Vinte e oito de março é conhecido em Kumogakure como o dia do festival de dança. Nesse dia, é montado um palco no centro da vila onde pessoas apresentam seus mais diferentes estilos de dança. Em volta desse palco, barraquinhas com os mais diversos produtos gastronômicos e artesanais eram postos a venda por comerciantes locais, o evento começava cedo e ia até tarde da noite, naquele dia, decidi aproveitar um pouco fui me aventurar no evento.

Era tudo muito colorido, o chão havia sido pintado nas em cores azuis e amarelas, o mais distintos artistas disputavam a tapa uma posição naquele grande quadro no chão do festival. Ali, certamente era uma oportunidade de mostrar sua arte para todo o povo da vila, habilidades artísticas sempre rendem um bom dinheiro. As caras eram decoradas com flores de cerejeira, colhidas na manhã do dia, era possível sentir ainda seu cheiro, como se ainda estivessem conectadas a árvore, conhecida como “Sakura”, essa flor representa muito para todos os povos de nosso mundo. Amor, felicidade, renovação e esperança, são as coisas que Sakura remete e afinal, para todos esses quatro itens são de extrema importância. O festival muito tem a ver com a representatividade dessa flor, através de seu simbolismo, ela traz para a alma do dia de hoje todos esses votos, para que possamos seguir em frente, na árdua caminhada da vida.

Caminhar por entre as estruturas renovava meu ser, o ar era o mais leve possível e o sorriso podia ser visto facilmente no rosto de todos, eu desejava ter algumas pessoas ao meu lado para poder desfrutar daquele bom momento, infelizmente, a minha diferença de idade para os meus colegas de academia dificultava que eu me relacionasse com eles fora daquele ambiente, assim, eu nunca criei relações sólidas. A minha pequena tristeza fora interrompida quando achei um professor da academia, Yokonato-sensei. Yokonato havia sido um dos principais incentivadores para que eu não desistisse de tudo durante o meu tempo para me tornar genin, muitas vezes pensei que aquilo era uma besteira, pensava ser velho demais para estar fazendo ainda coisas de “criança”, entretanto, Yokonato me convenceu do contrário e assim terminei meus estudos.

Ao me ver ao longe, Yokonato veio até minha direção, me abraçou e desejou “Feliz renovação” — cumprimento típico do dia de hoje — e eu desejei de volta, para ele. Yokonato estava com sua família, mulher e filha, a garota era a cara do meu professor, parecia até uma cópia, fiquei impressionado, além disso, o que me chamou a atenção era a doçura da esposa de meu professor, não que isso fosse surpreendente, afinal, um cara doce como Yokonato só poderia atrair uma pessoa tão doce quanto. Vendo que eu estava sozinho, meu professor perguntou se eu gostaria de me juntar a eles naquele dia, me disse que iria almoçar e me convidou para acompanhá-los, prontamente aceitei.

Yokonato nos levou para o restaurante “Cabeça de Lula”, famosíssimo em Kumo. Dizem que o restaurante possui esse nome em homenagem a um antigo jinchuriki de Kumo, o Killer Bee, que ajudou o lendário Naruto, durante uma grande guerra. Coincidência ou não, o prato principal da casa era Takoyaki, um bolinho de polvo delicioso, um dos meus pratos favoritos, meu sensei disse que não havia problema, eu podia pedir quantos eu quisesse, certamente ele se arrependeu. O almoço foi maravilhoso e logo que acabamos fomos em direção a um dos palcos principais, lá estava acontecendo diversas apresentações de dança. Quando chegamos, uma moça munida de dois grandes leques fazia movimentos circulares em cima do palco, uma música provinda de um instrumento de corda ditava os ritmos dela, era lindo. Eu me sentia hipnotizado pelos seus movimentos, poderia dizer até mesmo que ela usava algum tipo de genjutsu de tão prendido que fiquei em seus movimentos. Terminando a apresentação, ela se curvou levemente ao público, que através de aplausos, mostrava sua aprovação para com a perfomance.

Em seguida, subiu ao palco três irmãos, gêmeos. A dança deles era mais agressiva e a música por de trás era criada a partir de um tambor, como aqueles de guerra, sua dança era mais agressiva e utilizava espadas. Em meio aos movimentos artísticos, eles pareciam encenar duelos com as lâminas, como uma representação de uma batalha campal, do seu jeito agressivo e forte, também foi muito belo de assistir. Por fim, subiu ao palco uma pessoa toda coberta em uma pano preto, nenhuma parte de seu corpo ficava amostra, suas mãos estavam com luvas escuras e seu rosto, uma máscara sem nenhuma representatividade, apenas um fundo preto. De forma surpreendente, aquela pessoa começou a manipular seu chakra para produzir efeitos visuais incríveis, fogo, água, terra, vento e raio, ele misturava tudo, só que não de forma ofensiva, criava imagens no ar que pareciam dançar entre si em movimentos próprios, a pessoa por de trás daquela fantasia certamente era um ninja extraordinário, que dominava os cinco elementos, fiquei encantado como ele invocava dragões de água e fogo para brigar, criava chuvas com relâmpagos e ventos, tudo isso em cima de uma estrutura de pedra que ele mesmo criara, que pessoa incrível.

Aquela havia sido a última apresentação. O evento já caminhava para perto do fim e eu resolvi me despedir de Yokonato e sua família, muito agradecido, disse que a companhia deles havia sido importantíssima para mim e que, sem eles, aquele dia não teria sido tão especial. No caminho para casa, pude observar crianças brincando com fitas coloridas presas a bastonetes de madeira, simulando os jutsus do homem encapuzado em cima do palco. Esse tipo de coisa fomenta a curiosidade dos jovens pelo mundo ninja, deixando viva a chama da próxima geração, perdi em pensamentos que me levavam a desejar ser um exemplo também, no futuro, para os pequenos. O vento gelado me acompanhou até a porta de casa, aonde adentrei para dormir, no dia seguinte acordaria cedo para treinar e cumprir com os meus deveres. A vida era muito difícil, mas certamente dias como aquele deixavam as coisas mais fáceis.


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