Mesmo fora de missão seus passos eram leves e silenciosos, mesmo com suas feições chamativas o shinobi passava despercebido por quase todos presentes. Com o fim do inverno a primavera havia chegado, o clima ameno fez com que as ruas se tornassem novamente bastante movimentadas, o céu estava belo e coberto de nuvem cinzas e a brisa gélida ainda permanecia com a promessa de indícios de chuva. Toda aquela movimentação e aglomerado de pessoas o deixava levemente desconfortável, fazendo com que colocasse o capuz cobrindo sua cabeça e acelerasse os passos, ia rumo a casa de Mary afim de forjar um novo equipamento.

Porém durante a trajetória a atenção de alguém se volta a Heshikiri, um sujo morador de rua proferia palavras para o Samurai, de forma exaltada busca atrair o jovem com uma proposta descabida oferecendo possíveis alianças. Seja qual for o pensamento que pairava na cabeça do garoto é completamente interrompido, o que quer que fosse estava completamente perdido e provavelmente nunca mais se lembraria, mas a proposta era interessante, mesmo que extremamente duvidosa. Todavia volta sua atenção aquele pobre homem, olhando diretamente em seus olhos o responde: — Claro meu caro, não é sempre que se é abordado com tal proposta. Poderia me informar mais detalhadamente as condições de obtenção e as qualidades do que me oferece? — Com um olhar e expressão afável, o tom de sua voz e gesticulações transmitiam uma profunda benevolência.

A proposta era muito simples, diante da vida que levou sabe que dinheiro é de longe algo raro e trabalhoso de adquirir. Um preço tão pequeno opacava a recompensa, mas não há nada a perder além de uns míseros trocados, levando uma de suas mãos a sua bolsa ninja em seus quadris, de lá tira o que parece ser um pequeno saco de pano, exibindo ao homem ele fala: — Seu dinheiro está aqui, a quantia passa do que o senhor solicita. Mas não há necessidade de poupar quando está prometendo algo tão majestoso, espero que não me desaponte. — Desfaz o nó que tampava a saquinho de dinheiro e exibe notas altas que facilmente extrapolavam a quantia requisitada pelo mendigo.

Com cautela observava todos os movimentos que aquele sujeito poderia fazer, sua forma de agir exaltada indicava que ele não poderia ser a mais prudente das pessoas, com um pequeno sorriso Heshikiri continua dizendo: — Mesmo que a procedência se mostre duvidosa ou falha, o simples ato de adquirir conhecimento já me é recompensador. Todavia lhe alerto, se pensar em me enrolar com falsas promessas, não conseguirá ficar com o dinheiro de nossa negociação. — Ergue ambas as mãos, uma segurando firmemente o dinheiro e a outra vazia gesticulando como se estivesse pedindo. — Indo direto ao ponto, me entregue o que tem a negociar e soltarei o dinheiro, mas ficarei de olho em você para caso me entregue algum entulho. Afinal nessa negociação sou eu que estou tomando o risco... — A quantidade de dinheiro poderia ser insignificante, mas não o deixaria passar a perna e sair impune.

A forma como aquele homem se moveu foi estranha e desconcertante, das trevas naquele beco surge uma figura inumana. Sua forma humanoide deixava Heshikiri encantado, quase como uma afronta a humanidade a existência de tal ser o trazia mais empatia, não sabendo ao certo se é devido a sua natureza inumana ou outra coisa, mas sempre admirava tudo aquilo que ia contra o conceito de humanidade. Crendo que tais seres são assim como qualquer outra criatura, meras ferramentas com o intuito de suprir necessidades.

Aquela criatura se mostrará cortês ao questionar o estado do shinobi diante de sua aparência e ao se apresentar suas palavras que iniciaram confortáveis de se ouvir, acabaram se dissolvendo em uma colocação passivo-agressivo. Mas nada que afetasse o jovem Samurai, conviver com Odatta-tono por tanto tempo o fez se acostumar com diálogos desse tipo, mantendo uma expressão cortês que exaltava ainda mais seu semblante benevolente, fala calmamente: — Hada no Nai, você me intriga profundamente, no bom sentido. De fato necessito que você me explique melhor a situação, principalmente o critério utilizado para decidir aquele que irá portar tal poder. Mas de antemão, já aceito sua proposta aguardando as instruções para obter o que os Koumoris têm a me oferecer. — Tudo estava indo muito rápido, porém essa velocidade só o atiçava e empolgava ainda mais, aguardava as instruções daquela curiosa criatura.

A forma como Hada no Nai mudou sua forma para repousar em seu ombro, fez com que Heshikiri avaliasse os acontecimentos até então, um misterioso mendigo que troca um raro pergaminho por míseros ryōs, um homem morcego surgindo repentinamente em sua frente com a proposta de ligação sanguínea. Sua mente maquinava a possibilidade de está lidando com a mesma criatura até então, porém não iria deixar de ir até o fim com isso, sua curiosidade aflorava ainda mais. A voz daquele ser em sua frente era no mínimo intrigante, distorcida e soando como se fosse inúmeras criaturas e sons falando ao mesmo tempo de uma forma quase sincronizada, mais uma vez questionava de forma passiva-agressiva das capacidades do garoto.

Assim demonstrando um dos traços marcantes de sua personalidade, o fato de ser centrado. Ele então responde: — Já falei antes que estou aceitando sua proposta, não espere em momento algum que irei hesitar com minha decisão. Iremos a esse jardim e veremos esse Kuragari. — Suas palavras exalavam uma extrema confiança, soando quase como se fosse alguém inabalável. Então caminhava com Hana no Nai em seu ombro de uma forma que parecia que o guiava para algum lugar. Enquanto prosseguia o sol se movia e logo o céu azul foi inundado por um vermelho crepuscular, a primavera agia florescendo as mais variadas plantas e cada cenário mundano que passará era quase como um quadro vivo, mas entre todas as beleza que já viu, o céu sempre foi o mais belo, não apenas pela visão, como também por tudo o que representa sendo aquilo que está além do horizonte imaginando a sua terra natal e desejando sua posse ao observa-lo.

O caminho levou a uma remota caverna escondida entre uma quantidade absurda de picos e montanhas, praticamente um labirinto natural para aqueles que tentassem encontrar a localização. Ainda que com muitas barreiras a luz do sol ainda conseguia preencher intensamente o interior da caverna, que estranhamente tinha uma vegetação bem variada e de certa forma dando vida a um lugar extremamente mórbido. Com passos leves e curtos adentrava a caverna, percorrendo atenciosamente com seus olhos cada centímetro daquele lugar, então em meio aos sons de gotejados e entre as formações rochosas algo parece rapidamente se mover nas sobras. Deixando Heshikiri apreensivo, indo mais fundo acaba encontrando o que parece ser uma fonte natural, uma arquitetura natural e rustica, entralhada ao longo de milhares de anos por dilacerações, corrosões, abrasões mecânicas e algo mais. Era redonda com um alto e estreito pilar, nas extremidades havia sido entralhado na rocha figuras que pareciam gárgulas, no topo do pilar parecia um totem de morcego com uma expressão furiosa, de seus olhos e boca escoriam um denso liquido, que ganhavam um tom inesperado ao ser banhado pelos resquícios de luz do sol, um vermelho vivido e levemente escuro. O jovem Samurai sempre foi bom em se controlar, mas ao ver essa cena impulsivamente o belo e límpido azul de seus olhos dá lugar a um vermelho reluzente e esclera negras como um abismo, buscando manter a complacência fala com um tom surpreso: — Mas o que é isso... —

Durante seus primeiros passos no interior da caverna, Heshikiri conseguia notar a impaciência do morcego que se fazia presente em seu ombo. O bater de suas asas era irregular, como se estivesse comunicando-se com os seres que habitavam os arredores. O olhar do chunin era constantemente direcionado às silhuetas que se faziam presentes por todo o ambiente, principalmente ao topo da caverna, que mostrava-se pouco mais escuro que o normal, sendo apenas possível notar pequenas silhuetas dotadas de pelugem com tons pouco mais claros, porém iluminados.

- São os guardiões do jardim. - Proferiu a criatura humanoide transformada que acompanhava Heshikiri, ao perceber que a presença das criaturas suspensas poderia incomodar seu visitante. A flora do local era de certa forma anormal, mostrando a peculiaridade que fazia-se presente naquela caverna singular. Ao adentrar completamente na caverna, encontrava uma distinta fonte com características únicas. Era impertinente pensar na criação daquele monumento, fazendo-se inapropriado a pergunta ao morcego que o acompanhava. - Kuragari! - Expôs o nome, alçando voo do ombro do chunin, voltando à sua forma normal. Ao mesmo tempo era possível notar a rápida passagem de uma silhueta negra que se escondia pelas sombras da parte superior da caverna.

- Beba um pouco e peça permissão para falar com Kuragari. - A abominação apontava para a fonte de sangue à frente dos dois, sinalizando os próximos passos que deveriam ser traçados pelo ferreiro.

Os vultos que o cercavam começam a mostrar suas faces, um grupo de morcegos no mínimo peculiares, longas garras e uma pelagem que mais se aproximava de escamas com tons amarelados, as criaturas pareciam comunicasse entre si apenas se fitando e gesticulando. Hada no Nai os apresentava como guardiões, mais uma vez se maravilhava com cada detalhe que adquiria dessa camada dos seres vivos. Conforme avança nota que as criaturas que o rodeiam não fazem mais questão de esconder suas presenças, tem então um sentimento de milhares de olhos o observando atentamente. O cenário é banhado com uma paleta de cores extremamente viva e mórbida ao mesmo tempo, com espaços negros e sem vida e os vestígios do jardim que pareciam se estender por toda a caverna, ao centro um monumento poderia facilmente causar terror as pessoas mais bem treinadas.

Hada no Nai sai de seu ombro e retorna a sua forma original, as palavras proferidas pelo Samurai já eram automaticamente respondidas em sua mente e o reflexo disso era o tom que seus olhos ganhavam. O morcego humanoide exclamou um nome demonstrando não somente respeito como também medo, seguido de uma solicitação. Heshikiri sendo dotado de um carisma natural e amplo conhecimento intrapessoal, sabia que todas essas ações era um cortejo e que em momento algum a sua segurança foi afirmada. Sendo o primeiro o mais marcante e pode definir todo o futuro dessa relação, em um rápido movimento retira a jaqueta negra que o cobria e salta em direção a fonte, chakra é concentrado em seus pés conforme cai tocando as bordas do monumento, a forma de como seu corpo se movia era leve como uma folha voando em sentido ao vento. Estava agora vestido com uma regata branca e justa, seu corpo atlético de músculos definidos revelava a Hada no Nai o seu gênero na qual havia questionado no primeiro encontro. A cascata de sangue estava bem a sua frente, sem nenhum pesar começa a beber o liquido que em excesso passava escorrer por todo seu corpo, do interior da caverna sente uma lufada de vento que faz os cabelos balançarem, a luz do sol começa a se esvair a medida que o vermelho em seus pupilas se tornam ainda mais reluzentes na escuridão.

Com suas vestes ensanguentadas ele olha para o topo da caverna onde anteriormente havia visto uma silhueta se movimentar, sua expressão é séria e em momento algum pareceu retrair com suas ações, visando impactar sua presença e no mínimo despertar a curiosidade daquele chamado Kuragari, com sangue escorrendo de seus lábios o garoto fala: — Kuragari, requisito sua presença. — Mais uma vez suas palavras eram firmes e confiantes, mesmo sem possuir poder algum atualmente, tentava passar a ideia de que aquilo era um encontro de líderes. Buscava saber que tipo de mente estava acima daquelas criaturas, ponderando se de fato deve se unir aos mesmos ou se é só uma perca de tempo. No caso da criatura se apresentasse, de forma cortês faria o mesmo dizendo: — Me chamo Kamashiro Heshikiri do Clã Washū, Samurai de Tetsu no Kuni, Shinobi de Kumogakure, Ferreiro Iniciado. Compareço diante de ti com uma dúvida e certo viés de interesse, fui informado sobre ser selecionado para carregar o poder dos Koumori e aqui estou para obter os detalhes de tal chamado e principalmente os critérios utilizados para seleção. — A dúvida a qual Hada no Nai não o havia respondido, provavelmente por não ter essa informa, mas sabia que os critérios de seleção são profundamente importantes para saber o que desejam dele o que eles têm para ofertar.

Um par de olhos instantaneamente reluziam na escuridão da caverna, muito maiores do que os que anteriormente eram expostos, fitavam o Washu como se estivesse vendo não só seu físico, como também sua alma. Alçou voo pela escuridão, unindo-se a ela como se fosse parte do seu ser. - Iluminado! - A palavra recitada em tom ancestral ecoava pelas paredes da caverna, dita por um ser que suas intenções estavam longes da compreensão simplória dos seres que habitam o mundo iluminado. Uma revoada de morcegos agilmente se debateram por toda a extensão da caverna, produzindo grunhidos que podiam ser ouvidos em todo o seu interior. A criatura desconhecida ouvira o chamado do ferreiro, que nesse momento, se encontrava sozinho, abandonado por Hada no Nai.

- Kuragari - Mais uma vez conseguia perceber o vulto agilmente passando por sua visão, porém desta vez aproximava-se, pousando finalmente à frente de seu visitante. A criatura mostrava ter uma estatura corporal enorme, com presas afiadas e um imenso focinho semelhante ao de outros morcegos. Seu corpo era coberto por uma pelugem negra, diferente dos outros de sua espécie que habitavam aquela caverna em específico. - Responderei tuas dúvidas como uma forma de recompensar-te pelo ritual. - Após um longo período de pensar, começou a responder o que lhe foi indagado. - Somos denominados Koumori, um povo há muito exilado de seu mundo. Constituídos por uma sociedade de união e organização, mantemos nossa família em primeiro lugar. - Discursava a primeira parte de sua fala, parando subitamente antes de continuar. Seu tom de voz era sombrio, de certa forma rouco, e era facilmente notável a sua calma em sua abordagem. "Selecionado!? Critérios!? Hada no Nai, não me digas que o achou digno de nosso contrato?" - Pensou a criatura, que sondava os arredores enquanto pensava em usas próximas falas.

- Nossos motivos não serão revelados tão facilmente. Mas um contrato com nosso povo pode lhe trazer benefícios diversos, auto proclamado samurai. - Mais uma pausa era feita, dessa vez devidamente curta. - Se após tudo o que viu e o pouco que lhe disse sobre nós, você tiver o interesse de selar um pacto... terás que partilhar da carne conosco, para que assim um vínculo eterno seja criado. - Com isso o ser se tornou um com o silencio, finalmente abrindo o espaço devido para que Heshikiri pudesse se manifestar.

O vulto começava a ganhar forma, uma enorme monstruosidade negra se apresentava diante de Heshikiri, a luz escarçar tornava o ambiente com a presença de Kuragari ainda mais medonha, dignada de uma opera fúnebre diga-se de passagem. A sua voz soava diferente de tudo que já tenha escutado na sua vida, suas palavras soavam carregar anos e causam uma sensação atemporal no garoto que as ouvia atentamente. Se intrigava principalmente com a escolha de palavras como “sociedade”, “união”, “organização” e “família”, cada frase que saia da boca daquele morcego revelava um pouco mais sobre como funcionam as coisas para os Koumori.

Mesmo não sendo respondido passou a ver de fato um potencial para aqueles que o cercavam, principalmente depois da aparição desse ser enorme, sua hesitação sobre se unir a eles foi completamente obliterada. Porém além da requisição de Kuragari, foi exigido algo mais para se unirem, “partilhar a carne” e criar “um vínculo eterno”. Novamente as palavras eram chamativas, sabia muito bem o que lhe foi solicitado e não seria problema algum para ele, mostraria o maior dom que receberá de seus país. Puxando a alça esquerda de sua camiseta regata, exibia seu trapézio com uma expressão seria em seu rosto: — Só não me arranque o pescoço, faremos esse pacto e partilharei com vocês um pedaço da minha carne e sangue. — Mantendo o tom firme, dá uma breve pausa e continua: — Juntos perpetuaremos grandeza na terra que lhes exilaram e caso queiram um pedaço dela, sejam úteis que um lugar ao sol não os faltará! — Inclinava a cabeça um pouco a direita mostrando que já estava pronto, no caso de as criaturas exigirem naquele momento a sua carne.

A coragem do ferreiro era admirável, assim como sua visão avançada para com seres tão anormais. Aceitou de bom grado a oferta que lhe era dada, sem questionar ou pensar por mais de segundos. - Lhe seremos nada menos que perfeitos. - A grande criatura lançava as últimas palavras, que ecoavam pelas paredes da caverna, alçando voo logo em seguida, voltando a mesclar-se com as sombras. Sua oração servia como confirmação de que aquele pacto poderia enfim ser selado. Hada no Nai ressurgiu das sombras, em sua forma original. Aproximando-se calmamente de seu novo mestre. - Sabia que não tinha errado em escolher você! - Afirmou a criatura, que não poupou tempo ao se posicionar ao lado de Heshikiri.

- O pacto está selado! - Era o que a criatura tentava dizer, enquanto mordia firmemente a carne de seu mestre. Suas grandes orelhas impediam a visão de Heshikiri sobre seu ombro, e por isso permaneceu cego ao que acontecia com seu corpo. Hada no Nai afastou-se logo em seguida, com seu rosto banhado em sangue. - Chame-nos sempre que for necessário. - Falou, limpando o sangue alheio presente em seu rosto com seus braços. Acenou com a cabeça para Heshikiri, mostrando certo respeito.

A mordida da criatura deixaria uma cicatriz de tamanho moderado com o tempo, próxima ao pescoço. - Isso te torna um de nós. Não ouse nos desonrar! - Apontou para a ferida ainda aberta, simbolizando o que falava. O que tinham a fazer naquela caverna peculiar já fora feito, o pacto estava completo, e as apresentações já haviam sido feitas. Após qualquer dúvida que Heshikiri viesse a ter, a hora de partir chegaria.

Estava agora como um observador, escutando ada palavras que pronunciavam e ainda estarrecido com tamanha particularidade que aquelas criaturas possuíam. Aquela imensa criatura desaparecia entre as sombras assim como surgiu, a maneira como eles se movimentavam suava ao mesmo tempo que natural, era anormal. Hada no Nai se aproxima e mais uma vez revela um pouco mais sobre seu povo, ele havia me escolhido, então seria com aquele ser que poderia ter repostas. Mas não agora, Kuragari deixou claro que não cederiam informações de mão beijada. Conforme o homem morcego chegava mais perto ele quase sentia o que sucederia, em instantes seu corpo estaria sendo levemente mutilado, os dentes de Hada no Nai rasgavam sua carne e o sangue escorria por toda a camiseta de Heshikiri, ganhando uma coloração vermelho-bordô. Mesmo com dificuldades conseguia entender as palavras que o morcego falava, “o pacto está selado”. Esse não pode ser o início da histórias, porém em qualquer romance que já leu em sua vida, todo o que acontece após isso é no interessante, a forma como eles age reafirmavam a sua certeza de que esses aliados seriam muito uteis e apenas a sua primeira conquista no quesito aliados.

Quando Hada no Nai termina e lança uma advertência, em reposta Heshikiri diz: — Não se preocupe, escutaram que sou um Samurai. Um das minha sete condutas é a Honra(名誉), seguida pela Lealdade(忠), em breve vocês também agiram por elas sob meu comando. — Com seus olhos ainda reluzindo em escarlate, a mordida começa a se regenerar rapidamente, o garoto fez esforço apenas em suprimir o suficiente para deixar um resquício daquela mordida como cicatriz, mesmo tendo noção que aquela marca naturalmente sumiria em não muito tempo. Retira a camiseta e com ela retira o excesso de sangue em seu corpo, desce das bordas daquela fonte e vai pear a sua jaqueta ao chão, ficando de costas ao homem morcego ele se despede: — Até nosso próximo encontro, espero que em tempos amistosos... — Caminhava lentamente até a saída, o sol já tinha se posto a dormir e talvez ele devesse fazer o mesmo, mas distante da vila o céu sempre parecia mais brilhante e chamativo. Com facilidade escalou a montanha vizinha a qual aquele caverna se oculta, chegou ao topo rapidamente. Observou toda a imensidão e o horizonte sendo banhado pelo brilho prateado da lua, a magnifica visão daquelas montanhas e pico lhe enchia os olhos que voltavam ao azul regular. As nuvens nesse horário são mais baixas e por isso parece que seu movimento é mais rápido, uma fina bruma tomava conta por baixo das nuvem, a luz emitida pelo brilhante satélite parecia ainda mais marcante quando reluzia por todo aquele ambiente que davam um tom místico ao final desse dia. Pensou em descansar, mas o momento não era propício a isso, nesse instante estava equilibrado com apenas um dos seus pés em uma fina ponta de rocha, era um dos lugares mais altos do local. Parou ali por alguns minutos e logo com longos saltos se movimentava de forma rápida e frenética em direção a sua residência que ficava no arredores próximos da vila.

Vozes tomam conta do cenário, o barulho do vento é cortado por aparentemente uma discursão de duas pessoas. O primeiro pensamento de Heshikiri seria ignorar e voltar para casa, mas tendo em mente que a ultima vez que encontrou algum nas montanhas teve o prazer de ser um usuário de Hyoton a qual se ajudaram a progredirem mais em seus objetivos, fez com que tomasse um pouco do seu tempo para tentar observar discretamente aqueles que se aventuram para aquelas bandas. Ao se aproximar se ocultaria entre as sombras formadas nas protuberâncias rochosas dos picos e montanhas, vendo uma dupla se separar. Se interessando principalmente naquele que arduamente escalava a montanhas, buscava ver até onde ele poderia chegar e qual o seu limite.

No caso daquele homem deslizar ou vacilar, o jovem Kamishiro partiria em seu socorro, saltando em sua direção e o segurando em seus braços para desce-lo em um lugar segura, o capuz de sua jaqueta se manteria cobrindo boa parte do seu rosto. Porém se em momento algum o mesmo não cometer algum erro e apenas se cansar ou começar a hesitar, o shinobi se revelaria para o mesmo, baixando o capuz e exibindo seu rosto, em seguida falando: — Creio que o que procurava aqui neste local não seria digno de seus esforço. Mas devo dizer que este é um lugar bastante curioso para procurar por alguém. — Lembrava-se da discursão inicial entre os dois homens, o rosto de Heshikiri não expressaria emoção alguma em ambos os casos, seus olhos eram inexpressivos e além do intenso azul que lá resguardava eram quase como se estivessem vazios, pois para aquela criatura presente não sentia nenhum interesse real, apenas uma pequena curiosidade saudável – ou não –.

Apesar de sua aparência o homem não vacilou durante a escalada, notando que ele não hesitaria Heshikiri se apresentou e conforme tirou o capuz viu uma expressão no mínimo nojenta. A forma como aquela pessoa lhe observava o fez lembrar de traumas antigos, remetendo ao dias em que viveu ao lado de Sílaba – um Jashinista dissimulado –. Naquela época houve dias que desejava nunca ter nascido, a qual mesmo tomando inúmeros banhos em banheiras luxuosas ainda o fazia se sentir sujo. Noites a qual teve a pele em seus braços mutiladas por suas próprias unhas, o sentimento de impotência que o mantinha acordado até o nascer do sol. Conforme aquele homem se aproximou mais deles, sentiu um nó na garganta e um zumbido em seus ouvidos, todas as emoções negativas que já sentirá ressurgem como um baque, sua voz se esvaiu e uma profunda amargura tomava conta de seus movimentos.


Aquele pervertido possivelmente só veria os joelhos de Heshikiri se curvarem levemente, em extrema velocidade realiza vários cortes por toda a dimensão do corpo do homem. Iniciando os ataques pelas pernas, as laterais do pescoço também eram mutiladas. Os ataques seriam o suficiente para não o matar de vez, visando incapacitar o inimigo e fazê-lo sangrar por um bom tempo antes de falecer. Aquele pedaço de carne em sua frente já estava longe da idade de se aproximar dessa forma em crianças de 13 anos, Heshikiri tinha total capacidade de se defender, mas e se fosse outra pessoa? Não deixaria alguém assim caminhar livremente, pois sobre tais ameaças são sempre os menos afortunados que sofrem.

Naquelas montanhas remotas e inóspitas, tinha conseguido não só alimentação como também um fantoche para experimentação. Praticaria então sua arte ninja em foco a causar danos, o treino duraria até a última gota de sangue escorrer daquele corpo. Não importa o que sua refeição venha a dizer, ele ignoraria completamente como se as palavras proferidas não fossem nada além de um grunhido de porco. Colocando a sua espada novamente na bainha, seus dedos começam a emanar chakra e com um olhar frio diz ao homem: – Nunca me ensinaram a não brincar com a comida. – Utilizando 2 metros de fios amarra as mãos e os pés, começando uma verdadeira bateria de testes queimando a pele da cobaia com um fuinjutsu, busca entender mais onde poderia aplicar esse estilo de Jutsu. Devido a forma como o pervertido o observou, iniciou pelos olhos, queimando as pálpebras até chegar no globo ocular. Afim de entender o tipo de queimadura provocado pelo Fuinjutsu, após longas aplicações concentrava chakra no estômago e cuspia uma rajada de vento para observar se ameniza as queimaduras além de adquirir um controle melhor sobre suas próprias técnicas. Não necessitando muito para adquie4o conhecimento suficiente devido a sua incrível capacidade de aprendizagem.

Após finalizado o sangue escorria montanha abaixo, sentindo o aroma dos líquido escarlate alguns animais carniceiros começam a o rodear, para evitar concorrentes devora em instantes aquele corpo destroçado, mesmo não gostando muito de carne gordurosa. Retornaria então para sua casa.

A primeiro instante pensou em retornar para sua moradia, entretanto não estava se sentindo confortável o suficiente para passar uma noite naquela mansão. Nesse momento precisava de companhia e Odatta-tono está cada vez mais inacessível, partia então ruma a casa de sua mestra de forja, Mary. Retomando para o objetivo principal do dias, a produção do equipamento que até horas atrás era a única coisa que pairava em sua mente. Tudo o que precisa é de uma distração e uma boa conversa, o caminho passaria por dentro da vila e talvez todo esse sangue em sua roupa chamasse atenção, mas a essa hora da noite aqueles que se a aventuram as perigosas ruas da periferia são sempre bêbados ou encrenqueiro, com certeza nenhum deles chegariam perto de Heshikiri naquele estado e com suas armas a vista.

Já familiarizado com o caminho os grafites singulares haviam se tornado praticamente setas indicando a localização da casa da mulher, no dia que apagarem isso – se apagarem – o garoto com certeza poderia se perder facilmente naquelas ruas estreitas e de casa similares, a qual um dos fenômenos mais interessantes aconteciam, a arquitetura de boa parte das casas começavam a se tornar mais singulares em comparação a utilizada em Kumogakure, o jovem Biajoni não sabia, mas boa parte dos refugiados de vilas destruídas haviam conseguido moradia naquelas favelas, que devido a isso ganhavam uma identidade própria. Ele se aproxima daquela grade de ferro familiar, bate palmas e grita não muito alto: – Preciso de um Guarda-Chuva! – Pouco minutos após isso, consegue ver luzes pela janela daquela casinha depois do quintal, então uma silhueta feminina passa é o som de uma fechadura abrindo.