O treinamento de SHIKI ficava mais intenso a medida que o tempo passava, o terreno baldio onde havia preparado para treinar ficava cada vez mais desgastado, com o passar dos dias a aparência que tinha era de um verdadeiro campo de batalha. O local passou a ser o ponto onde o jovem genin mais gastava seu tempo e com isso começou a chamar a atenção de alguém, um shinobi passou a observá-lo principalmente quando o garoto treinava sozinho, observava o desenvolvimento dele como quem espera para uma fruta madura cair da árvore diretamente em suas mãos. Esse indivíduo notou que não precisava esperar quando em uma tarde o garoto realizou por mais de tres horas seguidas uma sequência de golpes que o mesmo costumava levar doze horas, verificando assim que ele agora estava quase em seu ápice de aptidão física natural, pelo menos para aquela idade, já superando quase todos os outros jovens que observará. Assim que a chance aparecesse se aproximaria de SHIKI, para assim conquistar seu objetivo.

É então que em um dia a qual seu pai não pode acompanhá-lo, o genin retornar a treinar horas seguidas sem descanso até seu corpo simplesmente não conseguir realizar mais nada. Se pôs a deitar no chão com uma cabeça escorada numa pedra, devido a exaustão essa acomodação parecia a mais fina e bem acolchoada cama de luxo, não se importando em se sujar um pouco de terra, afinal tinha ciência de que todo e qualquer desconforto era algo de sua cabeça e poderia se esforçar para superar isso. Com alguns minutos de descanso uma figura sai dos pedregulhos dilacerados, um homem que aparentava está na meia-idade com seus cabelos completamente brancos e longos. Com uma expressão séria caminhava lentamente em direção da criança, quando fica a pouco mais de dois metros se abaixa e diz: – Ei criança, o que te motiva a treinar tando assim? – SHIKI deixa aberto apenas um de seus olhos que fita o homem de cima abaixo. – Mãe sempre disse pra não falar com estranho… Mas que mal poderia acontecer? – Se esforçando um pouco levanta um pouco a cabeça e responde: – Quero ser tão forte quanto minha mãe, ela é a professora nova que chegou na vila, conhece? – Ele leva um mão em seu queixo e olha para o lado, as palavras saem quase como um sussurro: – Então você é filho dela… não parece… – SHIKI fica confuso com aquela alegação e com um sorriso no rosto fala de uma forma animada: – Me chamo SHIKI! Qual seu nome senhor? – Ele se levanta. – Eu sou Nekitsu, prazer em conhecê-lo SHIKI. Podemos nos encontrar novamente amanhã? Tenho algo que vai lhe ajudar, mas não conta aos seus pais. – A criança então se pergunta o que seria, mas ajuda sempre é bem-vinda. Acena com a cabeça e observa Nekitsu se afastar dele enquanto acena com a mão em um gesto de despedida.

O garoto mesmo cansado devido ao exaustivo treino volta pra cada, levando o dobro do tempo que normalmente levaria, é devido a isso que acaba levando uma bronca de sua Mãe por ter chegado tarde já atrasado para a janta, o momento em que a família se reúne. Dessa maneira por falta de atenção acaba esquecendo de falar para seus pais sobre a pessoa que havia conhecido naquele dia, algo que, com certeza, faria uma enorme diferença, não se sabendo ainda se seria para melhor ou para pior. Conforme os dias vão passando ele sempre retorna a treinar no mesmo lugar e Nekitsu passou a frequentar o mesmo local, durante o treinamento do garoto eles conversavam sobre coisas mundanas e as pretensões para o futuro, SHIKI sempre muito animado e esperançoso de um mundo melhor, não somente para ele como para todos ao seu redor e porque não o mundo todo? Já Nekitsu era a pessoa mais cética que sua idade poderia permitir, seu olhar distante sempre parecia está em outro lugar e extremamente apático a tudo, mas mesmo com isso ainda era uma companhia bastante agradável para se ter por perto, pois o jovem genin detestava ficar sozinho e tendo quele homem ali, a pior parte de treinar naquele ponto acabava desaparecendo. Nesta fase seu Pai havia parado de o acompanhar, tendo conseguido um emprego de meio período em um comércio, não que fosse necessário, mas o tempo ocioso acabava prejudicando seu ânimo.

Após uma boa quantidade de dias, SHIKI não aguenta esperar mais e durante um de seus treino acompanhado de Nekitsu ele questiona: – Nekitsu-sama, assim que nós conhecemos falou que tinha algo para me oferecer, não queria cobrar, mas os dias foram passando eu fui ficando muito muito, muito curioso. Eu poderia saber o que é? – O homem coloca um pequeno sorriso em seu rosto e o responde: – Na verdade eu achei que estava era demorando para você perguntar, se mostrou mais cordial do que imaginei garoto, sendo filho de quem é. Todavia não lhe contei antes porque tenho um certo receio, agora que te conheço bem e sei que é uma boa pessoa, tenho que te falar que o meu “presente” é um pouco mais complicado do que fiz parecer na primeira vez que tivemos contato. – Ele que estava sentado e escorado em uma pedra no canto do cenário, se levando e continua: – Bem, eu sei que estou exigindo muita confiança de você, mas poderia só mais uma vez crer em mim e me seguir. Não posso falar e nem mostrar em um lugar tão aberto. – O homem com todos esses dias em que conversou com a criança, tinha a intenção de formar um vínculo de confiança, para culminar a esse momento. SHIKI com uma expressão de alegria muito bem estampada em seu rosto, balança a cabeça violentamente em um gesto positivo, sem muita demora os dois caminham em direção oposta a vila.

