Era uma fria manhã de domingo em Iwa, o sol iluminava com carinho, mas não era o suficiente para aquecer os corpos dos cidadãos, mas isso ia passar, e não impedia que Moriyama saísse cedo para observar pássaros, era época em que os sabiás-da-pedra saíam de seus ovos, e observar esses milagres da natureza sempre teve um efeito benéfico ao monge, que naquele momento estava em cima de uma árvore olhando à distância uma mãe alimentando seus filhotes em um confortável ninho armado em um buraco em um paredão de pedra, quando foi interrompido por um homem que parou à frente de sua árvore e tossiu, chamando atenção, era Chinosuke, seu mentor nas artes de ninjutsu e no que concernia ser um shinobi, ”Desça daí, tenho algo para você.” disse, de bom humor, e Moriyama logo desceu e reverenciou-o, ele sem delongas tirou de seu colete Jonin uma carta e entregou a seu aprendiz, ”É uma missão, achei ela interessante pra você. Por acaso já caiu em uma ilusão?” o monge logo respondeu: ”A vida é repleta delas” os dois riram juntos ”Eu digo genjutsus, alguém já aplicou um genjutsu em você?” Moriyama parou para pensar, nunca havia estado nessa situação, até porque não havia estado em muitas batalhas formais com ninjas ”Não, nunca caí em uma ilusão nesse sentido” disse, abrindo a carta, Chinosuke continuou: ”Perfeito, vai ser uma ótima forma de lidar com isso, parece que existe um ilusionista agindo nos arredores da vila, não sabemos o que ele quer, nem ao mesmo quem é, mas muitas pessoas estão relatando estranhos ocorridos à sudoeste do portão sul da Vila, você é um rapaz inteligente, sei que vai conseguir lidar com a situação muito bem.” Estava pronto para partir, mas o rapaz o interrompeu: “Espere! Mas como se sai de um genjutsu? O que eu faço se eu cair em um? Eu não tenho preparo para isso!” Chinosuke riu ”O segredo está em seu chakra, você precisa “agitá-lo” se você quer quebrar a ilusão, entende? Você recebe energia da natureza o tempo todo, e possui certa habilidade no controle do chakra, não vai ser difícil, assim que quebrar o primeiro genjutsu nenhum mais irá pará-lo!” explicou de maneira chula o processo e logo foi embora, afirmando ter outras missões à cuidar.
A vida era feita de desafios, e aquele era mais um deles, viu-se sozinho ao som do choro dos bebês sabiás, devia ir agora mesmo? Pensou que sim e partiu em direção de sua casa com rapidez, chegando lá bebeu um copo d’água e vestiu suas trajes negras de monge – que serviam bem às necessidades shinobi – e amarrou sua bandana na testa, partiu então com um chapéu de palha tradicional na cabeça, aparentava plena serenidade, mas dentro de si estava incerto, nunca havia enfrentado esse tipo de oponente, será que conseguiria ao menos distinguir ilusão de realidade? Dessa vez teria que descobrir na prática, caminhou tranquilamente até o portão sul da vila, onde questionou um dos guardas a respeito do ocorrido, ele por sua vez indicou onde os problemas estavam sendo relatados, e Moriyama seguiu a indicação.
Atravessar as primeiras centenas de metros para fora de Iwa sempre era uma estranha e silenciosa sensação enquanto andava por aquele cenário planificado e inerte, para logo em seguida entrar no campo onde reinavam as naturais torres de pedra esculpidas pelo tempo e pelo vento, em alguns lugares essas torres eram bem esparsas, mas em alguns eram bem próximas, formando um cenário labiríntico onde uma pessoa pode facilmente se perder (coisa da qual a vila de Iwa se orgulhava como uma defesa natural), e era em um desses labirintos naturais que estava ocorrendo as estranhas ilusões, e o monge calmamente caminhava em direção da toca dos leões. Após um bom tempo de caminhada pensou que a qualquer momento poderia ser afetado por uma ilusão, mas como saberia? Todo tipo de coisa estranha ocorria naquela desolação, e o rapaz não se surpreendeu ao ver uma cobra saindo de trás de uma pedra, uma bela cobra de um tom verde escuro, o monge não conhecia aquela espécie e a observava de perto, e como era grande! Conforme saía de trás da pedra parecia não ter fim, conforme se esticava parecia já ter uns bons cinco metros, olhou para onde a serpente ia e viu uma figura contra a luz do sol, vestia roupas rasgadas e bandagens em torno do corpo, Moriyama não conseguia ver seu rosto.
”Talvez você sirva” disse o misterioso homem, e repentinamente Moriyama ouviu um som de rachadura vindo de cima do monólito que estava atrás da aparição, e lá de cima desmoronou uma enorme pedra, o monge pulou para trás, salvando-se, e a rocha caiu bem em cima do homem que acabara de aparecer, sumindo com sua existência, Moriyama estava sentado no chão, chocado, o que foi isso? Seria ele o ilusionista? Caso positivo, não havia mais com o que se preocupar, visto que ele acabara de ser esmagado por uma pedra! Recostou-se em uma das torres de pedra, no entanto começou a sentir uma vibração, ”Terremoto?” questionou-se, rachaduras espalhavam-se pelo monólito que começava a desmoronar, o monge começou a correr tentando fugir dos destroços que caíam, mas o espaço começava a diminuir, não havia mais para onde correr, encontrou-se encurralado por outras enormes pedras, sentia em seu coração Himori se aproximando, pronto para tomar o controle assim que  a situação chamar, e Moriyama sabia que não conseguiria sair daquela sem a ajuda dEle, ao ver a luz do sol ser ofuscada pela queda de uma grande formação ergueu seu braço direito na frente de sua cabeça e as raízes negras começaram a se espalhar para dentro de seu corpo, dando ao seu braço direito um aspecto avermelhado, seus dedos agora eram garras, e sua pele um couro altamente resistente, fechou os olhos por um breve momento aguardando o impacto das pedras, mas não o encontrou, quando abriu os olhos novamente viu-se rodeado da mesma paisagem de sempre: o labirinto de monólitos intacto como há milhares de anos tem sido.
Ouviu um “tsc” seguido de passos, correu para onde havia ouvido o som e seguiu os passos, conseguia ver seu alvo à distância, ele parecia conhecer bem a região, virava curvas que quase despistavam seu caçador, mas não seria possível, a perseguição seguiu por dentro de uma fenda entre duas gigantescas rochas, como um cânion, lá Moriyama pensou ser o lugar perfeito para experimentar uma nova técnica que estava desenvolvendo, um movimento simples, mas útil como base para outras técnicas. Esticou seu braço direito em direção de seu alvo e de seu braço saíram quatro gavinhas feitas de sua própria carne, estas logo esticaram-se como fazem as gavinhas das plantas e venceram a distância que faltavam entre os dois, enrolando-se firmemente no ilusionista, assim que o capturou Moriyama começou a absorver seu chakra pelas gavinhas, visando impedir que o homem utilizasse outras ilusões e também experimentar essa recente adição à sua gama de habilidades.
Ao prendê-lo, Moriyama se abaixou e aproximou-se dele, era possível ver que era um rapaz jovem, mais ou menos da sua idade, com lisos cabelos azuis e olhos verdes. ”Por que está fazendo isso? Qual seu objetivo com todas essas ilusões?” o rapaz estava irritado como um animal capturado ”Estou só querendo aprimorar minha técnica, eu juro! Não estou fazendo isso para ferir ninguém!” Moriyama não se satisfez com a resposta, teria que justificar-se com a polícia de Iwa, o rapaz então arrasou seu captivo de volta para Iwa, ignorando seus requerimentos e clamores, ao passar pelos guardas avisou que não teriam mais problemas e logo entregou o ilusionista aos responsáveis e voltou pra casa.
Não sabia se se sentia mais experiente, afinal saiu da ilusão sem ao menos saber que havia entrado nela, para ele aquilo tudo podia muito bem ser algum ninjutsu doton, mas o importante é que aprendera uma lição, que Himori seria-lhe útil para mais aquilo, interromper seu chakra sempre que necessário para livrá-lo dos genjutsus, quem diria que justo Himori – que traz as emoções mais conturbadas – seria útil para livrar-se das ilusões. A vida era cheia de ensinamentos contraditórios, e cada vez mais o monge percebia que devia conciliar-se com Himori.

Observações:

Técnicas usadas: