Quanto mais o tempo se passava, mais Moriyama entendia que era cada dia mais shinobi, e isso trazia consequências, principalmente consequências no que diz respeito à batalhas, era necessário se tornar sempre mais forte, porque quando essa força for posta em prova a falha muitas vezes leva à morte. Enquanto Moriyama treinava no Shakutai Dōjō percebeu que tinha força física e resiliência o bastante para conseguir aguentar golpes e dá-los efetivamente, no entanto um grande detalhe lhe faltava: a velocidade. Lutando com os outros aprendizes do dojo era sempre o mais lento, não conseguia acompanhar a velocidade dos golpes e isso acabava resultando em mais dano que recebia, precisava começar a treinar mais intensivamente sua velocidade.
Em uma bela e fria manhã de inverno acordou cedo como sempre, comeu bananas com cerais em seu desjejum e antes de partir para seu treino meditou brevemente sobre seu objetivo, buscando conhecer o limite de seu corpo, embora isso obviamente só se conheceria na prática. Iniciou então uma corrida – que seria a primeira de muitas – saiu de sua casa trajando roupas leves e escuras, carregando consigo somente uma garrafa d’água e começou em um ritmo lento seguindo em direção das montanhas ao fundo da vila, progressivamente conforme saía das áreas mais movimentadas de Iwa começou a pegar velocidade, era o momento de se conhecer, corria em velocidade estável beirando um grande paredão de pedra em um lado mais solitário da vila, lá começou a enfrentar uma leve subida, mas não desanimou, após alguns minutos de subida já suava e respirava com mais força, mas nunca perdia velocidade, suas pernas começavam a doer e pedir descanso, uma sensação dolorosa no entanto estranhamente recompensante, indica que você atingiu o seu limite, e daí em diante é só evolução.
Ao chegar no fim do monte que subia correndo sentou-se aos pés de uma das únicas árvores da região, uma bela e contorcida nespereira, aproveitou para deliciar-se com seus amarelos e ácidos frutos, uma das melhores frutas da época, ao subir na árvore deixou sua garrafa d’água cair, mas não prestou muita atenção, sentou-se confortavelmente em alguns dos galhos da árvore e ficou lá a apreciar os frutos e a belíssima vista que tinha de lá, podia assistir o movimento da vila e o crescer do sol, com alguns resquícios de neblinas da madrugada nas áreas mais frias da região. Quando cansou das frutas desceu da árvore e pôs-se a procurar sua garrafa, estava sedento e o doce das frutas não ajudara a saciar a sede, no entanto não conseguia achar sua garrafa em lugar algum, teria rolado montanha à baixo? Ouviu um assovio.
Quando olhou para a direção do som viu um senhor bebendo sua água a uns 10 metros de distância, ”Ei! Essa garrafa é minha!” reclamou Moriyama, imaginando que o homem teria uma atitude responsável, porém este simplesmente fechou a garrafa e saiu correndo para entre um vale que seguia para fora de Iwa, o monge não tinha mais nada a fazer se não segui-lo correndo, seu oponente no entanto era rápido, olhava para o monge e acelerava, e o rapaz fazia o mesmo, ter subido aquele monte era o aquecimento perfeito para aquilo, e era necessário se superar, a corrida seguia por uma estradinha de pedra que descia beirando um vasto desfiladeiro, que terminaria em um vale com uma linda cachoeira, mas sobre a qual não prestavam muita atenção agora, pois o ninja estava fissurado em ganhar aquela corrida, acelerava o máximo que conseguia, sabia que podia simplesmente utilizar de seu Senninka e vencer aquela corrida, mas esse não era seu objetivo, suas pernas ardiam porém era necessário exceder seus limites, Moriyama respirava ofegante e estava vermelho de esforço, porém no último momento conseguiu passar ao lado de seu oponente e ultrapassá-lo, atingindo a cachoeira antes desse, mergulhando em sua água imediatamente, refrescou-se rapidamente e logo levantou sua cabeça para pegar um pouco de ar, e logo notou que o corredor misterioso havia desaparecido, deixando somente a garrafa, quem havia de ter sido aquele? Moriyama passaria o resto do dia com essa dúvida na cabeça, mas seja quem for lhe ensinou uma grande lição, e nos próximos dias a sua frente Moriyama correria toda noite buscando se aperfeiçoar.

Observações:

Técnicas usadas: