O sol evanescente alertava aos habitantes daquele vilarejo que um novo dia iniciava. Acordei relativamente bem ao som de pássaros que passavam rasgando os céus. Hoje era o dia em que eu iria realizar a minha primeira tarefa oficial como Gennin. Muitas coisas haviam passado desde o desaparecimento da minha mãe, fato este que me deu a oportunidade de agir, saindo da minha zona de conforto.

Levantei-me e caminhei para fora do meu quarto, buscando o jardim, local onde o monge Montori costumava realizar os seus ritos matinais. E lá estava o velho, sentado sobre os seus joelhos, com os olhos fechados, cantando algo apenas audível para ele. Juntei-me a atividade, sentando da mesma forma. Realizei algumas respirações profundas e após alguns minutos entrei em relaxamento. Segui assim por cerca de 10 minutos. Esse não era o melhor dos tempos mas a minha ansiedade por realizar a primeira tarefa me inquietava.

Me despedi do velho acenando com a mão direita e corri em direção ao meu quarto para alcançar a minha mochila. Dentro dela estava o papel que o velho havia me dado no dia anterior, com os detalhes sobre a missão que ele mesmo havia retirado para mim. Re-li o papel novamente enquanto arrumava a mochila em minhas costas e calçava os meus sapatos já na entrada do dojo. Minha tarefa consistia em cuidar de uma floricultura. Sério? Tive a mesma reação inúmeras vezes mas eu estava ciente do meu posto e da minha capacidade dentro daquele vilarejo. Muitos poderiam sentir-se desconfortáveis ou até mesmo envergonhados por realizar uma tarefa tão simples. Mas eu não pensava assim.

No informe a responsável pela floricultura além de ninja, era uma médica renomada, que trabalhou arduamente para alcançar o seu posto. E eu estava muito satisfeito por poder ajudar uma mulher tão importante para o nosso vilarejo! Caminhei com pressa a caminho da floricultura segurando firmemente as correias da minha mochila. Comprimentava com euforía todas as pessoas que cruzavam o meu caminho, que pareciam não compartilhar da mesma felicidade. Cheguei ao local um pouco ofegante. Acabou que os meus passos apressados se tornaram uma corrida. Entrei na floricultura pedindo licença, buscando identificar a presença de outra pessoa no local. Se ninguém me respondesse seguiria caminho a dentro, admirando as plantas e a mobília daquela casa.
Deixei minha mochila em um canto seguro e partí para ação. Comecei organizando as plantas de forma harmônica e conforme a sua coloração. Nunca tive problemas com plantas mas confesso que aquela quantidade me faziam espirrar algumas vezes. Após organizar com cautela, sai em busca de uma vassoura para poder retirar a poeira do piso. Varri com certa lentidão para não levantar poeira e com isso sujar as rosas. — Segunda etapa completa. Afirmava enquanto relaxava as duas mãos em minha cintura, buscando a próxima atividade.

Aparentemente tudo estava em plena ordem, o que facilitou a minha atividade. Me encaminhei para a frente da loja e permaneci lá, com um grande e estranho sorriso no rosto, à espera de clientes. Atendia a todos com cordialidade e precisão. Me esforçava para não me distrair quando estivesse manejando alguma rosa ou vaso, muito menos com o dinheiro que recebera pela compra de algum artefato. Faria anotações sobre as pessoas que eu tinha atendido durante aquele dia nos momentos de menor movimento na floricultura.



Terminei a anotação com o rosto vermelho. Eu estava envergonhado. A noite já dava sinais da sua chegada com o acender das luzes do vilarejo. Verifiquei se estava tudo em plena forma antes de colocar o meu diário dentro da minha mochila. Com tudo certo me dirigi a entrada da floricultura para esperar a médica. Não tive dúvidas quando senti um bom odor da mulher que vinha em minha direção. Era a dona do local. Relatei com certa timidez todo o ocorrido no dia, enquanto a mulher me olhava com certa admiração. Busquei resumir o mais breve possível. Queria ir para casa. Antes de partir a mulher ofereceu uma rosa. Uma bela rosa de cor avermelhada. Será que ela soube do ocorrido com a jovem de cabelos vermelhos? Me despedi da mulher com sorriso torto, carregando a rosa com as duas mãos e retornei para o dojo. Eu estava contente. Satisfeito por ter realizar um bom serviço. Eu queria me sentir assim mais vezes. Quem sabe no próximo dia, pois este já estava nos seus toques finais.

