Os antigos monges diziam que a lua era a representação do espirito feminino sobre a terra, iluminando os olhos daqueles que se deram oportunidade de deleitar-se sobre a noite. Vinculados pelo cordão umbilical que nos permitia transitar pela escuridão da madrugada. Impossibilitados de enxergar com perfeição diante do abismo, o caos. Ínfimos e de natureza frágil. Projetos dos deuses que nos visitaram em um passado distante. Eruditos do universo e da sabedoria divina, nos acompanhavam na trajetória rumo ao desconhecido, pelo menos pra nós, meros seres ignorantes da natureza divina de nossos corações. Igualados aos deuses por nossa semelhança diante da criação original. Definidos como anjos caídos cá na terra, por botarmos defeito na obra do grande criador. Filhos desafortunados pelas próprias decisões, baseadas no ego e na necessidade de se satisfazer para o ganho próprio. Decididos a morrer por uma obra inacabada, simplesmente por não sabermos nosso lugar na obra principal. Na realidade, perdidos de nós mesmos. O que revestia um coração de lembranças e magoas de um passado distante e incompleto. Trazia um jovem as ruas a procura de inspiração para sua obra primitiva. Os mesmos devaneios que aqui se encontram passavam de relance por sua mente conturbada, enquanto seus olhos seguiam rumo a escuridão de uma rua mal iluminada. Deveras solitário, como sempre, se encontrava rígido seu coração devido fatos de um presente monótono e desequilibrado. Redimido do próprio papel num sonho utópico de paz, mal encontrara a si mesmo. Talvez por isso vagasse sozinho, desprendido dos próprios sonhos nem meramente cogitava fechar os olhos para dormir. Talvez por medo, estivesse na esperança de que a sua falta de amor próprio fosse o pesadelo que temia a tanto tempo. Entretanto sabia que era real. Enquanto via o céu escurecido desnudar sua beleza sobre seus olhos, clamando seus detalhes e veemência. Tratou de esconder suas mãos no bolso de sua calça como fazia habitualmente, andando com seus passos lentos e acanhados. Não tomara tão importante seu tempo. Havia travado guerras consigo mesmo por tanto tempo, que já não havia mais pressa. Seus olhos trovejavam a mesma curiosidade que sua mente galgava. Transparente à luz que reluzia de fora. Parqueou em frente ao grande portão que a tempos havia transposto a dentro, com boas intenções e não mais recordara do jovem que ali um dia veio a adentrar. Quem sabe havia esfriado o coração que a muito tempo ardia uma grande paixão. Vislumbrou mais uma vez o céu, nem dando conta do que acontecia ao seu redor. Apenas tentava reafirmar a si mesmo sua permanência naquele lugar, por alguma necessidade. Quando lembrou dos olhos negros de uma jovem moça de cabelos longos. Um breve sorriso veio a tona em seu rosto, mas fora interrompido por uma manobra brusca de correntes enrijecidas por chakra, que envolveram seu corpo, na altura do peito. Desviou o olhar para os lados, a procura do responsável, e de longe pode localizar uma silhueta coberta por um manto negro, ligada àquela correte. A tentativa de reagir fora frustrada pela falta de força vital, culminando num desmaio repentino.
