Se tinha uma coisa que Indra não gostava era de ser pressionado a fazer algo depressa. Sua preguiça e uma pequena necessidade de fazer as coisas bem-feitas fazia com que ele demorasse para fazer as coisas, principalmente quando era algo que estava fazendo a primeira.

- Se está com pressa, vem aqui e faz você mesmo. – falou irritado. Se Volker esperava qualquer compaixão por parte de Indra, iria esperar pelo resto da vida. Geralmente ele não tinha pena de pessoas debilitadas, apesar de não inferiorizá-las como as pessoas preconceituosas faziam. Não sabia bem se era uma qualidade ou defeito. Quando Volker passou a mexer em algumas caixas e passou a procurar por coisas, o Kobayashi ficou nervoso. - O que esse cara está arrumando agora? – perguntou a si mesmo, até perceber quais eram as suas intenções. - Sabe, eu sempre imaginei que ser tecnólogo era trabalhar com tecnologias de ponta, mas isso… É uma surpresa para mim. – comentou de forma descontraída.

Conforme Volker ia explicando, Indra ia fazendo o passo a passo, tudo na frente dele para ver se estava fazendo corretamente. Foi pegando os fios, as pilhas, a fita isolante e o papelão que Volker trouxe cuidadosamente, e foi remendando de acordo com o que ele pedia, encaixando fios com pilha, misturando-os ao papelão da forma que lhe era dita, coçando a cabeça algumas vezes, pois não sabia muito bem o que estava criando. Era como ter que trabalhar vendado, mas no final das contas, estava criando algo como nunca tinha feito na sua vida.

- E a lâmpada? – questionou-se, pegando-a rapidamente e a remendando com a pilha usando mais fita isolante, tentando colocar na forma como Volker especificou, encostando o fio na parte prateada da pilha. - Vem cá, o que é que eu estou criando mesmo, hein? – perguntou, tentando fazer tudo do jeito que lhe foi explicado.

Como pedido, Indra iluminou o local pedido por Volker, podendo ver junto com ele o que estava esperando por eles. A situação parecia caótica. Pareciam estar em um lugar que não tinha saídas fáceis, uma situação pelo qual Indra nunca passou na vida. Não gostava de se sentir preso, fosse dentro da sua própria mente ou em uma sala trancada. Depois de respirar fundo, Indra decidiu tomar as rédeas da situação.

- Olha, eu já ouvi você me dando instruções por tempo demais. Eu não entendo nada do que está falando, e sinceramente, as ideias que eu tive são bem melhores... Eu acho. - acabou perdendo um pouco da determinação no final da frase, mas logo respirou fundo, imaginando em alguma maneira de sair dali. - A partir de agora, eu falo e você escuta! – decidiu, não dando chances de Volker pensar. -Você é inteligente e sabe criar coisas legais, mas não está levando em consideração algumas coisas, e eu não ter percebido isso foi um erro. Você não consegue usar muito bem os seus braços para tarefas complexas, mas o básico você consegue fazer. E foi rápido o bastante para fugir de mim e quase escapar do hospital. – disse, cruzando os braços. - Eis o que vamos fazer: esse lugar parece ser onde eles guardam tudo o que precisam para manter esse lugar protegido. Então usaremos tudo isso contra eles. Se não veio ninguém até agora, os nossos inimigos devem estar longe ou devem ser poucos. – enquanto ia falando, Indra foi pegando tudo o que iria precisar para fazerem armas.

- Eis o que iremos fazer: criaremos bombas. Li alguns livros sobre bombas rudimentares, então farei bombas de dois tipos: coquetel molotov e bombas de prego. – ele ficou a procura de materiais necessários. - Você não pode usar as mãos, mas as pernas sim. Iremos enrolar as suas pernas com arame farpado, que tem ali no canto, junto com as joelheiras que tem ali, pra você não perder suas perninhas também. – apontou para o local. - A partir daí, você usa suas pernas pra atacar: joelhada na barriga, chute na cara, rasteira… Você é da ANBU, não vai fazer cagada. – pediu, olhando para uma borracha de pneu, mesmo sem saber o que era, colocando-a no braço para testar algo. - Já tenho uma coisa pros seus braços! Vamos encher isso aqui de pregos. Não vai precisar nem fazer força. Isso já resolve o problema do combate a curta distância, agora... – ele foi mexendo peça por peça, até que encontrou um objeto estranho com um gatilho. - Isso aqui faz o que? – apertou o gatilho, apontando-a para a parede antes. Um prego voou contra a parede, sendo fincada lá, o que deixou Indra boquiaberto. - Não sei o que é isso, mas definitivamente vai com a gente. – sussurrou.

Colocou a pistola de fixação na sua cintura, ouvindo a revelação de Volker. - Eu não ia conseguir fazer isso de qualquer forma. – sussurrou, correndo até o arame farpado, mas antes jogando o par de joelheiras para Volker vestir. - Coloque isso, rápido! – disse, procurando por um alicate, onde foi puxando o arame com cuidado, até cortar uma parte que julgava boa. Depois foi correndo até Volker, passando o arame por toda a joelheira, tornando as suas pernas uma arma mortal. - Não esqueça: joelhada, chute, pernada... – falou para o ANBU, ouvindo a maçaneta se mexendo. Indra viu o parceiro de missão correndo para impedir a entrada do inimigo, pensando em algo para abrir a porta.

