Seu corpo agora estava descansando na pequena cama de casal que ficava em seu quarto. Estava próximo de anoitecer, encarava no teto uma foto sua, ao lado de seu pai, mãe e irmã em uma atividade de pesca. O sono parecia não querer confirmar sua presença e ele tinha dificuldade em dormir. – Isso é um saco. – Pensava em voz alta com a impaciência.

Ainda com uma roupa de pijama, Amargo saiu de sua casa com destino ao centro do vilarejo, buscava tomar um ar e nada melhor do que o vento caloroso do verão. – Um sorvete, por favor. – Pediu ao balconista de uma loja 24 horas. – Obrigado. – Despediu-se, pagando o valor referente ao preço. Sentou-se em um banco, aproveitando o frescor que o sorvete trazia ao ser consumido. 

Uma movimentação suspeita correu-lhe perante os olhos. Um grupo de três ladrões corriam com sacos suspeitos que indicavam haver algo valioso ali dentro. Os moradores que estavam em seus momentos de lazer, como Amargo, nada faziam diante da situação considerando o perigo que teria ao contestá-los. O aspirante a herói esboçou agir mas três línguas enormes capturavam os criminosos e os espremiam com tremenda facilidade. A ação automaticamente fez com que os criminosos, sufocados, largassem os sacos e um membro da força policial conseguisse reaver os itens no chão. – Parabéns, Baira Ō... Mais uma vez impecável. – O homem alcançou o topo da Concha gigante, orgulhoso. – Mais um trabalho realizado com sucesso.

Maravilhado com a cena presenciada minutos atrás Amargo se dirigiu até policial e a criatura que tinha uma forma única de uma concha. – Com licença, senhor, o que é essa criatura? – Perguntou inocentemente. – Cri-cri-criatura? Seu nome é Baira Ou e ela é a minha invocação pessoal. – Rebateu o policial, visivelmente ofendido com a menção da palavra criatura. – Entendo, funciona como um cão farejador? – Continuou. – Não, não é possível que você seja tão ignorante nesse campo... Essa é uma técnica de invocação, Kuchiyose no Jutsu, ela é capaz de conjurar seres para auxiliar em combate, o que a torna muito útil. – Respondeu, enfim sanando as dúvidas do membro do clã Senju. – Meu nome é Chronaius e como um shinobi de Kumogakure no Sato eu carrego comigo o pacto com a Concha, Baira Ou.

O homem mantinha uma postura extremamente extravagante e orgulhosa voltada para sua invocação e Amargo também via que os criminosos durante o desenrolar da conversa eram cada vez mais espremidos pela falta de atenção colocada sob eles. – Co-com l-l-li-cença, será que poderia ali-liviar... – Suplicava um dos assaltantes.

Incrível, ela me parece muito forte, eu tenho interesse nela, como faço para conseguir o pacto? – O homem ouvia silenciosamente o comentário de Amargo. – Veja bem, garoto, eu posso te ensinar, mas eu preciso ter uma prova que vale a pena apostar em você... Vejamos bem, nós temos apreendidos esses três ladrões de banco, eles carregam uma quantia generosa com eles de 1.000.000 Ryous. E se eu te disser que estou inclinado a tomar essa quantia para mim, qual a sua resposta? 

De fato, era uma oferta muito generosa para aqueles fracos de espírito. No entanto, Amargo como um aspirante a herói não pensava duas vezes ao responder. – Eu não sou conivente com esse tipo de gesto e eu iria fortemente logo que você fugisse com a quantia em dinheiro prestar queixa no quartel general do vilarejo e passar as suas características e verdadeiras intenções. – O homem esboçava um sorriso e assentia positivamente com a cabeça. – Muito bem, garoto, essa era a resposta que eu gostaria de ouvir. Você passou no teste, irei te ensinar o pacto da minha invocação pessoal. 

Um duelo foi iniciado contra Baira Ou para testar as habilidades e confirmar se o garoto teria capacidade para realizar o pacto. O objetivo? Alcançar o topo de sua cabeça, entre os chifres. – Vamos lá, garoto. – Nesse instante o policial se retirou com os ladrões. – Volto mais tarde e ver o desfecho desse teste! HAHAHAHA! – O homem parecia estar se divertindo com a situação, tanto que esqueceu um dos sacos de dinheiro em cima da cabeça da sua invocação. – E-ei... – O membro do clã Senju até tentou avisá-lo, em vão.


A primeira investida com destino ao topo da cabeça da Concha foi iniciada e quando alcançou uma distância de três metros ele saltou, nesse instante foi surpreendido por uma língua com chakra que servia como um chicote contra Amargo, o tapa veio forte, o chão foi beijado e o objetivo inicialmente não foi alcançado. – ARGHHH! – Sentia o beque. – Ainda não acabamos. – Uma segunda corrida foi realizada, agora em zigue-zague como uma maneira de dificultar que a invocação descobrisse sua última localização. Quando alcançou o lado esquerdo da Concha, esperou que ela mostrasse sua língua novamente e logo após seguiu para a direita o mais rápido que pôde e saltou crente que conseguiria alcançar o objetivo, não contava, no entanto, que um projétil como uma agulha sem ponta e muito resistente encontrasse em cheio o seu abdômen. Voltava a estaca zero novamente. – Tudo bem, agora é pessoal. – Indagou Amargo, confiante em fazer o melhor possível em sua próxima tentativa. 

Amargo então voltou a investir contra a invocação, ainda em zigue-zague. Na contramão, a Concha voltava a lançar seus projeteis sem pontas e em um Shunshin Amargo desarmava em uma rota de pelo menos cinco metros a sua frente. As línguas da Concha se não podiam ser combatidas, seriam utilizadas contra ela mesma, tomando-as como apoio para subir até o topo da cabeça. Em uma capacidade chata e infinita da invocação em criar aquelas línguas, uma segunda maior foi criada e voltada contra Amargo. Receber aquele ataque não era uma opção e em resposta Amargo preparava uma troca com o saco de dinheiro no topo da cabeça da criatura com um jutsu aprendido ainda na academia básica, o Kawarimi no Jutsu. 

Amargo lograva êxito em sua estratégia traçada e o saco de dinheiro dava lugar ao seu corpo no topo da cabeça da Invocação. – Siiiiiiiiiiim, eu consegui. – Balbuciava empolgante o aspirante a herói. O topo da cabeça da Concha tinha sido alcançado com a utilização do Kawarimi no Jutsu preparado anteriormente. – Muito bem, garoto, parece que você conseguiu. – Dizia Chronaius indicando o seu retorno e prontamente invocando um pergaminho. Ali, continha inúmeras assinaturas daqueles que haviam assinado o pacto com a Kuchiyose em tempos passados, hoje era o momento de glória de Amargo Caramelo. – Precisaremos fazer um pequeno sacrifício... Você terá que doar uma quantidade de sangue. – O homem encarava a mão do Kumonin que entendia de imediato o que ele queria dizer e fazia um pequeno corte no dedo indicador, assinando o seu nome na sequência como mandava o figurino.

A Concha retornava automaticamente para o seu mundo de origem. – Agora, olhe para os selos manuais descritos no pergaminho e faça-os para a mágica acontecer. – Amargo então visava às imagens que representavam os selos do javali, cachorro, pássaro, macaco e carneiro e tecia os selos. Um momento de suspense assolou a dupla até que finalmente a Concha gigante surgia. – Não é que deu certo mesmo?! HAHAHAHAHA! – Indagava, ainda descrente com a conquista. – Muito obrigado pelo ensinamento de hoje, Chronaius-sama, sou eternamente agradecido. – Respondia em um tom amistoso, com uma completa mesura em sinal de respeito e despedida.