A figura do jovem garoto sentado no topo do prédio da gabinete da raikage, no topo do mundo a figura esquia poderia chamar a atenção, só que para notar que havia alguém em uma posição tão alta era só se o estivesse procurando. Seus cabelos negros como suas roupas esvoaçavam conforme o vento forte atingia seu corpo, as vezes as madeixas cobriam sua face, escondendo sua identidade, e as vezes o agitavam tanto ao ponto de parecer uma labareda negra selvagem que queimava intensamente. O tokubetsu balançava as pernas despreocupadamente enquanto seus olhos cinzentos focavam em uma paisagem além da vila oculta da terra, entretanto, não fixava em lugar nenhum pois sua mente vagueava sem destino. Apesar de estar com o corpo presente, era como se estivesse apenas uma carcaça humana naquele ponto, sem mente ou psique. Esse hábito fazia parte da essência de Shin, sempre que precisava pensar em qualquer coisa que considera importante, procura se afastar de tudo e qualquer coisa que possa interferir em seus pensamentos e mergulha sem hesitação em suas indagações. E mais uma vez, em sua breve vida, o assassino se viu preso em um desses momentos. 

— Existem três caminhos ninjas para se especializar, eu pensei que seria algo fácil de decidir, mas agora que sou um shinobi de verdade percebo que muitas variáveis existem para formar meu todo. Ponderei por muito tempo e o mundo das ilusões não é algo no qual eu tenha uma aptidão nível S, se eu praticá-la posso deixar no nível de uma especialista, e isso ajudou a decidir a deixa-lo de lado por agora. — Porém o problema não era decidir qual eliminar primeiro e sim, em quais se especializar. Genjutsu seria sua terceira escolha, aumentá-la junto com ninjutsu seria uma escolha justa e aceitável, entretanto, o desenvolvimento corporal seria abandonado. — Pensei demais, meu caminho deve ser o que tracei logo depois que entrei na academia. Ninjutsu com taijutsu para suporte, aliar minha kekkai genkai explosiva com golpes corporais seria de grande valia, mas ainda quero obter uma nova linhagem sanguinea, para isso preciso aumentar meu conhecimento sobre elementos e fusões. Mas que tipo de linhagem seria bom para combinar com meus ataques explosivos? — Um sorriso de compreensão nasceu nos lábios por de trás da máscara, mas a rodada de vento obrigou as longas madeixas a cobrir seu rosto, ocultando a felicidade demonstrada pelo garoto. Tinha que seguir um caminho, porém, lhe faltava conhecimento.

'Melhorei minhas capacidades físicas, assim como meu entendimento sobre a arte ninja e controle do chakra, meu corpo pode suportar mais coisas em relação ao cansaço físico e esquivas, descobri que posso sempre treiná-las concomitantemente.' Essa descoberta foi bem vinda, treinar selos manuais aumentava a maestria em ninjutsu, da forma com que Yuu soube que sempre precisaria de mais poder na arte ninja, pois toda sua base estava sendo formada envolta dela, afinal, sua aptidão era totalmente focada nele. Recordou de seus treinos no campo de treinamento onde poderia realizar um treino e obter dois resultados em áreas diferentes, porém, semelhantes. Desde de sua saída do exílio, Shin parou de pensar sobre os acontecimentos passados, remoer antigas feridas e lamentações não conseguiria ajudá-lo em nada em seu atual momento, entretanto, não poderia virar as costas para o que sobrou de sua família. Depois da morte de seu irmão, Shin se manteve recluso, apenas ajudando seus pais e irmãos, abdicando de sua própria vida. Mesmo escolhendo seguir seus objetivos, não queria cortar os laços permanentemente. [...] A pequena figura do tokubetsu com um enorme avental branco que cobria toda a parte frontal de seu corpo, não é comum ter garotos tão jovens trabalhando em lanchonetes ou qualquer outro trabalho, este é o mundo ninja e, praticamente, todas as crianças estariam na academia ou se dedicando no cumprimento de missões. Ter crescido nesse meio foi um dos fatores que determinou a sociabilidade elevado do mancebo, e seu dom para vender coisas ou encontrar exatamente o que as pessoas queriam através de poucas dicas se devia grandemente a livraria, e isso também serviu como uma forma de melhorar seu intelecto, sempre tendo que processar de uma maneira mais rápida as poucas informações que recebia e se obrigando a trabalhar com o que tinha.

O tempo passava devagar demais e o dia da semana contribuía para o fraco movimento, consequentemente, o tempo parecia quase parar. Sem ter algo para se distrair, Yuu quase dormiu várias vezes em pé, e numa dessas pescadas, só acordou quando seu corpo se chocou contra uma das prateleiras, derrubando vários livros. Antes mesmo que pudesse se agachar, escutou um grito vindo de fora da loja, não precisava nem mesmo focar sua audição para saber que seu pai o estava repreendendo por causa do barulho e bagunça. — Já sei, já sei, tenho que arrumar tudo. Como se tivesse outra pessoa pra fazer isso, uhm... — Os olhos vermelhos vivos grudaram na capa de um dos livros, enquanto estava recolhendo as obras, uma delas lhe chamou a atenção. Enciclopédia de técnicas elementais. — Isso é deveras interessante. O Fantástico Munda da Ciência é um livro que fala abertamente sobre conhecimentos científicos de modo comum, fácil compreensão. — Ciência era algo que fascinava o ninja, assim como a arte da espada, o jovem estava muito interessado nas duas coisas, mas não sabia exatamente como escolher entre elas, ou se as escolheria.

O olhar de Yuu também pousou suavemente em uma outra obra, com nada escrito na capa, apenas a imagem de uma nuvem negra atacando um grupo de pessoas, massacrando-as. — A Areia de Ferro é o nome da arma usada por ninjas, comumente, de Sunagakure, combinada com a habilidade de converter seu chakra em forças magnéticas. Foi estudado um jinchuriki do Shukaku, aprendendo como imitar as técnicas de manipulação da areia, mas nesse contexto foi usado pó de ferro aliado aos poderes magnéticos especiais. Pode-se moldar o pó em armas, e usar como seu modo principal de ataque. A areia de ferro pode também grudar nas juntas das marionetes, tornando-as inúteis em combate enquanto o campo magnético do usuário estiver ativo. Satetsu já foi referida como "a arma mais temida na história de Sunagakure". — Os olhos frios do tokujo cintilaram, acreditando ter encontrado um objetivo, mesmo não tendo certeza se conseguiria alcançá-lo.

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Muita coisa havia acontecido no período de uma semana na vida de Shin, após passar pelo gabinete da tsuchikage e não ter a audiência com ela ou sua assistente, decidiu vagar sem destino pelas ruas barrentas e tempo seco de iwa. Mesmo tendo nascido e sido criado no vilarejo, ele nunca tinha criado laços reais com o lugar, abstendo-se de ter uma vida pública ficando meio restrito com seus familiares e treinos. — Talvez seja a hora de eu iniciar um time, seria bom ir para missões e ter algum suporte. — Matutou superficialmente sobre o assunto, cessando seus passos em frente a um pequeno e aconchegante restaurante. A resolução de entrar no estabelecimento não teve a ver com fome ou qualquer outra necessidade, apenas interesse momentâneo. 

Posso ajuda-lo em alguma coisa senhor? — Um velho de olhar gentil abordou o tokubetsu assim que ele entrou no restaurante, mas a atenção do ninja estava voltada para as características do lugar, algo que nunca tinha visto. O teto era vermelho com ornamentos dourados, tecidos de cores vivas decoravam as paredes, e não existia mesas e cadeiras, eram tapetes com futons e uma mesinha de centro tão baixa que não permitia colocar as pernas embaixo. — Eu gostaria de uma mesa (?) com vista para a rua. — O senhor riu com a hesitação do jovem, mas entendeu com precisão o que ele queria. Caminhou na frente e levou o ninja até um lugar no canto do restaurante que atendia as exigências do mancebo. Com um menear de cabeça o tokujo aceitou a sugestão e sentou-se. — Gostaria de alguma bebida forte. — Uma visão estranha observar um garoto tão jovem beber bebidas alcoólicas, mas o atendente não ponderou. O que causou interesse em Yuu foi a peculiaridade do estabelecimento, soube ao bater os olhos que não era um restaurante comum.

O tempo passou devagar depois que sua bebida chegou, o primeiro copo foi tomado em um único gole, enquanto o segundo estava sendo esvaziado aos poucos. De dentro do colete ninja que cobria seu corpo, Yuu retirou um pequeno livreto de capa preta dura. Um suspiro solitário saiu do corpo do homem antes de abrir a publicação. "A linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano. E quem se disporia destruir uma parte de seu próprio coração? A. Solzhenitsyn." A primeira página tinha uma citação direta sobre o tipo de personagem favorito de Shin, vilões. Com a bebida preenchendo todo o copo, o barulho das pessoas que vinha da rua, o clima seco e a atenção no livro. Um dos fatores que o fazia gostar dos vilões são seus poderes, sempre com uma gama deles e os mais variados, com tamanha força, sempre perdem. Mas isso fazia os heróis com poderes mais surpreendentes? Geralmente não, na maioria das histórias eles conseguiam uma guinada no momento final, retiravam uma força de fundo desconhecido ou ganhavam mudando a personalidade de seus antagonistas. Uma risada fria saiu de sua boca durante o pensamento. — Histórias são escritas pelos vencedores. — A única forma de saber exatamente como aconteceu era participar ativamente.

Deixou o restaurante no final da tarde, observando o pôr-do-sol, algo que sempre o cativou. Yuu pegou uma pequena porção de argila de sua bolsa e usando as bocas em suas mãos misturou chakra e moldou uma pequena ave. A escultura de argila foi lançada e antes que atingisse o solo, com um selo o ninja ativou e deu "vida", saltando para as costas da ave. O tokubetsu ganhou os céus e passou a vagar por sobre o vilarejo. Podia ver todos os prédios, dando uma pequena atenção ao prédio do gabinete da tsuchikage. — Acho que chegou a hora de deixar a vila, tenho que passar no centro de missões e testar minhas novas habilidades. — O pássaro sobrevoou por mais algum tempo antes de partir para a residência de sua família. Mesmo com uma ave estranha pousando no quintal, não houve comoção alguma. Depois da morte de seu irmão, toda a família deixou de ser alegre e se tornaram em pessoas frias e determinadas, porém, a individualidade podia ser notadas em todos eles. 

A casa de Yuu ficava na área dos demolidores, o que causava grandes barulhos e nunca dava sossego aos moradores, entretanto, nenhum deles parecia se importar muito com aquilo, convivendo bem com aquelas peculiaridades. Dentro do bairro o tokubetsu possuía certa fama, desde de novo mostrou maestria para a explosão e controle da linhagem sanguínea. — Ei Yuu, o Velho Bakuto te ensinou o kibaku nendo né? Deve ser ótimo ter sido reconhecido por ele. — A inveja e admiração podia ser sentida, Bakuto é considerado uma lenda e ter sido ensinado especificamente era algo de grande orgulho. Existia o fato ainda de agora a linhagem sanguínea ter sido aprimorada, a versalidade do kibaku nendo causava uma melhoria absurda nas habilidades, porém, não eram todos que possuíam afinidade ou capacidade para exercer-la. — Sim, Bakuto-san me ajudou no caminho da argila e agora consigo fazer esculturas explosivas. Estou até pensando em me tornar um artista demolidor. — Os dois garotos riram com a fala de Yuu. Um artista destruidor, como isso poderia ser chamado de arte? Mas na mente do interlocutor um pensamento assombroso surgiu que fez com que sua expressão congelasse. Os dois conversaram por mais algum tempo e se despediram. Shin continuou a andar pelo bairro, escutando as conversas dos mais velhos sobre como usar o bakuton, era um costume dele, e sempre compreendia algumas ideias para melhorar suas habilidades depois desses passeios.

O dia de descansou chegou ao fim, depois de colocar as coisas em ordem, principalmente em sua cabeça, o ninja partiu em passos lentos e curtos na direção do centro da vila. O quadro de missões ficava no mesmo prédio que visitou dias atrás, mas seu destino dessa vez era o primeiro andar e seria deveras rápido. Fica dentro da vila é bom, mas sufocante ao mesmo tempo. E ele tinha duas kekkai genkais as quais queria testar seus poderes e o quão bem conseguiria manipulá-las.



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— Merda! — Yuu saltou da cama sentindo-se atrasado. Seus olhos cinzas como uma névoa poluída ainda estavam semicerrados devido ao sono, o corpo preguiçoso relutou ao movimento brusco.  O jovem não havia escutado o despertador tocar aquela manhã, algo que nunca ocorrera antes. Talvez o seu sono profundo fosse devido ao horário que fora dormir, havia ficado fascinado pelo novo livro que recebera de um amigo, um belo exemplar falando sobre técnicas explosivas. Ou pudesse ser o cansaço após a luta que tivera horas antes de afundar no livro, luta essa que fora contra o homem que lhe ensinou o básico sobre sua linhagem sanguínea, era um acontecimento atípico para testar as habilidades recém adquiridas. Mas provavelmente ele deveria apenas ter esquecido de programar o horário correto no relógio da cabeceira da cama. Não fazia diferença, um fato era concreto para ele: Estava atrasado.

'Os testes são hoje, não posso perde-los.', Relembrou quando apanhou toda a roupa que já encontrasse dobrada em cima da sua escrivaninha, puxou a mochila de alta única e disparou para o banheiro. Estava estranhamente frio, porém a água quente percorreu-lhe o corpo causando arrepios que o fizeram esquecer momentaneamente da Academia. Como um espasmo, rápido e súbito, o mancebo de madeixas negras teve a memória dos testes. Arrumou-se e voltou correndo pelo corredor, onde saltou pelo parapeito da escada e aterrissou no chão do andar de baixo, logo no corredor onde dava acesso a cozinha e a sala de estar. Virou-se para o habitual lugar onde tomava café da manhã, na cozinha, e no caminho surrupiou uma maça da fruteira sobre a mesa e agarrou um saco de papel escrito seu nome que estava em cima do balcão. — Até mais tarde Laxus-nii-san! — Gritou com sua voz amena e calma, enquanto perfazia perfazer o caminho até a saída dos fundos.

O jovem de longos cabelos loiro olhou para o relógio posicionado na parede, achando esquisito a pressa de seu irmão. — Ele deve estar indo treinar. — Deu de ombros ao notar a hora apontada. Enquanto cozinhava ouviu um barulho vindo do andar de cima. RING RING RING. Suspirou e agitou a cabeça de forma negativa. — Eu já disse para ele que quando fosse sair nos fins de semana e feriados, lembrasse de desligar o maldito despertador. — Bufou o jovem direcionando-se para a escada.

Enquanto isto, Yuu ganhou o quintal coberto de neve com agilidade, logo já havia saltado o muro e estava na rua indo em direção ao outro lado da vila. 'Vai dar tempo, tenho certeza.' Incentivou-se apertando o passo. Atravessou quase toda a área de seu bairro em muito menos tempo do que costumava fazer. De praxe estava na escola pontualmente, ia acompanhado os garotos do bairro de demolidores que moravam muito longe dali, sentava-se sempre no mesmo lugar junto, um deles o seu melhor amigo e a outra uma garota pela qual ele nutria algum sentimento, mas nunca teria coragem de revela-lo. Era o aluno exemplar, o melhor da turma seguido de perto por Yutta Nara e Makoto Fang. O favorito para os professores e o esquisito para o resto da turma, afinal nunca aceitaram muito bem esta historia de ele amar explosões e sempre estar a usar com a cabeça no mundo da lua, mesmo em dias chuvosos ou de noite.

O frio tinha dentes cortantes, naquela manhã Yuu sentia que seria abocanhado nos dedos dos pés. 'Malditas sandálias, porque não peguei o coturno!?' Irritou-se ao perceber que na pressa havia pego as sandálias e o ar gélido junto da neve que caia constantemente lhe faziam sentir os dedos congelando. Para sua sorte a indumentária habitual era um casaco acinzentado de mangas longas e deveras quente, com uma camisa por baixo, uma calça da mesma cor.

Ofegante e suado após uma longa corrida o garoto finalmente chegara em seu destino, a Academia Ninja de Iwagakure. Pensou estar atrasado, mas quando pousou sobre o pátio de entrada notou que os portões ainda estavam fechados e a entrada vazia. 'Mas onde está todo mundo?' Inquiriu a si mesmo observando o local ao seu redor. Parou por um instante e olhou para trás e notou que as ruas estavam quase vazias e nem sequer as lojas estavam abertas. 'Ontem foi segunda, hoje é terça-feira. Deveria ter aula.' Raciocinou tentando descobrir o que havia de errado. Enquanto pensava algo lhe atingiu a testa e abriu um corte por onde uma filete do liquido carmesim escorreu. O mancebo cambaleou para trás e caiu sentado na neve. OUCH! Levou a mão até a testa para verificar o ferimento, não fora profundo.

— Esquisito! — Gritou um garoto rechonchudo e alto, cabelos castanhos e roupas para o inverno. — Olhem pessoal, o buscapé veio para a academia em dia de feriado. — Apontou o gordinho para que os seus companheiro e ele riram em uníssono. As gargalhadas penetraram nos ouvidos do pequeno Shin lançado no chão, geralmente não ligava para o que diziam, sua calma, foco e perspicácia estavam acima das brincadeiras e implicâncias daqueles valentões, entretanto algo naquela vez o fez sentir-se mal. As lagrimas acumularam-se por detrás da máscara negra, engoliu em seco e não deixou com que elas caíssem. Mais uma pedra partiu em sua direção, ele a recebeu com a defesa dos seus braços magros. Respirou fundo para manter-se calmo. — Buscapé, porque não reage? — Provocou outro integrante da pequena gangue de delinquentes juvenis.

Ocorreu tudo não rápido. Yuu saltou de pé e estendeu os braços e selou muito rápido e de suas mãos surgiram explosões que atingiram o solo assim que o garoto socou o chão, destruindo o solo sob os pés da gangue do algodão doce. O grupo correu com medo das crateras, mas antes que fosse muito longe uma shuriken presa a um fio enrolou-se na perna dos três e o derrubou. 'Quem?', não havia sido o ruivo a realizar tal manobra. Buscou com os olhos quem fora e encontrou de pé sobre o muro a sua direita uma garota de longos e repicados cabelos negros, olhos escuros e grandes vestimentas para o frio que ostentavam uma imagem de um leque branco nas costas. 'Makoto.' Percebeu assim que avistou a jovem.

— Vocês. — Começou a menina com a voz firme. — Parem de implicar com os outros, ou da próxima vez os mandarei para o hospital. — Ameaçou enquanto saltava para o chão. Olhou para os valentões com um olhar penetrante que os fez bater em retirada.

— Obrigado. — A voz baixa e serena do rapaz mal poderia ser ouvida se a garota não estivesse logo ao seu lado. — Eu não gosto de causar embates com eles, a última vez que tentei acabei levando uma surra maior ainda.

— Você tem que parar de ser tão benevolente Shin. Você é o melhor da turma e fica deixando que eles te tratem assim. — Vociferou a morena de olhos fogosos. Bufou ao observar que a expressão do mancebo não mudara em nada. — Como consegue ser tão calmo? 

— Meditação. Treino. — De forma curta e direta, respondeu. Como sempre fazia. — Além disto meu pai sempre fora assim e sempre me ensinou a manter o controle mental e corporal, apesar dos sérios problemas que tenho em controlar o que digo. — Confessou, retirando assim uma risada complacente da jovem. Os dois se conheciam a anos, podia se dizer que eram amigos apesar de conversarem pouco e dificilmente se encontrarem fora das dependências da Academia, mas aquela não era a primeira vez que eles estavam conversando sobre os idiotas da turma ou enfrentando eles após uma bateria de xingamentos. Eles estavam mais para colegas ocasionais do que amigos. — Afinal, o que está fazendo aqui? 

— Meus pais estão em missão, meu irmão viajou para fora do País da Terra e eu fiquei aqui, logo decidi andar um pouco. — Explicou deixando a feição brava de lado e estendendo o sorriso que o ruivo já conhecia e pelo qual se derretia. — Pelo que pude ouvir você não percebeu que era feriado.

O gennin balançou a cabeça positivamente e deixou que um silêncio constrangedor se instaurasse. Não demorou muito para Makoto despedir-se e continuar sua caminha matinal para distrair a mente, deixando o rapaz sozinho em meio a neve do pátio. Inconformado com o trabalho e problema que arranjara apenas por não ter olhado o calendário que tinha em sua parede do quarto ou sequer falado com seu irmão mãe pela manhã e ser alertado sobre aquele fato. Traçou a rota de retorno, não tinha muito o que fazer a não ser ir para casa descansar mais um pouco e afundar-se em um belo livro enquanto degustava o saboroso chocolate quente preparado com maestria pela sua mãe.

 
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'Eu detesto coisas aleatórias, algumas vezes aparecem na vida, mas certas coisas são tão óbvias que mesmo com que façam parecer aleatórias, nunca chegarão a ser!' Pensava Yuu para si mesmo a medida que aproximava-se de casa, um pensamento destes não vinha ao acaso e o gennin não faz nada ao acaso. Ao se aproximar da residência, ele percebeu algumas pessoas que se encontravam na rua no caminho de volta nunca estiveram aqui antes, porquê agora? Porquê na rua dele? O jovem não fez caso, apesar da barulheira das crianças que saltitavam alegres no parque, e os pais que compravam wasabis aos filhos, aqueles que estavam parados a fumar, ou simplesmente a apreciar a paisagem nunca estiveram ali antes. A 10 metros de casa parou no meio da rua. 'Algumas destas aleatórias pessoas estão estrategicamente bem colocadas, e a minha teoria concretiza-se, uma vez que eles já estão aqui a algum tempo, estão a observar o lugar onde vivo, porém eu acabei de me tornar ninja, então não sou eu quem eles observam, o meu pai e irmãos estão fora em suas missões ou trabalho, restando apenas…' E uma brisa de vento atravessou os seus cabelos negro e lisos de trás para frente, levando as poucas folhas de iwa em direção a entrada da casa, e a porta de frente abriu-se, vendo sua mãe sair e voltar 45º a esquerda da casa sentido ao beco ao lado da residência, que ligava com o outro lado da vila. 'Eles estão atrás da minha mãe!?' Matutou o garoto.

Shin ainda voltou a olhar para alguns deles, que estavam um pouco mais distantes dele e mais próximo da mãe, e assim que ela entrou para o beco os homens aleatórios começaram a andar para o mesmo destino. Temendo pelo pior, acelerou o passo na mesma direção com o intuito de impedir seja o que for que tentassem fazer a sua progenitora. Um dos atacantes notou a movimentação do gennin e bloqueou sua passagem, ficando de pé na sua frente e encarando o garoto, impedindo que o ninja recruta se aproximasse do beco. — Rapaz, esse beco está sujo e não podes passar por aí. Dê a volta! — Disse para o jovem. — Suma da minha frente, se não eu o tirarei a força! — Bradou Yuu, fechando o punho. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, o grito de uma mulher trespassou seu ouvido e fez seu coração bater mais forte e descontrolado. — SOCORRO! LADRÕES! ALGUEM ME AJUDE! — Gritava a mulher aflita. Segundos depois dela gritar desesperada, sons de estrondos fortes surgiram no beco e as pessoas que estavam próximas ouviram e começaram a movimentar-se imediatamente para lá. Os homens desconhecidos fizeram uma cara de poucos amigos e retiraram-se imediatamente.

Com o caminho desimpedido o garoto não perdeu tempo e correu para o beco, ao passar pelas pessoas para poder ajudar sua mãe, viu-a parada no centro do beco com a bolsa abraçada e respiração ofegante. O semblante de apavoro e medo tomava conta da linda face da mulher, no entanto, os corpos dos homens que a seguiram até o beco estavam no chão ,todos mortos banhados em sangue com respingos de sangue que mancharam a face e a roupa da sua mãe. Mais ninjas de Iwa chegaram ao local para verem o que se passara, assim como a ANBU. Todos chegaram quase ao mesmo tempo, com o filho protetor ganhando por poucos segundos. Os murmúrios do público tomavam a atmosfera, perguntando quem ousaria assaltar uma mulher dentro da vila sem se preocupar com os ninjas da pedra, ou pior, quem poderia ter matado 5 homens assim tão rápido. — Mãe! O que aconteceu? — Perguntou ao mulher enquanto tentava consolar sua mãe. — Eu não sei! Ouvi um barulho e perguntei o que queriam, antes mesmo que pudesse fazer qualquer coisa, uma sombra surgiu e cortou todos em uma luta tão rápida que meu grito nem chegou a terminar quando os corpos desses homens atingiram o chão. — Confirmou ela para o Yuu, e todos não acreditavam muito no relato, mas não falaram nada.

'De fato era estranho pessoas desconhecidas na vila. Talvez queriam apenas assaltar a minha mãe? Mas quem os teria assassinado tão rápido e fácil assim?' Ponderava o gennin a medida que olhava as posições dos corpos, depois de analisar e não chegar a um resultado, pegou sua mão pela mão e a levou para casa. — Não se preocupe mãe, vai ficar tudo bem. — O jovem tentava acalmar sua velha, falando palavras de conforto. Meia Hora depois, o garoto volta a sair de casa ganhando as ruas, agora mais calmas, e ninguém desconhecido estava na rua dele ou no local do crime. Mesmo assim a aura de inquietude dominava o bairro e não aquela ação não podia ficar em branco. Sem pestanejar, o mancebo de olhos frios e cinzas caminhou para o prédio central e base da tsuchikagepara tentar obter respostas sobre o que aconteceu. 

No Escritório encontrava-se alguns membros da ANBU que haviam sido encarregados da investigação, assim como a autoridade máxima da vila. Todos discutindo os assuntos de acordo com a análise forense feita pela equipe de investigação. — Foi uma lâmina bem afiada capaz de fazer cortes precisos como aqueles, assumo que foi uma espada. Mas como a arma do crime não foi encontrada e nem o autor, ficará difícil resolver esse caso. A mulher agredida não conseguiu reconhecer ou dar pistas reais, não ajudando em nada nossa investigação. Como testemunha não serve, estamos praticamente sem pistas, senhora. — Relatou as informações obtidas. O homem colocou a mão direita no queixo pensativo e analisando as possibilidades, quando o porteiro ninja o interrompeu. — Desculpe-me senhor, mas tenho o filho da testemunha aqui na entrada. — Sem nem mesmo se virar para o assistente, o homem respondeu sucintamente que o receberia depois, tendo seu subordinado sendo insistente. — Desculpe senhor, ele disse que o senhor diria isso e que que está aqui para trabalhar neste atual caso! — Os restantes da ANBU ficaram meio surpresos. — Espera, esse garoto não foi dito ser um prodígio na academia. Será que ele é tão bom quanto dizem? — Perguntou um deles. — Ouvi dizer que ele é muito inteligente! — Afirmou o outro, e assim o homem encarregado pelo caso fez sinal para que o rapaz entrasse. Segundos depois Yuu entra, ficando no meio dos ANBUS e diante da mesa da tsuchikage.

— Senhor estas mortes não fazem sentido. Eu vi as posições dos corpos e seja quem for que tenha os matado, fez sem deixar marcas de existência no local do crime, isso só seria logicamente explicável se o assassino matasse todos eles sem em momento algum tocar no chão. — Confirmou o gennin. Todos na sala ficaram surpresos com tal ideia, mas antes que pudessem falar o rapaz abriu novamente a boca. — Hoje em dia vocês deixam entrar qualquer um aqui na vila, preciso de ver o livro do registo dos estrangeiros. — O semblante antes surpreso ficou sério e encarou friamente o garoto, e antes que decidisse fazer seja o que for perguntou. — Por quê razão teria eu de fazer isto? —  Shin não se intimidou e continuou seu raciocínio. — Porque as pessoas que atacaram a minha mãe não são da Pedra e devem estar aqui a muito pouco tempo. A menos que tenha passado o sistema de defesa e causado alarmes ou então entraram disfarçados pela porta da frente. Eu sou muito bom com fisionomia e as pessoas que vi hoje concentradas estrategicamente na minha rua nunca as vi aqui antes. 

De repente Shin abria seus olhos inchados por ter dormido mais que o normal e um sorriso frio nasceu em seus lábios pálidos. — Não acredito que traumas passados resolveram voltar logo agora, que droga.— Sussurrou ao relento, não gostou de sentir o sentimento de impotência que aquela lembrança despertou.
 
HP: 13OO/13OO | CH: 1981/2OOO | ST: OO/O8    ARGILA: 118OO/12OOO | SATETSU: 3OOO/3OOO