A aldeia da pedra sempre fora rodeada por uma enorme cadeia montanhosa que servia como proteção, paisagem e também para a extração de minérios preciosos ao Daimyo do país. Já havia amanhecido aquele dia, mal se podia enxergar o sol com o nublado da manhã. Nami estava sentada em sua pequena mesa de madeira, tomando um quente chá de camomila que ela fizera alguns minutos atrás. Seus olhos fitavam a janela redonda à sua frente, observavam a rua, onde dois passarinhos se bicavam por alguns pedaços de pão que por ali foram espalhados. No entanto, quando levou mais uma vez a xícara da boca para engolir um pouco daquela deliciosa camomila um tremor tomou-a por completo. Ela percebeu que não fora só ela, mas também toda sua casa e até mesmo o lado de fora, pois os pássaros voaram, assustados. 'O que é isso?!?' Pensou, ficando de pé enquanto a xícara tremelicava e derramava o chá por sua mão e pelo chão.

Não pensou duas vezes, secou a mão num pano que havia em cima da mesa, pegou sua bolsa ninja e saiu porta afora. O tremor já havia parado e ela estava junto de outros residentes locais, todos do lado de fora olhando para uma das montanhas que ficavam atrás de Iwa. Subia uma poeira de pedra, um troço esfarelento que ao se juntava com a neblina do começo do dia. - É ali! - Exclamou, pondo-se a correr. Por não ser muito rápida a garota demorou um pouco para chegar no local, havia uma trilha que levava para o local onde havia a fumaça, um dos pontos de extração de ametista. Ela seguiu por tal caminho e ao chegar no seu fim viu a boca de uma caverna coberta por rochas de tamanhos variados. Ela aproximou-se das rochas, tocou-as para ver se estavam frouxas ou não, percebeu que estavam firmes e então ela gritou para quem é que estivesse lá dentro. - Se afastem da entrada, eu irei tirar vocês dai! - E com isso ela deu dois passos para trás e seus insetos começaram a sair por debaixo de seu manto escuro, tornando-se uma nuvem negra que parecia ser uma enorme calda da garota. Utilizando seus insetos, a garota empurrava para as laterais as pedras de cima para baixo. Ficou nisso por alguns minutos, até que um outro ninja apareceu no local. Era um homem esguio e alto e por ter a barba sem fazer denotava ser de um rank elevado.

- Você fez tudo isso garota? - Perguntou, um tanto que abismado, colocando a mão na cintura. Faltavam poucas pedras para obstruir a passagem da mina, e já era possível ver os trabalhadores lá dentro, sorrindo por conta do resgate. - Deixe com nós agora... - Quando o homem falou isso outros quatro ninjas apareceram sabe-se lá de onde. - Nós somos médicos, iremos carregar os feridos. Pode voltar para casa garota, seu trabalho aqui já acabou. - Ele completou dizendo isso, mas não de forma autoritária e sim com um sorriso, tentando ao máximo demonstrar que o que a menina havia feito não era pouca coisa.

- Obrigado, Senpai! - Ela abaixou a cabeça três vezes rapidamente, coitada, não sabia cumprimentar. Sorrindo como uma criança ela virou-se e voltou pela trilha, dessa vez sem correr, assobiando uma música que ouvira ao sair do laboratório no qual um dia foi confinada. - Minha primeira missão foi um sucesso! - Exclamou, felicitada, voltando para sua casa para terminar aquela jarra de chá de camomila que havia feito.

Havia recebido aquela missão no mesmo dia em que tinha salvado os mineiros do desabamento. O mesmo ninja que outrora disse que o trabalho de Nami havia acabado passou na porta de sua casa. O sujeito alto contou que todos os homens da missão anterior tinham sido salvos e que por eu ter tirado as pedras da entrada com tanta rapidez e habilidade eles conseguiram curar os que estavam em estado mais grave, de presente ele deu um pirulito para a garota, além do pagamento da missão anterior. Após toda essa congratulação ele disse que ela tinha que ir à biblioteca da vila pois lá havia uma missão para ela. A menina agradeceu-o feliz, balançando a cabeça três vezes, apertando a mão duas e dando três beijinhos em suas bochechas. O homem não entendeu porque tanto cumprimento mas nem a garota entendia direito porque tinha que fazer aquilo. Ele deu então meia volta, a menina bebeu um copo d'água e pôs se a caminhar na direção da biblioteca.

'O que será que eles querem?' Perguntou-se no meio do caminho, com o pirulito na boca. 'Será que vão me dar um pergaminho secreto para entregar para outra vila?' Ficou excitada e deu um soco no ar. 'Ou será que minha missão é aprender algum jutsu a muito tempo guardado pelo bem de Iwa?' Ao falor isso ela bateu a mão no peito, orgulhosa.

Ela então chegou a uma enorme construção de pedra com uma placa de madeira escura que assinalava que ali era a biblioteca. O pirulito em sua boca estava só o palito, ela então entregou-o a um grupo de seus insetos que levaram o palito de plástico para a lixeira mais próxima. A garota empurrou a porta da biblioteca e a primeira coisa que fez foi espirrar. - AAAAAAAAAtchim! - Foi tão forte que ela deu uma recuada. Nesse momento saiu um ninja, um sujeito baixo e corcunda com um óculos de lente ajustável gigantesco em sua cabeça.

- Fale baixo garota! - Gritou ele, aproximando-se dela bamboleando. - Quer dizer, fale baixo garoto... - Falou mais baixo dessa vez, percebendo que ele que havia gritado. Olhou-a de cima abaixo, com a mão no queixo e virou-se de costas. - Você deve ser a ninja que enviaram... Essa ilha me odeia mesmo, peço uma pessoa para essa missão e me mandam uma garota franzina como você! - Ele disse e quando Nami ouviu isso um misto de curiosidade e um pouco de raiva atravessou seu corpo. Curiosidade pois queria saber que diabos de missão era aquela e raiva porque ela havia sido menosprezada.

- Sou franzina mas sou muito forte, ok? - Respondeu ao corcunda, com um beicinho. - Ei, tortinho-senpai... - Ela não tinha papas na língua e não fazia isso por maldade. - Qual é a minha missão? Vamos, diga! Eu juro que sou forte, meus insetos são capazes de matar qualquer um...

- Matar? - O homem disse, parando de caminhar o que fez com que Nami também parasse. O silêncio reinou por alguns segundos. Ele virou a cabeça lentamente para trás com um sorriso macabro: - A única coisa que você vai matar aqui é essa poeira! - E então voltou a andar, empurrando uma porta dupla de madeira e mostrando à garota uma série de prateleiras repletas de livros.

O quarto estava carregado de poeira e a garota quis espirrar novamente, só que dessa vez ela segurou-se e deu o famoso espirro para dentro. Quando viu aqueles livros e percebeu o que tinha que fazer seus braços se tornaram molengas e ela olhou pro lado com os olhos caídos. - Sério que é isso? - Queria uma luta, não sabia como iria ajudar Iwa limpando poeira.

- Sim, é sério, e comece de uma vez garota! A biblioteca começa a encher depois do meio dia e quero tudo limpo até lá! - Ele disse, saindo pela porta dupla que entrara.

A menina então ficou lá por alguns horas, usando seus insetos de espanadores. Ela espalhava uma grande quantidade dos insetos que empurravam em conjunto a poeira para o chão e depois ela então fazia vórtice com os insetos, tendo a mão como centro, passando suas perninhas pela sujeira e consequentemente espanando-a. Até mesmo uma vassoura de insetos a menina fez. Quando tudo acabou ela estava exausta e então voltou para casa para descansar e mastigar um chiclete.