Até eu havia me impressionado com as recomendações. O fato de estar em uma missão daquele nível se dava à mim, claro, mas também à tudo que foi dito pelos meus superiores diretos. Elogios e avisos foram dados, orientações específicas para que o plano não falhasse em cima das liberdades práticas que haviam me concedido em campo. -Estamos lidando com uma oportunidade única aqui, você entende, não? Disse o Jounin enquanto, em minha lembrança, eu acenava positivamente com a cabeça; Encarando-o de forma séria. -Você está sendo enviado, primeiramente, para uma missão extremamente conveniente, proteger um artefato que será enviado para um local onde há suspeitas de que acontecerá uma reunião de extremo sigilo para serem traçados planos contra nós e nosso povo. Ele respirou e acendeu outro cigarro dentro daquela sala cubicular que tinha o cheiro de nicotina impregnado nas paredes. Lhe acompanhei; risquei o isqueiro. -Não temos certeza absoluta de que aquele seja o local certo, apenas fortes indicações do nosso Centro de Inteligência que executaram uma estratégia de redução de área em cima dos dados que já tínhamos para esta missão. Apontaram com grande chance que ambos os locais coincidam. Você deverá entregar o artefato e procurar por este sujeito. Sua mão esticada em minha direção havia acabado de sacar do bolso uma espécie de panfleto. Nele? Uma foto, um nome e uma idade. Aquele rosto não me era estranho -Este é Kenshi, um de nossos renegados e o maior motivo para que tenhamos tanta precaução com esta operação. Ele abandonou o vilarejo e deixou um rastro de destruição por onde passou. Extremamente habilidoso em ninjutsu, no entanto, seu calcanhar de Aquiles é o motivo de ter sido você o escolhido. Minha atenção nada dispersa foi atentada ainda mais aos olhos negros do sujeito, junto ao que saia de sua boca. -Desde que começou seus estudos até o momento em que partiu, meses atrás, ele sempre se mostrou extremamente ineficiente com genjutsu, e é aí que você entra. De alguma forma utilize todos estes dados para executar sua missão; Cuidado! Sumiu em meio a fumaça. Apaguei o cigarro e também me retirei, saindo por uma parede falsa em meio a rua, logo atrás de uma cabine telefônica.

Eu havia acompanhado aquela excursão de forma discreta, de modo que nem mesmo os três homens disfarçados de comerciantes e carregando uma espada lendária no baú da carroça, sabiam. Saltar entre as árvores já havia se tornado automático. De forma discreta buscava mudar alguns trajetos para que não denunciasse tão facilmente minha posição. Aquele ciclo vicioso de saltar, parar e olhar, já estava decorrendo há exatos dois dias, e eu já pensava se era realmente necessária segurança para eles. Já era a segunda madrugada, e como a anterior os sujeitos continuaram revezando, sem parar para descansar. Enquanto eu já estava cansado mesmo aplicando doses terapêuticas de cocaína, algo não muito convencional para mim. Bruscamente uma onda de ar chocou-se contra mim, fazendo com que eu me escondesse obrigatoriamente atrás de uma árvore, no intuito de não ser atingido pelos destroços vindos na mesma direção. Havia ocorrido uma explosão no meio da vegetação que ficava ao flanco direito da trilha que homens seguiam. Um ataque! Do meio da fumaça avançou um sujeito contra os transportadores, que em choque encolheram-se junto ao banco da carruagem. Ao longe avistei algo que fez meus neurônios entrarem em combustão; Minha mente começou a juntar alguns pontos. Era Kenshi, trajado completamente de preto, e investindo contra um carregamento parcialmente secreto da vila que ele havia sido exilado. Eu? Já havia me movimentado o mais rápido que pude para a parte de trás da carroça, camuflado pela poeira da explosão que já havia passado pelo nukenin e a parte da frente do veículo, não ainda não completamente pela minha posição. -Onde está Ouroborus? Disse Kenshi com a lâmina de uma kunai no pescoço do viajante mais velho. O dialogo deles poderia ser breve, e se não me antecipasse aos acontecimentos algo pior realmente poderia ser feito. Me movi para trás me distanciando da parte anterior do ponto de referência, e lancei duas kunais através da lateral direita da carroça. Simultâneo a este ato lancei outra arma semelhante na direção do sujeito, que nesta altura estava no após saltar em esquiva do ataque anterior. Como planejado, aquela sequencia de ataque realmente rápidos foi efetivo. O grande coringa estava na segunda etapa, onde a kunai arremessada continha chakra indutor à genjutsu. Cheque mate! Ele caiu no chão, já que o movimento havia sido calculado para feri-lo de raspão, para que o projétil pudesse viajar em linhas reta e ainda sim ser notado pelo inimigo. Minha mão tocou seu pescoço e lhe enforcou, libertando-o da hipnose e o induzindo à algo pior.

Dentro da mente daquele sujeito, passei a ter acesso as suas informações. Aparentemente aquela reunião já havia ocorrido, na manhã daquele mesmo dia. Eu estava atrasado, porém, vasculhando as memórias dele passei a captar e a anotar todas os dados importantes que foram ditos naquele momento. Quem chefiava o plano parecia ser um senhor, chamado naquelas lembranças como Grande Iluminado. Sua aparência me recordava um velho mago. Ele liderava cerca de duzentos homens residentes em algum ponto do pais da nuvem, que tinham o claro intuito de infiltrar-se de forma civil em Kumo e então incitar uma guerra civil para que o intelecto máximo daquele planejamento pudesse governar o país. Kenshi era seu espião, assim como parecia estar completamente inteirado nos acontecimentos, muitas vezes sendo chamado de braço direito naquelas recordações. A Ouroborus é uma peça fundamental para este plano, já que no ápice da guerra civil suas habilidades especial de fuuin seriam fundamentais para o selamento de forças maiores que aqueles homens patéticos poderiam suportar. Toda aquela rede de pensamento era transferida ao meu conhecimento, cada detalhe era processado. Induzi ele ao sono.

Agora o vendo de fora e com mais calma, eu sabia da onde o conhecia. Aquele sujeito esticado no chão e abaixo do meu joelho já havia aparecido na tv, duas vezes se me recordo bem. A primeira foi após ganhar um torneio na vila, e a segunda após a destruição que fez em sua fuga. Matou algumas famílias e estuprou crianças. Era um sujeito totalmente dissimulado e desumano que não deveria ser trato como alguém honrado da sabedoria terrestre. -Nunca faça aos outros o que lhe ferirá a carne e o espirito. Dizia Yamanuki em minha mente. Minha mão dizia ao contrário. O sangue irrigou a terra com pedregulhos onde estávamos; Uma garganta dilacerada. A kunai fincada em seu pescoço logo no final do corte parecia ter seu metal fundido à pele de tão profundo que foi o ferimento. Levantei, limpei a poeira do meu moletom com as mãos. O boné antes para trás agora era posto para frente, fechando o quadro da minha face tranquila após todo o acontecido. -Vocês estão bem? Me virei e caminhei na direção do carregamento. Os homens, ainda comprimidos contra o assento e em estado de choque, só faziam gaguejar palavras inconclusivas. -Sou enviado do kage. Subi na carroça. -Já que vocês vão tremer segurando as rédeas deixa que eu guio.

A adrenalina do inesperado e rápido confronto foi se reduzindo e o sono investindo cada vez mais contra mim, ao passo que íamos chegado ao final da trilha para nos depararmos com algo colossal. -E esta é a Cidade dos Gigantes. A voz do viajante mais novo cortou o ar e abriu a porta pro silêncio. Eu estava boquiaberto! Não era novidade eu me impressionar com essas construções gigantescas que existem nas maiores altitudes de Kumo, genialidade do ser humano sempre me espantava, mas aquilo era colossal. Estávamos frente a um imenso lago circular que terminava em um paredão de pedra. Nas rochas estava esculpida a face de um sábio extremamente conhecido e conceituado em nosso país, e naquela região em específico. De seus olhos escorria uma cascata como se chorasse pelos menos afortunados de saber, e de sua boca caia água como se disse palavras para iluminar estes mesmos míseros seres. Após momentos parado e em silêncio, imerso em um estado contemplativo, comecei a me conectar organicamente ao meu corpo e minhas obrigações. Toquei a viagem novamente rumo aquela cidade magnífica. No futuro tudo ocorreria bem, assim como a entrega do artefato para a proteção devida e o retorno para casa.