Meus treinamentos avançavam e eu sentia a resposta em meu corpo. Cada veze mais eu praticava a minha velocidade e meus atributos ninjas, entretanto, um fundamento ainda precisava ser aprimorado, o meu Taijutsu. Recentemente eu havia aprendido como melhor manusear uma espada, já me encontrava confiante o suficiente para fazer o que bem entendesse com uma, mas não era o suficiente, eu sabia que nesse mundo eu encontraria outros ninjas com habilidades incríveis em combate corpo a corpo, eu precisaria estar um passo a frente.

O dia era nublado e uma garoa permeava o ar de Kumogakure quando saí, ainda bem cedo, em direção ao campo de treinamento. Lá eu esperava encontrar outros ninjas que pudessem me oferecer um treino naquele dia, sparring sempre será uma excelente opção de treino. Chegando ao local, as minhas expectativas foram concretizadas, alguns ninjas que possuíam um vício pela arte do Taijutsu treinavam em conjunto, em lutas um contra um, pude observar também que uma das lutas parecia ser algo mais pessoal quando um dos ninja aplicou uma voadora na barriga de seu adversário que respondeu:

— Vem tranquilo, vem tranquilo! Não se afoba não! — o ninja responsável pelas palavras de provocação acabou sendo o vencedor da luta.

Enfim, quando eu julguei existir espaço para que eu me aproximasse do grupo, perguntei se poderia treinar com eles e rapidamente fui aceito, o grupo era extremamente receptivo, acho que pelo fato de todos serem genins, possuíam ainda a empatia sobre o fato do quão era importante para todos treinar. Um deles logo se disponibilizou para lutar comigo, ele era um pouco mais baixo que eu mas certamente bem mais forte, seus músculos torneados passavam a mensagem de que ele não estaria de brincadeira.

Com ambos a postos, foi dado o sinal para o começo do combate, ele veio rapidamente para cima de mim e eu percebi que em uma troca de forças eu me daria mal, busquei manter a distância, usando de minha velocidade acima de média para achar uma abertura contra aquele garoto, seus ataques eram como chuvas de pedras em minha direção, incansável, ele disparava golpes e mais golpes mas eu obtinha sucesso em desviar de todos eles. Em seu primeiro vacilo, deu um passo lateral em falso, foi quando acertei o primeiro golpe, um cruzado de direita em seu rosto balançou o meu adversário que pensou duas vezes antes de continuar com a chuva de socos, seus ataques começaram a ser mais contidos e precisos e precisei começar a usar meus braços para também poder aparar seus golpes. A força dele era notável a cada encontro de membros entre nós a força acima da média que aquele ninja possuía, mesmo claramente diminuindo o poder de seus golpes para aumentar a precisão, meus braços e pernas ficavam doloridos com o contato entre eles. Consegui bloquear os golpes durante muito tempo, daquele homem que agora se mostrava um oponente totalmente diferente, com golpes mais contidos e precisos, ele conseguiu me acertar um soco em meu estômago que, por pouco, não trouxe de volta o meu café da manhã, naquele momento eu senti meu sangue ferver e parecia que a verdadeira luta tinha começado.

— Ha! Como é bom se sentir vivo! — disse ao meu oponente, que com um sorriso no rosto respondeu:

— Não há sensação melhor!

Voltamos ao combate, dessa vez muito mais agressivos, ambos esqueciam das defesas, os golpes entravam com muito mais frequência mas mesmo assim a tenacidade dos dois não era afetada, nós claramente gostávamos muito do calor da luta e era isso que importava, o sangue podia ser visto escorrendo do rosto de ambos mas isso era um mero detalhe naquela luta, havia tornado-se pessoal e vencer aquilo havia tornado-se uma questão de honra. O embate certamente já demorava mais tempo do que deveria, o orgulho sustentava a mim e o meu adversário naquela luta pelo ego, através de chutes e socos o nosso respeito era mostrado perante o outro, cada vez com menos força devido o cansaço empregado, nos mantínhamos em pé perante ao outro. O ar já era mais pesado e os demais Genins paravam seus próprios treinos para testemunhar o vencedor do confronto, o silêncio só não tomava o local para si por conta do barulho da respiração ofegante que eu e meu adversário produzíamos, o combate chegava perto do fim.

Agora separados, juntávamos forças para continuar enquanto ficávamos encarando um ao outro. Um passo em frente e um soco na cara, foi o que o meu oponente fez. Um passo em frente e um soco na cara, foi o que retribuí. Não tínhamos mais forças para nossos ímpetos. Pôde ser visto quando ambos, tentavam mais uma vez dar um passo a frente e aplicar outro golpe, mas nenhum dos dois conseguiu, eu e meu oponente caímos de costas no chão, sem mais forças para continuar.

“Um empate?” pensei comigo, até que ouvi:

— Acho que empatamos… hahahaha!  — a frase dele chegou aos meus ouvidos acompanhado de uma risada.
— Parece que sim… hahahaha! — respondi também com uma risada.
— Qual o seu nome?
— Osame.. Hoshigaki Osame..
— Prazer, Tetsuya Kuroko..
— O prazer é todo meu Tetsuya, na próxima vez, você será o único ao chão..
— É o que iremos ver.

O dia terminava e os genins em volta aplaudiam e vibravam pela luta épica que haviam testemunhado, uma luta que ultrapassava qualquer técnica e recrutava o músculo mais importante do corpo humano, o coração.

Considerações: