Embora estivesse oficialmente formada há algumas semanas, a kunoichi ainda não havia recebido nenhuma missão. Ela estranhava, pois aprendera na academia que os ninjas viviam em constante trabalho — as missões nunca deixavam de chegar. A economia de um vilarejo era baseada nestas tarefas, fossem elas difíceis ou tão simples que até meros genins pudessem realizar. Nesta linha de pensamento, os primeiros dias de folga a deixaram extremamente deprimida. Questionava-se a respeito; afinal ela era uma ninja agora, então por que não a chamavam? Sentiu-se inútil. A pior sensação do mundo. Gostaria de ter uma chance de auxiliar sua amada aldeia e não a encontrava. Como se tornaria importante para a vila se não possuía oportunidade alguma? Por, pelo menos, oito dias seguidos, Rei ficou com esses pensamentos rondando sua mente. Até que numa certa manhã ela recebeu um comunicado oficial do tabelionato de missões — uma ordem de comparecimento. Finalmente ela receberia sua primeira missão oficial!

Tomou banho e uniformizou-se. O tecido apertou um pouco seu glúteos, ela deu uma olhadela no espelho e sentiu-se envergonhada — estava ganhando muito corpo, embora ainda fosse jovem. Sacudiu a cabeça como se afastasse tais pensamentos — inúteis, diga-se de passagem. Chegou ao tabelionato quinze minutos depois do comunicado e ficou de frente para dois homens de escalão maior — um chunin e o outro, tokujō. Reverenciou-os como um bom soldado presta condolências aos superiores. Explicaram-lhe a missão: Ela precisava ir a um acampamento médico nos arredores da vila onde realizavam estudos e ajudá-los na segurança do time, carregando também algumas novas ampolas para a coleta. Rei reverenciou novamente declarando-se pronta para a missão. Um dos homens — o de patente mais baixa — sorriu maliciosamente passando os olhos pelo seu corpo. Rei aceitou. Era o que precisava fazer frente a um oficial de alto escalão — naquele momento, ela não era ninguém, apenas uma ferramenta de guerra.

O ninja da patente mais alta entregou-lhe um mapa com a marcação exata da localização do time de estudos. Ficava um pouco afastado do vilarejo. Ela saiu imediatamente com uma bolsa de pano cheia de ampolas vazias de tamanhos diversos e avançou em alta velocidade rumo ao ponto indicado. Mas ela ainda não era tão rápida, faltava muito treino. Ela sabia disso muito bem. Suas notas nunca foram as mais altas no quesito físico. Precisava de mais treinamento, mas, primeiro, precisava terminar sua missão. Esse era seu verdadeiro trabalho. E ela mesma não acreditava em nenhuma possibilidade real de enfrentar inimigos poderosos ainda. Por mais que estivesse ansiosa para provar seu valor, ela reconhecia que dificilmente teria tais desafios numa missão de baixo nível. Muito provavelmente sua real missão era simplesmente entregar os materiais aos pesquisadores. Isso sim combinava com o nível da missão.

Rei atravessou a vila entre saltos sobre as casas e prédios. Seguiu para fora indiferente. No meio do caminho, parou um pouco para descansar. As dores costumeiras em sua cabeça voltaram com força. Doía em várias regiões, mas, principalmente no seu lobo pré-frontal. Seus olhos se retorciam com a dor. Precisava tomar fôlego e massagear entre os olhos durante alguns segundos antes de retornar suas atividades. Depois disso, seguiu normalmente na mesma direção. O mapa era fácil de compreender mesmo sem ter a noção completa da geografia do país — ela ostentava uma dificuldade especial nesse conteúdo.

Quando ela chegou no acampamento não encontrou nada de anormal, apenas pesquisadores usando jalecos e outros apetrechos típicos. Rei anunciou sua chegada explicando o que estava fazendo ela. Os pesquisadores — eram cinco, contando três homens e duas mulheres — agradeceram alegres e a convidaram para uma refeição. Rei não aceitou. Suas ordens eram de defender o grupo, não se divertir com eles. Colocou-se em guarda dando atenção aos arredores e assim ficou até a manhã do outro dia quando eles terminaram as coletas e anunciaram o fim. Rei as escoltou de volta ao vilarejo e foi até o tabelionato onde recebeu os louvores do sucesso.

Rei; 225/225 225/225 00/03

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