Machia estava no sofá fazendo uma leitura quando pôde notar um pequeno papiro adentrar sua janela e cair no solo como se fosse algo comum. O jovem washu arqueou a sobrancelha, e ficou a observar aquilo por um longo minuto - felizmente, não explodiu, então este julgou ser seguro. Machia fechou o livro que segurava e caminhou em direção ao papiro, pegando o mesmo; na janela, a pena negra de um corvo repousava, e Machia não entendia muito bem o porque daquilo estar acontecendo, mas gostou da ideia de obter uma Kuchiyose para auxiliá-lo em diversas tarefas.

O jovem caminhou de volta para o sofá e abriu o papiro, e começou a ler seu conteúdo. Aparentemente, era um convite de alguém que Machia conhecia mas não se recordava, para aprender a invocação dos corvos. O Washu então levantou do sofá, pegou seus itens básicos e suas vestes usuais e saiu pela porta da frente, antes, é claro, fechou a janela que havia esquecido aberta. Machia desceu as escadas do apartamento e chegou na rua de casa. Observou ao redor, buscando algo, mas não achou, então seguiu adiante, para os portões do vilarejo uma vez que a carta dizia para encontrar a moça naquele local.

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A caminhada tortuosa até os portões do vilarejo findaram quando Machia chegou neste e viu a figura que até então o convidou para o tal local. O garoto arqueou a sobrancelha e se aproximou, apesar desta estar sob o véu negro da madrugada invernal. —— E aí. —— disse Machia, se aproximando ainda mais da mulher, observando-a cara a cara, praticamente. —— E você é...? —— Machia não a reconhecia, na verdade, a reconhecia, mas vagamente, de um passado distante. Talvez depois de tanto tempo após ter deixado Iwagakure esta mandara a mulher para levá-lo de volta... Machia suspirou, e continuou a observar a garota que dizia coisas um tanto sem sentido à ele. Deu de ombros, e murmurou algo que seria entendido como um "que seja."

O jovem washu permaneceu mais alguns minutos em silêncio ao lado da moça até que irrompeu com uma pergunta para a mesma; "E então?" indagou, fitando-a com intensidade. Machia esperava algo da mesma uma vez que esta viera, como a própria dissera, treiná-lo para pagar a ausência que tivera desde então. O jovem, porém, não reconhecia a mulher, de nenhum lugar, o que causava uma certa confusão em sua mente. —— Corvos, é? —— disse ao se lembrar da pena negra em sua janela após o arremesso do papiro. Machia deu dois passos adiante, e então parou há exatos dois metros de distância da mulher. —— Você... eu me lembro vagamente.. quem é você mesmo? —— falou, ainda fitando-a. O jovem washu procurou em seus bolsos o seu cigarro, mas não encontrou; talvez tivesse deixado em casa, talvez houvesse perdido enquanto buscava os portões para encontrar com a dona da carta. Eram muitas opções e pouca resposta.

Enfim, não havia nada a se fazer. Sem cigarro e sem descobrir quem era a mulher, o jovem Washu permaneceu diante desta, à espera da resposta da moça de cabelos castanhos. Enquanto ela não o fazia, porém, o jovem se pôs a observar o ambiente, em busca dos corvos negros cuja pena fora deixada em sua janela. Talvez aquilo não fosse ao acaso, e talvez a própria estivesse ali para ensinar o jovem - seria esse o motivo para ela ter dito que certificaria-se do treinamento do Jonin? Ou seria apenas uma falácia aleatória para explicar a ausência da mesma? Machia deu de ombros e continuou a buscar com os olhos as aves negras; descobriu um interesse por elas aquela noite.

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Conforme Machia continuava a observar os corvos nos portões do vilarejo da nuvem, este pode perceber que a mulher que o acompanhava aproximava-se ainda mais e então notava que havia se confundindo com um amigo de um passado distante - era um tanto quanto normal esse tipo de coisa acontecer, Machia era uma pessoa comum, muito comum mesmo, e se trajava como um qualquer, então, sim, era normal esse tipo de coisa acontecer. O que aconteceu em seguida, porém, não era algo muito normal, ainda mais no vilarejo da nuvem, onde todos eram gentis e tranquilos uns com os outros.