Ele rapidamente pegou uma tarja explosiva do bolso, colando-a na parede ao lado da porta e olhando para o companheiro. - Se esconde! – fez força na porta para quem estivesse do lado de fora entrasse, esperando Volker se esconder para então dar um salto para trás, usando a sua velocidade média para alcançar o outro lado da garagem, puxando a pistola que estava na cintura e atirando contra a tarja explosiva no momento em que a porta fosse aberta, esperando ativá-la e causar uma explosão que derrubaria quem estivesse afim de entrar.

Indra sentiu-se o homem mais poderoso do mundo quando a Kibaku Fuuda explodiu na cara dos seus inimigos, Ele segurou em sua Tantõ, puxando o cabo dela e deixando a lâmina a mostra, caminhando para fora da garagem, enquanto andava pelo corredor, Indra ficava imaginando como iria sair daquele ambiente, ainda mais levando Volker com ele.

- Precisamos poupar as nossas energias, pois não sabemos o que vamos encontrar pelo caminho. – caminhou até o homem morto, pegando o fone que estava preso em seu ouvido, puxando junto o comunicador. - Sabe Volker, você sabe criar umas ferramentas bem legais, e tem umas ideias que PQP, são geniais… Mas as vezes, a ferramenta que você mais precisa é a sua capacidade de mentir. – bateu com o dedo na própria cabeça, e então abriu a comunicação com os ninjas da base, tentando fazer uma voz abafada, difícil de identificar se era do homem ou não. - OS PRISIONEIROS CRIARAM UMA BOMBA QUE VAI EXPLODIR TODO O SISTEMA ELÉTRICO! DESLIGUEM A ELETRICIDADE IMEDIATAMENTE, OU ENTÃO TODOS NÓS IREMOS MORRER! – gritou com a mão na boca, desligando a comunicação. - Se tudo der certo, haverá um corte de luz imediatamente, e quando essa hora chegar… – ele correu até um tapete que tinha no chão, enrolando-o e o colocando no ombro. - A gente vai embora.

Indra conseguiu derrubar a segurança do local com a estratégia mais simples que poderia usar no momento: a mentira. Quando as luzes se apagaram, ele teve certeza de que não havia mais nenhuma corrente elétrica no ambiente, sorrindo ao perceber que poderiam escapar dali com menos problemas do que antes. Naquele instante, a sobrevivência deles estavam unicamente nas próprias mãos, dando ânimo para o Chuunin, que continuava com a Tantõ na mão esquerda, correndo para fora daquele prédio. Volker conseguia derrubar todos os inimigos usando apenas as pernas, deixando Indra orgulhoso da sua "invenção".

- Esse negócio de ser tecnólogo não é tão ruim assim, afinal de contas. - disse mais alto do que gostaria, torcendo para que Volker não tivesse escutado tais palavras. Enquanto tentava manter a boca fechada, Indra sentiu alguém agarrando a sua perna, o que quase fez com que ele caísse no chão, tendo apenas tempo para por o pé esquerdo na frente. O homem que o atrapalhava estava fraco demais para enfrentá-lo, afinal estava sentado no chão e com feridas na barriga. Indra só precisou dar o golpe final enfiando a Tantõ na cabeça dele, o matando. - Moleza... – disse para si mesmo, escapando com Volker, chegando do lado de fora do prédio.

- Agora ferrou... – e lá estava a cadeirante, a mentora do sequestro e mais três capangas. - Não pare por nada, Volker. Saia daqui imediatamente! Eu vou acabar com eles... – avisou o Kobayashi, não parando de correr, avançando como deveria. Com a mão direita, ele fez selos manuais rapidamente, mantendo a Tantõ na esquerda. O seu corpo foi sugado rapidamente para dentro da terra, como se tivesse sumido. Assim que se aproximou o suficiente dos três, Indra subiu e deu um giro no ar, chutando a cabeça de um bem na têmpora, fez um corte vertical nas costas do segundo e rapidamente pegou impulso com os dois pés no chão, segurando a sua pequena espada com as duas mãos, ficando a lâmina no peito do último. Pelo menos era isso o que ele tinha em mente no seu ataque.

- Você... – colocou a lâmina no pescoço da cadeirante, fitando-a sem nenhuma misericórdia. - Não pense que vou deixá-la viva pelo fato de ser cadeirante, ou porque sou um cavalheiro que não mata mulheres. Você me ajudou a entrar na vila e localizar o Volker, e é exatamente por isso que você vai ficar viva hoje. – avisou, colocando a Tantõ na bainha, dando as costas e correndo o mais rápido que podia, escalando o muro e passando por cima dele, sem tocar a cerca elétrica, esperando que Volker já estivesse do outro lado, para eles darem fuga.

Indra tinha acabado de quitar sua dívida com a moça cadeirante e poupado a sua vida, quando ouviu o seu discurso. No começo, ele achou bem esquisito, mas quando terminou, ele teve certeza de aquela coisa toda era bem estranha. - Eu, hein... - saiu falando, correndo para fora daquele prédio, sem saber mais detalhes daquela história. Por que a cadeirante chorava enquanto falava sobre a história? Seria ela uma infiltrada naquilo tudo, ou mais um teste pelo qual havia passado sem perceber? O mundo shinobi tinha surpresas que muitas vezes não eram tão agradáveis. Quando estavam fugindo, Volker acabou relatando que a responsabilidade de fazer o relatório era dele.

- O que? - ele ficou chocado, cerrando os punhos. - Por que você não... Ah, é! Suas mãos estão ferradas. Pois é... - ele coçou a cabeça, ficando um pouco sem graça. Em poucas horas, eles saíram daquela vila, depois dos País dos Rios. Em pouco tempo, os dois voltariam para Konoha e Volker estaria são e salvo, e por fim Indra cumpriria a sua missão com sucesso.