O farfalhar do aparelho eletrônico responsável pelo despertar vespertino se adiantara naquele dia em prol dos combinados feitos entre as irmãs. As pálpebras de Agnes se abriam e subitamente voltavam a fechar por conta da imensidão amarela que invadia o seu quarto. Correu com as mãos até o relógio e socou-o para que parasse de gritar, revirando o corpo na cama em um só movimento e enxergando as cortinas chacoalharem e a vidraçaria estremecer, pois por mais que o sol imperasse os ventos jamais a abandonariam. Subiu o joelho esquerdo abraçando um dos travesseiros com a perna e contraiu todo o seu corpo ao invés de espreguiça-lo. Uma das alças do sutiã caiu sobre os braços e o seio correspondente apareceu no mesmo momento em que a coluna se ergueu na beirada do móvel, retirando ambas as vestes íntimas para entrar no box e se banhar.

Ainda trajando a toalha de banho molhada tal qual os cabelos, abriu para recepcionar um dos ninjas de alta patente a porta de casa. Antes de cumprimenta-lo com um bom dia, olhou para as suas mãos e soube do que se tratava (notou que aos que dispunham as missões interessava horários muito cedo ou muito tarde, como na noite anterior). As palavras soltaram-se de sua boca e Agnes não lhes deu a devida atenção, transcendendo-as até alcançar seus próprios pensamentos, levando-a à Alexia e o quão furiosa ficaria se não conseguisse limpar a casa, como prometido, naquele dia. Assentiu com a cabeça minimamente e recolheu o papel antes de já não existir mais ninguém além dela por ali. Bateu a porta e a trancou para encostar as suas costas e ler o conteúdo do pergaminho: Tratava-se de uma escolta noturna, o que a atribuiria tempo o suficiente para cuidar da casa antes que a mais velha retornasse.

Lavou, lustrou, varreu, escovou o piso, passou pano e fez mais um amontoado de tarefas domésticas acontecerem até duas horas precedentes aos prepararos. Com a blusa toda suja e o shorts rasgado, secou o seu rosto com as próprias mãos antes de guardar tudo aquilo de novo e satisfazer-se com os resultados impecáveis. Pela segunda vez no dia caminhou até o banheiro para deixar que a água limpasse-a por inteira e, quando saiu, ajeitou a bolsa de armas e vestiu o que condizia com o clima ameno da noite. Conferiu se não havia nada conectado às tomadas ou lâmpadas acesas e por último aproveitou para desligar o gás. Virou a chave na porta e se despediu da faxina para cumprimentar a comitiva. Surpreendentemente ainda havia muito movimento - mesmo depois da janta na Nuvem.

HP: 200/200 CH: 200/200 ST: 00/02

Considerações:

Bolsa de Armas (20/20):

O trabalho manual que estendeu-se por mais da metade do seu dia deixou rastros fixados aos tríceps e às panturrilhas - que ardiam por conta do esforço -, fez com que as articulações dos dedos enferrujassem e que a nuca repuxasse, só não abrangendo uma dor de cabeça mais forte por conta de Agnes ter se medicado. Para completar, crianças brincavam no meio das ruas e suas vozes agrediam aos tímpanos da aldeã como se o martelassem, fazendo-a fechar os olhos e contrair as sobrancelhas antes de inspirar o mais fundo que conseguia e soltar o ar contando até a primeira casa decimal. Quando um loiro esbarrou na sua cintura e pediu desculpas encarando-a, preferiu não arriscar ser agredido e saiu correndo e chorando depois de avaliar a expressão abominável da odiosa. O silêncio que sucedera a fez guardar suas mãos nos bolsos da calça e caminhar apressadamente até os portões antes de precisar encarar a mãe do menino.

Desembrulhando uma embalagem de goma de mascar e lançando-a para dentro da boca, fez com que as mordidas condissessem com a sincronia dos passos e com o movimento dos braços. Guardando o papel para mais tarde joga-lo fora num lugar devido, arrastou as madeixas para atrás das orelhas e não retribuiu o cumprimento dos guardas da Nuvem, buscando manter-se um pouco distante para impedi-los de tentar alguma troca de palavras ou puxação de assunto. Mas assim que socializou com a mandante da sua mais nova tarefa, desejou imediatamente dar uma segunda chance aos brutamontes - e a estes toda a atenção que quisessem. Em cima de uma carruagem velha surgiu a silhueta de uma mulher de meia idade e menos alta que Agnes, com roupas chamativas e um chapéu quatro vezes maior do que a cabeça, um dos olhos pintados num vermelho vivo e o outro num amarelo mais poderoso do que os raios de sol, os lábios tão grandes que quando se mexiam - num sotaque esquisito - pareciam querer saltar da cara. O conjunto da obra fazia com que a garota se afastasse mais e mais, e por isso demorou até que subisse na carroça para escolta-la.

O caminho era estreito e íngreme, com muitos buracos e caimentos de terra, o que tornaria a viagem suficientemente ruim não fosse a necessidade da contratante em falar mais do que a própria saliva permitia: Aí tudo parecia pior. Passaram-se sessenta minutos e Agnes em momento algum levantou a mão para agredi-la, o que significava que estava usando de toda a força do seu ódio para prosseguir ignorando-a, do mesmo modo que fazia com as dores pelo corpo. Ouviu um som diferente de todos os outros comuns e ergueu a cabeça para fora da carroça quando esta parou ao seu comando. Mais uma vez a companhia sussurrara insignificâncias e estimulara a kunoichi a abandonar o barco. Agradecendo ao cosmo por permiti-la distanciar-se daquela chatice mais cedo, contornou a carroça por detrás certificando-se de que toda a mercadoria estava a salvo e ouviu a voz dos dois homens que se dedicariam a impedir a passagem. ― Sem muito peito e bunda, mas dá pro gasto! ― Um deles exclamou. ― Ela é toda sua ― O segundo afirmou, desmerecendo nitidamente a aparência de Agnes, que cogitando as várias possibilidades de execução àqueles indigentes, posicionou-se alguns metros a frente do cavalo e cruzou os braços. Esperou que deslocassem os corpos até a morte, provinda pelas mãos da donzela fora dos seus "padrões".

HP: 200/200 CH: 200/200 ST: 00/02

Considerações:

Bolsa de Armas (20/20):

A noite caía sorrateira, encharcando a estrada de um monocromático e desalumiado negro, combinando com a falta de emoção e coragem que exalavam nas íris e nos movimentos dos corpos. Dois covardes por confrontarem uma garotinha de dez anos ou por temerem ela - eis a questão. O embate nascia ridículo e inapto a se estender, fosse pela falta de bravura, fosse pela falta de talento. Quando os pés correram em sua direção, ficou sem movimentar um só dedo e a encarar com o máximo de desprezo no fundo dos olhos do estuprador. Antes que a lâmina em mãos inimigas descesse, os movimentos deste cessaram e a silhueta tremeu sem conseguir falar. ― Uma pena que eu não possa te garantir o mesmo ― Agnes afirmou, sacando uma de suas kunais e fincando-a bem nas bolas. O prazer em transformá-lo em eunuco expressou-se no mordiscar dos seus lábios.

Semelhante aos rituais de decapitação no período da Idade Média, a menina riscou a espada que pegou emprestada do primeiro ladrão estirado no chão e sangrando, seguiu tranquilamente como se não houvessem empecilhos em alcançar o próximo alvo, e cintilou antes de que assumisse uma distância maior ameaçando-o com a ponta da katana encostada no Pomo de Adão. ― Últimas palavras? ― O timbre feminino sussurrou. ― Nos vemos no inferno! ― Respondeu vacilando, enquanto o pontiagudo riscava sua garganta rasgando-a superficialmente para que sofresse por mais tempo. Largou a espada no meio dos rochedos vizinhos e dirigiu-se para a carroça que mais parecia uma sala de tortura, ouvindo os aplausos da mulher de meia idade e os risos de gozação do homem que dirigia o cavalo, pois sabia o quão insuportável era ter de aturá-la. Agnes fez questão de passar com o transporte por cima dos cadáveres. Não houveram mais interrupções até a conclusão da tarefa e o retroceder à Nuvem.

HP: 200/200 CH: 165/200 ST: 01/02

Considerações:

Jutsus Usados:

Bolsa de Armas (19/20):