O que se seguiu só pode ser visto quando acordou em uma sala totalmente privada de luz. Ainda meio zonzo, sentiu suas pernas e braços presos em uma cadeira aonde precisamente se encontrava, quando na tentativa frustrada de se libertar uma luz fora acesa, irritando seus olhos a pouco desacordados. Cerrando os cenhos conseguiu ver um homem abrir uma porta a sua frente para que outro adentrasse a sala. Sua fisionomia era claramente disforme, apresentando cicatrizes e queimaduras em grande parte do rosto. Sobre o corpo usava o manto que a pouco havia visto, antes de perder a consciência. — Quem é você? — Articulou o rapaz de cabelos loiros preso na cadeira de metal, afastando seu corpo enquanto o homem com cicatrizes se aproximava. — Pode me chamar de Dark! Mas essa será a única pergunta sua que terá resposta. A partir de agora, quem faz as perguntas sou eu... — Advertiu o homem que se denominava Dark, tocando a face do jovem loiro. Dark aproximou sua face ao lado da do rapaz condizendo oque viria a seguir. — Eu sei quem você é, Samael! Mas não é você que queremos. Queremos uma informação sobre uma amiga sua e deixaremos você ir quando nos disser oque queremos. Então me faça um favor e seja bonzinho. Okay? — Determinou Dark, com um sorriso sádico em seu rosto, afastando a face da do jovem Samael, enquanto fitava-lhe os olhos. — Esse é Taurus, ele está aqui para o caso de você não colaborar, mas acho que não será necessário, certo? — Aconselhava à Samael, como uma advertência futura. O rapaz não entendia oque estava acontecendo, oque o manteve calado por todo o discurso. Ainda não sabia as reais intenções daqueles homens. — Então me diga...Onde encontro, Uchiha Maya? — Inquiria o homem cujo nome remetia a própria escuridão. Samael por um momento assustou-se com a pergunta, mas manteve-se inerte perante os homens, sem demonstrar qualquer mudança em sua fronte. Não tinha ideia da conexão que aqueles homens tinham com Uchiha Maya, entretanto sabia que não havia quaisquer chance de delata-la sobre custódia de interrogatório. Manteve-se em silencio, olhando para baixo. — Haha! Não vou perguntar três vezes. Onde encontro aquela vadia? — Dark inquiriu mais uma vez, agarrando o cabelo de Samael levantando sua face, mas o mesmo mantinha seus olhos fechados. O homem esperou alguns poucos segundos, na esperança de que algo pudesse ser dito, porém o silencio permaneceu intacto. Tomou a recuar fazendo um gesto para que Taurus tomasse a dianteira. O grande homem tinha cerca de dois metros de altura e grande peso, seus braços eram grossos e musculosos, e o mesmo se demonstrou animado com o gesto de seu líder, espalmando as mãos antes de se aproximar. Fora direto ao rosto de Samael, disferindo dois socos seguidos com os punhos fechados em ambos os lados de sua face. Logo em seguida pegou seu cabelo levantando sua face, assentando um terceiro soco diretamente no centro de sua cara, visando seu nariz. Segurou o corpo de Samael para que ele não caísse para trás com a cadeira, ajeitando-o mais uma vez na posição em que estava. Em seguida se afastou para que seu líder pudesse se aproximar. A essa altura o rosto de Samael escorria sangue, entretanto o jovem parecia manter a calma através de uma respiração profunda e isso foi claramente percebido por Dark, que gargalhou com a situação. — Acha que irá aguentar por muito tempo? — O homem da escuridão inclinou-se em direção a Samael, ameaçando. — Sabe... Taurus sabe ser mais delicado quando quer. Então seja um bom Genin e me diga, onde encontro Uchiha Maya? — Samael por um instante voltou a respirar normalmente e sussurrou algo que fora inaudível para o homem cicatrizado. — O quê? — Questionou. O rapaz repetiu, só que mais uma vez fora baixo demais para que fosse compreendido. — Fale mais alto! — Gritou o homem.
— A lua...que ilumina as almas... — Murmurou Samael, ainda baixo, mas dessa vez audível. Dark arregalou os olhos com seu semblante em fúria, golpeando-o com um tapa na face, seguido de gritos claramente descontrolados. — VOCE ACHA QUE ESTOU DE BRINCADEIRA MOLEQUE? SE NÃO ME DISSER OQUE EU QUERO, EU VOU TE MATAR AQUI MESMO E NINGUEM IRA SABER OQUE ACONTECEU COM VOCE! — O homem cuspia em seu espernear, indo até Taurus logo em seguida, falou algo em seu ouvido, mas Samael fora capaz de escutar. — Faça-o falar de qualquer jeito. Eu volto em duas horas. — Taurus balançou a cabeça em sinal de positivo, movendo seus olhos em direção a Samael. — Ei, olha aqui! Psiu — Chamava a atenção de Samael, que abriu seus olhos fitando-o. Ele o encarava com um sorriso cínico, enquanto em suas mãos segurava um facão visivelmente amolado. — Você sabe de anatomia? — Gargalhou Taurus, alisando o facão na parede de gesso. — Eu poderia lhe fatiar em pedacinhos igual um porco no abate, em questão de segundos. Mas vou apenas brincar com você. — O brutamontes colocou o facão sobre os ombros de Samael simulando um movimento de decapitação, mas não o fez. A essa hora, Samael já não estava totalmente pleno de suas faculdades mentais e apenas tentava manter a calma. Nunca havia passado por tal situação, porém anos de treino e meditação haviam lhe dado um controle excepcional de sua mente e corpo, oque lhe favorecia em casos extremos. Mas não sabia se isso duraria por muito tempo. O brutamontes moveu o facão em direção a coxa de Samael, pressionando o mesmo até que começasse a rasgar o musculo tocando o fêmur. Nessa hora, o jovem não pode se segurar, soltando um grito de dor. Taurus então puxou o facão, dando um grande rasgo em sua coxa, com cerca de quinze centímetros. Foi quando o jovem começou a tremer diante da situação. A calma já havia esvaído e a agonia tomado conta da situação. Taurus então tocou seu ombro, aproximando-se mais uma vez. — Vamos lá campeão, me diga onde ela está. — Naquele momento, uma onda de fúria passou pelo corpo de Samael que quase nunca perdia a cabeça, tomado pelo momento ele levantou os olhos dessa vez esbranquiçados e disse furioso. — VAI SE FUDER! — Taurus olhou para o olho do jovem, percebendo a feição diferente de anteriormente e soltou uma gargalhada tão alta que chegou a doer os ouvidos de Samael. Contudo fora algo apenas de faixada, após a falsa gargalhada suas mãos se moveram em uma apunhalada firme em direção ao ombro de Samael, cravando o facão próximo ao coração, mas sem atingir seus órgãos vitais, fazendo o jovem gritar de dor novamente. Nesse momento, o rapaz já não aguentava mais a dor que sentia e por isso havia aceitado o destino de sua morte, pois sabia que não abriria o bico sobre o paradeiro de Maya. O porquê disso parecia obvio, entretanto envolvia sentimentos maiores do que o próprio Samael poderia imaginar. Com a arma cravada em seu ombro, graças a perda de sangue, sua consciência começou a esvair-se, quando ouviu um som de alguém bater na porta. — Parece que chegou a sua hora, moleque! — Taurus puxou o facão, fazendo mais sangue sair do ombro do jovem, que lutava pra manter-se consciente. Enquanto isso o brutamontes foi até a porta, abrindo-a, sem qualquer preocupações. Um erro fatal. Sobre a mira de seus olhos a própria Uchiha Maya se apresentou a sua frente, olhando em seus olhos. Taurus não pode desviar dos grandes astros vermelhos que compunham sua face, caindo em um genjutsu que o fez desmaiar imediatamente. Adentro o recinto, Maya assustou-se com a cena que se deparou. Quando topou com tamanha carnificina, rapidamente tentou manter a calma, mas sua preocupação a havia tirado de seu centro. — Meu Deus! Samael! — Gritou, correndo em direção ao corpo de Samael que ainda restava um instante de consciência. — Maya... — Foram suas ultimas palavras, até perder a consciência mais uma vez.
