Era tarde. O rapaz de madeixas escuras já se encontrava no Campo de Treinamento, destino anteriormente proposto pelo mesmo. Olhava ao redor, divagando, enquanto os olhos cor de sangue mexiam-se curiosamente, estudando o local. - Hehehehe.. Vamos treinar! - disse, socando uma mão à outra, bruscamente, o que fazia com que sua remendada armadura vermelha soltasse um ruído azucrinante. " Treinar de armadura? Não.. Eu não sou esse tipo de louco.. " Optou por remover a armadura e, instantes depois, já se encontrava somente coberto por uma camisa cinza e bermudas da mesma cor. - Pois bem. Sem fazer corpo mole.. - Se abaixou, posicionando-se em de - vulgarmente dizendo - "quatro" no solo. As palmas das mãos iam de encontro à grama verde do campo de treinamento, e os joelhos idem. - Three, two, one... Go! - Toyohisa esticou ambas as pernas e, as palmas das mãos, que antes estavam de encontro ao chão, foram postas juntas, estando os dedos de uma mão atrelados aos de outra, enquanto a única força de sustentação do rapaz passava a ser seus cotovelos.  

O exercício "prancha ventral", que o garoto vinha realizando, era um dos que mais demandava vigor do rapaz. Manter-se inerte naquela posição, enquanto a sensação de sua barriga estar sendo puxada para baixo, era horrível. - Sem..desistir.. Sem dor, sem ganhos.. - Mesmo para um rapaz forte, uma pessoa não acostumada com aquela posição tendia a sofrer para mantê-la. - Não cai, não cai! - Seus braços começaram a cambalear, à medida que a dor da posição foi se intensificando. Quando já não aguentava mais, o corpo do rapaz foi de encontro ao solo, indo diretamente de barriga ao chão. " A..Merda! " Se não fosse pela vontade inabalável de continuar com o treinamento, provavelmente Toyohisa permaneceria naquela posição até o amanhecer. Todavia, agiu de maneira esperada: ergueu os braços e retornou à posição. Seus músculos já queimavam, tanto os das extremidades dos braços quantos o da barriga. Toyohisa já estava tremendo tando que parecia um chihuahua puto no cio. O suor proveniente de suas glândulas sudoríparas era expelido frio, como se o rapaz já não estivesse mais aguentando aquela posição. Uma pessoa em sã consciência realizava séries de, no máximo, dois minutos. Toyohisa já estava naquela posição fazia meia hora. - Arrh.. Arrrrrrgh! Não cai, porra! - berrou, sem se importar se algum transeunte se incomodaria com os berros ou não. O futuro de Shimazu estava, por mais imbecil que soasse, naquela prancha ventral. Se desistisse agora, o que garantia que não desistiria em um combate de vida ou morte?

- Consegui, porra! - Após ter ficado exatos quarenta minutos naquela posição, o corpo do rapaz despencou no chão, imóvel. O mais engraçado é o fato do mesmo não possuir nenhum instrumento de medição de tempo com ele, o que indicava que ele estava contando os segundos desde o início do treinamento. Permaneceu naquela posição, deitado, com a face voltada para o solo, por cerca de uma hora. Ainda não tinha dado fim a seu treinamento, mas precisava descansar antes de retornar ao mesmo. Enfim, levantou-se. - A-A-A-A-Ai! - disse, "sorrindo" de dor. Seu corpo esfriara e, portanto, seus músculos doíam de maneira intensa. Não podia, porém, retornar para casa tendo apenas 50% do treinamento concluído. A força de vontade que emanava do jovem foi o suficiente para que o mesmo, apesar das dores, se dirigisse à frente de um boneco de treinamento nas imediações do local. - Tá olhando o que, saco de merda? - proferiu, apontando o dedo indicador para o objeto, que permaneceu imóvel...obviamente. Toyohisa pôs-se em postura de combate: cerrou os punhos e os elevou até a altura do busto, enquanto realizava pequenos saltos laterais. - Se prepare!

O garoto começou a socar com vontade () o boneco que se encontrava à sua frente, desferindo golpes rápidos e precisos na região abdominal do mesmo. Por mais que houvesse certa "graça" em seus golpes, parecia também que uma besta estava golpeando o boneco de treinamento. Uma considerável intenção assassina era direcionada ao boneco. " Nossa.. Como eu preciso lutar com alguém! " pensou, à medida que um sorriso se formava em seus lábios. Apesar de treino ser treino e, jogo jogo (durr), Toyohisa dava o máximo de si naqueles socos, como se estivesse realmente golpeando o tórax de um semelhante. Um bocado de sangue se fazia presente nos dedos das mãos do rapaz, fruto de ferimentos após ter socado tantas vezes o boneco. No fim das contas, era apenas mais uma pessoa de carne e osso, um mortal. - Estou..sangrando? Hm. - Não era um pouco de sangue que iria espantar - ou até mesmo desmotivar - o rapaz. Era um ninja. Pessoas sangram. Pessoas morrem. Essa é a realidade.

Sem aviso prévio, trocou o foco de seus golpes. Socava, agora, a cabeça do boneco de treinamento. Dava um ou dois "jab" e retraía um pouco o corpo, desviando de golpes imaginários. Suava como um porco. Sua testa parecia uma poça d'água e, os cabelos, adquiriram uma aparência "suja". - Morre logo! Quero descansar! - Toyohisa começou a, brutalmente, atacar o boneco. Dava socos em sequência na cabeça do mesmo, mesclando força à velocidade. Soco após soco, o boneco foi cedendo e, o lugar onde anteriormente se encontrava a cabeça do boneco, fora substituído por completo "nada", à medida que uma esfera de madeira poderia ser vista rolando pelo Campo de Treinamento. - Dale. - Comemorou e, enfim, retornou para casa. Não é como se alguém lhe esperasse lá, mas não deixava de ser seu refúgio. 

Toyohisa; 275/275 275/275 00/05

Considerações:

Uma noite comum em Konohagakure. Apesar de ser verão, ventava relativamento frio pelo vilarejo. Imerso na escuridão, Yoyohisa se movia, lentamente, pelas ruelas do vilarejo. Apenas seus miúdos - porem chamativos - olhos cor de sangue podiam ser vistos por aqueles que ousassem se aventurar pelas ruas nas altas horas da noite. - Hm.. Finalmente cheguei nesse maldito lugar. - A impaciência presente nas falas do garoto dava a impressão de que o mesmo ficara muito tempo andando para enfim chegar no Campo de Treinamento. Bobagem, na verdade. Não haviam se passado cinco minutos desde que Toyohisa havia saído de sua casa para ir treinar. - Vamos começar! - berrou, alongando o corpo.

Estando com os músculos aptos a realizar atividades insuportáveis, Toyohisa abriria suavemente as pernas, afastando. Ambos os punhos seriam elevados até a altura do busto e, então, o rapaz começaria a golpear o ar a sua frente. Para o rapaz, seria bem mais agradável golpear bonecos de treinamento. Sentir a sensação de seus dedos estarem indo de encontro a uma superfície sólida, sabe? Infelizmente, a maior parte dos bonecos de treinamento já estava completamente remendada, tal pelo fato de Shimazu já ter arrancado partes de vários deles: cabeça de um, braço de outro, destruir completamente alguns. Konoha estava sendo mais prejudicada do que beneficiada deixando aqueles materiais à mercê do jovem Genin. Golpeando o ar, realizava movimentos contínuos, movendo-se em todas as posições possíveis. - Vamos, revide! - Um sorriso permanecia no rosto do jovem. Poucos sabiam o que se passava nas profundezas de seu subconsciente, mas provavelmente o rapaz achava que se encontrava em um "Campo de Batalha" mortal, quando estava lutando contra o "poderoso" vento, na realidade. Mesclava golpes de impacto com golpes suaves, tentando manter uma imprevisibilidade em relação ao seu próximo movimento. " Hehou! Eu sempre soube fazer isso?! " No fim, nem Toyohisa sabia o que diabos ele estava fazendo.

Apesar de já ter adquirido maior resistência a esses tipos de treinamentos intensivos, os músculos dos braços de Toyohisa já começavam a doer. - Pode parar, porra! - berrou, batendo com a mão direita no braço esquerdo e vice-versa. Tirou algum tempo para respirar, colocando as mãos sobre os joelhos. Respirava pesadamente, como se estivesse treinando há horas. - Quanto..tempo será que se passou? - Não podia afirmar com plena certeza, mas acreditava seriamente que havia - pelo menos - ficado duas horas socando o ar, treinando artes marciais corpo a corpo. " Acho melhor treinar com outra parte do corpo, agora. Meus braços estão só o pó. " pensou, vendo ser incapaz de dobrar completamente ambos os braços. Suspirou, enquanto dava alguns saltinhos para cima, e movia as pernas loucamente. - Hora de correr, porra! - berrou, sorrindo.

O rapaz abaixou um pouco o corpo e, sem aviso prévio, começou a correr ao redor do Campo de Treinamento. Apesar de apto a correr 18 metros por segundo, Toyohisa ainda esperava aumentar esse número. Dobrar? Triplicar? Não importava. Força é importante, mas velocidade também. " Zuuuum! " O jovem Genin não pensava em mais nada além daquela sonoplastia de moto. Assemelhava-se a um cachorro louco, que corria incessantemente atrás de uma vítima. Dava impulso com a perna direita, tacando todo o corpo para frente, e fazia o mesmo com a esquerda. A habilidade em manusear seu corpo em alta velocidade garantia que Toyohisa não tropeçasse - e consequentemente não fosse de encontro ao chão - enquanto correndo. Apenas as curvas demonstravam ser uma grande dificuldade para o rapaz. O jovem Genin não dispunha de grande capacidade cognitiva para saber quando dar meia-volta, por mais que possuísse bons reflexos. - Oh, merda! - Tec. Seu corpo foi lateralmente de encontro a uma árvore. Os braços, que já doíam, gemeram de dor. Se não fosse pela grande força do rapaz, seus ossos provavelmente haveriam se tornado gelatina. - Uou, uma maçã! É meu dia de sorte. - O fruto caiu após o contato do corpo do rapaz com a árvore, permanecendo no chão. Abaixou-se, pegou a fruta e sentou-se na árvore, descansando. - Não sabia que correr cansava tanto. Merda! - disse, dando uma mordida na maçã.

Terminando a "refeição", se levantaria. Sem pronunciar qualquer palavra, tornaria a correr novamente. Mesmo cansado, não podia desistir de se autofortalecer. Os músculos de suas pernas produziam ácido láctico incessantemente, aumentando cada vez mais o arder em cada uma destas. - NO PAIN NO GAIN. - gritou, ainda correndo. Notara pequenos sinais que indicavam a - finalmente - obtenção de um maior nível de velocidade. Não tinha certeza se estava delirando, devido a desidratação, ou se de fato já estava mais veloz. Apesar dos pesares, não cessou. Continuou correndo, sempre olhando para frente, nunca para trás. " Run, Toyohisa, run! " pensava, já incapaz de falar, pelo fato de sua língua e lábios já estarem bastante secos. Bebia, vez ou outra, o suor salgado que escorria de seu rosto, acreditando que isso viria a amenizar a vontade de beber água. Bem..Estava errado. Já tendo corrido o bastante, pararia. Sentia o braço doer, devido ao treinamento de Taijutsu, e agora as pernas, devido ao treinamento de velocidade. - Pô.. Será que eu devo ir pra casa? - indagava, duvidoso sobre como deveria agir em seguida. - Meh, porra nenhuma. Vou aprender aquele estilo de luta lá. - Toyohisa não sabia exatamente o nome do estilo, mas estava se referindo ao Gõken, o Punho Forte.

O rapaz, consciente do poder de tal estilo - e as consequências físicas que o mesmo infringia nos oponentes - não pôde deixar de esconder excitação enquanto se dirigia à frente de uma gigantesca e grossa árvore que havia no Campo. - Ei, você! - disse, apontando o dedo indicador para a mesma. - Prepare-se, porque o Toyohisa irá te deitar na porrada! - berrou, quase como se não estivesse "conversando" com uma árvore, ser imóvel e, obviamente, incapaz de responder às provocações. Toyohisa levou o braço até atrás da cabeça e, movendo-o rapidamente contra a árvore, sorria. - Toma isso! E isso! E esse chute também, sua random! - Os golpes do rapaz eram rápidos, mas fortes e impactantes, a ponto de fazer com que um simpatizante da S.O.S Amazônia ficasse puto com Toyohisa ao ver o que ele estava fazendo com aquela pobre árvore. Sua base ia, aos poucos, sendo escancarada, e a imponente árvore que se encontrava lá, aos poucos, parecia se tornar um fraco graveto. - Tá assustada demais pra revidar, né? kk - berrou. A essa altura, alguns moradores de Konoha já xingavam o rapaz, vide o fato de estar gritando sozinho há horas.

Suas mãos sangravam, mas o rapaz não cessava. Sua obsessão por poder era doentia, e estava disposto a se matar caso isso o tornasse mais forte. Socava, quebrava parte da árvore, sempre nessa ordem. Cada vez que golpeava, mais poderio de destruição parecia se apossar do rapaz. Sorria histericamente, vendo o estrago que suas mãos eram capazes de fazer. - Caralho.. Quem diria HAHA - disse, ainda judiando da pobre árvore. Quando terminou de golpear, parecia que a árvore havia sido reduzida a 1/4 de seu tamanho original, o que deixou Toyohisa bastante contente de seus feitos. - Eu poderia me tornar um escultor de árvores.. - disse, retornando à casa. O treino havia lhe rendido bons frutos, incluindo uma maçã.

Toyohisa; 525/525 525/525 00/07

Considerações: