Os gritos de agonia ecoavam em uma sincronia inacreditável, parecia um coro de sofrimento e angustia. Em cima de uma pilha de corpos um homem observava tudo como se não o atingisse, seus olhos brilhavam diante daquele espetáculo, tudo que ele sempre quis estava reunido, aqueles seres sendo subjugados e punidos pelos seus crimes, algo que só a mais inocente das crianças poderia acreditar. No ápice da agonia as chamas começam a tomar conta de tudo, todos são queimados inclusive o próprio homem que não esboça sentir dor alguma enquanto sua carne é assada como em um banquete. No final, tudo está destruído, aqueles corpos são apenas cinzas e do meio de uma enorme pilha de cinzas, sai aquele individuo notável, são longos e belos cabelos brancos se acentuam com a sua pele manchada, em seus olhos um contraste azul que somente uma estrela azul poderia emitir, o sol amarelo nunca poderia conter o seu brilho e intensidade, saindo da sujeira os aplausos começam a serem ouvidos, o clamor de um povo e o florescer de uma vegetação começam a rodeá-lo, o vazio em seu peito começa a ser preenchido, serio isso felicidade? Nesse instante seus olhos abrem e o que ele enxerga é o teto.

O dia mal havia iniciado e já havia treinado por horas com afinco, ocasionalmente divagava sobre aquele sonho de mais cedo, dizem que sonhos que causam essa sensação costuma ser algo mais, porém Heshikiri não era supersticioso e encarava como uma manifestação de seus desejos, agora mais do que nunca tinha certeza qual caminho seguir, sua mente havia arquitetado  maneira de completar seu objetivo, aquele senhor feudal era a oportunidade perfeita, poderia estreitar os laços afim de criar uma futura aliança, obter apoio do mesmo era fundamental, porém precisava oferecer algo, no alto escalam não se observam pessoas e sim oportunidades e benefícios, suas habilidades poderiam ser um diferencial, mas quando se é algo palpável o interesse é facilmente despertado.

Uniria o útil ao necessário, a resposta esteva e suas mãos o dia inteiro, aquela espada desgastada demonstrava duas coisas, a primeira é que precisava ser substituída e a segunda veio à mente quando lembrou da espada que absorveu seu chakra. — A espada é uma ferramenta, assim como as armaduras que protegem o corpo dos samurais. Então quer dizer que... — No instante que pensou isso partiu em busca de Odatta-tono, percorreu por boa parte da residência, lugares tão desérticos que fazia seus passos ecoarem por corredores frios, chegando a encontrava sozinha caminhando lentamente enquanto encostava a ponta dos dedos, não sabia o motivo dela está ali, mas parou de estranhar o comportamento da mulher a um bom tempo. Antes mesmo se se aproximar a mulher fala calmamente: — Estava me procurando? — Se vira para ficar ao garoto: — O que seria dessa vez? — Meio sem jeito Heshikiri olha diretamente nos olhos dela enquanto a responde: — Preciso que me ajude... Sei que possui bastante informações sobre tudo, gostaria de saber se possui alguma experiencia em fabricação de armas. — Ela olha para Heshikiri com um sorriso nos cantos da boca: — E para que um garotinho como você precisa saber sobre isso? — Com um uma expressão seria responde com naturalizada: — Exércitos precisam de equipamentos, quanto melhores mais êxito terão em suas tarefas, não acha? — Intrigada com as palavras daquele garoto, a mulher tenta imaginar o que passa na cabeça de alguém de profere tais palavras, ela viveu por muito tempo e conheceu muitos homens, sabia agora que a ânsia de poder do garoto não era a ais comum entre shinobis, aquela de ampliar sua própria força a fim de proteger a vila. O poder que aquele hospede queria era a límpida e rustica capacidade de subjugar as pessoas a sua vontade, mesmo que fosse extremamente forte, sozinho você poderia aplicar isso a um pequeno grupo de pessoas. Mas quando se fala em exército, dá para ter em mente a dimensão do poder que deseja acumular, o tipo que não dá para passar em branco nas páginas da história.

Esse dialogo estava começando a avermelhar seu rosto, seu sorriso alarga e com a mão direita acaricia lentamente sua bochecha do mesmo lado, sua expiração fica mais pesada e mudando o tom de voz diz: — O pequeno pássaro falou em exército, as pessoal que conheci na qual manifestaram esses desejos não duraram muito. — Nesse momento Heshikiri pensa na idade que Odatta-tono teria, chega a conclusão que tentar adivinhar seria quase tão tolo quanto perguntar a mesma, mas com certeza eram mito anos, acumular essa carga de conhecimento e informações certamente exigiam muito tempo e pesquisa, enquanto isso ela prossegue: — Porém infelizmente não possuo tais conhecimentos, mas sei quem pode lhe ajudar. Posso até lhe guiar até essa pessoa, contudo quero algo em troca. — Meio desconfiado ele pergunta: — O que seria? — Odatta caminha em direção a ele e levemente passa a mão sobre as laterais do rosto dele: — Depois irá me contar com detalhes o que deseja. — Logo em seguida pega um pedaço de papel e caneta que estavam enfiados no Hanhaba Obi de seu kimono, anota um nome e endereço, entrega aproximando seus lábios do ouvido do garoto, coloca o papel nas mãos dele e sussurra: — Diga que foi o Guarda-chuva que lhe mandou. — Se afasta e começa a continuar o caminho que estava seguindo antes. O chunin de cabelos brancos olha para o papel e parte em direção a vila.

Adentrava na periferia de Kumogakure, uma sensação familiar invadia seu corpo, já fazia alguns meses que morava junto a Odatta-tono e havia se acostumado a todo aquele luxo que lá encontra, mas andando por esses lugares é lembrava de toda sua origem e reafirmava os seus valores, é para essas pessoas que ele precisa governar, a maioria dos líderes acabam esquecendo dessa parcela da população, cercados por riquezas e pessoas influente tendem a se afastar daquele circulo social mais marginalizado, desde sempre Heshikiri entendia a sociedade, talvez essa fosse a característica que mais o tornava um “prodígio”, sabia que os pessoas tedem a desumanizar tudo aquilo que não fazem parte de seu circulo social, partindo disso qualquer sofrimento que esses seres inumanos sentem não afetam diretamente a empatia desses seres “superiores”. Alguém tinha que mudar isso, as nações necessitam de boas pessoas, as vilas shinobis até tem um sistema mais promissor em relação a escolha de seus líderes, mas elas abrangem apenas uma pouca parcela da população do país no total, o grande problema é a cresça de que laços sanguíneos vão trazer bons líderes, deixando a população a mercês de tolos mimados e prepotentes, os humanos tem muito o que mudarem.

Isso tudo ocorreria dentro da mente do nosso pequeno albino, pedindo ajuda entre um morador ou outros conseguiu chegar ao endereço descrito no papel, era uma casa pequena e bem desgastada repleta de pichações assim como quase todas presentes, algumas crianças brincavam no pequeno quintal, o garoto para de frente ao portão e olha com atenção todo o cenário, uma das crianças se aproxima e olha diretamente para ele, era uma garota de pele bastante negra remetendo o oposto ao dele, com os olhos quase fechados e um sorriso no rosto ela pergunta: — Tá olhando o que moça? — De forma descontraída Heshikiri se ajoelha para ficar com uma altura semelhante à da criança, respondendo: — O Guarda-chuva me mandou aqui. — O sorriso na garota se desfaz e ela abre uma grade de aço que separava os dois, já caminhando para dentro da casa ela diz: — Fecha o portão e me siga. — E assim ele fez.

A casa era realmente simples, em seu interior tinha apenas um quarto, a cozinha e o banheiro. Todavia eles adentraram em um corredor estreito sem saída, a garotinha para no final dele e bate três vezes com tempos diferentes, se afasta um pouco e o chão se abre dando espaço para uma escada de metal, acena com a mão para Heshikiri entrar junto com ela. Conforme avançam o calor vai subindo junto com a humidade do ar, ao fim da escada ainda continua com um corredor estreito, o chunin olha para as paredes e vê que entre as paredes de metal tem umas linhas de parecem tubulações transparentes repletas de água em constante movimento, com essa visão passa a ter total certeza que Odatta-tono está envolvida nessa construção.

Ao final do corredor uma alta e estreita porta metálica abre de cima para baixo, a estrutura de metal quase não emite qualquer som. Alguns passos a frente e entra no que parece ser um enorme salão redondo, os mais repletos tipos de maquinarias se encontram ao redor da parede, alguns tipos ele consegue notar semelhança com aparelhagens regulares, outros ele não faz sequer noção das suas finalidades. Em meio ao que parecia ser uma forja tecnológica ele vê uma mulher martelando um metal enquanto maquinas ao redor fazem o mesmo, ela tinha cabelos muito cacheados e volumosos, vendo de costas demostrava ter uma boa quantidade de músculos bem definidos ficando proeminente a cada martelada, a garotinha pega um óculos de proteção que estava próximo a entrada e caminha em direção a mulher, de longe ele observa ela falar alguma coisa para a mais velha, entretanto devido ao barulho não consegue escutar o que era.

Após a garotinha terminar de falar, a mulher balança a cabeça negativamente e para de martelar o metal e todas as maquinas ao redor são interrompidas. Ela se vira e olha para ele com uma expressão nada amigável, com suas mãos protegidas por luvas de couro enormes e bastante grossas, o metal em formato de lâmina estava em uma coloração alaranjada extremamente viva, parecendo irritada caminha em direção a Heshikiri, naquele ponto o calor começa a o incomodar, se aproximando o suficiente ela aponta a barra de aço fervida em direção ao rosto dele, quase rosnando ela fala: — O que é que o cachorrinho quer? — Sem mover um musculo no corpo, o jovem chunin encara aquela figura impositiva atentamente. — Cachorrinho? Tsc... — Pensou quase com desdém, a expressão dele fica seria e em resposta diz: — Conhecimento. — Logo o silencio toma conta e o único barulho é as maquinas parando, era incrível como quase todas as pessoas do círculo social de Odatta-tono eram extremamente agressivas.

A mulher rosna e rebola o pedaço de metal em uma espécie de caçamba, falando de forma irritada: — Perdi esse pedaço, mas tava ficando uma porcaria mesmo. — Tira as luvas e uma espécie de avental que funcionava como uma capa protetora, suas vestes atuais mostravam ainda mais sua pele negra, tirando os óculos de proteção olha bem nos olhos de Heshikiri e diz: — Não sou informante dela, não tenho nada pra te contar. — Ainda encarando a mulheres ele retruca: — Mas eu nem lhe falei o que procuro, como pode ter certeza que não há nada a me contar? – E mulher olha para a garota e de volta para o chunin, massageia a glabela falando: — Diga logo o que você quer. — Heshikiri aponta para o local onde ela martelava respondendo: — Quero aprender a forjar, Odatta-tono me guiou até você. Preciso desse conhecimento, mas antes será que não podemos nos apresentar? Me chamo Heshikiri, Kamashiro Heshikiri. Sou um espadachim do País do Ferro e a dama, pode se apresentar? — Olhando para a garotinha ela faz um gesto com a cabeça como quem diz para se retirar, de imediato a menina sai e a mulher se apresenta: — Me chamo Mary e sou alguém bem-disposta a recusar ser sua professora, mas estou devendo uns favores para aquela bruxa. Volte aqui amanhã por volta das sete horas, não ouse se atrasar. — Assentindo com a cabeça ele assume que deve se retirar, logo o faz para retornar a sua casa.

O sol naquela manhã estava tímido e uma fina camada de nuvens cobriam o topo da montanha, uma das coisas que Heshikiri mais gostava nesse País era o clima caloroso na medida certa em comparação ao seu lugar de origem. Chegou no local marcado dez minutos antes, não havia nenhuma criança brincando e apenas algumas poucas pessoas andando na rua cuidando de suas vidas, nesse horário alguns atrasados ainda carregavam comida para o café da manhã. A casa suja e pichada estava silenciosa, tomou atenção para observar cada detalhe, a grama que crescia desconforme naquele quintal, repleto de brinquedos jogados ao chão e desgastados, nos cantos das paredes tinham espécies de matos avulsos, algum deles com pequenas folhes violetas que a principio lhe lembrava da pequena garotinha que o recebeu no dia anterior. Pouco antes das sete horas ela aparece, cantarolando e saltitando como toda criança ingênua e extrovertida costuma fazer, no fundo Heshikiri sentia uma pequena inveja daquela garota, deseja retornar aos dias m que poderia ser mais como ela e menos como ele. Abrindo novamente a grade ela o chama: - Vem garota bonita, a mamãe está te esperando! – A doce voz dizia com alegria, sem se conter ele partiu em direção a casa com o passo apertado.

Chegando novamente a forja subterrânea a mulher está o esperando enquanto segura em suas mãos um avental, luvas e óculos semelhantes ao que ela está utilizando, com um pequeno sorriso no rosto diz: — Vamos vista isso aqui Kamishiro. — Se aproximando dela ele pega e as veste, sentindo todo aquele couro deixar seus movimentos mais retardados, Heshikiri fica fechando e abrindo as mãos admirado com a dificuldade que estava tendo para fazer isso. Prestando atenção no garoto, Mary logo começa a explicação. Começa ensinando sobre os equipamentos de proteção e sua importância, passando para os instrumentos e as maquinarias, demonstrando uma certa gratidão a Odatta pelo fato de todos eles terem sido fornecido por ela. Com bastante atenção o jovem de longos cabelos escutava cada palavra proferida por ela e fixava meticulosamente em sua cabeça cada palavra, se queixando apenas de não poder tomar nota usando aquelas grossas luvas.

Os primeiros dias, ela só a observava e absorvia os movimentos e as informações que Mary falava, o barulho do metal batendo e os equipamentos funcionando o fazia achar incrível a capacidade dela de gritar sem desgastar a voz, era meio tolo, mas indagava se ela tinha adquirido alguma técnica vogal para tal feito. Depois de uma semana apenas observando e entregando ferramentas e escudando a voz de Mary sobressair o barulho do maquinário, ela decidiu que ele iria produzir seu primeiro equipamento. Pela primeira vez Mary notava que aquele pequeno ser era mais forte do que parecia, o suor que grudava sua camiseta ao corpo deixava proeminente o corpo extremamente musculoso que ele possuía, por inúmeras vezes teve que o alertar sobre a força que estava aplicando no metal. Chegando a estranhar a forma que o mesmo iria utilizar para forjar seu primeiro equipamento.

Mesmo com equipamentos de ponta, o foco desse exercício era dominar o trabalho manual, por isso absteve de qualquer ferramenta que facilitasse o trabalho. Utilizando apenas a caldeira, bigorna e o martelo, notando que estudar sempre era mais simples que botar em pratica o conhecimento, decido que iria produzir aquela arma com a perfeição de um mestre passou dias tentando alcançar esse estado.

Devoção, essa é a palavra que define a relação de Heshikiri com o seu sonho, tudo o que faz ou vai fazer é um prol de um único objetivo, tomar Tetsu no Kuni. Cada laço que constrói, movimento corporal, conhecimento adquirido e até mesmo os suspiros giram em torno desse objetivo, acredita que até mesmo a sua notável facilidade em absorver informações e desenvolver melhor técnicas manuais se dá a sua fervorosa vontade. Mary vez ou outra descia para observar o andamento, levemente admirada com a determinação dele, uma mulher ciente de sua condição e por isso consegue notar aqueles semelhantes, mesmo que tenha adquirido todo esse equipamento o custo foi alto demais, devendo uma enorme quantia de dinheiro para Odatta se via obrigada a atender os caprichos daquela mulher sem hesitar, mas o que poderia fazer, ainda que sempre tenha tido um talento nato para a forja a crise econômica afetou diversos países e com um crescente número de conflitos eclodiam, não é tola e sabe que os que sempre saem vitoriosos são o fornecedores, tinha então a chance de sair do buraco e fornecer condições melhores para sua filha, no final das contas esse é seu objetivo, a razão de respirar, pois acima de ser mãe ela é uma mulher inteligente e determinada.

Passou uma semana inteira, quando Heshikiri terminou de afiar o fio daquela arma soube que havia finalmente conseguido. Mesmo que o resultado tenha sido diferente do que esperava, tinha enfim alcançado a perfeição, naquela manhã Mary o viu impunha-la, surpresa com a velocidade que ele desenvolveu aquela técnica, se perguntando onde Odatta havia encontrado aquele garoto e o porque dele está sobre as asas dela ou melhor, sob a proteção de seu guarda-chuva. Devido ao longo período que a caldeira ficou em atividade, o calor do lugar incomodava até mesmo Mary que era acostumada, vendo aquela figura brandindo o equipamento fazia ela acreditar que o garoto de cabelos brancos não era humano, estava suado, mas ainda tinha vigor em seus movimentos, seus límpidos olhos azuis reluziam naquele cenário e ganhavam destaque. Mary o observava atentamente, em seus lábios carnudos um pequeno sorriso, cuidadosamente fala: — Vejo que terminou, olha... Não precisava agir feito um maníaco e se prender aqui dentro uma semana inteira, o aprendizado gradativo é mais duradouro. — O chunin para de se movimentar por um instante, olha para a mulher e então retornando a brandir aquela arma, enquanto realizava movimento leves e precisos quase como um ritual, o garoto responde: — Observo o horizonte de longe, estou muito distante daquilo que busco. Por isso o tempo parece funcionar diferente para mim, se não utilizo o tempo que tenho em prol dele, sinto que o mesmo para e fico estagnado e posso lhe garantir, uma das piores sensações que qualquer criatura pensante possa sentir, é a de estagnação, o sentimento de tempo perdido dói. — Nesse instante ele para e o som do ar sendo cortado toma conta se esvanecendo naquele cômodo redondo, com um amargo na garganta Mary pensa no que passou e os breves bons momentos que já viveu, chegou a conclusão que discorda totalmente dele, olhando com uma expressão seria diz: — Você está enganado, mas não sou eu quem vai lhe mostrar isso. — Mesmo que a ferreira não o achasse um tolo, sabia que somente com experiencia que ele poderia notar que está errado, os pequenos prazeres muitas vezes vêm quando estamos menos focados em sonhos que nos prendem.

Heshiki retira os equipamentos de proteção e enrola sua criação em uma capa de couro, indo em direção a saída da de cara com a garotinha, tapando o nariz ela diz: — Moça bonita, você não pode sair fedendo assim. Pode usar nosso banheiro para tomar banho, mas não mecha nas minhas coisas! — Um sorriso também surge no rosto do espadachim que com uma voz macia e calma fala: — Muito obrigado, muito gentil da sua parte. — Coloca uma das mãos sobre a cabeça dela, que logo se afasta: — Vai logo, você está fedendo muito. — Após ele sair do local as deixando a sós, a menininha coloca o dedo indicador direito sobre o queixo acariciando levemente, um pouco surpresa diz para a mãe: — Ela tem uma voz grave para uma menina, não acha mamãe? — Mary começa a gargalhar alto enquanto a garotinha se pergunta o que seria tão engraçado.

A pequena casa era quase tão surpreendente quanto a oficina em baixo, toda a aparência rustica do lugar tinha pequenos toques de modernidade, no banheiro tinha um pequeno som que apenas ligando já inicia automaticamente uma música com uma batida é lenta e calma, em alguns momentos uma aguda voz levemente distorcida assumia a vez com frases melancólicas sobre a vida. Refletindo no chuveiro chegou a conclusão do que se tratava esse lugar, parecia até um pouco obvio, mas esse lugar provavelmente pertencia a família de Mary, os quadros na parede, as rachaduras e riscos na parede demarcando o crescimento de alguém, além de que ela provavelmente possuía boas memorias do lugar, a nostalgia de criar sua filha na mesma casa de viveu sua infância, um deleite que ele nunca poderá ter.

Depois de vestido se despediu das duas que viviam naquela pequena casa do subúrbio, partiu em direção a sua atual morada para dar o presente que fez a mão para Odatta-tono, depois de tanto tempo recluso passou o caminho quase todo prestando atenção no céu, que estava tão azul e com poucas nuvens que parecia uma recompensa aos seus esforço, a brisa fria daquele ambiente montanhoso era quase tão maravilhoso quando a da sua antiga pátria, mas será que isso não é a nostalgia falando mais alto assim como o daquela mulher que ria sua filha em um bairro perigoso pelo mesmo motivo? Só saberá quando revisitar Tetsu no Kuni, mas até se apega um pouco as lembranças boas que tem lá, ter mais um sonho destruído não lhe impactava de nenhuma forma.

Chegando a sua moradia viu a entrada completamente diferente, a arquitetura tradicional japonesa se mantinham, porém as texturas e materiais eram diferentes, as partes de madeira que apoiavam as estruturas permaneciam com a diferença que no centro de cada superfície havia uma estreita linha de liga metálica, os fusuma estavam reorganizados e as placas eram de uma liga de vidro esbranquiçado com pequenos símbolos de redemoinhos em baixo relevo espalhados por toda a superfície, ao se aproxima a porta se abre automaticamente e Odatta-tono está lá para recebe-lo, ao se aproximar dela retira da capa de coura a arma produzida, com um sorriso no rosto ela observa aquele novo guarda-chuva com detalhes dourados e símbolo do seu clã, raízes se tornavam árvores e os galhos cresciam em centro do raio da abertura do mesmo, uma linda peça decorativa.