Era uma tarde qualquer em Konohagakure para o planeta, nada de diferente acontecia, nenhum fenômeno natural assolava a população, contudo para a civilização era uma data importante, uma data muito, muito especial para alguns — Para o bem ou mal — Era o dia dos namorados.

O vilarejo denominado Konohagakure estava lotado de decorações rosadas e coloridas, corações em forma de balão presos pelo local, pétalas rosas e origamis, áreas floridas e música leve, bandeirinhas rosas e vermelhas, chocolates das mais diversas formas e cores, realmente uma época festiva. Como a tradição dita, deve se dar doces para aquele que é seu amado, demonstrando seu amor ou reconfirmando sua continua paixão, um ato simplório que foi desenvolvido para vender, porém sua popularidade é inegável, de modo que aqueles que não participam do ritual, acabam por ser excluídos.

Hayleigh, nesse cenário, se encontrava numa situação um tanto peculiar, os doces costumam ser feitos a mão pelas garotas, e entregues para seus amantes, enquanto os rapazes, compram todos os ingredientes, não só os chocolates, como rosas e um presente em si. No fim, o custo monetário era muito mais pesado para o lado masculino, e ele não era dos mais ricos que já existiu, e por infortúnio, no momento havia alguém para chamar de sua, uma namorada, Uchiha Tsubaki.

Então começou a bolar um plano, algum meio de agradar sua pretendente enquanto não torraria suas finanças, não podia deixar presentes de baixa qualidade para uma jovem de uma família com bom financeiro, contudo extrapolar acabaria o ferrando, um perfeito equilíbrio como um titã outrora almejou.

Iniciou pelas flores, seria uma tarefa simplória, usando sua velocidade foi por entre os arredores do vilarejo, andou pelas redondezas e a localidade por algum tempo, juntando as mais belas e únicas pétalas que encontrava em seu caminho, o sol estava fraco e nuvens formavam sombras diversas que deixavam a busca tranquila para Jun, de flor em flor formou um buque único, belo e requintado, de forma que era menor um gasto para seu bolso, que acabou se tornando melhor do que uma própria compra.

Seu segundo passo foi um presente, pensou em algo que fosse apetecer a donzela, o que exatamente poderia lhe oferecer? Não sabia tanto assim de seus gostos, contudo algo que ela usava quase sempre era óculos, de modo que  talvez pudesse achar alguma capa para customizar seu acessório, de modo que daria mais personalidade a garota, e deixaria mudar um pouco o estilo com baixo custo, porém não foi tão fácil encontrar alguma loja que vendessem isso, conseguiu com certo esforço identificar apenas um local, e a única que havia sobrado era uma palheta de dourado e escuro, o que combinava muito mais com Jun do que a Tsubaki, deu de ombros com o pensamento de "É para você lembrar de mim." Um tanto clichê, todavia o custo era ótimo.

Sobrando apenas os chocolates, Hayleigh podia relaxar, esbanjando um pouco mais no prato principal, adentrou uma boa loja de chocolates, famosa, donde havia diversos no display, olhou e olhou, porém acabou comprando o pacote mais barato — Que ainda sim, era caro — Para presentear à ela, a marca do chocolate agregaria status, e o gosto obviamente era acima da média, mesmo sendo o de menor qualidade do local.

Juntou todas suas compras, e então seguiu para a casa da jovem, no momento que saia encontrou ela, vestida formosa com um lindo vestido, sorriu e abanou em direção do rapaz, que retribuiu o gesto aproximando-se dela, entregou-lhe tudo que havia conseguido, e ela vermelha devolveu-lhe um pacote, dentro do mesmo os chocolates feitos a mão pela rapariga.

— Hah, obrigado! Você que fez? Questionou Jun, de uma maneira mais retórica, para iniciar uma conversa, enrolou o braço sobre o ombro da garota, guiando-a para o esmo, não havia bolado o encontro, gastou todos esforços juntando os ingredientes.

— É... Se estiver ruim, não precisa comer, ok? Eu nunca cheguei a... fazer isso pra alguém. Disse um tanto envergonhada, de fato não era do feitio de Tsubaki interagir com alguém, muito menos assim, Hayleigh esperava isso, porém ouvir diretamente o fez corar um pouco, coçando a cabeça desengonçado seguiu — Qualquer coisa feita por você deve estar deliciosa!

Seguiram andando pela cidade, apreciando o cenário de maneira casual, papo vem e papo vai, diversos outros casais andavam, garotos revelando seu amor e moças demonstrando seu afeto, muitos incorrespondidos, alguns fortunados a receber a benção de Valentin naquela dada, quando Tsubaki puxou a roupa de Hayleigh, chamando-o a atenção. — Você não quer... — Ela pausou, mordendo o lábio pausando por um instante, então juntou coragem para continuar — Ir para sua casa?

Jun soltou um sorriso leve, erguendo os ombros e abanando a cabeça — Pode ser. — Complementou, e então seguiram até a residência.

Lá, o primeiro passo foi retirar tudo, abrindo amarras e deixando exposto o que importava; Os chocolates. Começaram a comer lentamente os gastos altos de Hayleigh teve naquele dia, Tsubaki com um palito de chocolate passava a língua e mordia de leve, até que um crack quebrava-o para mastigar, então escolheu um doce com mais camada, grosso, deixando-a lambuzada enquanto se deliciava, Hayleigh decidiu se juntar a comilança, pegando o presente que ela lhe ofereceu, pequenos merengues fofos, comia tranquilamente o doce suave, e um dos últimos que Tsubaki pegou era recheado, esparrando leite-condensado em seu corpo, deixando cair até em suas trajes, acabaram por ir beber água, após tanto açúcar precisavam de algo para retirar o gosto da boca.

— Foram caros, mas valeram a pena, haha. E o seu não estava nada mau hein! — Disse Jun, otimista, Tsubaki simplesmente mexeu o cabelo, encabulada com o elogio. — Mesmo sem comprar algo caro teria sido divertido, não importou muito os chocolates. Eu gosto... de ficar a sós, com você.

Hayleigh concordou com a cabeça, e então voltaram ao sofá, donde ligou a televisão, assistindo uma programação de dia dos namorados, ambos ficaram lá, entre papos e amassos, até a lua subir e a noite cair, forçando-os a se despedir, Hayleigh acompanhou a garota até sua casa, de modo cordial, e então voltou para dormir, um tanto exausto do dia.

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