Bolsa:

Off:

Missão:

Já estava fora de casa a algum tempo. Infelizmente o sol não apareceu hoje, deixando o clima feio e sem interesse. Estava caminhando a encontro da central para poder coletar a minha próxima missão. Segundo o velho eu já estou apto a retirar as minhas missões por conta própria, o que preferia, pois teria a oportunidade de verificar o quadro com as missões disponíveis.

Após mais alguns minutos de caminhadas e buscas consegui encontrar o local. Era um departamento muito bem organizado e imponente. Passei algum tempo fora do local, apenas observando as pessoas que entravam de mãos vazias e saíam carregando pergaminhos, o que pareciam ser as informações sobre alguma missão. Tomei uma respiração profunda e entrei com o peito estufado. Me encaminhei a encontro do atendente que estava por trás de um balcão, passei minha cabeça com dificuldades pelo balcão e falei com o atendente. — Olá, bom dia! Me chamo Bartolomeo e vim recolher uma missão de rankeamento D. O atendente, que era um rapaz, me encarou desconfiado e após verificar alguns pergaminhos me passou uma missão que consistia em ser uma tarefa simples, tendo o seguinte título: Biblioteca da Vila.

No corpo do pergaminho haviam todas as informações necessárias sobre a tarefa e a direção que eu devia tomar. Era uma outra tarefa de faxina e cuidados, mas dessa vez na biblioteca central da vila, o que me deixava empolgado. Dessa vez fui correndo, o que não era necessário pois a biblioteca estava cerca da central de missões. Ao colocar os pés dentro do estabelecimento já senti um cheiro diferente. Cheiro de livros. A minha vontade era de ler todos, sem pausa, mas eu não estava lá para isso. — Vim a trabalho. Falava para uma senhora, gorda, de óculos manchados, impossibilitando de ver os seus olhos. Ela me olhou dos pés a cabeça e não falou absolutamente nada. Apenas apontou com o dedo indicador o local para onde eu deveria seguir: um pequeno quarto escuro. Ao chegar na porta notei que minhas narinas identificavam um cheiro de mofo e logo levei as mãos até o nariz. Aquela seria uma tarefa difícil. Haviam vários livros e pergaminhos espalhados nas estantes e no chão. Aquilo parecia obra de algum vândalo, uma fatalidade. Deixei minha mochila perto da entrada e entrei em ação.

Comecei separando os pergaminhos dos livros, enrolando-os e colocando-os na estante da esquerda. Após terminar parti para os livros, onde eu batia levemente uns contra os outros para poder retirar a poeira existente. Depois fui organizando todos, alinhados, em ordem alfabética. Tudo estava indo bem até que um dos livros desperta o meu interesse. Era um livro sobre tecnologia e pensamentos futuristas. Agarrei aquele livro e me encaminhei até a entrada do quarto, olhei para ambos os lados buscando a senhora e ao perceber que ela não estava por perto, entrei novamente e comecei a ler o livro o mais rápido possível. Parei de ler no momento em que ouvi um barulho próximo. Guardei o livro rapidamente na estante e voltei os meus olhos até a porta. Era a senhora. Ela veio me avisar que já estava prestes a encerrar a biblioteca. Não havia notado o passar das horas por estar em um local fechado. — Obrigado por me avisar, senhora. A mulher entrou no quarto com um olhar minucioso. Queria ter certeza que estava tudo em ordem. E estava. Eu tinha trabalhado bem naquela limpeza e isso era perceptível no semblante da velha, que sorria sem mostrar os dentes.

Sai da biblioteca me despedindo da senhora que dessa vez me tratou com cordialidade, retribuindo o gesto. Eu caminhava novamente em direção a central de missões. Iria recolher a recompensa por ambos os trabalhos, tanto o de ontem quanto o de hoje. Durante a caminhada eu realizava uma pequena anotação em meu diário:



Cheguei na central e passei as informações sobre as missões concluídas e com os certificados dos feitos para o atendente quem sem perder tempo me passou as devidas recompensas. Saí do local feliz e sem saber o que fazer com todo aquele dinheiro. Comprar um sorvete, talvez...

Bolsa:

Off:

Missão: