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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
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Havilliard
Havilliard#3423
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—— A missão especial. I/V. @Oito

Expulsou mecanicamente a fumaça avivada no interior de seu cigarro, tragando-a também mecanicamente no momento seguinte. Se encontrava no segundo andar daquilo que um dia fora prédio e hoje não passava de uma ruína. Nada ocupava o horizonte e o solo rochoso avançava sem impedimentos até se encontrar com o céu. Relanceou sobre os ombros e viu que Sumire dormia pacificamente; como ela conseguia ficar em tamanha serenidade enquanto eram caçados como animais era um mistério que não resolveria tão cedo. Para ele cada noite se transformava em tormenta, sua mente tomada por um turbilhão de arrependimentos; somente o cigarro e a paisagem quieta o traziam de volta ao conforto do agora. Bateu o indicador para afastar as cinzas e se permitiu um pouco de arrependimento, voltando sua memória aos acontecimentos que o levaram à marginalidade, trazendo com ele sua amante.

[...]

Encarou múltiplas vezes o pergaminho em mãos, abrindo, fechando, colocando de ponta cabeça e buscando algo em seu verso. Só conseguia demonstrar perplexidade. A missão descrita parecia simplória, inegável era o contraste de simples palavras ante a realidade complexa. "Por fim aos levantes de insurgentes que ameaçam a soberania da Nuvem." Esperava renegados queimando aldeias, adentrando o território da vila. Mas não, não era nada disso. Sua real missão era de executar meros camponeses que se recusavam a pagam imposto para a vila pois não tinham o requisitado dinheiro. As colheitas estavam sendo difíceis já por um bom tempo, pragas e o clima, nada podia ser feito contra isso. Recusou-se a executar civis e debandou em conjunto com os tais, arrastando Sumire para seu pecado. Ela estava no lugar errado e na hora errada, pensou diversas vezes no início, mas não poderia culpa-la por isto; ela era parte de sua equipe, sempre acompanhava as missões. Era sua superior e mesmo assim não o repreendeu pelo crime. Em seu âmago tinha os mesmos ideais do Chunin, não mataria civis simplesmente porque isto estava num pedaço de papel. Galgaram, mesmo assim, com o peso da culpa sobre os ombros e se esconderam entre montanhas distantes e uma cidade há muito caída.

[...]

Quando a chama chegou ao fim, descartou o cigarro de cima do prédio e observou ele cair em queda livre. Olhou uma vez mais Sumire em sono profundo e esticou suas pernas para além da beirada, tendo apenas o tronco apoiado nas nádegas o impedindo de cair. Parecia um fim tão fácil mediante a constante fuga que tinha de enfrentar, mas afastou logo o pensamento e seguiu em vigília.

[...]

Era difícil, depois de todos esses anos como burocrata, que Koro tivesse alguma empatia ao ler qualquer coisa que lhe fosse empurrada sobre a mesa. Apenas acompanhava com os olhos as linhas dos relatórios e despachava as missões. Dessa vez não foi diferente. Perante a lei o crime é o que é, pouco importa as motivações idealistas que levaram uma dupla composta por Chunin e Jonin a desertar a vila no meio de uma tarefa incumbida. Assinou e carimbou o papel, escolhendo por sorteio, como sempre fazia, um nome na longa lista de membros do exército da vila. Amargo, que nome engraçado. Será você mesmo. Chamou com um aceno um dos oficiais que ficava sempre a sua disposição e pediu que fosse em busca do rapaz para lhe passar a missão. Um truque que aprendera nestes anos foi o de mentir descaradamente e alterar informações como o convinha. O alto escalão era favorável a essa prática, uma vez que podia servir para atirar ninjas inexperientes direto em situações onde pareciam limitadas as opções, forçando estes a seguir a vontade da Nuvem. O texto da vez dizia somente: "Você, Chunin incumbido desta missão, deverá caçar e matar os criminosos perigosos descritos abaixo. Tengo e Sumire, previamente, respectivamente, Chunin e Jonin neste vilarejo. Hoje desertores. São perigosos e experientes de uma dezena de expedições. Não hesite com anúncios ou avisos, mate." Uma pastinha contendo ficha dos mesmos enquanto parte da força ninja de Kumogakure seguia junto com a carta. As informações poderiam vir a calhar na hora certa.
Anonymous
Convidado
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HP: 1225/1225 | CH: 1225/1225 | ST: 05/05

Após ser sequestrado por uma seita misteriosa que contribuíram e muito para o controle total do Selo Amaldiçoado, o aspirante a herói estava se sentindo confiante para prosseguir com o exame de admissão para a graduação acima, o tão sonhado Tokubetsu Jōnin. Sabia que era questão de tempo para que fosse lhe atribuída a missão, já estava esperando há bastante tempo e carregava consigo as melhores aspirações possíveis. Para a sua felicidade, exatamente no dia de hoje a tão aguardada missão tinha chego ao seu alcance. "Oss!" Pensou ante o recebimento da missão, com uma mesura completa em sinal de aceitação. Após o término do estudo da descrição da missão, traçou as estratégias iniciais, organizou seus armamentos básicos que carregaria na missão e por ultimo destacou a foto e nomes dos alvos. "Tengo e Sumire..."

Amargo é um morador de Kumo desde que compreende a falta do seu membro esquerdo e apático tanto tempo quanto sem braço. Conhecedor do vilarejo, sua primeira ação seria procurar por hostels, pousadas, motéis, todos os estabelecimentos que possívelmente receberiam um típico casal. – Com licença, você saberia me informar se viu esse casal por aqui? – Dirigiria ao responsável, mostrando a foto e indicando os nomes. Como desertores, nem sempre eles poderiam ficar instalados no mesmo lugar, Amargo acreditava fortemente que eles mudavam frequentemente de um lugar para o outro e isso justificava sua abordagem. Iria de pousada em pousada até que encontrasse uma resposta que ajudasse em sua busca.


Coisas:

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—— A missão especial. II/V. @Oito

O sexo foi bom ainda que breve; feito as pressas como tudo que faziam no exílio, mas o suficiente para aliviar a tensão. Sumire vestiu-se e alisou a superfície dos sacos de dormir, ajeitando-os. Olhando para Tengo com desmedida ternura, enxugou a testa e suspirou, cansada. Era mais velha, mais experiente e embora o Chunin guardasse para si toda a culpa, envolvendo-a em sua fortaleza, ela, como superior, sentia-se responsável por tudo. Viu que ele ainda dormia e se esticou para pegar seu maço de cigarros, colocando um na boca e alcançando também um fósforo. Riscou-o na caixinha, acendendo, e queimou a ponta do cigarro. Fumou escondida — ele não gostava que ela aderisse ao seu vício — e depois descartou do alto do prédio. Saltou do segundo andar, tendo os cabelos lançados para cima na ação do vento, pousando graciosamente no solo; aliviando a tensão nos joelhos ao rolar. Ao contrário de seu parceiro não gostava de observar lá de cima, preferia caminhar ela mesma em torno da ruína na qual estavam provisoriamente hospedados. Era dia e o sol ardia no alto do céu, irradiando seus feixes em todas as direções, atingindo a mulher como um morno cafuné.

Pelo surgir do novo sol contavam-se agora cinco dias sem qualquer sinal de perseguição, um recorde. É agora que pretendem nos pegar desprevenidos, ela pensou. Sua especialidade eram missões de assalto e resgate, conhecia de A a Z todas as técnicas e táticas de entrar e sair sem ser notada, de atacar alvos por leste enquanto estes esperavam uma ofensiva à oeste. Esse conhecimento que a fizera subir rapidamente até Jonin e, mais importante, assegurar a sobrevivência de ambos nesses meses de fuga. Sentia-se uma guerrilheira preparando sua volta a uma ilhota, onde aportaria e desceria com uma legião de fiéis escudeiros, para livrar a pátria da mão de tiranos e oportunistas; mas isso era apenas uma ficção que lera um tempo atrás. A história se encarregara do julgamento de Fidel naquele romance, mas o seu e de Tengo seria feito por soldados leais da Nuvem, munidos de espadas e facas, sem tempo algum para ouvir o idealismo que resultara na deserção. Situações como aquela a lembravam da complexidade humana e como ela podia ser facilmente pervertida por interesses maiores. Tendo dado uma volta completa em torno do prédio, voltou para o lado de Tengo, sentando-se sobre o saco de dormir e esperando seu companheiro despertar.

[...]

De volta à Kumogakure.
O burocrata tomou em suas mãos uma caneta, assim como uma pilha de papeis. Assinou um a um, após passar seus olhos pelos pontos chave, metodicamente. Como sempre o fazia. Mas tinha algo o incomodando e pegou um formulário em branco. Rabiscou algumas linhas, assinou e carimbou. Chamou por um oficial de prontidão.

— Senhor?

— Entregue isto pro Esquadrão de Assassinato, certifique-se de que despachem o mais letal. Mas que acompanhe tudo com cautela, à distância.

— Acompanhar, senhor?

— A missão, imbecil. Tengo e Sumire, Amargo Caramelo.

— Oh, sim.

— Algum problema, soldado?

— Não, senhor. É pra já.

[...]

Numa das paradas de Amargo, uma pousada vagabunda, veio informação que lhe era útil. O homem por trás do balcão, meia-idade, calvo em grande parte da cabeça, com cabelos grisalhos onde ainda os tinha, o atendeu de má vontade. Notara de imediato que não era cliente e só viera importuna-lo. Nem olhou em seu rosto mas, ante o questionamento, que supos ser sério pelo tom de voz empregado, despachou logo tudo que sabia. O casal estivera ali, mas já fazia um quinzena do check-out e na direção oposta a Nuvem não existia mais nenhum lugar onde pudessem se hospedar, somente uma cidade em ruínas abandonada. Não morava ninguém lá, tudo fora  destruído num grande incêndio há anos.
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Após uma incansável busca pelas pousadas do vilarejo, esteve próximo de encontrar uma resposta ideal. O responsável pelo estabelecimento o recebera com uma cara fechada, o que de certo modo era compreensível, Amargo não estava ali na posição de um cliente, para o seu lazer, e sim em uma importante missão. Não obstante, teve a colaboração, feliz ou não, do homem. – Entendo... Muito obrigado! – Agradeceria pela informação que apesar da receptividade ter se mostrado desagradável, tinha sido uma informação útil. "Quinze dias é um tempo considerável." Pensava, sem muito o que seguir dali em diante, todos os estabelecimentos que lembrava existir no vilarejo já tinha visitado naquele curto espaço de tempo. "É isso, a cidade em ruínas... Um lugar fechado, onde poucas pessoas devem visitar, ou seja, perfeito para ter privacidade." Em um estalo, dirigiria-se prontamente para a cidade.

Chegando nos limites do vilarejo consumido pelas chamas, procuraria por casas que estivessem em melhores condições, que alguém pudesse se alojar. Também procuraria por estabelecimentos como mercados, fonte rica de suprimentos e que por mínima que fosse as chances de ter sobrado algo em boas condições, em seu ponto de vista, seria algo utilizado para sobrevivência. 

A missão estava sendo uma caça às cegas e precisava pensar fora da caixa, como se estivesse estrelando o próprio filme de Bird Box. Com esse cenário em mente, concentraria sua procura por essas regiões.

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—— A missão especial. III/V. @Oito

Sumire estreitou os olhos para tentar dar sentido à visão, numa tentativa de confirmar se o que tinha diante de seus olhos era real. Cerrou e semicerrou, até que decidiu caminhar até a beirada e se esticar. Um só. Mesmo com aquela confirmação se recusava a acreditar na veracidade do fato constatado; porque diabos mandariam um homem sozinho contra nós dois? Deve ser forte, pensou de imediato, sobressaltando-se. Mas, ao mesmo tempo, poderia ser um ninja enviado para morrer. Podia até imaginar como constava na descrição de sua missão: Apenas mate, não anuncie. Sim, fora enviado para morrer; quanto mais a figura se aproximava do prédio em ruínas mais ela percebia aquilo. Não possuía um braço e, independente da força que possuísse, aquilo era um agravante contra sua perícia mortal de espadachim. Tocou a bainha da espada presa à cintura, apenas para certificar de que estava lá. Em seguida, olhou por sobre os ombros e viu Tengo ainda em sono profundo, devia ser a primeira vez que ele conseguia dormir daquele jeito. Até roncava. Posso dar conta disso, concluiu. Saltou e pousou, tudo silenciosamente; até mesmo poupou-se de rolar para aliviar o impacto sobre os joelhos, sabendo que isso levantaria alguma poeira e ruídos. Próxima de aborda-lo, viu que ele tomou um caminho à sua esquerda, seguindo pela avenida onde antigamente existia uma profusão de lojas e comércios dos mais variados. Momento melhor não existiria. Manteve a espada embainhada e sacou uma pequena faca laminada. Deu uma breve corrida, na ponta dos pés, e colocou sua arma contra o pescoço do sujeito.

— Vai me ouvir atentamente agora. Precisa confiar em mim, mesmo sabendo que sou a criminosa que procura. Quem quer que o tenha mandado para cá está te usando. Depois de tanto tempo de perseguição precisam checar se ainda estamos vivos e por perto; você foi o sacrifício. Está agora num jogo cujas regras desconhece, mas não se preocupe. Tive muito tempo para pensar numa solução. Está disposto a ouvir? — Achando que serviria de algo, afrouxou o aperto que a faca tinha contra o pescoço do mesmo, afastando-a alguns milímetros da pele. — É um plano sólido, impossível de dar errado. Mas você precisará cooperar.

Sobre o prédio, na cobertura improvisada que os destroços haviam formado, protegendo os sacos de dormir da chuva, Tengo seguia em sono profundo, completamente alheio ao mundo real. Sonhava com casas de campo e uma vida tranquila e anônima ao lado de Sumire, em algum lugar longe e pacato.

[...]

Koro, tendo os cotovelos apoiados na mesa de madeira, acendeu um charuto. Perguntou-se como estaria o ANBU em sua tarefa.

[...]

Observava atentamente, relativamente próximo da cena. Estava ocultado por uma técnica que o deixava completamente invisível. Atrás da máscara de cachorro as feições eram neutras, impassíveis. Não conseguia escutar o que dizia a desertora enquanto tinha a faca contra o pescoço do Chunin, mas achou a situação confortável. Seguiu inerte e observando, esperando para ver se sua intervenção seria necessária.
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HP: 1225/1225 | CH: 1225/1225 | ST: 05/05

Conforme mais distante ia dentro daquele vilarejo em ruínas mais a ansiedade o consumia. O receio não levou muito tempo para ser confirmado e quando olhou para o lado já tinha uma mulher no seu encalço com uma faca em seu pescoço representando muito perigo a sua vida. "Sumire?!" Pensou ao confirmar o sexo da mulher.

Uma batalha foi travada no mais profundo espaço dentro da mente de Amargo. O responsável por repassar a missão tinha sido claro, atirar antes e perguntar só depois. Mas o que dizia a mulher era exatamente o oposto, insinuando a respeito da armadilha por trás daquela missão. Ela estava trabalhando com a verdade ou não? Como confirmar sua hipótese? Aquela era para ser sua missão de admissão para a graduação acima, em seu pensamento mais positivo jurava que iria lutar por uma causa nobre quando o destino na verdade havia lhe pregado uma peça. O levantamento da mulher dizia, resumidamente, que ele estava ali para um serviço sujo, algo feito por trás dos panos? – Fica difícil acreditar em você quando você diz com propriedade que é uma criminosa... – Responderia, levando sua mão instintivamente contra o pulso que ela carregava a faca buscando tirá-la para o mais distante do seu pescoço que estava a poucos centímetros de sofrer um corte. – Calma, eu irei ouvir. – Responderia.

Com o consentimento da mulher e um espaço conquistado, por menor que fosse, iria procurar no ambiente ao seu redor pedaços de destroços que pudesse ser usado para a utilização do Kawarimi no Jutsu, para reforçar sua defesa se ela viesse a reiniciar uma nova investida contra sua integridade. – Então você é a Bonnie, onde está o Clyde? Deixe-me adivinhar, vocês roubam para dar aos pobres?

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—— A missão especial. IV/V. @Oito

Como era verão tinha dificuldades em dormir e seu sono profundo logo se desfez entre seus dedos, como areia caindo. Estava prestes a desfrutar de uma cadeira de balanço e fumar um bom cigarro quando acordou; a maneira que isso o aconteceu foi abrupta, quase violenta. Apoiou-se nas palmas das mãos, erguendo o tronco e dando falta de Sumire. Não ficou preocupado de imediato, era regra não dita que quem acordasse primeiro daria uma olhada nos arredores para procurar por algum enviado de Kumogakure. Devia ter se levantado quase agora e por isso ainda não voltara. Enxugou a testa e deitou de novo, rolou para um lado, rolou para o outro. Não conseguiria pegar no sono outra vez. Levantou-se permanentemente agora, espreguiçando-se e esfregando os olhos com o dorso da mão. Caminhou até a beirada, a visão ainda turva, um véu sobre seu rosto. Pensou ter visto Sumire mantendo alguém com um braço a menos de refém, mas acabara de acordar e não conseguiu dar importância ao fato, só o registrando instantes a seguir, sobressaltado com o fato. Apesar de estar desperto há pouco não se precipitou, mantendo frieza que desconhecera até então. Acompanhou a cena e então olhou nos arredores, pensando ter vislumbrado algo suspeito; esfregou uma vez mais os olhos, focalizando novamente naquele mesmo ponto. Não havia movimento, mas era como se o ar estivesse turvado ali, indicando a presença de alguém. Sendo um ninja não descartou a possibilidade. Tomou ar em seus pulmões, mantendo ele lá enquanto realizava um salto, amortecendo a própria queda com uma lufada de ar que gerou em conjunto de seu chakra. O ar ainda preso nos pulmões. Expulsou. As finas estacas de vento viajam até o ponto no qual sua visão convergia, provocando um grunhido. O som, gutural, foi abafado pela boca fechada, mas fora o suficiente.

[...]

A dor quebrou sua concentração. Não obstante, a invisibilidade se quebrou, revelando suas vestes militares; calça e camisa verde, com colete por cima. A máscara cumpria seu papel ao esconder a identidade. Os feixes de ar rasgaram sua carne em quatro pontos, com um quinto por pouco não lhe tomando a vida ao perfurar o pescoço. Ambos os ombros e as coxas estavam dilacerados nas laterais; a dor era excruciante ao ponto que seu treinamento de nada servia agora. Por trás da máscara sua expressão agora era um misto de dor e raiva, as feições toda contorcidas no vórtex do que sentia. Tinha uma espada de lâmina curta nas costas e tentou alcança-la, sem sucesso algum. A dor o derrubou e ele ficou ali, rendido.

[...]

Sumire fez o que pôde para se manter alheia ao que se dava atrás dela; havia treinado inúmeras vezes seu foco, era parte do extensivo programa de aprendizado que tivera enquanto no Esquadrão de Operações Furtivas. Agora, depois de todos esses anos, finalmente viera a calhar. Paralelo ao pensamento, manteve escuta sobre os resmungos do rapaz sem um braço.

— Não fui eu que decidi ser criminosa, apenas aceitei o rótulo. Me recusei a executar civis e minha sina foi esta, se estava curioso em saber. Vamos ao plano agora: conheço uma técnica de clonagem que terá seu papel; farei dois cadáveres falsos, eu e Tengo. Você os levará de volta para a Nuvem. Não se preocupe quanto a técnica, é cem por cento segura. São duplicatas que emulam corpos mortos, desenvolvi-a unicamente pra esse propósito. — Olhou para trás e se certificou de que a luta de Tengo tinha acabado. Ele agora se voltava para ela, atento. Pareceu por seus olhos sobre o lugar que se destinou outrora ao braço faltante, com certa curiosidade. O semblante logo desapareceu de seu rosto e ele deu um passo à frente. Parecia sereno de tal modo que não o via assim em anos. Será que compreende a iminência de nosso sucesso? Como que afastando a bruma de seus pensamentos, voltou-se ao enviado da Nuvem. — Enfim, acho que isso é pura formalidade. Depois que eu criar os corpos falsos você poderá fazer o que quiser ao voltar para seus superiores. Mas acho que esse braço me conta uma história, e não importa se não acertei em cheio: você é certinho, não é? Vai pesar na sua consciência de trair os mocinhos da história, não vai? — Deu um sorriso genuíno e o empurrou para frente, se afastando e guardando a faca numa bolsinha que tinha à cintura. Esperou pela resposta de braços cruzados.
Anonymous
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HP: 1225/1225 | CH: 1225/1225 | ST: 05/05

Amargo escutava atenciosamente as palavras de Sumire, e por mais que ela tenha se mostrado extremamente tranquila ante o movimento extravagante do seu aliado, Amargo tinha se coberto de dúvidas. – Com licença, posso ao menos confirmar a veracidade das informações? Tenho uma ideia! – Perguntaria para a mulher, procurando conquistar seu espaço erguendo seus braços em sinal de que não representaria perigo. – Sim, você tem razão, eu sou o certinho, sempre sentei na frente na sala de aula, só preciso chegar até ele... – Indicava com seu olhar a região em que o homem tinha sido derrotado.

O objetivo diante do seu movimento era claro. Alcançar o homem derrotado. Tomaria uma kunai em sua bolsa de armas para possibilitar uma abordagem mais segura e colocaria rente ao abdômen do homem. – Você... O que estava fazendo por aqui? É verdade o que ela diz? Eu, você, outros, todos mandados para checar se eles continuam vivos? Eles são quem realmente ela diz? Tem um plano maior por trás de tudo isso e eles estão sendo injustiçados? – Perguntas dirigidas ao homem a fim de confirmar ou não as insinuações da mulher.

Com uma resposta assertiva, Amargo concordaria com a estratégia da mulher. – Tudo bem, pode ir adiante. – Com uma negativa, uma Kemuridama seria utilizada entre a dupla para que pudesse se esconder entre a fumaça que seria levantada.

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Sumire, ao afastar-se e liberar o refém da ameaça de sua lâmina, pode pela primeira vez encarar seu rosto iluminado pela luz. Seus braços, somados ao restante do que era expresso na linguagem corporal, demonstravam que não existia intenção de represália. Observou ele deslizar em cento e oitenta graus, obrigando-a a descrever um arco com sua visão, até pousar a mesma no ANBU moribundo. O homem agonizava, como produto da dor gerada pelos projéteis de Tengo, não era difícil de ver, mesmo através da máscara, o quanto aquilo o atingia; não conseguia mais se portar de pé, embora ela jurasse que existia algum tipo de treinamento ao qual esse esquadrão em específico era submetido, algo que envolvia abster-se de sentir, fossem emoções ou dores físicas. Ao que parecia, o homem com máscara de cachorro era medíocre naquele quesito, ainda que isso pudesse significar ser assustador em outros, como compensação. Mas, é claro, usou apenas de lógica para chegar a essa conclusão: a visão apresentada não dava indício algum de sua letalidade, apenas lembrava-a de que ele era tão humano como ela, Tengo ou o rapaz com um braço a menos. Não importa se você quebrar um homem ou mulher e pedacinhos, quando você junta-los novamente ele será a mesma pessoa, ainda que escolha para isso uma cola diferente da tradicional. O que importa são as peças, não como e com que as reorganiza.

[...]

Talvez por puro recurso dramático, sua máscara caiu do rosto. Deslizou lentamente enquanto sua extremidade superior tocava a testa e nariz, caindo então no solo com um som de madeira; escorreu como lágrimas da face do ninja. Ele tentou, inutilmente, esticar sua mão para colocar de volta ao rosto a proteção de sua identidade. Foi em vão. As forças lhe faltavam de maneira que ele mesmo julgou patética, logo quando mais precisava. Tentou buscar na memória alguma lembrança reconfortante, algum prazer há muito perdido, tudo em vão. O maldito treinamento o privara também disto. Obrigou que sua glândulas o fizessem chorar, só para poder sentir os pingos gélidos escorrerem por sua face. Nem isso o era permitido. Fechou os olhos e despencou, perdendo também a força nos braços que o mantinham parcialmente erguido; tombou e bateu com o rosto no solo, um baque surdo. Em nenhum momento se deu conta de que Amargo tentava confirmar a versão dita por Sumire e até que o moribundo viria a calhar: pessoas no leito de morte ou simplesmente à beira da mesma tendem a não mentir, pois a mentira é um escape e diante da morte não há mais a necessidade de se escapar de nada. É o fim permanente de todas as coisas.

[...]

Tengo percebeu que o enviado da Nuvem não conseguiria o que desejava daquele que era agora um corpo sem vida e se aproximou, sentindo o pulso do homem no chão. Estava de fato morto. Agachou-se e segurou a cabeça do morto em seu colo, apenas para envolve-la com suas mãos e quebrar o pescoço; pura precaução. Levantou-se e assentiu para Sumire que, entendendo de imediato, gerou os corpos que deveriam — ou não — serem apresentados em Kumogakure. Tirou de bolsos em seu colete uma caixinha com fósforos e um maço de cigarros. Riscou o palito na caixinha e acendeu um cigarro, engolindo e expulsando a fumaça algumas vezes antes de se dirigir uma última vez ao Chunin:
— Anos no exílio te ensinam a desconfiança, — disse, fazendo alusão ao pescoço quebrado, mesmo que ninguém tivesse lhe pedido explicações. Ele mesmo balançou a cabeça em negativa, como se repudiasse o ato. — mas você tem ainda algum suporte, deve acreditar no sistema e tudo mais. Faça o que tiver de fazer, os corpos estão aí caso opte pela coisa certa. Um dia perceberá que os verdadeiros criminosos nunca entraram numa luta, nunca sentiram o calor da luta ou o aço gélido. Eles se escondem atrás de mesas de madeira e fumam charutos. Eles delegam missões como esta.

[...]

Ainda com os cotovelos apoiados na mesa, Koro perguntava-se quantos corpos seriam recebidos em breve. Três? Tengo, Sumire e o "afortunado" Chunin de nome engraçado? Ou apenas Tengo e Sumire? Um formigamento corria sua mão, um espasmo de ansiedade gerado pela curiosidade sobre aquela missão. Sabia que, independente do que acontecesse, seria algo de muito interessante. Algo que, como sempre, nunca o tocaria. Era intocável, bem sabia, e seguiria assim até o fim de seus dias, sem ter de pegar em armas ou conjurar técnicas. Seus instrumentos de trabalho eram o carimbo e a caneta, com eles jogava e decidia quem vivia e quem morria. De todo modo, caso fosse ele a voltar com os corpos, Amargo seria agraciado com uma promoção. Outro truque que sempre tinha seu uso: a promoção apresentava-se sempre de maneira injusta diante dos infortúnios sofridos, tentando o ninja a olhar para outro lado e esquecer o ocorrido.
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Mais difícil do que qualquer batalha física travada, aquela tinha sido uma batalha mental intensa. O fato de estar em menor número, ter presenciado o massacre de Tengu que foi contra o homem e até agora não ter sofrido nenhuma ameaça real contra a sua integridade faziam com que o garoto assumisse a responsabilidade de suas ações naquele momento. – No fim das contas eu penso que todos nós fracassamos. Vocês principalmente. Eu irei retornar com esses corpos falsos, tudo bem, e depois? Vocês vão continuar fugindo? Vivendo em uma pousada diferente a cada quinzena? Por pernoite? Vocês acham que isso é uma vida digna? Se vocês estão realmente convictos da inocência de vocês, porque não voltam e lutam para reconquistar seus espaços? Eu posso fracassar, mas lá na frente eu vou ter a oportunidade de realizar um novo teste, já vocês irão continuar nessa vida horrível que vocês assumiram, com zero de dignidade. – Dizia com um sorriso pobre. Tomaria os corpos criados por Sumire colocando toda sua força em seu retorno para o vilarejo. – Espero que pensem no que eu falei, espero vê-los em breve, seja como réus ou inocentados.

Quando alcançasse os limites do seu vilarejo novamente, procuraria pelas autoridades cabíveis para a recolha dos corpos e tomar conhecimento sobre a veracidade de suas identidades, assim como o sucesso ou não de sua graduação. 

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Á Koro apenas o resultado importava. Não a essência do mesmo, mas o resultado em si; o fato de existir algum, qualquer que fosse. Afagou o contorno do queixo e pousou o charuto sobre um cinzeiro, observando com frieza enquanto um oficial adentrava o quartel, trazendo dois corpos em sacos próprios para cadáveres.

— Os médicos já atestaram as identidades. Deseja ver você mesmo?

— Não. — Respondeu sucinto, sorrindo suavemente, encarando com certa curiosidade aquela pergunta. — Acha mesmo que importa-me ser de fato Tengo e Sumire? O que importa é que corpos denominados como estes chegaram ao vilarejo. Mesmo que estejam ainda vivos, soltos por aí, posso dizer que não estão. No fim, é ponto pacífico uma coisa: ninguém perde tempo refutando mentiras, afinal, são mentiras.

— Não vai querer vê-los então? — Era tudo que o oficial desejava saber, para poder encerrar seu expediente.

— Não.

A verdade nunca importou e Koro, como bom burocrata, sabia bem deste fato. Sorriu e deu um bom trago no charuto, preenchendo um formulário que ascendia Amargo ao cargo de Jonin Especial. Aquele homenzinho passaria ainda por poucas e boas na mão deste narrador sem alma.
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