Era mais um dia ensolarado em Konoha, quando um pergaminho foi entregue pelo carteiro da vila. Indra, que estava em casa, recebeu o carteiro, recebendo a entrega e indo para o seu quarto para ler, acreditando que seria mais uma mensagem corriqueira. Só que o dia estava lhe reservando grandes surpresas.

Indra não sabia nem ao menos como reagir quando pegou aquele pergaminho e descobriu que tinha sido convocado, sozinho, para uma missão Rank B. Ficou nervoso só de se imaginar fazendo besteira em uma missão desse nível, mas a ansiedade já não era tão forte em si como antigamente. Era mais uma missão que envolvia a sua saída de Konoha, o que mostrava que ele estava progredindo em sua carreira ninja, algo que o causava medo, mas também excitação.

- Pelo menos agora tenho certeza de que estou indo pelo caminho certo… O problema é que os meus dias de folga parecem que irão diminuir. Que droga... – sussurrou para si, enquanto vestia todas as suas roupas.

Preparado como sempre, Indra se arrumou com todas as armas que tinha, mesmo que não fossem muitas, e assim saiu de sua casa, avisando a sua mãe, através de uma carta, que precisaria ficar fora por uns dias, e que tentaria enviar uma carta quando tudo terminasse. Correu para os portões da vila de Konoha, enquanto a sua mente ia pensando em todas as palavras que estavam escritas no pergaminho. Precisava de um plano para resgatá-lo, e por mais que a sua mente pensasse em algumas possibilidades, primeiro era necessário chegar ao País do Rio, para então usar o cenário ao seu favor.

Nos portões, quando já era 17:30, Indra mostrou o pergaminho com a escritura “Rank B” para os Chuunins que fiscalizavam quem entrava e quem saia de Konoha. Ele ignorou que haviam outras pessoas conversando com os dois, e  fez o que tinha que fazer.

- Tenho autorização para sair da vila, mas não posso revelar o conteúdo da missão para vocês. – sussurrou, enfiando o pergaminho dentro do estojo de equipamentos.

Chuunin: Tudo bem, pode ir… Boa sorte, Indra. - disse sem nenhum interesse em saber se o que ele falava era verdade ou não, afinal a conversa que estava tendo com os moradores parecia estar muito mais interessante.

“Se eu conseguir chegar no País do Rio antes que anoiteça, vai ser uma benção. Ter que fazer essa missão de noite, com um bando de inimigos procurando pela gente vai ser um passeio no inferno.”, pensou enquanto corria na velocidade normal, não querendo gastar toda a sua energia se deslocando para o País do Rio. Sabia que o tempo estava correndo contra ele, mas precisava de todos os segundos possíveis para pensar no que fazer quanto ao ninja ANBU.

Em algumas horas, poucas ou muitas, ele estaria chegando no País do Rio.

Depois de uma hora e meia de corrida, Indra finalmente chegou nas proximidades do País do Rio, não sabendo muito bem por onde começar a procurar pelo ninja da ANBU. Logo que chegou perto o suficiente dos portões, ele se escondeu atrás de uma pedra, observando a entrada e saída de todos os transitadores. Muitos demoravam para passar, pois acabavam passando por um longo interrogatório feito pelos vigias do portão. Se por ali fosse o único caminho, Indra estaria em maus lençóis.

“Se eu entrar sem eles verem, vou ter que operar de forma discreta durante toda a missão, e discrição não é o meu forte. Entrar chutando a porta também seria a pior coisa, e em ambos os casos, eu acabaria tendo dois problemas para resolver, ao invés de um. Preciso entrar do jeito correto. Talvez haja um jeito… Mas isso significa que, de alguma forma, eu vou me expor aos meus possíveis inimigos, o que não me impede de mudar a forma como eles me verão. Esse é o lado bom de parecer um garotinho fraco e sem muito o que oferecer ao mundo.”

Indra ficou mais alguns minutos atrás da pedra, pensando em uma história que fosse convincente o bastante para fazer os guardas acreditarem.

A primeira coisa que fez para que o seu plano desse certo foi retirar a bandana com o símbolo de Konoha que estava usando, guardando-a em seu estojo de equipamentos. Assim que respirou fundo, Indra saiu daquela pedra, caminhando normalmente em direção a entrada da vila. Iria passar como quem não queria nada, não se importando em ser interrogado ou não. Se a coisa ficasse feia, ele poderia simplesmente entrar em combate com aqueles caras e se enfiar na vila, ou simplesmente revelar a história que tinha na cabeça para tentar convencê-los a deixarem-no passar.

Indra mostrava-se calmo por fora, mas por dentro o coração acelerava, enquanto ele fazia o máximo para manter os olhos virados para frente. Mantinha-se perto de outros pedestres, caminhando na mesma velocidade e calma que eles, evitando olhar nos olhos dos guardas. Estava a poucos metros de alcançar o portão, tentando passar sem ser notado pelos guardas, o que parecia ser impossível, já que todos estavam sendo vigiados. Se fosse parado por algum guarda, a sua resposta seria exatamente essa.

- Meu nome é Kobayashi Urashi, e eu estou estou atrás de remédios para o meu tio-avô, que está muito doente e não tem muito tempo de vida. Minha mãe pediu para vir até aqui e tentar buscar os ingredientes para fazer o Curry da Vida para ele. Estamos nos agarrando a qualquer possibilidade para conseguir salvá-lo. – declararia, mas com alguns detalhes: primeiro, não diria o seu verdadeiro nome, nem mesmo que era um shinobi, muito menos de Konoha.

Como era de se esperar, Indra acabou sendo abordado pelos guardas, usando a história que tinha criado em sua mente. Em si, a história era boa e poderia convencer qualquer um, mas aqueles homens pareciam desconfiar de tudo e todos, assim como Indra fazia com as pessoas ao seu redor. Mesmo diante de sua descrença e da piadinha infame, o shinobi de Konoha manteve-se irredutível.

- Se você não sabe que existe em seu país um Curry que é capaz de prolongar a vida de uma pessoa e até mesmo reviver alguém que está a beira da morte, eu não tenho culpa. – respondeu de maneira ríspida, acabando por diminuir quaisquer chances de convencer os caras a deixarem-no passar sem nenhuma punição. O problema do Kobayashi é que por mais inteligente que fosse, diálogo não era muito bem o seu forte. Quando questionado sobre o que carregava em sua bolsa, Indra respondeu rapidamente. - Carrego armas brancas para proteção individual, como kunais e shurikens, em numeração mínima, não sendo o bastante para causar problemas à sua vila. Vivemos em um mundo perigoso, e mesmo eu não tendo idade o suficiente para entrar em uma taverna, eu preciso de armas para me proteger de ladrões ou shinobis renegados, o que para constar, existem um monte por essa região.

Era o que tinha para dizer aos ninjas da vila. Se mentisse e fosse revistado, o problema seria maior. Dizer uma parte da verdade deveria ser o suficiente para que a sua bolsa não fosse olhada, afinal se vissem a bandana de Konoha, a coisa iria acabar ficando ruim para o lado dele, e Indra teria que inventar uma outra história para passar pelos dois guardas.

Porém uma coisa estranha acabou acontecendo: um homem mais alto chegou perto deles, acompanhando uma moça que estava em uma cadeira de rodas. O cara foi ainda mais ríspido que Indra com os guardas, insultando-os e atacando o seu ego, o que fez o Chuunin de Konoha dar um passo para trás, para que eles ficassem próximos. Fora o fato de ter sido chamado de criança, Indra estava ansioso (não do jeito ruim) para ver o que iria acontecer.

“Quem são esses dois? Seriam aliados ou…?”, questionou-se. De imediato, a moça na cadeira de rodas tirou um bolo de dinheiro e entregou para o guarda, que rapidamente permitiu a entrada dos três, ainda mais diante das ameaças do rapaz de partir para a agressão.

Indra acenou em agradecimento aos guardas, caminhando para dentro da vila, tentando acompanhar os passos das duas figuras misteriosas, indo para onde eles fossem (como eles indicavam que fariam). Resolveu tentar se aproximar de ambos, para ver o que descobria sobre eles.

- Obrigado por terem me ajudado, mesmo que eu não tenha pedido ajuda. – colocou um sorriso no rosto, tentando mostrar educação, não levando muito jeito para a coisa. Tentou parecer o mais inocente possível, se distanciando da conduta de um ninja para causar uma impressão diferente aos dois. Quanto mais idiota e inocente parecesse, menos desconfiariam das suas intenções na Vila dos Artesãos. - Quais são o nome de vocês? Tem algum interesse em especial por aqui? E se já estiveram aqui, sabem onde eu posso encontrar um mapa? – questionou-os.

Tudo ali se resumia na palavra “se”: se fossem aliados, eles poderiam ajudá-lo a encontrar o ANBU desaparecido. Se fossem inimigos e se estivessem atrás do mesmo cara, poderiam saber onde estavam, e teria que enfrentá-los imediatamente, ou em qualquer outro momento. Se as perguntas feitas a eles não desse em nada, teria que planejar alguma outra coisa, e tentar descobrir como encontrar um mapa da vila, se houvesse um.

Indra não ficou nenhum pouco chocado quando o cara respondeu-o com tamanha grosseira que lhe deu vontade de dar um soco na boca. Porém não iria se meter com aqueles que o salvaram de ser revistado pela guarda da Vila dos Artesãos, não naquele momento. Resolveu seguir com a sua missão, que era mais importante. Logo a sua frente, encontrou uma espécie de mural com um mapa mais ou menos detalhado da vila, analisando-a por alguns segundos.

“Vamos ver… Onde irei encontrar informações sobre uma operação clandestina ou informações sobre um shinobi desaparecido? Talvez alguém abra o bico por aí.” Indra precisou de alguns segundos para pensar em um lugar onde poderia ir, por isso iniciou uma caminhada lenta em direção ao Sul, procurando analisar os lugares da vila, que não era lá tão grande quanto Konoha, mas poderia ser um pouco difícil de trafegar.

Quando chegou perto de um bar lotado, Indra ficou olhando para ela por alguns segundos, imaginando que havia todos os tipos de homens bêbados lá dentro: os que confessam tudo, os que contam histórias mentirosas, o que ameaçam os outros… Era para lá que deveria ir. Entrou devagar, sem ter certeza se seria barrado no local ou não. Procurou parecer o mais ingênuo possível, o que não era muito difícil: não era o tipo de ambiente que Indra costumava frequentar, e pela sua estrutura, ninguém lhe trataria como um adulto.

Sentou-se no banco, observando a quantidade de mesas cheias. Odiava lugares com muitas pessoas, ainda mais pessoas alcoolizadas, sendo as mais hostis que ele poderia conhecer. Na cabeça de Indra, nenhum deles parecia ser inimigo, apenas pessoas necessitadas de algum prazer na vida. Mas quem poderia prever tal coisa? Por fim, ele ficou esperando ser abordado pelo barman, onde iria começar a fazer perguntas que provavelmente não deveria.

- Estou procurando pelo meu pai, que está desaparecido faz alguns dias. Ele costuma sair para encontrar tesouros valiosos, mas acaba gastando uma boa parte do dinheiro com jogos e bebidas, isso quando não vai caçar animais ou confusão com alguém que não deveria. Não ouviu falar de alguém que estivesse marcado para morrer ou alguma coisa do tipo? – perguntou o mais eloquente possível, puxando uma nota de 100 ryous do bolso, colocando-a na mesa. Talvez se falasse alto o bastante, poderia chamar a atenção de outra pessoa que tivesse as respostas, mesmo não sendo a pessoa ideal para respondê-la.

Não demorou muito para que o barman soltasse o que sabia, revelando a localização do homem que Indra poderia estar procurando. Pelas dicas dadas pelo trabalhador, parecia ser ele mesmo, o que deixava o garoto ansioso para encontrá-lo. Passou alguns segundos tentando lembrar onde o hospital da vila ficava localizado, mas com o barulho das conversas e dos trabalhos sendo realizados, ficava difícil de pensar. Quando lembrou onde ficava, o sangue esquentou.

“No centro da vila… Era para onde aqueles dois pareciam estar se dirigindo. Será que eles chegarão no cara primeiro do que eu?”, questionou-se Indra. O desespero tomou conta dele, tanto que ele saiu correndo do bar, esbarrando em algumas pessoas, mas não parando para pedir desculpas, apenas repetindo que estava com pressa para sair.

Assim que saiu, Indra deu um salto em direção ao caminho que tinha feito anteriormente para chegar no bar, notando que já estava para anoitecer, o que representava maiores dificuldades para localizar o colega de vila. Precisava ir o mais depressa possível para o hospital da vila, ou então sua missão acabaria falhando. O problema é que o garoto não fazia a menor ideia de onde ficava o local, ao contrário do casal que ajudou-o a entrar na vila sem passar por revistas, só sabia a área em que o hospital ficava. Foi obrigado a perguntar a um dono de loja.

- Boa noite, senhor. Onde fica o hospital desta vila? – com o caminho apontado pelo dono da loja, Indra seguiu a sua viagem, não perdendo nem mesmo um segundo. Cinco minutos depois, Indra já estava entrando no hospital da Vila dos Artesãos, não parando para rpearar no ambiente, apenas procurando pela recepcionista. Sabia que não podia contar nem a história do Curry, nem mesmo a história do pai dele. Precisava ser mais preciso sobre a localização do corpo do ANBU. -Boa noite. Eu vim com um amigo para essa vila, só que o idiota gosta de ficar dando voltas por aí mostrando as coisas que nós dois inventamos pra ver se consegue arrumar alguma mulher para fazer sexo com ele por interesse. Ele não passou por aqui não? Qualquer informação que tiverem vai ser de grande ajuda. – perguntou, tentando parecer o mais preocupado possível, olhando para os lados.

Indra tinha um plano em mente e pretendia segui-lo a risca: chegar no hospital, inventar uma desculpa qualquer para que eles abrissem a língua e soltasse onde o cara estava. Tudo parecia bem em sua mente, e já podia até mesmo visualizar o resultado. Porém uma cena mudou tudo: quando estava para entrar no hospital, viu a mesma mulher que o ajudou a entrar na vila na recepção. Aliada? Inimiga? Não poderia dizer, mas não iria confiar nela, assim como não confiava no cara que lhe tratou com grosseria quando teve a oportunidade.

“Bom, a missão acabou de se tornar ainda mais complicada… Com certeza ela e o babaca do acompanhante dela estão procurando o mesmo cara que eu!”, deduziu. Tinha poucos segundos para pensar no que fazer, imaginando um cenário onde apagaria as luzes do hospital e faria a procura do elemento por si próprio, causando desvantagem para si próprio e para a dupla. Porém, ao notar que somente uma das luzes estava acesa, o Chuunin fitou bem a janela para ver quem estava lá. “Puta que pariu… Não é o tipo de coisa que acontece todo o dia.”

Lá estava o homem que poderia ser o colega de Konoha que estava procurando. Precisava subir lá primeiro do que a dupla, ou então não conseguiria levar o cara de volta. Não perdeu mais tempo e usou a técnica de controle de chakra nos pés, escalando a parede do hospital, chegando até o segundo andar rapidamente. Colocou a cara na janela, olhando para o homem com as mãos enfaixadas com um sorriso sarcástico. Ele deu um soco na janela, quebrando o vidro rapidamente, pulando para dentro do quarto.

- Você está sumido, hein! Se perdeu no meio do caminho? A propósito, sou o cara que veio de Konoha te resgatar. – puxou a Tantõ e fez um corte onde os seus braços eram presos, devolvendo-lhe a mobilidade das mãos. - Bem… Eu espero que você seja o Volker, ou então eu e você estamos fodidos. Vamos dar o fora daqui por onde viemos, tá ok? – disse, apontando com o dedo polegar para fora, dando um salto e caindo de pé no chão, esperando pelo seu resgate para começar a correr para bem longe.

Parecia que a missão estava bem perto de terminar. Só precisavam fugir da Vila dos Artesãos sem serem vistos, e voltarem para Konoha o mais rápido que pudessem. Mas quanto mais ele tentava prever o rumo das coisas, mas elas saiam do seu controle. Indra começava a aprender que a vida de um shinobi era cheia de imprevistos, e que se ele quisesse fazer Deus rir, era só contar a Ele os seus planos.

Quando o suposto Volker saiu correndo porta a dentro, Indra quase gritou para indicá-lo que ele estava saindo pela porta errada. Foi atrás dele no impulso, pensando só depois que ter ido por fora seria muito mais fácil, ainda mais se usasse Kage Bunshins, o que ele não queria fazer para poupar chakra. Ao invés disso, ele correu ao máximo, indo a 18m/s, mesmo assim o homem conseguia ficar cada vez mais distante dele.

- EI! VOCÊ NÃO PODE ESCAPAR ASSIM! ESTÁ CORRENDO PERIGO! – gritou Indra, tentando avisá-lo que ir embora sozinho não era uma boa ideia. - Que cara paranóico... – disse para si próprio. Esperou chegar no terraço, esperando que o cara ainda estivesse ali, ou que não tivesse dado uma de louco e ter saltado do ponto mais alto do prédio sem os braços. - Ei, idiota! Você está com os braços enfaixados! Como acha que vai conseguir escapar daqui? Vai precisar dos braços para fugir. Escuta aqui! Eu sou de Konoha, e vim aqui para te resgatar. Olhe! – puxou a bandana da vila do bolso, mostrando para a mesma. - Meu nome é Kobayashi Indra, Chuunin de Konoha. Eu vim aqui só por sua causa. Coopere, ou então você irá morrer e eu provavelmente vou contigo. – ordenou, guardando a bandana.

Quando o homem finalmente parou de fugir como um idiota, Indra teve a chance de se aproximar dele. Não sabia nada sobre esse shinobi chamado Volker, e talvez Konoha quisesse que as coisas continuassem daquele jeito. Não importava muito para Indra conhecer aquele homem, mas talvez o destino dois estivessem entrelaçados por algo maior. Volker passou a falar sobre o seu estado, e como os seus braços estavam debilitados, demonstrando um profundo desgosto com a sua situação. Indra só conseguia prestar atenção na porta do hospital, enquanto olhava para a porta de onde tinha saído, querendo se certificar que não tinha ninguém vindo atrás deles.

- Ah, bom... Acontece. - foi tudo o que o Chuunin. respondeu, olhando rapidamente para Volker, que não demoraria muito para perceber que Kobayashi Indra não era o tipo de rapaz que sabia consolar ou motivar alguém. - Tudo bem, vamos ao plano. As perguntas ficam para depois, quando finalmente sairmos desse lugar, até porque não podemos passar muito mais tempo por aqui. – quando terminou a sentença, teve uma ideia, que poderia dar muito certo, ou muito errado.

Ele fixou em sua mente a face do barman que tinha conhecido na taverna que tinha entrado para procurar Volker, memorizando seu rosto, altura e tom de voz. E assim, ele uniu as mãos e realizou o Henge no Jutsu, transformando-se nele. Sabia que a sua voz poderia acabar ficando imperfeita, mas não tinha uma ideia melhor.

- A partir de agora, você está bêbado e precisa ser levado para fora da vila, para se encontrar com a sua esposa e filhos. – não demorou para dar um soco em sua barriga, para que ele curvasse o corpo e Indra pudesse segurá-lo. - Não diga nenhuma palavra, não faça nada. – ordenou, segurando ele e o levando para fora do hospital. Passando pela recepção, ele tentou dar uma risada. - O idiota aqui queria sair sem pagar. Que piada... – puxou ele e o levou para fora do hospital.

O plano era carregá-lo pela vila como se fosse um cliente, e no final das contas, tirá-lo da Vila dos Artesãos.

- Puta que o pariu... - foi só o que disse antes de ver a dupla que procurava por Volker na sua frente. Seu plano de sair da vila era tudo, menos infalível. Mas uma coisa era ter contratempos no meio do caminho, a outra coisa era ser pego de surpresa no início do plano. Havia caído numa armadilha tão simples que ele considerava ser impossível de realmente acontecer. Não demorou depois disso para receber o golpe fatal, caindo desmaiado junto com o seu colega de vila.

[…] Não sabia quanto tempo tinha passado desde que tinha desmaiado, nem onde estava, muito menos como tinha chegado lá. A primeira coisa que fez ao acordar e recordar o que tinha acontecido foi punir a si mesmo por ser tão idiota. Como podia ter caído em um plano tão estúpido? Era o que dava agir de forma apressada, assim pensava. Olhou para os cantos e deu uma boa olhada no cenário. Tentou mexer os braços, mas percebeu que estava preso com uma corda. A tentação de sair dali foi grande, mas precisava saber mais sobre o que estava acontecendo, e a única forma era parecer que estava preso.

- Que negócio feio é esse? – ficou olhando para a geringonça que havia na sua frente. Não sabia descrever muito bem o que era aquela carcaça de metal, ou alguma coisa do tipo, muito menos para o que ela servia. Só queria acabar com toda aquela coisa logo. - HEEEEEEEEEEEEEEEEEEI! ME TIREM LOGO DAQUI, SEUS FILHOS DA PUTA! – gritou, tentando chamar a atenção dos dois que tinham sequestrado-o.

