, imediatamente, dez kunais voaram da copa da árvore em sua direção.

O objetivo de Hana não era desviar, mas sim, defender-se de todas as armas que voavam em sua direção. De olhos bem abertos e extremamente atenta, a garota firmou sua base no chão e começou a se movimentar, rebatendo as armas com sua Hakkō Chakura Tō, arma herdada de seu pai. O tintilar das armas de ao se chocando umas contra as outras preencheu e ecoou pelo camp ode treinos e, no fim, havia quatro kunais caídas ao solo em frente a garota Hatake. "Duas agora." Com um sorriso claro e bem colocado em seu rosto Hana pegou duas Kunais no solo e lançou nas cordas das árvores seguintes. Desta vez teria que defender vinte ataques, o dobro. Concentrada, Hana se movia fluida como água. Abaixava, deslizava e girava sobre a grama molhada enquanto, graciosamente, rebatia as armas que vinham todas de uma única direção. Ao fim de sua dança, estava ofegante. Não muito cansada, não iria parar seu treinamento ainda pois ainda existiam sete mecanismos de ataque ali para serem ativados. A genin ofegava, respirando pesadamente, mas firme, forte e confiante de que estava melhorando. Estava mais rápido que antes, mais forte que antes e logo chegaria ao nível chunin para ser reconhecida quando fosse lutar perante toda a aldeia inteira na fase de lutas.

Após descansar cerca de cinco minutos ela resolveu continuar. Havia decidido ativar pelo menos mais dois mecanismos antes de ir ler seu livro de anatomia humana. Levou sua mão direita até sua bolsa ninja e retirou dali uma única shuriken para cortar ambas as cordas que precisava. Concentrou-se para adicionar certa curvatura a arma, mirou e lançou-a com um leve giro de corpo. A shuriken parecia estar sendo puxada por fios, girou no ar velozmente e cortou a primeira corda, indo em direção a segunda após fazer uma curva extremamente aberta. Não foi bem o que a garota pensou, mas deu certo, então tudo bem. Sem tempo pra comemorar seu lance, Hana já se defendia das outras armas que já voavam em sua direção. Desta vez seus movimentos estavam menos fluidos do que antes, tinha que admitir. O que parecia uma dança, agora estava longe disso. Com movimentos duros e bruscos a jovem de cabelos prateados rebateu todas as kunais que lhe foram lançadas, sem deixar nenhuma passar direto por ela ou a acertar.

Quando a última caiu ao solo, Hana deixou escapar um gritinho fraco de comemoração. Não tinha tanta energia como pensou. Só aquele treino já a havia sugado completamente, então ela começou a catar suas kunais do solo para não deixa-las ali. Uma criança podia se ferir, e elas não estavam gastas ou velhas, podiam ser reutilizadas, claro que podia. Hana caminhou até onde sua mochila se encontrava a algumas metros mais atrás e depositou cerca de cinquenta armas ali. Ainda faltava mais cinquenta e ela certamente levaria todas para casa ao fim do dia.

Sem demoras, a genin simplesmente permitiu que seu corpo caísse sobre a toalha que a mesma havia forrado no chão. Ainda não era hora do almoço, mas seu estômago roncava frene ao cansaço. Deitada, ela pegou uma garrafa de água que havia levado para o campo de treinamento e bebeu alguns goles. Abriu, também, uma vasilha verde onde se encontravam alguns sanduíches feitos para que ela conseguisse passar o dia ali treinando sem ter que voltar para casa pra comer. Estava tudo delicioso. O suco principalmente. Hana já podia se sentir revigorada, mas não ao ponto de voltar ao treinamento, por isso retirou seu grosso livro de dentro da mochila gigante e o depositou sobre suas coxas para começar a ler. Faltavam apenas cerca de cinquenta páginas. Até o meio dia ela certamente conseguiria terminar de ler e compreender todo o conteúdo ali abordado.

Escorou suas costas no troco da árvore sob a qual estava sentada e começou a ler o capítulo intitulado "sistema sensorial", uma das subdivisões do sistema nervoso, o mais complexo de todos os sistemas que compõe o corpo humano, na humilde opinião da genin aspirante a ninja médica. A leitura seria complicada se ela nunca tivesse estudado o assunto ou pesquisado sobre. Havia alguns termos médicos aos quais ela ainda se perdia e precisava reler o trecho do livro mais de uma vez para entender o significado, mas nada que precisasse de muito esforço.

Horas se passaram até que a jovem Hatake terminou sua leitura. Finalmente havia finalizado aquele livro e podia considerar que conhecia algo sobre anatomia humana, além da animal que estudou antes. Ainda não dominava bem a disciplina, claro, pois isso so vem com a prática, mas se fizesse uma prova naquele momento ela se sairia bem. Disso ela tinha certeza! Para sua sorte, ao fim do livro havia um apêndice com questões sobre todo o assunto abordado, não só de alguns assuntos. Eram mais de vinte páginas de perguntas e na última havia um gabarito. Assim, Hana começou a responder uma por uma, com toda a paciência do mundo. Tinha tempo, afinal. Terminou o questionário cerca de três da tarde, julgando pela posição do sol no céu. Devia voltar ao treinamento com as kunais antes que escurecesse, mas antes ela preferiu conferir suas respostas no gabarito. Noventa e oito por cento de acerto era uma ótima pontuação, ainda mais se levar em consideração que ela havia lido sobre o sistema ósseo no início do livro, a semanas atrás.

Deixando seu corpo escorrer para a toalha forrada sobre a grama, Hana fitou o céu do inverno. O sol se escondia atrás de alguns nuvens claras, e aparecia as vezes. Ainda quando as nuvens eram empurradas pelo vento a presença dele não incomodava a visão da garota pois as folhas da árvore impediam que a luz incidisse diretamente em seus olhos. "Eu sou capaz.", ela suspirou profundamente antes de levantar e voltar para a área rodeada por árvores, onde havia montado armadilhas para si.

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