Alvejado, Seiya se encontra ao chão, sendo alvo de diversas palavras de difamação e calúnias. Apelidos de mal gosto ecoavam pelo pátio da academia, conforme o garotinho de apenas 9 anos de idade, é massacrado. Sentado no chão de terra, cabisbaixo, prestes à chorar, um dos alunos com maior potencial de sua geração se encontrava perdido em seus pensamentos depressivos. O que tinha de errado nele? Seu cabelo vermelho? O fato de não poder cheirar e sentir gostos? Ou então suas boas notas? Até mesmo sua baixa renda familiar? A mente humana se torna incompreensível algumas vezes. Aquela manhã sombria marcada pelos tempos de conflito de 57 D.G., era apenas mais um dia terrível, no qual Seiya tinha que passar pelo mesmo processo todo dia, tendo que aguentar toda a pressão de ser maltratado pelos colegas de classe, em cima de suas costas, o que já havia virado rotina.

Seus olhos, lacrimejam; aquilo já havia chegado ao ápice. Sua mente entrava em clímax e sua raiva e tristeza interior se mesclavam, mudando todo o sentimento de compaixão pelo próximo que Seiya tinha. A cada dia sua personalidade aperfeiçoava-se para o lado individual do que o coletivo, juntamente com uma forma niilista de enxergar o mundo. Sentido? Pra que um? Sua vida não tinha motivação alguma, não mais. Todavia, antes que seguisse um caminho de raiva e rancor, abruptamente todos os gritos e insultos cessavam.

── Qual o problema de vocês!? ── Uma voz feminina, doce e gentil, porém, misturada com um tom de raiva permeava o local, surpreendendo o jovem estudante. Levantando a cabeça para ver o que havia acontecido, o mesmo se surpreende ao ver a bela figura loira, com seu rosto vermelho, possuindo uma expressão furiosa enquanto encarava as almas de cada um ali presente ── Vão dar uma volta e deixem ele em paz! ── Gritava mais uma vez, com o intuito de dissipar o grupo que fazia bullying com Seiya ── Você está bem? ── A menina então se virava para o garoto, com um belo sorriso no rosto e estendendo a mão para o mesmo. Seus olhos azuis combinavam tremendamente com o amarelo de suas longas mechas que voavam ao vento calmamente.

── E-eu... tô bem... ── O aluno da academia gaguejava perante a loira que continuava estendendo a mão para o mancebo. Segurando sua mão, a mesma ajuda o ruivo a se levantar.

── Eles são uns idiotas né!? Tomara que você esteja bem, deve ser uma droga ter que aturar esses ridículos todos os dias ── Seguiria conversa, meio tímida e acanhada, por mais que acabasse de ter um pico de coragem, normalmente sua personalidade não é assim ── Eu não aguentava mais vê-los te maltratando e decidi que tinha que fazer alguma coisa! ── Continuaria indignada com o que Seiya tinha que aturar ── Aliás, me chamo Uzumaki Inoue! ── Se apresentaria gentilmente para o rapaz que apenas coraria com aquela ação.

── Oi.. err... me chamo Sakasi Seiya... ── Com a voz travando, Seiya se apresentaria para a garota de forma errada, trocando as letras de seu nome.

── Sakasi...? Nunca ouvi falar dessa família aqui na vila... ── A loira levantava a mão e a direcionava para o queixo, entrando em um espírito pensativo. Após alguns segundos, Seiya enfim entenderia o que havia acontecido ali, corando mais ainda ── Ah!! Vocês são de fora da vila? ── Perguntaria animadamente.

── Nós não... err... ── Timidamente, tentaria explicar a jovem que sua família não era tão relevante em Konohagakure ── Nós não somos muito conhecidos pela aldeia... minha família não tem muitos registros de heróis como o seu clã possui... ── Continuaria evitando olhar nos olhos da garota ── E bem, é Sasaki...

── Agora entendi! ── Exclamaria após ouvir as palavras do estudante, dando uma leve risadinha de canto ── Vamos ser amigos!? ── De repente, o convite da Uzumaki surpreende o jovem Seiya que arregala os olhos diante daquela cena. Nunca ninguém em sua vida, já o pediu para ser seu amigo. Algo inédito acontecia naquele momento.

Seiya apenas balança a cabeça para cima e para baixo, timidamente, com sua pele num tom idêntico ao de seus cabelos vermelhos como rubi. Sua respiração ofegante e seus lábios que conspiravam pouco a pouco para deixar escapar um sorriso bobo em seu rosto, evidenciavam a alegria do rapaz. Finalmente, sua vida seria comum, pelo menos um pouquinho, assemelhando-se as pessoas mais sociáveis, possuindo uma amiga. De fato, seus olhos brilhavam de felicidade, todavia, seu coração apertava cada vez que a encarava nos olhos e a beleza da loira roubasse a atenção do jovem estudante de academia. Sasaki Seiya, o garoto mais tímido de Konohagakure, havia se apaixonado por Uzumaki Inoue, por contraparte, a mais extrovertida. Aquela manhã já tinha sido marcante, composta por sentimentos mistos de raiva, tristeza, alegria e repúdio. Este dia entraria para a história de Seiya, porém, não seria como o dia em que fez sua primeira amiga.

Passado o tempo na academia, Seiya e Inoue andariam juntos pelas ruas de Konoha até um certo ponto da cidade, despedindo-se logo em seguida. Então, o ruivo seguiria caminho para seu casebre, onde morava com seus pais. Seiji, seu progenitor, tinha saído da vila para uma missão importante, considerada Rank S. Estava na frente de batalha, a grande vanguarda, um dos 'pelotões' mais importantes durante um combate. Chegando em casa, bateria na porta três vezes, avisando sua mãe que o mesmo tinha chegado. Entretanto, após alguns segundos no hall de entrada, o garoto estranha o silêncio dentro de casa. Sua mãe, Natsuki, sempre o recepcionava, todas as vezes que o jovem chegava ao recinto, com um gigantesco sorriso no rosto, porém, naquele dia, ela não veio.
Tirando os calçados, adentraria pelo pequeno corredor chegando até a sala onde ali, o curso de sua vida mudaria completamente. Sua mãe, chorava sentada ao sofa, com uma carta jogada ao chão. Seiya então pergunta oq que tinha acontecido, e sua mãe, entre lágrimas e soluços, dizia que um shinobi chegou a pouco com esta carta, acompanhado de uma terrível notícia: Sasaki Seiji, morrera em batalha. Seu chão então cai, e Seiya muda completamente seu modo de pensar. Quais eram os motivos? Porque ele havia morrido? Valia à pena morrer por uma aldeia em que sua morte não vale de muita coisa, a não ser números? De fato, todas as perguntas eram pertinentes e ecoariam por sua mente por um longo tempo...