O destino ou melhor dizendo Nekitsu, havia o levado para um cânion, algo relativamente comum naquela região, porém ao fundo poderia ver uma correnteza e muita vegetação em sua base. Ainda era cedo pela manhã, mas ainda assim vaga-lumes reluziam e uma pequena neblina era formada, a visão deste cenário em contraste com toda a seca que os arredores de Iwagakure representavam, tornava de uma pela pura e quase intocável. O homem chegava a borda da enorme cratera e de imediato salta, SHIKI corre e vai ver a situação do homem, quando olha para baixo não enxerga nada, apenas uma pequena cortina de poeira próximo as paredes, que em instante se desfaz e olhando lá no fundo consegue ver uma mão balançando. O garoto então salta e tocando com uma das mãos e se equilibrando, desliza de forma rápida e abruta, a cortina formada por ele era bem maior que a feita por Nekitsu. Chegando a base, olha um pequeno buraco na parede, tão pequeno que ele teria que entrar agachado e assim o fez, se perguntando como alguém daquele tamanho poderia ter conseguido entrar ali.


Com alguns minutos naquele estreito túnel, chegou ao que parecia ser uma caverna, cristais purpuras se propagavam por toda a dimensão, alguns deles era capaz até mesmo de refletir imagem e funcionar como um espelho, uma lamparina no meio dessa caverna emitia uma luz clara que quando adentrava os cristais os fazia reluzir e iluminar ainda mais o ambiente, se estendendo por toda a dimensão da caverna. Com o pescoço esticado e sem parar de olhar para cima, SHIKI fica boquiaberto e por um bom tempo se limitando a falar palavras como “Noossa!”, “Uhau!”, “Que bonito!”, “Você viu isso? Viu isso?”, chegando ao ponto de deixar Nekitsu impaciente, que fazendo um barulho como se estivesse cocando a gargante, chama a atenção da criança. Ele se senta no chão  próximo a lamparina, chama o genin e assim que o mesmo também se senta, o homem diz: - Aqui é mais seguro de falar, sobre lhe ajudar… Fiquei admirado com sua perseverança assim que lhe encontrei, mas também notei que para um ninja você não sabe nenhum ninjutsu ou genjutsu, por isso é tão focado em taijutsu. Existe um meio para poder ampliar sua força de uma forma surpreendente, que apesar de não parecer vai exigir muito de você, uma marca em sua pele que lhe garantirá mais poder. - SHIKI divaga um pouco sobre o que havia escutado e embora não ser o tipo de pessoa que busca atalhos ou anseia de forma exacerbada a conquista de poder, ele aceita a proposta. - Mesmo que arriscado eu aceito, pode me dar a marca! - Nekitsu abre um sorriso e começa a gargalhar. - Você acha que tenho isso comigo agora? - Retorna a rir. - Não vai ser tão fácil assim, não pra você. - Essas palavras eram ditas com uma expressão séria.

O silêncio passava a tomar conta do lugar, SHIKI olhava confuso para Nekitsu, este que agora olhava para os lados como se estivesse verificando algo. Por alguns segundos eles se encaram e o homem retorna a falar: - Mas também não vai ser muito complicado, tudo o que você tem que fazer é caminhar até o outro lado do túnel, lá a marca vai está te esperando… - Ele aponta para o que parece ser uma rota guiada por cristais iluminados. - Daqui eu não posso ir com você, meu corpo frágil não permitiria os desafios contidos aqui. Alguém vai está lhe esperando lá, só toma cuidado com as palavras que vai usar na presença dela… - A criança se levanta, estava ainda mais confusa. - Se eu entendi só tenho que chegar ao outro lado deste túnel certo? Lá alguém vai está me esperando, essa pessoa que vai me dar a marca? - Nekitsu coça a testa e pensa a respeito, logo diz em alto e bom tom: - Eu simplesmente não sei, vai ter que descobrir. - SHIKI abre a boca e segue com uma respiração pesada. - Haa… Que coisa, melhor eu me apressar. Depois eu volto pra lhe contar como foi Nekitsu-sama. - Então de forma animada ele começa a correr túnel adentro.

No começo é bem simples, só seguir a luz em um espaço bastante aberto comparado com a entrada. Porém os minutos foram passando e os cristais ao teto foram ficando mais escassos, a iluminação devido a isso começava a ficar bastante precária. Não bastasse isso eles iam ficando cada vez maiores e mais pontudos, alguns deles nem sequer brilhavam e se camuflavam no ambiente, aumentando a perigosidade da rota. SHIKI bem que poderia reduzir a velocidade, mas sem saber ao certo se é pura imprudência ou um otimismo exacerbado, ele se mantém veloz apoiando-se em sua velocidade. Alguns pequenos movimentos de esquiva não eram tão difíceis para ele que é especializado no taijutsu, porém conforme o caminho se estreita e cristais aparecem também no solo, começa a realizar verdadeiras acrobacias mesmo com pouco iluminação. Mantém a velocidade constante, mas não sabia ao certo por quanto tempo já estava a deriva naquela escuridão, os minutos iam passando e seu corpo ia se desgastando, devido a cada vez ficar mais escuro passou a não conseguir evitar os cristais e sofre com alguns cortes nos braços, pernas e um na bochecha. A sensação de perigo o animava ainda mais, sempre gostou de jogos devido ao desafio que proporcionavam, pela primeira vez experimentava isso na vida real, reduzir o ritmo seria como baixar a qualidade da experiência obtida, sendo assim passou a correr cada vez mais rápido, seu rosto nesse momento transbordava ânimo e motivação.