Seja o destino, ou a sorte. Nunca havia sabido oque o havia feito deixar seu Pais natal, o Pais do Arroz, para chegar até o Pais da Terra. Entretanto, fora lá a primeira vez que havia se sentido vivo. Quando conheceu o velho que o adotou e agora, a primeira vez que havia se sentido próximo a morte. Talvez houvesse encontrado seu lugar novamente, um pouco antes de perder a consciência. Não importava se iria acordar, talvez fosse sua hora e ter se reconciliado com si mesmo fora seu maior premio. Porém sua fácil desistência perante a vida não seria ouvida tão facilmente pelos deuses. Sentindo grande dor, despertou sobre o leito de um hospital no meio da noite, questionando a si mesmo se estava realmente vivo. Quando olhou para o lado, pode ver Maya deitada em uma cadeira, coberta por um casaco, dormindo como um anjo sem asas. — Um anjo caído... — Sussurrou, tentando levantar seu corpo, mas a dor o fez murmurar levemente alto acordando a garota. A mesma despertou devagar, mas ao perceber que Samael estava acordado se recompôs sobre a cadeira em um pulo. — Desculpe, não quis te acordar! — Desculpou-se Samael, colocando a mão sobre o ombro a pouco rasgado. — Não tem problema... Eu é que lhe devo desculpas... — Disse Maya, ajeitando o cabelo. A jovem olhava para o chão como se procurasse as palavras certas para se expressar. — Não sei como eles chegaram a informação de que você tinha contato comigo. Foi um descuido não ter lhe avisado que tinham pessoas atrás de mim e... — Dizia da maneira que podia. — Não se preocupe! Fico feliz que você esteja bem! — Interrompeu Samael, com um leve sorriso em seu rosto. O rosto da garota agora corado, desviava o olhar para o outro canto do quarto, buscando esconder sua timidez. Por algum motivo ela se sentia assim perto dele. — E se não fosse por você, eu não estaria aqui agora. — Completou Samael, olhando a jovem com um olhar agradecido. Entretanto, Maya sabia que as consequências do ocorrido eram sua culpa e não se esquivaria tão facilmente dos fatos. Estava convicta de seu erro como Jounin e pessoa, oque a trazia um enorme sentimento de culpa. — Exato! Eu lhe coloquei nesse hospital... — Ela olhou para Samael, desta vez séria. — Se eu tivesse lidado melhor com meus problemas, você não teria de lidar com eles por mim. Aqueles homens foram criminosos que deixei escapar de uma missão anterior, e não achei que eles voltariam atrás de mim. Foi um erro abrir brecha para que eles viessem a minha procura. Pior ainda, dei espaço para que eles capturassem alguém que... — Pausou a fala por um instante. Não sabia qual palavra usar. — ... conheço... — Ela olhou para o chão, envergonhada com a falta de perspicácia. — Eu poderia ter evitado isso... — Se questionava com o olhar ligeiramente vago. Samael pode perceber o arrependimento em sua voz. — Eu fui fraco ao não conseguir evitar meu sequestro, além do mais, você me ressuscitou dos mortos... — Samael deu uma leve risada enquanto completava. — Isso é um feito e tanto. — O rapaz olhou para a moça, que levemente ergueu seus olhos em sua direção, ajeitando seus longos cabelos negros. — Só prometa que aquele treino ainda estará de pé quando eu melhorar, tudo bem?! — Perguntou Samael, dessa vez seu olhar era um pouco mais sério. A jovem levantou o rosto, dando um leve sorriso de canto, respondendo com a voz meio envergonhada pelo acontecido. — Tudo bem! — Samael se ajeitou melhor na cama, deitando novamente, virando-se para Maya mais uma ultima vez. — Agora pode ir pra casa dormir em sua cama, ficarei bem sozinho! — Disse fitando-a. — Não precisa, eu ficarei aqui... — Ela respondeu, mas o mesmo insistiu. — É serio! Está tudo bem! Você dormirá melhor em sua cama e eu dormirei melhor sabendo que você está bem! — Mais uma vez a jovem teve suas bochechas coradas pela sua timidez, olhando para o lado para que não fosse pega pelo olhar do rapaz. — T-Tudo Bem... — Disse ela se levantando da cadeira, colocando seu casaco sobre o corpo. — Virei te visitar amanhã! — Disse Maya. — Durma bem, Maya... — Respondeu o rapaz, com um leve sorriso em seu rosto. A garota dessa vez também sorriu, retribuindo o desejo. — Você também... — Começou então a andar para fora do quarto. Por incrível que pareça, a culpa que anteriormente sentia havia se dissipado levemente e uma sensação estranha tomava conta de seu corpo, assim como o sorriso que dera ao sair pela porta, balançando a cabeça de um lado pro outro em sinal de negativo. Mal pode ver, mas Samael sorria deitado na cama naquele mesmo instante. Ambos não sabiam oque era aquilo, mas estavam conectados um com o outro.
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