Domingo, oito horas da manhã.
Amaterasu. O nome confiado a ti pela sua mãe, que o escolhera por causa do radiante sol que fazia quando estava a concebendo. O bebê iluminado, a garota do astro solar. Naquela época, fora chamada assim por muitos, médicos e enfermeiras. Era como se fossem capazes de ver em você uma chama ardente e inextinguível, brilhante como uma estrela. Mal sabiam que ao crescer sua vontade tornaria-se tão quente como o fogo. Mesmo os problemas grandes que tinha não foram capazes de abalar sua fé e o seu desejo obsessivo em se tornar alguém forte, dotada de coragem.

Enfrentou todos os obstáculos com extrema determinação, nunca deixando se levar pelas palavras e atos de pessoas alheias. Sabia que era uma pessoa com poucos recursos. Mas trabalhava duro para tornar seu ponto fraco em força. Podia não ser capaz de utilizar ninjutsu ou genjutsu, mesmo criar um bunshin básico era algo impossível. No entanto, seus punhos machucados e enfaixados se tornaram mais perigosos do que qualquer arma laminada que carregava em sua hip-pouch.

O pequeno corpo parecia demonstrar fraqueza, mas essa era apenas sua genética, que insistia em não crescer músculos pelos braços e pernas. Apesar de não parecer, o corpo que tinha era tão resistente quanto o de um adulto, às vezes mais do que estes. Conseguia carregar mais peso do que pessoas comuns, assim como era capaz de causar alguns estragos no tronco de uma árvore.

Era isso o que fazia. Sempre estava treinando os socos contra o pedaço imóvel de madeira, que tinha encontrado no campo de treinamento anos antes, agora cheio de rachaduras e feridas. Como ele, suas mãos demonstravam feridas e sangue escorria pelos nós dos dedos. Embora parecesse doer aos olhos dos outros, você não sentia nada. Não é que você estava aguentando a dor ou algo parecido, você apenas não era capaz de senti-la. Desde o nascimento, nunca tinha sentido dor fisicamente. Era uma anormalidade, algo que poucos demonstravam. O DNA tinha uma pequena falha que a tornava incapaz de sentir o sofrimento corporal. Mesmo que espetasse uma faca em sua pele nada sentia, nem mesmo quando quebrara um dos punhos havia sentido algo, descobrindo que tinha o quebrado apenas quando sua mãe percebera a posição errada em que o osso estava.

Treinando dia e noite, você também acabou se tornando mais resistente que outros. Sua mãe sempre lhe perguntava como era capaz de passar um dia inteiro fazendo flexões e abdominais sem cansar-se, e você sempre respondia dizendo que era algo natural, que tinha se acostumado depois de tantos anos treinando o corpo em intensivos e exaustivos treinamentos. Era verdade, tinha derramado mais gotas de suor naquele campo de treinamento do que a maioria dos que ali passavam. E hoje, não estava sendo diferente!

Fazia algum tempo que havia chegado, o sol escondia-se atrás da pedra com as faces dos hokages ao amanhecer, levantando-se ao desaparecer do astro lunar. Tinha chegado durante a madrugada, umas três horas antes, e desde então, praticava contra o pedaço de tronco que estava enfincado no meio do local. Estava sozinha, cercada pelo silêncio matutino. Apenas o som dos punhos golpeando a madeira eram audíveis, ribombando pelo lugar. O suor já lhe impregnava o corpo, molhando-a por inteiro. Com um rápido movimento de sua canhota, arrancou a pequena jaqueta verde e a lançou para a sombra de uma árvore que estava na sua esquerda. Sentindo-se mais leve, voltou ao treinamento ao esmurrar o toco à sua frente continuamente.

Parou durante uns instantes, andou até onde tinha jogado sua jaqueta e pegou uma garrafa de água que tinha posto ali, uma que tinha trazido de casa. Depois de alguns goles, deitou-se no gramado e se esparramou nele, balançando os braços como as asas de um anjo. Descansou por alguns minutos, adormecendo rapidamente em um cochilo. Não teve sonho algum, como de costume. Quando acordou, o sol estava no meio do céu e indicava que metade do dia tinha passado. Não querendo perder mais tempo, levantou-se após espreguiçar e tomou mais alguns goles de água, então voltou ao treinamento.

Não começou a golpear o pedaço de madeira como antes, mas encheu uma bolsa com pedras e iniciou uma corrida pelos arredores do campo ao prende-la nas costas e ombros. O peso a mais dificultava o movimento, atrasando-a e lhe ajudando tanto a aumentar sua força quanto sua velocidade. Mesmo não sendo fácil, correu por todo o lugar com sua máxima capacidade. Quando percebia uma ligeira melhora, pegava outra pedra e acrescentava na mochila. Continuou nisto durante um bom tempo, parando alguns segundos para descansar quando sentia-se exausta demais, mas nunca tirando o peso extra.

O dia logo chegou ao fim, agora a noite caía enquanto a lua tomava o lugar do sol. Treinou por todo o dia, aumentando suas capacidades físicas mais uma vez. Sentia-se mais rápida e forte que antes, percebendo claramente as melhoras que tinha obtido através do duro treinamento. Era esse o seu jeito de fazer as coisas, determinada e incansável. Como não era capaz de ser produtiva em duas das três artes do chakra, tinha escolhido transformar sua única capacidade em uma arma letal e precisa. Entendia que para ser capaz disso, o corpo era o principal a ser treinado. Enganava-se quem a imaginava como uma garota fraca e insignificante, com a aparência delicada que tinha. Mostraria a todos suas reais capacidades e o quanto poderia ser assustadora.

HP: 275/275
CH: 275/275
ST: 00/05

Considerações: