O som do despertador disparava como a sirene de uma ambulância, cada vez mais alto, no inicio apenas vibrações, mas em cada toque do despertador seu barulho aumentava gradativamente. – Só mais um pouco...! – Resmungava o Kumonin, caindo da cama de cara para o chão, mas antes de quebrar seu nariz no solo de madeira, apoiara a mão para impedir o impacto com solo. – Por quê. Raios. Essa Lata. Velha. Esta. Despertando... – Questionava-se pausadamente, quando sua mão voava sobre o aparelho o lançando na direção da parede com tanta força que o espatifava todo. Quando o jovem sem blusa e calça, apenas de cueca se levantava, olhou para cima da cômoda de madeira, na qual tinha suaves detalhes de pura madeira envelhecida e cheiro do campo e percebeu que ele mesmo escreveu uma carta para si. Ao pegar a carta fitando ela com os olhos arregalados e cobertos de remela, ele lê.

"Amargo, a garota que cuida da floricultura agora é uma Kunoichi (ninja) médica muito atarefada, não se esqueça de cuidar da Floricultura enquanto ela estiver fora, você prometeu ajudar"

Amargo então se vestiu e se dirigiu a floricultura prontamente. Quando chegou e observou a floricultura por alguns segundos, viu que teria bastante trabalho para tratar, o jardim tinha ervas daninhas. As ervas daninhas estavam espalhadas por toda parte, as flores e rosas estavam queimadas, enrugadas e murchas, Amargo chegou ate a imaginar que a tal "garota" poderia ter feito algum mal para aquelas flores e rosas. O solo do jardim parecia um chiqueiro de porco, o odor era terrível, parecia com leite azedo.

Amargo tratou de pegar uma sacola e ir tirando manualmente as ervas daninhas, algumas muito resistentes, foi preciso usar instrumento como uma pá para remover. O ambiente não possuía ar condicionado, o suor de Amargo respingava sobre a floricultura à medida que ele rançava as ervas, após tratar de boa parte as únicas coisas que passavam em sua cabeça era, água e mais água, sua expressão havia mudado desde que começou a tratar do jardim, agora apático e sem fisionomia nenhuma, sua pele avermelhada era sinal que aquele lugar não estava sendo nada generoso com ele, isso que retirou sua jaqueta logo no início dos afazeres, agora estava prestes a tirar a blusa por baixo.

– Como alguém permitiu essa situação chegar a esse ponto. – Ficava pensando à medida que terminava de retirar as ultimas ervas, arrancava elas como se tivesse decapitando alguém com fúria e vigor, o suor percorria seu rosto e encharcava sua blusa, deixando-a visivelmente molhada, a decisão não foi difícil de ser tomado, logo ele pegou e tirou a blusa, colocando-a em volta da sua cabeça e amarrando-a. – Vai ficar melhor assim.

O sol já baixava e a tarde chegava ao seu fim, a luz emitida pelo sol era de um tom laranja escuro e o vento cada vez mais fluía. O local começava a ficar arejado, Amargo tinha em sua mão o cabo de uma inchada tratando o canteiro da floricultura, e deixando o terreno plano para o plantio, no fim da tarde ele conseguiu terminar o canteiro. Seus lábios estavam ressecados e ansiava por um gole de água, seu rosto estava avermelhado, mas na sua mente somente desgosto e raiva por terem tratado com tão descaso a propriedade, tentando desempenhar sua missão da maneira mais descente possível. Já era o fim da tarde e a noite chegava o céu ficou coberto por estrelas e o vento forte que soprava vindo do sul, um clima completamente diferente do anterior, agora fazia frio e o frio atingia a espinha dorsal de Amargo, fazendo subir um arrepio por toda parte do seu corpo deixando os poucos cabelos em pé.

– Preciso de uma pausa... – Era tudo que Amargo pensava quando se acomodava no muro da floricultura com um pedaço de graveto na boca, se aconchegava sobre sua jaqueta de couro, colocando sua mão atrás da cabeça e repousando sua nuca, seu olhar para as estrelas emitiam um sinal de cansaço suas pálpebras iam fechando aos poucos, seu corpo estremecia e amolecia bem aconchegado já vestindo sua blusa branca e se debruçava e já pegava em um leve sono, quando a Kunoichi retornou.  

– Olá! Vejo que tratou minha floricultura, fico muito grata por isso. – Indagou a garota. – Fique a vontade, passei a tarde toda cuidando. Agora eu vou nessa, se não precisar mais de mim. – Respondeu Amargo, com um sorriso no rosto, de quem tinha sentido um enorme prazer com a realização da missão. – Claro. – A garota assentiu positivamente, pagando o Kumonin pela missão e o liberando de suas responsabilidades.