[...] Pássaros a cantar, insetos a zanzetar e o Sol a brilhar, tudo indicava que aquele seria apenas mais um dia ensolarado em Kumogakure, terra de terrenos montanhosos e lar da tão comentada Força ninja, uma das muitas organizações ninjas da vila da Nuvem. Força ninja essa que por algum motivo atraia a atenção de um indivíduo, aquele que se auto nomeava o futuro herói da humanidade, ou pelo menos um aspirante ao título. -51... 52... 53... 54... - Sua conta ultrapassava a casa da meia centena, elevando a cada contato entre seu peito desnudo e a relva verdejante que a ele servia de apoio para as mãos, não era necessário ser nenhum conhecedor assíduo do assunto para concluir que esse realizava uma série de exercícios, e a julgar por seu porte físico a atitude já se tornara rotina em seu dia-a-dia. -90... 91... 92... Ah, mas isso esta muito fácil! Vamos aumentar o nível. Provas de que falar sozinho durante treinos físicos auxiliava em algo não eram concretas, porém fato era que o garoto genin fazia isso com frequência , um parafuso a menos? Solidão excessiva? Ou um simples passa tempo quem sabe... De qualquer maneira esse não parecia se importar muito com sua exposição ao ridículo, e muito menos com a tarefa de impor limites a sua prática.

Thall parecia focado em elevar o nível de seus exercícios ao demonstrar uma procura incessante por algo que pudesse lhe ajudar ali mesmo pelos arredores, não parecia algo tão simples quanto imaginava, afinal não era muito comum encontrar animais preocupados com sua própria força. -Se eu pelo menos encontrasse uma... Ai esta! - Para sua sorte a mãe natureza se dispunha a ser uma grande incentivadora, como em um passe de mágica uma pedra de proporções consideráveis se revelava outrora ocultado atrás da vegetação mais fechada, essa seria o instrumento perfeito para a continuidade de seu treino. -Bom, agora é comigo. Munido de dedicação e um pedregulho quase tão volumoso quanto seus músculos sob os ombros, o ninja dedicado dava continuidade a sua sessão diária de treinamento optando por uma série de agachamentos após a conclusão dos membros superiores; ainda que cansado seus movimentos continuavam precisos tanto quanto se acabasse de deixar um longo tempo de repouso, a musculatura das pernas contraia solidificando-se quase como a rocha que carregava, parecia estar bastante habituado a aquilo, como se já nascesse predestinado ao feito. -10... 11... 12... 13... 14... 15... É isso ai to com tudo! - Da mesma forma os números subiam com velocidade e os movimentos eram executados com aptidão, pelo andar da carruagem o pedregulho que já não assustava tanto assim por seu tamanho, em breve precisaria ser substituído por uma nova ferramenta de treino, quem sabe uma árvore ou coisa do tipo.

[...] Evolução, a palavra que por anos fora o significado do foco e determinação humana, a capacidade de otimizar e refinar as já magnificas habilidades cognitivas e físicas do bicho homem, um sonho talvez? Não para uma família de raízes burguesas oriunda do sul montanhoso, um clã de muitos herdeiros que anterior a esses tivera a parcela de participação de seus ancestrais na busca pelo humano perfeito. -Vamos Thall, levante-se! - Uma sala de tonalidades claras aparentemente feita de mármore, tinha suas paredes balançadas pela grave voz de um homem em sua plena maturidade, junto a esse um garoto, de curiosa estrutura avantajada ainda que sua feição não escondesse a meninice em progressão. -Como dirá ao mundo do que é capaz, se não consegue aguentar nem uma leve brisa como essa?!

A resenha que ali acontecia claramente se tratava de uma seção frenética de treino, onde um homem de inegável virtude física incentivava com frases duras o seu aprendiz, e naquele caso específico filho. -Se isso é tudo que tem, então deixarei de perder meu tempo com você e voltarei a procurar o meu eleito entre seus irmãos. - O homem parecia abandonar sua postura imponente de controle ao dar as costas ao jovem exausto pela prática, sua saída do ambiente era quase certa quando seu caçula vociferou. -Não! Eles não podem ser aquilo que você almeja... Nós dois sabemos disso. - Sua fala era baixa ainda que firme, com visível dificuldade ele parecia buscar se levantar do chão. -Eu sou único papa, eu sou o messias! Uma batalha de gritos tinha início, de um lado o mestre orgulhoso de suas raízes, enquanto do outro mediante a ti a criatura fruto desse orgulho. -Thall seu maldito orgulhoso, me mostre do que é feito então, "Newton Smash!". - Os dizeres eram emitidos tão alto quanto o estrondoso arrebate de um trovão em queda livre contra a terra, junto a esse uma corrente de ar aquecida pela súbita e precisa movimentação do homem na ação de um soco destro, rumou em um rugido feroz na direção do jovem de madeixas loiras que apenas aceitou o premeditado absorvendo todo o impacto.

As janelas que serviam para arejar o local se abriam brutalmente ao terem sua estrutura golpeada pela ventania emitida como em um passe de mágica, as cortinas que enfeitavam tais janelas eram rasgadas demonstrando que nem a mais fina seda era capaz de dançar junto a aquela corrente de ar, até mesmo seu próprio criador sofria com o excesso de poder, porém... -Se ele ficar de pé depois dessa eu... Mas, como isso é possível? O golpe não parecia ter sido o bastante para abater a fé e orgulho do rapazinho. "Thall..." Diante de seus olhos o homem tinha a imagem de seu filho, machucado, surrado e visivelmente esgotado, mas acima de qualquer sombra de dúvidas continuava de pé. -Não vai ser um sopro que irá me derrubar, meu espirito continua intacto! - Apesar de todos os hematomas e cortes superficiais era um sorriso que surgia como resultado de tudo isso, um singelo e branco sorriso como a lua ganhava espaço na face do rapaz.
Então lentamente Thall abre os olhos, tudo não passara de um sonho durante sua meditação, talvez um desejo profundo de que sua família ainda estivesse ali, mas na verdade ele estava sozinho, mas meditar certamente o ajudou a se tornar mais forte mentalmente.