"Olha, se não fosse por isso, a gente nem incomodava cês, mas eu num posso arriscar a vida das minha cria assim por nada não." disse o senhor, havia cerca de quarenta invernos, fazia pouco tempo que havia chegado á Konoha para a entrega de alguns suprimentos alimentícios junto á sua família. Não era rotineiro requisitar os serviços de um ninja para sua proteção, mas era uma situação um pouco diferente.
"Não estávamos cientes deste aumento de atividade criminosa na região, isto é uma novidade."
"Ora, principalmente depois que construiram aquela estrada, inté agora tava tudo uma belezinha!" disse o homem, um pouco indignado.
"Está falando da nova rota comercial entre os vilarejos Shussan e Eiko?"
"Essa aí memo."
"Não me surpreende." confirmou, levando um dos dedos ao queixo "É um atalho mais simples entre as duas vilas, e economiza boas horas de viagem, a passagem de comboios levando mercadorias de vila á outra provavelmente se tornou mais frequente. Oportunidade perfeita para criminosos efetuarem emboscadas."
"Mais intão, cês vão ajudar eu e minha familha ou não?" perguntou o senhor.
"Faremos o que pudermos para resolver o problema, por garantia, um shinobi irá guiá-los até sua fazenda."
"Ufa!" disse o senhor suspirando de alívio "Então vô já prepará minhas tralha, espero seu shinobi amanhã."
"Ele estará lá."
No dia seguinte, um mensageiro seguiu em direção á casa do shinobi um pouco depois do horário do almoço, de modo á relatar a tarefa o qual deveria ser realizada.  

Spoiler:

O sol se expressava tímido ao céu enquanto leves brumas alastravam-se por algumas partes do vilarejo. Era um dia corriqueiro, como qualquer outro. Após pouco tempo de caminhada, já se encontrava próxima á entrada da vila. Não muito sutís, um pequeno grupo familiar parecia ter uma discussão curiosa.
"Ir pra lua? Dúvido, tu não me engana não minina!" dizia um senhor, ao que aparenta, havia cerca de quarenta invernos, vestia uma camisa de linho avermelhada, coberta por um macacão.
"Tô te falando, num é mentira!" respondeu a garota, diferente do senhor, esta era mais jovem, não muito alta, havia no mínimo, cerca de quinze á dezesseis invernos, usava um vestido de linho rosado longo, acompanhado por sapatilhas.
"Mas como se entra na lua, se ela não tem porta?" perguntou o garoto para a jovem, não tinha muito mais que dez invernos, para ele, o que ela estava á propor parecia um verdadeiro absurdo, e fez questão de refutar o argumento no ato.
O silêncio tomou conta por alguns instantes, no fim parecia um ótimo argumento, até que a mãe ergueu a voz:
"Pela janela."
O senhor iria responder, mas estava sem palavras, esta foi uma hipótese interessante, não sabia se conseguiria refutar. Sem muito o que dizer o senhor voltava á preparar a carroça, resmungando.
Era um comboio pequeno, duas carroças não muito grandes guiadas por quatro cavalos, ambas eram cobertas por um simples tecido de lã, ao que pareciam, estavam prestes á partir.

Spoiler:

"Já tamo perto de casa, só mais um tempinho." disse o senhor á shinobi, já estava anoitecendo e os cavalos pareciam exaustos.
"Só preciso dar uns cuidado nesses bicho, e tarvez nois chegue lá inté amanhã."
A família faria uma pequena pausa e estacionaria as carroças um pouco afastado da estrada. Enquanto os garotos implicavam com a irmã mais velha próximos á fogueira, o senhor tratava dos animais.
Um tênue silêncio tomava conta do ambiente, talvez relaxante, se não incômodo. Nesta noite, a única coisa que podia ser ouvida era as vívidas reclamações da senhora quanto ao comportamento de seus filhos.
A pequena fogueira e algazarra acabou por atrair convidados indesejados. Não muito longe, um pequeno grupo de bandidos caminhavam, cuidadosos, em direção ao acampamento da família.
Caso não houvesse quaisquer interrupção, usariam a carroça como cobertura e, em seguida, correriam em direção á família, usando seus braços para enredar o pescoço do casal de fazendeiros, de modo que os rendesse.

Spoiler:

No fim parecia que o serviço dos ladrões não iria ser tão fácil como pensavam, no momento que corriam em direção a família foram abordados de modo veloz pela kunoichi.
Estavam confusos: não era comum ver uma garota tão veloz, e também não esperavam ser emboscados em uma emboscada. Estavam alertas, seguravam pequenas adagas em suas mãos, não sabiam se poderiam combater a garota.
"E-ei, é só uma garota, podemos resolver isso!" disse um deles, com certo receio em sua voz, tentava parecer um pouco mais corajoso.
"E-então vai você!" disse o outro.
"E-eu não."
"Eu dei o primeiro passo na semana passada na nossa última emboscada, agora é a vez do Higuchi!" disse o outro, enquanto apontava para o terceiro.
"S-seu idiota, não diga nossos nomes verdadeiros!" disse Higuchi, um pouco indignado. "Agora não importa, eu vou garantir que eles não espalhem nossos nomes por aí!"
Após a pequena discussão, Higuchi correria de modo um pouco desengonçado em linha reta, em direção á garota, quando estivesse á pouco de um metro, tentaria desferir um ataque com a adaga curta na diagonal visando o braço esquerdo.
"Minina, segura seus irmão bem firme!" disse o senhor á sua filha ao perceber a algazarra. "Deixa que se eles chegar perto demais, eu dou uns trato neles!"
Após as palavras do senhor, a família tentaria se afastar um pouco dos malfeitores.

Spoiler:

O ataque redirecionado á kunoichi foi evitado com finesse.
Seus movimentos eram descuidados e pouco efetivos: seguia em direção á garota sem muito planejamento.
Em um rápido golpe a pequena adaga era arremessada á alguns metros e, quando percebera, uma lâmina afiada pousava sobre seu pescoço.
Os outros dois observavam estáticos. Mal podiam ver o que havia acontecido e, á cada movimento, tinham a impressão que a garotinha aumentava cada vez mais de tamanho, se tornando cada vez mais assustadora, era algo o qual não estavam dispostos á lutar com.
"Nó-nós deveríamos te-ter continuado á trabalhar." disse um deles.
"P-por favor, nos poupe, não vamos cometer mais crimes!" disse o outro com um certo receio em sua voz.
Ambos soltavam suas adagas, colocando as mãos sobre as cabeças, enquanto o bandido rendido mantinha-se em silêncio, temendo que, em qualquer movimento, seu pescoço fosse cortado.
Com a ameaça neutralizada, a família parecia um pouco mais confortável. Estavam surpresos quanto ás habilidades de sua protetora, não era todo dia o qual podiam ver um ninja em ação.
"Acho qu'esses aí não vão fazer coisa de ruim por um bom tempo" disse o senhor enquanto se aproximava.
"Cês num tem vergonha de atacar uma família assim não?!" dizia o senhor um pouco indignado. "As coisas não tão boa pra todo mundo não, isso posso dizer pra vocês com certeza, mas num acho que é justificativa pra cês ficar atacando gente que não tem nenhuma culpa pelo estado em que estão agora."
"Eu mesmo já passei por uns bocados quando moleque, nem por isso fui culpando deus e o mundo. Nunca fui de família ríca, e o pedaço de terra que tenho só dá o suficiente para eu e minha família sobreviver.
"Não é das melhores vídas, tenho de dizer." o senhor dizia, enquanto se voltava ás vezes á sua mulher e filhos.
"A única coisa que mantenho em mente é que, não importa o quão fundo no poço eu esteja, eu ainda posso dizer, com orgulho, que vivo uma vida coberta por dedicação, força de vontade e dignidade.
"Que vivo uma vida repleta por compaixão, seja d'eu com minha mulher e minhas crianças, ou seja deles comigo.
"Que vivo não apenas por mim, mas por pessoas que eu realmente me importo." o senhor suspirava.
"Que tudo aquilo que tenho até hoje foi ganho com sacrifício, com minhas próprias forças." o senhor dizia, ficando em silêncio por alguns instantes.
"Não foi uma vida perfeita. Com certeza não foi. Repleta de falhas, algumas feias, outras nem tanto. Mas ao menos posso dizer que procurei melhorar, procurei sempre me tornar o melhor de mim."
O senhor discursava em um tom severo, com um semblante áustero, não perdia os bandidos de vista em nenhum momento.
"Não estou dizendo isso para o próprio bem de vocês" dizia o senhor, em seguida se voltava para seus filhos "Só quero que minhas crianças saibam qual é a fuça de alguém que vende sua dignidade por apenas algumas moedas, sem qualquer remorso em atacar pessoas inocentes em busca de benefício próprio."
"Ainda bem que também tiveram a oportunidade de ver alguém dedicado que luta por seus objetivos." dizia, se voltando á kunoichi.

Spoiler:

O restante da caminhada foi relativamente calmo e sem quaisquer problemas. Após algumas poucas horas de viagem já se encontravam na fazenda da família.
"Há nada melhor que nosso lar!" dizia o senhor, parecia alegre por ter chegado em casa.
"Bem minina, obrigado por proteger a gente, se num tiver com pressa pode dar uma paradinha pro almoço." dizia o senhor á kunoichi.

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