Espernear para chamar a atenção dos sequestradores não adiantou nada, ainda o deixou meio sem moral com Volker, que parecia calmo. Indra não ligava muito em ter uma boa relação com o ANBU, mas também não queria passar a imagem de idiota. Apesar de inteligente, ele também era passível de erro. Rosnou quando ouviu a provocação do homem, olhando para os lados para conferir se tudo tinha dado certo. Volker tinha um plano para tirá-los de lá, mas envolvia uma ferramenta que Indra não conseguia alcançar. Por sua sorte, a Academia de Konoha sabia preparar os seus shinobis para aquele tipo de situação.

- Nunca vi vantagem em sofrer com as agressões dos colegas de turma na escola, mas agora... – ele soltou as mãos com uma técnica básica chamada Nawanuke no Jutsu, que permitia ao ninja se livrar de cordas. - Os idiotas da minha turma costumavam me amarrar na hora do almoço dia sim, dia não. Nas primeiras vezes, eu demorava para me soltar, mas com o passar do tempo, ficou cada vez mais fácil. – disse, levantando-se da cadeira e ouvindo Volker. - Tenho 15, mas logo menos farei 16. – sussurrou, caminhando até ele e pegando uma kunai no bolso, ouvindo tudo o que ele dizia sem nenhum interesse. - Quem disse que eu quero ser tecnólogo? – cortou a corda que prendia a sua mão rapidamente.

Na verdade, Indra poderia ouvir a oferta de Volker tranquilamente, afinal era quase que obcecado pelo conhecimento, mas estranhava quando recebia certas coisas de mão beijada. Só que o ANBU poderia perceber que tinha conseguido capturar a atenção do Chuunin que foi resgatá-lo, afinal ele ainda estava lá para salvá-lo.

- Então você é tecnólogo. Aqueles dois… Eles estão atrás do seu conhecimento? – quis saber, se levantando e olhando para o cenário, sem saber se as portas estavam reforçadas ou algo do tipo. - Enfim, essa escapada foi fácil demais. Ou eles prepararam uma armadilha para a gente ou nunca aprenderam a se desamarrar de cordas onde fizeram Academia. Você parece saber o que fazer para nos tirar dessa. Então… Me diga o que fazer com essas ferramentas, e eu farei. – cruzou os braços, mostrando-se determinado a sair dali. Volker ainda era enigmático, mas parecer saber o que estava falando.

Indra e Volker precisavam trabalhar juntos para conseguirem escapar daquele local com vida, e Volker parecia ter uma ideia do que fazer… Ele começou a explicar como um tecnólogo deveria pensar e agir, algo que despertou um certo interesse do Chuunin, mesmo que ele não desse pulinhos de alegria. Ele ficou pensativo por alguns segundos, olhando para o cenário inteiro. Tinha muitas ferramentas que ele não conhecia muito bem.

- Olha, Volker, você só pode estar louco. Eu nunca consertei nem mesmo o encanamento da minha casa, e agora você quer que eu faça um braço robótico? Só pode estar louco… Está vendo alguma coisa aqui que se pareça com um braço robótico? – questionou, olhando para todas as ferramentas. - Se fizermos qualquer barulho, eles vão nos escutar. Você quer um braço robótico? Construa um mais tarde… Agora, temos que construir uma coisa que possamos usar para retardar o inimigo. E se tentarmos montar essa coisa? Ela tem uma roda… Será que serve para alguma coisa? – perguntou Indra, caminhando em direção ao veículo. - Afinal, o que é isso exatamente? – deu um chute de leve no fusca. - Estamos fodidos, não é Volker? – disse desanimado, respirando fundo e fazendo a última coisa que gostaria de fazer no momento.

- Se estamos falando em construir um braço robótico, não teríamos tempo em construir dois. Vai ter que se contentar com um, então que seja o seu braço dominante. Talvez não precise exatamente de um braço, não é? Só precisa encontrar um jeito de ter o movimento dos ossos novamente. A não ser que o seu braço esteja tão fodido que precise de um braço mecânico. De qualquer forma, essa é a melhor ideia que tenho… – sussurrou, revirando o ambiente rapidamente, pegando alguns fios elétricos, algumas porcas largas o bastante para passar um dedo. - Espere! Você é tecnólogo… É possível que a gente consiga fazer uma coisa envolvendo o seu chakra? Esses fios… Você poderia transferir o seu chakra para esses fios, conectados ao seu corpo, e fazer com que os seus braços se movam? Quer dizer, obviamente esses fios não irão suportar tanto fluxo de energia por muito tempo, mas eles podem funcionar como linhas de chakra externos e provisórios. Se não conseguir fazer isso porque só consegue fazer com o selo de mão, eu posso fazer isso, agitando o seu chakra e o espalhando pelo seu corpo. Ou sei lá, né… A gente continua procurando ferramentas aí. – foi a única ideia que teve.

