Era uma noite calma em Kumogakure, havia sido convidada por um ex-colega da academia para comer algo, havíamos conversado na academia ocasionalmente, ele era muito ágil, e por isso acabei realizando alguns treinos com ele com o passar do tempo, mas não sabia que ele me considerava tão íntima para convidar a sair, talvez eu que seja tímida demais, afinal, nós ficamos na mesma turma por um longo tempo.
Ele havia marcado para nos encontrarmos no centro da cidade, havia colocado uma roupa mais bonita, já que iriamos em um restaurante, e enquanto esperava sentada em um dos bancos, percebi que podiam ter a ideia errada, e que isso fosse um encontro. "Não, não, somos só amigos, quer dizer, mesmo que pensem isso, não me importo, sei que não é nada disso. Ou será que é?" Imersa em meus pensamentos, sequer notei que ele estava na minha frente, parado me observando, ao notar que ele estava ali, me ergui rapidamente, soltando um oi rápido.
— Uau, você está linda Jiyūna, até me sinto mal de não ter me arrumado melhor, heh. Meu rosto começou a ficar quente com o comentário, e pressuponho que vermelho também, a situação em si me pegou com a guarda baixa, e o comentário foi o golpe final, confusa apelei pra única coisa que eu tenho
— Eu não estou linda, eu sou linda, duh. Tentei fazer a cara mais séria possível, colocando uma mão na cintura e jogando o cabelo de leve para o lado, terminando com um sorriso encarando ele.
— Vamos indo? Disse apressada, andando em direção a qualquer lugar, desde que ele não visse meu rosto se transformar de um tomate para o sol de tão vermelho. Comecei a respirar fundo para tentar me acalmar enquanto ainda estava na frente, e quando percebi, havia perdido meu companheiro.
— Ótimo. Simplesmente ótimo, Iris. Resmunguei ao ar, erguendo as mãos e então desistindo, deixando elas cair, mexi a cabeça como um não, suspirando, olhei envolta sem esperança para encontrar ele, e com sucesso falhei em acha-lo.
— E agora, o quê eu faço? Me sentei na calçada, e enquanto pensava, percebi um papel no chão com um emblema que eu já havia visto antes, me levantei e, chegando mais perto, identifiquei como o selo de missões para a vila, estava com um "D" estampado.

Invadindo o envelope, li a missão;

Um jovem garoto não apareceu na aula hoje, sua família não tem notícias dele desde ontem, quando ele foi para seu quarto dormir. Encontre o jovem, ele não deve ter saído das proximidades de Kumo!
Informações do rapaz; Cabelo curto, crespo e escuro, pele clara, olhos castanhos, 9 anos, 1 metro e 15 de altura, nome Kevin.
Assinado; Academia Ninja

Não esperava por isso, talvez a missão realmente precisasse ser completa hoje. Bem, se eu acabei vindo parar aqui, é por algum motivo, o destino me guiou até aqui, que ele me guie até esse garoto, não custa nada dar uma olhada.

Comecei passando numa loja de doces, crianças adoram doces, minha decisão não havia sido nada baseada em eu estar começando a ficar com fome e adorar doces. Comprei um algodão doce e perguntei ao dono se havia passado uma criança com aquelas características por lá, e ele disse que várias crianças passavam por ali diariamente, mas se ele havia ido ali, não tinha marcado presença. Continuei minha busca enquanto comia o algodão doce, fui até uma praça que havia próxima do local que eu havia encontrado meu ex-colega, talvez achasse ele também, todavia, novamente alcancei a vitória em falhar.
— Por onde uma criança andaria que está perdida? E ela precisa ficar o dia todo lá, entretida... amigos? Não, os pais teriam checado. Murmurei, cogitando e tentando ver por onde procurar, enquanto comia o último pedaço do algodão doce.
Uma senhora que estava passeando com o cachorro ouviu minha matutação, e soltou ao ar, como se não estivesse falando comigo.
— Meu neto até parece que não tem família mais! Hunf, passa o dia inteiro jogando ou assistindo televisão. Absurdo, realmente, um absurdo...

Isso me deu a ideia perfeita, um fliperama! Fui até o mais famoso, pra não dizer, o único fliperama de Kumo, adentrei no local e a tentação de jogar era enorme, porém me contive, eu estava buscando o garoto, mas pra estar aqui até agora, ele precisaria ser rico ou —


Muito bom. Me aproximei do ganhador na máquina, e dessa vez havia conseguido definitivamente falhar. Era uma garota, na casa dos 11 anos, ruiva, branca, bem, não importa as características dela, certamente não era o garoto desaparecido.
— Droga, Kevin... Soltei um pouco alto, em meio a zoeira da máquina e das crianças comemorando o recorde quebrado, porém no momento que abri a boca, as crianças haviam diminuído a comemoração, a máquina havia parado de anunciar o feito da garotinha e minha voz tinha sido ouvida por todos.
Comecei a me sentir desconfortável com a quantidade de olhos que se fixaram em mim rapidamente, e então eles começaram a fazer "Buuuu, buuuu", que me deixou confusa.
— O quê é, você é a irmãzinha do Kevin? Falta pouco para terminar o dia, e ele não vai conseguir superar o meu recorde, eu venci nossa aposta, e ele vai ter que fazer meu tema por uma semana! A garota confiante de seu feito me fez compreender o que estava acontecendo, passei o olho pelas crianças até achar uma cabisbaixa, ela tinha cabelo crespo, curto, preto, era branca, bem, dá pra entender, é o garoto sumido.
— Kevin, você vai ir agora para casa, venha. Falei em um tom um pouco mais autoritário que eu desejava, e ele respondeu desesperado — Não, eu ainda consigo passar o recorde! Se eu passar, ela vai ter que ir num encontro comigo! E eu não posso fazer o tema dela por uma semana, vai acabar comigo!
Soltei uma risada, e então repliquei — Se você não voltar logo, não acho que vai viver uma semana pra ficar acabado. Seus pais estão preocupados com você, até solicitaram uma missão para te encontrar, espertinho. O menino arregalou os olhos, e rapidamente veio para o meu lado, pedi para ele me guiar até a casa de seus pais, os quais ficaram extremamente aliviados e furiosos ao ver o gosto do garoto, me agradeceram e perguntaram como eu achei ele, ao explicar como havia "recebido" a missão e onde havia encontrado a criança, eles prometeram que amanhã iriam até o quadro de missões, explicar que eu havia completado e que a recompensa devia ser enviada a mim, e não devolvida para a família pelo garoto ter aparecido "sozinho." Fiquei muito grata, e com isso voltei, agora com muita fome, acabei parando em um local que servia carne no palito, e do meu lado estava o meu colega que eu havia perdido no começo da noite.
— Oh! Ai está você! Finalmente, achei a criança e você, no fim deu tudo certo. Ele ficou confuso de início, ao explicar minha noite pra ele, e parcialmente o motivo de eu ter fugido, fingindo ser por poderem pensar que fosse um encontro, e não a vergonha de ter dito o que disse, ele se entreteve e gargalhou de tudo, decidiu pagar pelo meu palito de carne como recompensa de ter o achado, e então partimos caminho, dando boa noite.

No outro dia, uma carta havia chegado para mim, com o adendo que eu havia sido devidamente bonificada pela missão cumprida e creditado em minha conta o dinheiro da recompensa.