Um dia na Academia
学校


Deitei a cabeça no dia anterior sabendo que hoje seria o dia da minha primeira missão, talvez pelo cansaço ou por um descuido, perdi um pouco a hora. Eram seis da manhã quando me levantei e o Sol já se mostrava no céu há algum tempo. Vesti as minhas roupas e peguei algo para comer o mais rápido possível, o tempo não esperava e eu podia acabar ficando sem missão nenhuma, terminei de comer o meu café da manhã improvisado ainda no caminho para a central de missões, senti a sede bater a porta de minhas vontades mas não tinha mais tempo a perder.

Chegando ao mural, os meus medos se concretizaram, ele estava praticamente vazio, não existiam mais missões visíveis de baixo nível, entretanto, quando me virei para ir embora avistei um papel de missão no chão, uma chama de felicidade acendeu dentro de mim “Que sorte!”, logo pensei. No cabeçalho estava escrito: “Auxiliar os Estudantes da Academia Ninja” e entendi porque aquele papel de missão estava largado, no corpo da mensagem explicava qual era a função que eu deveria exercer.. Aquilo estava longe de ser algo que eu imaginava ser a minha primeira missão, mas eu já era Genin a tempo demais e precisava começar a acumular missões se quisesse um dia chegar a lugares mais elevados.

Seguindo a cartilha, me dirigi até a escola ninja. Não fazia muito tempo que eu havia saído, por tanto, fui logo até a sala do Yorubi-sensei, o “diretor” da academia.

— Fala Yorubi-sensei! Peguei essa missão aqui e vim matar as saudades da escola! — completei minhas palavras entregando a cartilha correspondente a minha missão. — Como posso ajudar?! —

Yorubi então, com um ar de reprovação respondeu:

— Essa são horas Osame?! Você já está atrasado! Ande, vá para os corredores do primeiro ano e auxilie os mais novos a acharem suas salas! —

Então, me encaminhei para o local designado, chegando lá, a cena provavelmente era mais assustadora que uma das antigas grandes guerras. Crianças amontadas, espalhadas, chorando e gritando sem parar, algumas com o nariz escorrendo, outras brigando entre si, era um caos. Eu iria dar um jeito naquilo.

— ATENÇÃÃÃÃOOOO! — gritei tão alto que todas pararam o que estavam fazendo e me olharam — Vou ex.. — mas foi só por um segundo, rapidamente as crianças voltaram a fazer tudo aquilo que estavam fazendo um pouco antes, elas me ignoraram completamente. Reparei que a maioria carregava consigo um papel na mão, lembrei-me que no meu primeiro dia eu também possuí um daqueles e eles diziam para qual sala eu deveria ir, então, como vi que não conseguiria a atenção necessário para instruí-los, lidei de outra forma. Usando a minha agilidade, eu verificava rapidamente em qual sala eles deveriam estar e empurrava cada criança para sua respectiva sala para depois fechar a porta, certamente não era o método mais civilizado, mas era o que eu podia fazer na hora(ou o que achei que podia). Quando finalmente acabei de colocar todas as crianças para dentro, os Senseis chegaram, com eles Yorubi, este veio averiguar como eu tinha me saído na primeira tarefa e disse:

— É, bem, de alguma forma você esvaziou isso aqui.. vamos ver se foi feito da maneira correta.. Espere na sala dos professores até a hora do intervalo, você será responsável para que eles não.. se matem. —

Enquanto esperava a hora do intervalo, conversei com alguns antigos professores meus que não estavam lecionando naquele momento, eles me perguntaram como estava os meus primeiros passos ninjas, expliquei que até agora eu só tinha treinado, basicamente, e essa era a minha primeira missão e um deles disse:

— Excelente forma de começar Osame, ajudar a nossa base é ajudar a vila inteira! —

Acho que ele estava certo, tudo o que fazemos é para a próxima geração.

Com a hora do intervalo sendo apontada no relógio, me dirigi ao pátio da academia, observei quando as crianças saíram pela porta como uma manada de búfalos prontos para proteger seu território de um inimigo. Rapidamente elas se espalharam, pulando, gritando e correndo para todos os lados, era curioso observar a diversidade dentre as crianças, depois que duas das grandes vilas desapareceram, isso tornou-se comum, antigos clãs e famílias migraram para as vilas sobreviventes.  Tudo transcorreu bem nos primeiros momentos até que, de repente, uma bola de fogo seguida de um choro criou um frisson no intervalo. Um garoto com metade do cabelo chamuscado correu em minha direção com as mãos nos olhos, por conta do choro, logo atrás dele, o autor daquele jutsu de fogo gargalhava da situação. Levei o garoto que possuía apenas metade do cabelo para a enfermaria,  por precaução e logo voltei para o pátio afim de conversar com o trombadinha. Certamente aquele garoto era notável, apesar da pouca idade, ele já conseguia manipular Katon com certa facilidade, um grande ninja surgiria dali.

— Então quer dizer que você já consegue fazer jutsus? — disse ao garoto

— Hahahaha! Claro que sim Jii-san! Eu vo se o próximo Raikage então meu pai já tá me ensinando!! —

A ambição daquele garoto era interessante, talvez ele realmente tivesse o potencial para se tornar o Kage um dia, mas é claro que ainda precisava amadurecer.

— E você acha que o Raikage usaria o seu poder para ferir alguém da própria vila? — com as minhas palavras, o olhar do garoto mudou completamente, pude ver em seus olhos que ele se pôs a refletir.

— Mas foi sem querer Jii-san.. — me respondeu, encontrando uma justificativa.

— E por que você estava rindo?! — rebati.

— Porque ele começou a chorar, foi engraçado — terminou.

Naquela hora, meus olhos ficaram mais sérios e pesados, quis passar seriedade para o garoto.

— Você acha que um companheiro sofrendo é engraçado? O Raikage precisa mesmo ser muito, muito forte, mas sabe pra que? Para proteger seus companheiros de vila, um dia, quando chegar o momento, a última coisa que você vai fazer é deixar que eles sofram. Você vai usar seus poderes por eles e não contra eles.. — terminei fazendo silêncio, deixando espaço para o garoto refletir.

Depois de pensar um pouco sozinho, ele respondeu:

— Entendi Senpai, me desculpe.. — pude ver seus olhos se encherem de lágrimas em arrependimento — Eu não vou fazer isso de novo, prometo.. e.. vou pedir desculpas para o Noribu-san, eu serei o maior Raikage da história! — com o fim de suas palavras, ele me deu um curto abraço e correu para a direção da enfermaria. Logo depois, o sinal de fim do intervalo soou.

Voltei a sala dos professores onde Yorubi-sensei me esperava para algumas palavras.
— Eu observei você Osame, lidou bem com a situação.. agora falta apenas a saída, auxilie as crianças para que elas não se pisoteiem. —

Então, quando faltava pouco tempo para a hora da saída, me dirigi a porta principal. A saída foi, de longe, a parte mais tranquila, talvez as crianças já estivessem cansadas pelo dia letivo e esse tenha sido o motivo daquele momento mais civilizado. Entretanto, algo me chamou a atenção, pude observar os dois garotos do intervalo, juntos, um com a cabeça levemente enfaixada por ter recebido o jutsu de fogo e junto dele o autor do jutsu. O garoto que havia dito que se tornaria o Raikage, agora acompanhava o menino ferido, carregando a sua mochila, pude ouvir quando ele disse:

— Fica tranquilo Noribu, eu vou te levar em casa e explicar pros seus pais.. —

Aquilo me deixou extremamente feliz, ver esse tipo de coisa me deixava esperançoso com o futuro. Logo após a última criança sair, senti uma mão em meu ombro, era o Yorubi-senei, que disse:

— Osame, muito bem, você completou as tarefas. Fico feliz em ver que formamos um bom ninja aqui na academia, não esqueça que você é um espelho para o futuro. —

Humildemente agradeci, peguei de Yorubi o papel que confirmava a missão cumprida e me dirigi a central de missões para receber minha recompensa.

A minha primeira missão não havia começado como esperava, mas ela serviu para me mostrar o porquê de eu estar no caminho shinobi, não lutamos atoa, não iremos morrer atoa. Fazemos o que fazemos para que um dia, no futuro, ninguém precise mais fazer, eu irei atrás do meu objetivo, Kirigakure, me espere.

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