De volta a vila, Kaled tratou logo de apanhar a recompensa por ter realizado sua missão. As notas amassadas foram logo depositadas na pequena bolsa de coro do shinobi, que passou a vagar em meio a penumbra, sem um destino exato.
Kaled não possuía amigos, sua casa era reflexo de seu fracasso como shinobi, um buraco que ele usava apenas para pousar seu corpo. O guerreiro estava relativamente perdido, mas no momento nada daquilo lhe afetada.
A ideia de procurar um bar veio a mente do homem, que então rumou para um dos poucos estabelecimentos que estariam aberto naquela hora. O bar que Kaled procurava era um daqueles estabelecimentos frequentados quase que unicamente por shinobis, um ambiente que servia como segunda casa, um point de encontro para os diversos times de Kumogakure.
Em situações normais Kaled nunca procuraria um lugar como aquele, mas todos os pequenos estabelecimentos, os bares da periferia, que ele frequentava estavam agora fechados e sua vontade de saciar sua fome e cede era enorme.
Bastou que o troglodita arrastasse a porta do local para que todos os presentes no bar se voltassem para ele e lancassem todo seu ódio e desgosto – É aquele inútil -.
- Um imprestável, vergonha de Kumo -.
Diversos foram os comentários que alcançaram os ouvidos de Kaled, que fingindo naturalidade, adentrou ao recinto e desferiu um golpe contra uma das mesas de madeira mais próximas, a rachando em dois e fazendo com que diversos copos, repletos de cerveja, voassem pelo bar.
Todos aqueles shinobis que tanto odiavam Kaled usaram a agressividade e o ataque do jovem como pretexto para iniciar uma briga. Quatro foram os shinobis necessários para arrastar Kaled até a rua, onde dois homens, relativamente mais graduados que Kaled iriam lhe confrontar – Nós vamos lhe ensinar uma lição, Mahamed –
- Depois dessa noite, se você ainda estiver vivo, vai ser obrigado a deixar os shinobis. Volte para o burado de onde você saiu, seu filho da puta -.
Tomado pela raiva, Kaled avançou contra a dupla, mas em um piscar de olhos ambos já não se encontravam mais lá, haviam desaparecido. O impacto e a dor que sentiu em suas costas era sinal de que de alguma forma os shinobis haviam se reposicionado – Seus filhos da puta, parem de suar truques sujos e lutem que nem verdadeiros homens -.
A dupla riu, afinal, não haviam utilizado nenhum ninjutsu, era apenas os olhos de Kaled que não podiam acompanhar suas velocidades. Kaled avançou novamente contra a dupla e novamente foi surpreendido pelo desaparecimento de seus inimigos e um novo golpe de kunai.
A briga, ou melhor, o show que os diversos shinobis realizavam em meio a rua, procurando prejudicas Kaled, era assistido por uma criatura que não detinha mais do que um metro e trinta, um homem, aparentemente idoso, que sobre os telhados dos edifícios estivera sentado até aquele momento.
Em um piscar de olhos o idoso sumiria do local onde estivera assistindo a balburdia. O homem ressurgiria no centro da roda onde a briga acontecia. Tomado por uma aura negra, até mesmo os shinobis mais graduados recuaram – É o mestre Doku. O que ele esta fazendo aqui ?-. O homem gritou e sua voz pareceu atingir a todos como um trovão – Acabou. Voltem para suas casas -.
A multidão começou a se dissipar, mas Kaled, ainda fora de si, continuou a querer avançar contra seus adversários.
Um raio negro atingiu Kaled diretamente em seu peito. Diante ao ataque o brutamontes caiu, desacordado no chão.


Duas semanas após o incidente, um período temporal que deverá ser descrito com mais profundidade futuramente, Kaled iniciou seu treinamento com Doku, o idoso que havia lhe nocauteado. Doku ensinara ao guerreiro que não bastava ele possuir forc1a física, ele deveria ser capaz de desferir seus golpes com velocidade, deveria resistir ao estresse e cansaço e acima de tudo, dominar o uso daquela que seria sua arma mais importante dali para frente, o uso das técnicas Taijutsu.
Kaled era obrigado a realizar corridas matinais ao redor do pico onde a cada de Doku se localizava. Em meio ao frio e humidade, o jovem deveria realizar tiros curtos, exprimindo sua força em cada passada, afim de desenvolver a potencia de seus músculos.
Durante as tardes Doku ensinava, com certa resistência de seu aluno, técnicas de Taijutsu que poderiam atravessar até mesmo as mais poderosas defesas e provocar danos aos inimigos. Apesar de Kaled considerar tudo aquilo uma espécie de truque sujo para ganhar lutas, ele admirava o poder que Doku, um idoso desprovido de qualquer massa muscular, manifestava em seus golpes. A admiração de Kaled para com o idoso e seu desejo em se tornar mais forte o faziam resistir aos inúmeros dias de treino e a exaustiva e pacata rotina.
Ao final de um longo período de treino, Kaled percebia que agora era capaz de acompanhar, durante os treinos de combate, os movimentos de seu mestre, que antes eram impossíveis de serem sequer notados. Com certa dificuldade Kaled conseguia se defender e usava também sua força com mais eficiência, desferindo golpes treinados, golpes técnicos, que aumentavam ainda mais seu poder.
Aos poucos o brutamontes se transformava em seu interior, se tornava mais determinado e menos incomodado ou enraivecido com a situação em que sua vida se encontrava. Pela primeira vez em anos, Kaled agia como um shinobi e fazia algo para mudar sua dura realidade.

Considerações”:

Jutsus Utilizados: