Uma vez mais a Eminência desceu dos céus. Como uma entidade, pousou em meio a uma das muitas pradarias do País da Grama. Sua localização era privilegiada sobre uma colina, com uma boa vista para um vale gigantesco. O chakra negro que lhe compunha parte do corpo se dispersou quando ele pousou. Junto com a Eminência vinha o aborto Uchiha, como sempre a figura horrorosa o seguia, ativando seu olhar avermelhado para inspecionar o vale diante deles com o máximo de atenção. Não demorou para que um terceiro integrante se juntasse ao grupo. Surgindo do nada, aproveitando uma brecha no espaço-tempo, um homem de pele pálida se postou ao lado dos outros servos de Jashin, com uma verdadeira plateia montada para o massacre que se prenunciava diante deles.

—— Conseguiu o que foi buscar? —— A voz da Eminência soou mais grave naquele momento, como se ele fizesse uma cobrança enfática, dirigindo-se ao homem de pele pálida. —— Gastamos uma porção significativa de nossas forças nessa empreitada. Hel estava mesmo certa, Odraonel?

—— Eu encontrei o templo. —— Respondeu o algoz de Kumogakure.

Exibiu então uma manopla, seu metal era negro e fosco, parcamente decorado, mas com um símbolo distinto nas costas da mão da manopla. Era um Ouroboros, o símbolo da cobra que mordia a própria cauda, um eterno sinal da continuidade. A manopla possuía alguns canais vazando para fora do metal negro, com aquele espaço podendo ser utilizado para canalizar o chakra luminoso característico para gerar um poder ainda mais intenso. A posse daquele item tornava Odraonel ainda mais poderoso, assim como a foice em suas costas com o símbolo da Fênix. Apenas um último item faltava e o homem de pele pálida o encontraria.

—— Excelente. Não conseguimos assaltar as vilas diretamente, mas os espólios conseguidos do entorno dos Países será suficiente para financiar uma nova sequência de eventos. —— A Eminência dizia, enquanto caminhava alguns passos para frente e seus olhos admiravam a carnificina que ocorria.

De um lado, um exército de Kusagakure, com seus cavalos, suas lanças e espadas, montados para desferir uma carga final contra um grupo de rebeldes. Naquele lugar, ambas as forças militares se encontraram e lutaram por quase seis horas. Havia sangue misturado com lodo por todo o ambiente, com armas e corpos empilhados aos montes, alguns servindo como plataformas para as fileiras de soldados. A grama que ali havia desaparecera, removida pelo movimento frenético da multidão e das cargas de cavalaria. As vezes era fácil esquecer que além dos shinobi havia uma estrutura bélica gigantesca e que no final de tudo, os ninjas eram apenas mais uma engrenagem das máquinas de guerra dos países.

O general do daimyo do País da Grama fechava o elmo, agarrara sua lança com toda sua força, seu braço doía a níveis extremos, os músculos como se estivessem prestes a rasgar faziam a arma outrora leve pesar uma tonelada. Apesar de tudo, ele ainda tinha ânimo para gritar aos homens e preparar a investida final. Uma carga no grupo de rebeldes desorganizados e ele os desbarataria de vez, livrando Kusagakure daquela ameaça.  

—— Acho que já podemos encerrar isso, não é, senhores? Hora de submeter mais um País. —— Disse a Eminência e seu tom era o de uma sentença. —— Odraonel, faça as honras.

O algoz de Kumo sorriu e concentrou seu chakra ainda mais reforçado por sua nova relíquia. Sua energia agora fazia a grama ao redor deles se agitar em uma efusão, tamanha intensidade de seu poder, alterando a própria forma e aquecendo o ar ao seu redor. Sua pele adquiriu marcas negras, semelhantes a de um esqueleto e ele ascendeu ao céu com o chakra poderoso lhe impulsionando. Um, dois, três orbes se formaram ao redor dele. Diferente do que seria sua técnica comum, usando a luz, aqueles orbes eram negros, com símbolos vermelho-escuros, espalhados por sua superfície.

Não hesitou um único momento, os orbes manipulados se tornaram em estacas negras de grandes proporções e Odraonel se teleportou para o meio do campo de batalha, ficando entre o exército até então prestes a se tornar vencedor e o grupo de rebeldes, que apoiados secretamente pela fé Jashin, haviam iniciado uma carnificina e preparado um golpe de estado no País da Grama.

Os orbes foram manipulados e avançaram contra a cavalaria. O pobre general não sabia o que estava enfrentando e antes de franzir a testa considerando a possibilidade de ter um shinobi diante de si, as esferas atingiram suas tropas e dançaram por entre a cavalaria que caiu em uma ruína podre em poucos segundos. A um passo de salvar o País da Grama, os servos de Jashin colocaram um fim na resistência. Quando os homens aniquilados finalmente caíram e a figura macabra se viu ao redor de um monte de corpos destruídos, ele tomou o pingente com o símbolo de sua religião e agradeceu ao seu deus pela carnificina.

O País da Grama, então, teria um novo daimyo.

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