A noite anterior, que era para ser fria e solitária acabou tornando-se uma experiência peculiar. Chi Long Qua passou a noite toda pensando no encontro com o médico-cientista e chegara até a sonhar que enxergava novamente, ocasionando em um despertar prematuro pela manhã. Era um horário diferente do que estaria acostumado a acordar, mas já havia passado da hora. Pois mais um pergaminho convocando-o para uma missão chegara em sua casa, entretanto, como aparentava tratar de algo importante o seu pai deixou que descansasse mais um pouco. Inquieto, o pai adentra ao quarto filho e começa a ler o conteúdo do pergaminho para o mesmo. Desta vez o pergaminho era diferente, apenas constava que o menino deveria apresentar-se no gabinete da Hokage. Isto gerou desconfiança da parte de seu pai, pois suspeitava que o filho pudesse estar fazendo algo de errado durante as noites que saia de casa. É claro que isto não passava de preocupação parental, nada mais normal. Deixando para trás seu chapéu de palha, o garoto partiu e despediu-se de sua família indo em direção do gabinete.

A caminhada foi rápida, o garoto sentia-se ansioso para finalmente conhecer a tão famosa Hokage. Gostaria de agradecer pessoalmente o reconhecimento dado a ele, que apesar de cego estava sendo convocado para realizar missões pela vila. Adentrando ao prédio cuidadosamente, sempre usando seu pé para verificar se não havia algo que pudesse fazê-lo tropeçar, acabou sendo contido por dois guardas. - "Quem são vocês?! Eu fui convocado! O que estão fazendo?" - fora repetindo isto simultâneas vezes até que fosse levado até a sala. E enquanto era conduzido não obtinha nenhuma resposta, o garoto sentia-se aflito.

Foi posto em uma sala e só identificou que era um outro local reservado com o fechar da porta. Foi aí que o interrogatório começou, eles já sabiam seu nome. - "Tudo o que eu sei sobre este relacionamento é o que meu pai lia para mim em seus livros, pelo o que ele lia, parecia uma relação pouco conflituosa. Nunca pesquisei a fundo, pois não sei ler. Pelo menos não do método usual. Qual o objetivo disto? Eu preciso estar no gabinete da Hokage agora mesmo! Fui convocado!" - respondeu de forma brusca.
 

 

Forçado a sentar na cadeira, finalmente começara a perceber que deveria aquietar-se. Concentrava o seu ouvido nos passos das pessoas que ali estava com ele, para que pudesse identificar onde posicionavam-se. Passara na sua cabeça naquele momento que se corresse perigo, provavelmente já estaria morto. Portante, isto o auxiliou a acalmar-se. Decepcionado ao saber que não era naquele dia que conheceria a Hokage, apenas fora captando as informações que lhes eram concedidas. - "Missão?! designada pela Anbu?!" - pensou.

- "As chances dependerão da forma que você me guiará pelo caminho até o templo. Afinal, como você pode ver, eu não consigo enxergar nada. E não estou familiarizado com o caminho, talvez um mapa bem elaborado me auxiliasse." - argumentou com a voz que ecoava pela sala. O jovem era ingênuo demais e acreditara que alguém o guiaria, mas no fundo tinha consciência que teria seria apenas ele e sua audição. Enquanto mantinha-se sentado estaticamente na cadeira, começara a elaborar algum plano caso tivesse que partir sozinho para o templo.  
 

 

A réplica já era esperada, o jovem era ingênuo demais. Nunca havia saído de Konoha, mas agora seria necessário. Aquilo não se tratava mais dos antigos treinos com seu querido pai, era algo grande. No fundo, sentia-se feliz por estar sendo requisitado mas não esperava tal abordagem. Quando seu punho fora puxado, abriu sua mão imediatamente e começou a tatear o mapa. Os traços em alto-relevo facilitaram a sua análise, tais traços lembravam o sistema de escrita que estava elaborando. Sua mão deslizava por cada detalhe, imaginando e relacionando as informações em sua cabeça. Não passara muito tempo em análise, pois teria sido concedida a permissão de carregar consigo o mapa.

- "Um futuro aprendiz?.. me parece um disfarce honesto." - pensou. - "Despir-me aqui?!" - sentia-se incomodado com a situação de trocar a roupa na frente daquelas pessoas. Mas já estava ciente que não tinha como contra-argumentar com aqueles sujeitos. Seguindo as ordens, deixou o seu kimono sobre a cadeira que havia sido forçado a sentar e sobre ele deixou sua bandana. - "É melhor que eu não a carregue comigo por aí. Cuidem dela, por favor." - afirmou. Vestido como um monge, o garoto esperava a permissão ser concedida para que pudesse sair da sala e ir em direção ao templo. O mapa já encontrava consigo embaixo de suas vestes junto com sua bolsa de armas, nunca se sabe o que pode acontecer.

Planejava usar a sua cegueira a seu favor, para parecer inofensivo parente a olhares desconfiados. Chi Long Qua também não tinha nenhuma marca de nascença que o denunciasse, logo não estava preocupado com isto. O lhe preocupara inicialmente seria o caminho, no início de sua análise através do tato lhe parecia que deveria pegar uma estrada aberta. Mas haviam garantias vinda da voz ecoante que ninguém lhe perturbaria munido com aquela vestimenta. Tentava acalmar seu turbilhão de pensamentos a cada instante, para não transparecer a sua aflição. O que lhe confortara também, além do mapa, era o fato de ter uma excelente audição. Estaria sempre atento aos sons no seu redor, para que não possa ser surpreendido por ninguém. Caso saia da sala, caminharia até a estrada citada para que começasse a sua jornada até o templo.
  

  

O clima não estava ajudando-o naquela jornada, mas sabia que precisaria chegar no objetivo e cumprir a missão. Se deparava com uma infinidade de sons diferentes durante o trajeto. Alguns besouros, sons de pássaros, parecia que a natureza estava guiando-o. É evidente que aquilo não era verdade, mas a diversidade de sons detectados lhe encantava. Sentia-se como se estivesse descobrindo o mundo mais a fundo. Seu suor pingava através de seu queixo, hora gotejava a sua vestimenta e hora gotejava nos seus próprios pés. Suas passadas eram largas mas não tão rápidas, decidira aumentar o ritmo ao amanhecer do próximo dia.

Repentinamente, escutara um som que não parecia a natureza falando consigo. Na verdade, tal som calou a natureza e se aproximara do garoto. Tratavam-se de sete cavaleiros em marcha de alta velocidade, pareciam apressados. Mas não esboçou reação, confiou na palavra da voz ecoante de outrora que relatou que ninguém lhe faria mal munido com aquela vestimenta monge. Além disso, como estava caminhando à beira da estrada, passaram ao seu lado rapidamente sem ao menos notá-lo, o que lhe aliviou.  - "Será que estão indo para o mesmo lugar que eu?" - perguntou-se. Chi Long Qua sabia que havia caminhado pela maior parte do dia, tinha consciência que iria anoitecer a qualquer momento.

Não tardou para o sol começar a se por e com ele, algo que parecia uma carruagem se aproximara. Sua audição havia detectado novamente o som desta se aproximando, estava em baixa velocidade, diferente dos cavaleiros que havia escutado mais cedo. Quando a carroça parou, continuou caminhando vagarosamente até que escutou a pergunta. - "Olá, estou bem e como vai você? Estou a caminho do templo do fogo. Poderia ajudar um pobre cego, dizendo se ele está indo no caminho certo?" - respondeu virando-se em direção da voz ecoada. Mostrava respeito e prestou uma reverência ao cidadão que lhe fez a pergunta. Demonstrou fraqueza para que não desconfiassem que tratava-se de um ninja. - "À propósito, para onde o senhor está indo?" - indagou. Seus ouvidos estavam atentos a todo momento, estaria pronto caso fosse atacado.
  

  

- "Hilda? É um nome bem peculiar para dar-se a um animal..." - pensou. Chi Long Qua realmente não tinha certeza se estaria no caminho certo, mas sentiu-se feliz ao ser informado que estava na direção certa. Esboçou um sorriso de canto de rosto e agradeceu, reverenciando o condutor da carroça mais uma vez. Ouvia atentamente a voz ecoante, refletindo a cada palavra proferida. Tentara identificar verdade em suas palavras, se é que aquilo era possível. Pelo que fora relatado, pareciam haver mais pessoas dentro da carroça. O jovem só percebera após ser informado, passando a concentrar a sua audição para tentar detectar a presença destas pessoas.

- "Gostaria muito de vossa companhia, caro amigo. Talvez Hilda seja mais rápida que a minha caminhada!" - brincou. - "Poderia me ajudar a subir na carroça?" - o jovem poderia subir tranquilamente, mas queria manter as aparências. Ergueu o seu braço direito até a cintura para que o condutor pudesse segurar o seu braço e levá-lo até a carroça. Isto é, se ele correspondesse com a ação. Pretendia sentar no lugar vago da carroça e continuar viagem normalmente. Para precaver-se de qualquer ataque futuro, prepararia um Kawarimi durante todo o percurso na carruagem. Caso estivesse seguindo viagem dentro da carroça, perguntaria para quebrar o gelo: - "Por vocês também passaram cerca de 5 pessoas cavalgando mais cedo? Eles passaram por mim em alta velocidade, fiquei muito assustado! Por um momento achei que seria atropelado, sorte que eu estava à beira da estrada." - indagou, falara cinco pois não sabia a quantidade ao certo. Apenas chutou a quantidade. Sua audição estava concentrada a todo momento e tentara manter-se sereno para não criar nenhuma má impressão.
  

  

Dentro da carroça, não sentia enjoo mas o balançar o incomodava sutilmente. A quebra de gelo ganhou uma nova utilidade, tentar-se distrair do sacolejo. Surpreso com a descoberta que uma das outras pessoas estariam ali era uma mulher, provavelmente uma senhora de acordo com o seu tom de voz. Seu tom de voz traria consigo maturidade de uma vida experiente, entretanto era cedo para notar se traria consigo sabedoria. - "É verdade, não havia pensado nisso. É impressionante como Hilda aguenta o tranco, deve ser uma carga muito alta para ela." - mostrava humanidade para o grupo de comerciantes. A pergunta feita a seguir mostrava curiosidade por parte da senhora, Chi Long Qua conseguiu a atenção de uma das pessoas e era o que ele planejava desde o início.

- "Como pode ver, senhora. Eu sou cego, esta limitação me fez reprovar em todos os testes ninjas possíveis. Digamos que o mundo ninja não é amigável com pessoas com minha deficiência. Nunca pensei em ser assassino pelo mesmo motivo. Quero seguir um caminho espiritual, por isto decidi ser monge..." - respondeu a pergunta sutilmente. - "E a senhora, por que decidiu ser comerciante?" - o garoto tinha intenção de manter o laço de curiosidade estabelecido entre eles. Por precaução, ainda mantinha seu Kawarimi preparado caso fosse atacado de repente. Não iria abaixar sua guarda até ter certeza que estava seguro naquela carroça. - "Quando tempo ainda vamos demorar..?" - pensou.

  

  

- "A vida me fez assim.." - tal frase ecoou em sua mente por toda a viagem. Refletia sobre sua vida e pelos momentos que ruins que conseguira superar no passado. De fato, Chi Long Qua estava exausto e precisava dormir. A precaução não parecia necessária, aquelas pessoas pareciam inofensivas e normais. Apenas fez um gesto positivo com a cabeça, concordando com sugestão da senhora e encontrou o seu espaço para dormir sem incomodar os outros que ali estavam. A noite não foi das melhores, mas teria que se acostumar a dormir nas piores condições possíveis. Dormir dentro de uma carroça junto a tanta gente em pouco espaço não era nada confortável, muito menos com o sacolejo que esta fazia.
  
Acordara sentindo o cheiro forte de café misturado com cheiro de fumaça que espalhava-se pelo local. Por um momento chegou a pensar que a carruagem estava pegando fogo e havia sido atacado, mas não passava de paranoia. - "Chegamos?!" - pensou. Apresentou dificuldade para sair da carroça, para não chamar tanta atenção. Fora tateando a porta, sentando sob o chão da mesma e usando uma das pernas para tentar alcançar o chão. Fez isto com muita cautela e moveu-se em direção do cheiro que sentiu anteriormente. - "Ah, obrigado! Vocês são muito gentis!" - agradeceu.

Chi Long Qua estava faminto, foi impressionante a velocidade de devorou a comida. Além da pressa para continuar a missão, era natural que devorasse a comida pois não havia comido nada desde que saiu de Konoha. - "Muito obrigado, senhoras e senhores. Espero encontrá-los novamente e retribuir seus favores a altura!" - agradeceu à todos curvando-se levemente para frente e esbanjou um largo sorriso. Chegara a hora, solicitou que um dos viajantes lhe indicasse a direção até o portão e finalmente adentraria o templo de fogo. Felizmente o portão estava aberto, não precisou planejar algum tipo de invasão sorrateira. Tudo indicava que aceitavam viajantes constantemente.

Ciente de que precisava manter-se pelas dependências do templo por um curtíssimo período de tempo, precisava encontrar alguém que lhe fornecesse estadia. Como estava vestido como um monge, seria fácil de atrair atenção ao mesmo. O disfarce era impecável, apesar de estar levemente amassado e suado, mas isto o era um indicativo de longa viagem. Era provável que algum monge compadecesse com sua situação e lhe acolhesse. Caminhando através do portão, tentara captar algum som com sua audição para que pudesse abordar pessoas na entrada do templo. Não demorou para que captasse um mantra com seus ouvidos vindo do monge líder que estava à frente da estátua do Buda. E fora andando até ele, mas sem fazer muito barulho pois não queria causar uma primeira impressão ruim.

- "Er... bom dia senhor... perdão.. fiz uma longa viagem, o senhor poderia me indicar algum lugar para ficar? Preciso muito de um banho..." - disse o garoto-monge que não tinha como não interromper a sessão de meditação do monge-líder. Se a estadia lhe fosse concedida, iria tomar um rápido banho e voltar a analisar o mapa novamente para tramar uma rota de fuga. Queria coletar as informações e sair sem ser percebido, usaria sua velocidade máxima para tal. Pelo silêncio da entrada era bem provável que isto favorecesse sua audição. Antes mesmo de anoitecer e após definir a sua rota de fuga, iria caminhar pelo templo para que pudesse ter algum indício de onde aconteceria essa reunião. A ideia era simples, iria concentrar seus ouvidos em fofocas, cochichos, conversas que nem todos possam ouvir dentro dos corredores do templo de fogo. Caso não encontrasse nada, ia encostar sua cabeça nas paredes do templo para tentar captar o que viria de dentro das salas. Se isto não adiantasse, voltaria para seu quarto antes de anoitecer e deitaria-se sob o chão. Encostando seus ouvidos no chão do quarto, tentaria captar sons de passos. De preferência, sons de muitos passos em um lugar só. Pois seria indício de um lugar com grande quantidade de pessoas e provavelmente, uma reunião estaria acontecendo neste lugar.
  

A maioria de suas tentativas haviam falhado à priori, isto acabou frustando-o. - "Por que essas pessoas não fofocam?! É assim que é a vida de um monge? Em Konoha eu saberia de tudo tão rápido..." - pensou, naquele momento batera um momentâneo sentimento de saudade de casa. Como perambular pelo templo não adiantara e esta atitude não lhe concedera nenhuma informação, usava aquele momento para contar os passos da estátua de Budha até as suas acomodações. Alguma coisa ele teria que aprender com aquilo, não queria que sua tentativa fosse absolutamente infrutífera. No caminho para o quarto, tentou colocar a cabeça encostada na parede para escutar o que elas diziam e também não obteve êxito. Ainda tinha uma carta na manga, antes que pudesse aceitar de vez o sentimento de incapacidade. Chegando ao seu quarto, fecharia a porta imediatamente e deitaria-se no chão. Sua intenção era concentrar a audição para que pudesse escutar um amontoado de passos.

Quando parecia o fim, o garoto conseguiu detectar sons de cascos de cavalos novamente. Estava bem familiarizado com tal som por conta de sua longa viagem. Tinha certeza que aquilo eram cavalos e que pararam de cavalgar assim que adentraram o templo. Não demorou para que seus ouvidos detectassem outro tipo de som, era bem distante e só passou pelo seu filtro por ter tal dom. Eram sons de passos vindo do alto do templo, aquele mesmo templo que ficara acima da estátua de Budha. - "São eles, só podem ser eles. A reunião vai começar.." - refletiu. Como havia contado os passos da distância da estátua até o seu quarto, sabia que havia muito terreno e não podia simplesmente atravessá-lo sem ser visto para bisbilhotar a conversa. Os segundos se passavam e Chi Long Qua começava a colocar a sua mente para trabalhar, querendo encontrar uma forma de se aproximar sem ser visto.

- "Eu poderia usar Doton... é boa ideia! Mas, pera... eu não sei nada que possa me ajudar nesse sentido. Hmmm droga... Taijutsu não me ajudará aqui. Não entendo nada de Genjutsu... não sei o que fazer.." - conspirava em sua mente. Levantando-se do chão, começara a tatear as paredes do quarto até tentar achar uma janela. O que não demorou muito a acontecer, afinal o quarto não era grande. - "Eu poderia sair por esta janela... mas como?" - o jovem parecia intrigado. As veias da sua testa pulsavam naquele momento, sabia que cada segundo era precioso naquele momento. - "Como eu queria ser um gato nessas horas...... o que? É isso!" - Chi Long Qua agachou-se perante a janela e usou suas duas mãos para tateá-la de forma que pudesse identificar a distância do chão até a abertura. E começou a executar selos com suas mãos para transformar-se em um gato. Já havia visualizado um gato através de seu tato, era mais fácil transformar-se em um gato do que em um humano devido o gato ter menos detalhes do que um humano normal. E como a única cor que conhecera era preta, devido a escuridão de sua vista, o transformou-se em um gato preto.

Sabendo a distância que teria que pular do chão de seu quarto até a janela, o menino-gato pulava sob a abertura mantendo-se sob o batente. Para manter as aparências, espriguiçava-se na borda da janela enquanto abria a sua boca e começava a preparar-se para ir descendo até o chão. Sua intenção era ir andando pelo chão até chegar a parte inferior do templo onde estava ocorrendo a reunião. Durante a sua caminhada, ia cheirando o chão e usava sua audição para tentar detectar o que estavam conversando simultaneamente até saber que estava em uma boa distância para ouvir a conversa e não ser detectado. Sabia que não poderia se aproximar tanto, portanto de acordo com o que ia escutando ia decidindo qual a melhor posição que deveria estar abaixo do teto do templo. Como estava na forma de gato, no térreo do templo e posicionou-se exatamente desta forma e começara a ouvir a conversa. Por precaução, também prepararia um Kawarami caso entrasse em apuros e fosse detectado de algum jeito.

Caso aquela distância do chão para o teto não fosse suficiente, concentraria chakra em na sola dos pés e escalaria uma das pilastras que sustentavam o teto do templo. Subindo até o lado oposto em que eles estavam, a parte de baixo. E claro, faria tudo isto na forma de gato preto. Mantendo uma emissão constante de chakra tanto para os pés como para a transformação, faria o possível para manter-se naquela posição para que pudesse ouvir todas as informações daquela reunião. Neste caso, ainda manteria seu Kawarimi preparado caso estivesse com problemas.

  

  

De pé na parte oposta do teto, o garoto-gato conseguira ouvir apenas trechos da reunião. Concentrava-se e ia armazenando cada palavra ecoada da boca dos traidores. Nenhum nome foi ouvido, o que dificultaria a identificação dos responsáveis deste ato. Mas sabia o que estavam planejando mesmo com a pouca informação concedida. - "Os Jashins? O que seria isso?" - perguntava-se mentalmente. - "Eles conspiram para destruir Konoha. E parece que não demorará para o plano dar-se início." - Chi Long Qua parecia preocupado mas fazia todo o seu esforço para manter-se grudado à parede, manter-se em forma de gato e ouvir toda aquela conversa. A única voz que não conseguira escutar até o momento pronunciou-se denunciando a presença de seres indesejáveis naquela reunião. - "Me descobriram" - mas sabia que tinha uma janela de tempo para agir.

Assim que o homem que percebera sua presença finaliza sua pergunta retórica, Chi Long Qua utilizaria o Kakuremino para camuflar-se diante da escuridão da parte oposta ao teto. Estava ciente que era tudo muito escuro, não havia iluminação e seria muito difícil de localizá-lo ali. Utilizando o fato da parte oposta estar tomada pela escuridão. Manteria-se estático na mesma posição e camuflado até que o homem decidisse que aquilo era apenas paranoia de sua cabeça. A ideia era simples, quando o homem descesse até o chão do teto, haveria apenas breu total. Long Qua manteria sua audição concentrada tanto na conversa caso ela continuasse a ocorrer, quanto no homem desconfiado e deixaria seu Kawarimi pronto em caso de problemas maiores.
  

  

A voz do ninja desconfiado lhe soava familiar, como se já tivesse escutado antes e seu ouvido nunca falhara quanto a isto. - "Seria esse cara o condutor da carroça mais cedo?! Não pode ser, maldito seja. Fui ingênuo demais ao pegar carona com o inimigo, agora é tarde demais. Me reconhecerão de qualquer forma." - matutou. Os passos no piso inferior eram captados pelo sistema auditivo de Chi Long Qua que já estava planejando agir. Deu sorte de não ser localizado de primeira, quem diria que uma técnica que aprendera na academia ninja lhe auxiliaria naquele momento tão apreensivo.

A rota de fuga havia sido definida horas antes da reunião, não precisaria elaborar uma neste elevado nível de stress. Se não tivera feito isto anteriormente, talvez não conseguisse pensar em tudo aquilo ao mesmo tempo. - "Eu preciso fazer isto muito rápido, ou serei pego." - meditou, enquanto tomava coragem para dar início à fuga. Sua presença ali tornou-se insustentável, pois o condutor da carroça era deveras desconfiado. Não parava de caminhar pelo chão do templo, tinha a certeza de que havia algo ali e não aparentava querer sair até encontrar. Ainda sob a camuflagem e transformado em gato, começaria anulando sua transformação e sacaria cinco hikaridamas entre seus dedos de sua mão dominante.

A primeira hikaridama seria explodida no próprio teto, era provável que assim que sua transformação fosse cancelada os olhos do condutor-ninja voltassem ao garoto. Portanto, sua intenção era se precaver e cegá-lo imediatamente. As outras quatro seriam arremessadas à força máxima logo em seguida, todas ao redor do campo de visão do mesmo homem onde sua presença atual seria mensurada através da audição do menino. Caso consiga cegá-lo, desceria de onde estava pela mesma forma que subiu à velocidade máxima e assim que tocasse o chão aproveitaria a abertura e executaria selos suficiente para conjurar 3 bunshins normais. A finalidade era fazer com que cada um corresse para um lado diferente, visando despistar aquele homem e os outros que estavam acima.

Chi Long Qua correria à velocidade máxima na direção de sua rota de fuga, utilizando Shunshin visando adiantar-se cinquenta metros enquanto uma de suas cópias corria em direção ao portão principal, a outra correria na direção do quarto onde ficara hospedado e a outra corria na direção sul. Se bem sucedido, o jovem correria na direção oeste, onde seria a sua rota de fuga planejada e seguiria viagem imediatamente de volta a seu vilarejo para relatar o que havia acontecido.  

  

O garoto-monge correra desesperadamente após seu ato de coragem para fugir daquele templo imediatamente, sabia de todos os riscos que corria tomando uma atitude tão brusca. Infelizmente, seus clones acabaram não ajudando na distração e por conta de sua diferença de velocidade fora percebido quase que instantaneamente pela garota e o monge que estavam sob o telhado. Que não hesitaram em arremessar quatro kunais em vossa direção. Primeiro fora perfurado por uma kunai em seu ombro, que ficara presa no mesmo e despertou imediatamente o sangramento. O sangue era quente, seria esta a primeira vez que Chi Long Qua seria ferido em uma missão. Aquilo com certeza lhe deixaria profundas cicatrizes, mas sabia que não podia parar pois poderia ser morto.

Como todas as armas foram lançadas quase que simultaneamente, não tardou para que a próxima kunai raspasse o seu pescoço abrindo também um leve sangramento. Por motivos que nem os deuses saberiam explicar, aquela kunai não atingiu o pescoço em cheio. O sangue quente ia descendo por seu pescoço, terminando de manchar por completo seu disfarce. A terceira e última arma que lhe atingiria lhe colocou sob uma dor excruciante, sentiu que seu braço estava mais pesado do que o normal e não conseguia mexê-lo no momento. Transpassando o muro que lhe dividia de sua rota, o sangue ia pingando por todo lugar que passara. Possivelmente facilitaria na perseguição ao menino, que continuaria a correr desesperadamente ao som de seus murmúrios de dor.

Esperava ser perseguido, por tanto estava com seus ouvidos atentos aos movimentos que viriam de suas costas. Só após de muito tempo de corrida, chegara a conclusão que não estava sendo seguido por ninguém fazendo-o parar por alguns instantes. - "Droga... malditos." - levava seu braço que não estava quebrado até a kunai presa em seu ombro e puxava-a de uma vez. - "AHHHHHHHrgh" - gritou de dor. Colocara agora sua mão sob seu pescoço para verificar a profundidade do ferimento, mas percebera que não era nada tão preocupante como o do ombro e o do seu outro braço. Portanto, arrancou parte do tecido da parte inferior de seu disfarce e com auxílio de sua boca, amarrou-o em torno de seu braço quebrado. - "Arghhhh! Put@!#@!#@!" - proferia todos os nomes mais sujos possíveis de sua boca. 


Tentara improvisar uma contenção para o ferimento do braço. Faria o mesmo com o do ombro, arrancando mais um pedaço de seu disfarce para pressionar o ferimento com a mão e o pedaço de tecido durante o resto da viagem. - "Não acredito que cheguei até aqui para morrer com estes ferimentos!" - falava consigo mesmo, voltando a correr em direção do vilarejo de Konoha.