Um ponto de interrogação enorme ficou na cabeça de Indra quando ele falou aquilo, até mesmo ficou com a boca meio aberta por alguns segundos. Não entendia nada sobre o que ele falava, o que fazia a sua cabeça doer um pouco, afinal odiava ficar confuso sobre uma coisa.

- Tem que falar na minha língua comigo, Volker. Eu não sei como vou fazer isso aí não. – disse, coçando a cabeça. Ele se virou para o motor rapidamente e passou a mão pelo cabelo. - Eu nunca vi uma coisa dessas na vida, como quer que eu simplesmente crie uma coisa DO NADA? – Indra colocou as mãos no bolso, procurando pelos metais leves que ele disse que poderiam encontrar no local. - O que seriam metais leves? – ele pegou tudo que fosse de metal e pequeno o bastante para caber em um balde, juntando tudo e colocando… Em um balde. - Como eu faço para modelar UM BRAÇO? Viu? É o tipo de coisa que poderíamos pensar FORA DAQUI! – esperneou, não gostando nada de não saber como fazer o bendito braço robótico.

Indra começou a ouvir as explicações de Volker, ciente de que ele estava falando sério quando dizia que o transformaria em um tecnólogo, mesmo que o garoto não tivesse muito interesse em ser um. Pegou então um pedaço de aço que estava escorado na parede e começou a bater nele com um martelo que tinha na mesa, esperando que aquilo fosse o suficiente para fazer com que ele ficasse reto. Ele olhou para o companheiro de vila, que estava determinado a acabar com aquela história, e então fez um único selo manual.

- Vai custar metade do meu chakra, mas vai nos poupar tempo. Kage Bunshin no Jutsu! - vociferou, fazendo rapidamente com que um clone exatamente parecido com ele fosse invocado ao seu lado direito. - Já sabe o que fazer, não é? - o Kage Bunshin acenou que sim, e então foi procurar um martelo em uma das caixas de ferramentas, depois buscando alguns pedaços de aço para fazer o mesmo procedimento que o seu invocador estava fazendo.

Usando todos os recursos que tinham na frente deles, eles foram batendo nos pedaços de aço até colocarem-nos mais ou menos no mesmo tamanho, para que ficassem na mesma extensão de um braço. No final, eles tinham dois braços, mas só faltavam as mãos.

- Agora vai ter que me dizer como é que eu faço as mãos. – avisou o Kobayashi, olhando para Volker, quase implorando para ele ensinar como fazia as mãos.

Indra não sabia se as palavras de Volker eram um elogio ou uma ofensa contra a sua capacidade de raciocínio. Preferiu agir como um doido e reclamar da forma como ele o chamava de "gênio incompreendido".

- Eu já tive um trabalho do caramba para fazer os braços. Pra fazer as mãos vai ser ainda mais difícil, afinal como é que eu vou moldar uma mão perfeitamente? - ficou coçando a cabeça, vendo que o ANBU pegava um lápis com dificuldade, e fazia um desenho usando apenas a boca. - Troço nojento...

Quando Volker terminou de fazer o desenho, ele pegou o papel e ficou analisando por alguns segundos, imaginando como poderia fazer algo tão louco. Nunca tinha montado nada de muito especial na vida, mas com as ferramentas certas, poderia fazer algo esplendido, ou qualquer coisa próxima disso.

Pegou então os dois braços que estava na mesa, se desfazendo do clone de sombra que ele mesmo tinha criado, ficando apenas com metade da sua energia, o que não era muito bom. De qualquer forma, ele foi calculando como fazer o que Volker queria, batendo bem com o martelo e usando outras ferramentas para ficar da forma que o ANBU gostaria.

- Vou te falar uma coisa: se ser tecnólogo for assim, já pode desistir de me treinar. - respondeu, trabalhando em um braço por vez, para chegar no ponto que o rapaz gostaria.