A mulher, após dizer um monte de asneiras umas atrás das outras e rir, partiu para o ataque contra o shinobi, que desviava habilmente das investidas da mesma. Apesar de ter iniciado os golpes do nada, sua velocidade não compensava; era lenta, muito lenta, e o Washu se aproveitava disso: realizava desvios aqui e acolá, precisos, deixando os golpes da mesma passar rente a seu corpo e suas vestes, não prejudicando-o de forma alguma. —— Seu teste é lutar contra alguém mais forte que você? Que bobeira... —— disse o Washu, franzindo o cenho. Machia começou a aparar os golpes da inimiga com a palma das mãos desnudas, recuando enquanto o fazia. —— Eu tenho que derrotar você pra ser ensinado, é isso? —— indagou, e partiu para o ataque: acometeu com a maior velocidade que lhe era permitida, e investiu numa rasteira para desequilibrá-la: se ocorresse bem, quando esta estivesse caindo, o Washu socaria o peito da mesma com a menor força possível, para não prejudicá-la e sim fazer com que esta aceitasse a derrota daquele embate amistoso.

—— Pode me dizer quem era o seu amigo, aquele que você confundiu comigo? —— indagou, e recuou. O garoto permaneceu distante da mulher, cerca de quinze metros, enquanto observava os arredores em busca dos corvos. —— Quero um pacto com esses animais, gostei deles. —— concluiu, fitando-a. Era hora de aflorar novos poderes, e o Yoshimura sabia que precisaria da ajuda da mulher para isso; as invocações que ele obteria ali seriam de grande uso posteriormente. Suspirou, e estendeu a destra para ela, como um sinal de paz de um jovem amigo. Machia queria se fortalecer, mas não queria continuar brigando a troco de nada, não ali, nem naquele momento, nem naquele vilarejo, onde a nona podia sentenciá-lo ao purgatório em alguns segundos. Purgatório... Machia riu com a ideia, e sentiu falta do seu cigarro.

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A peleja de segundos findou quando Machia acertou o peito da mulher, e esta entendeu que aquilo era o fim para a batalha. O ninja suspirou, observando ao seu redor enquanto ajudava a moça a se reerguer. A mesma parabenizou Machia por conseguir acertá-la com um golpe, fraco, na região do peito, e agora chamava-o para concluir o contrato para com os animais, o que era um tanto quanto satisfatório para o ninja da nuvem. —— Ok, ok. —— disse, enquanto mordiscava o dedão e passava o sangue no rolo de invocação que a mulher fizera surgir em suas mãos, assinando-o e obtendo para si o domínio acerca dos animais. —— Mais alguma coisa? —— indagou à ela, fitando-a com seus olhos negros. Machia deu um passo para trás e deixou sua cura agir, curando o pequeno machucado que este causara no próprio dedo; era fácil assim. O ninja levou à canhota até o queixo e coçou, aguardando mais informações da mulher; agora era esperar ela de fato ensinar o jovem Washu como concretizar a kuchiyose do animal, e firmar o contrato para com eles. No horizonte, nuvens de chuva se formavam, mas não era algo anormal para o vilarejo de Kumo, então o jovem deu de ombros.

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O contrato havia sido firmado, agora restava Machia convocar os animais com a instrução da mulher cujo nome ele havia esquecido; o jovem então a fitou e ouviu o que ela tinha a dizer após o pigarro estranho que a própria dera. A moça cortou o próprio dedo e então com o sangue que escorria, passou na palma da mão e teceu selos enquanto fazia a explicação da técnica de Kuchiyose. O washu observou e aprendeu o que era necessário e então replicou o que a mulher fizera, passo por passo, para invocar a criatura qual acabara de firmar o contrato.

Um fumo surgiu ao redor do corpo da mulher, que, nos instantes seguintes, desapareceu, dando lugar à um corvo cuja pelagem negra era similar, quiçá idêntica a que outrora o Yoshimura havia achado no parapeito de sua janela, o que fizera o jovem arquear a sobrancelha em descrença. —— Foi você que me ensinou? —— Indagou, fitando o pequeno animal em seus olhos negros e profundos. —— Não, não teria como. —— concluiu, ainda fitando o mesmo. —— Mas... o mundo ninja é cheio de surpresas, é, talvez tenha sido você que me escolheu e não eu que o escolhi, amigo. —— falou, retornando para sua casa com o novo companheiro.

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