facing an old man

O almoço estava pronto e os empregados do castelo já se colocavam a servi-lo a mesa. King parecia inquieto com a falta da presença do filho naquele espaço, perguntando a todo o momento se os serviçais o tinham visto naquela manhã, estes o respondiam de forma negativa sempre que voltava levantar tais questões. Em um determinado momento, a bela e jovial Diane, trajando o seu majestoso e longo vestido de tom alaranjado, sentou-se à mesa ao lado do marido, perguntando onde estaria o travesso Tadashi. Ambos decidiram por esperar até o momento em que o Arauto Da Guerra resolvesse aparecer. Não demorou muito para que fosse possível ouvir uma risada maléfica – HEH! SATE, SATE, SATE! – O patriarca da família caiu de seu acento no que percebeu que era este o proveniente daqueles sons. Ambos os pais do Grande General se afastaram assustados, chegando ao ponto de temerem por suas vidas. Em meio a uma fumaça branca o henge era desfeito, mostrando ser, ao invés de uma cadeira normal, o jovem peralta.

O longo sermão que se sucedeu parecia não incomodar e muito menos atrapalhar a imensa gargalhada que espontaneamente fluía direto do âmago do Arauto da Guerra.

A família contava com uma competente equipe de seguranças, porém apenas um dentre estes nobres guerreiros possuía o mínimo do treinamento de um ninja. Ablon cursou a academia quando ainda era apenas uma criança, entretanto devido a complicações familiares o sujeito nem mesmo chegou a se formar como um genin. Agora, com seus trinta anos de idade, o eterno estudante trabalhava para os Yamamoto como chefe de sua segurança – Ablon-senpai! – O chamado estridente ecoava por toda a estrutura. Tadashi costumava insistir para que o guarda o ajudasse a praticar suas habilidades, visto que este sempre recusava o pedido, chegando ao ponto de adotar como meio de evitar o rapaz uma técnica básica de transformação. Naquele dia não houve como escapar do Arauto da Guerra. O pequeno insistiu demasiadamente até que Ablon cedeu. O treinamento, segundo o guarda, consistiria em melhorar a velocidade do jovem genin. O Grande General atendeu ao pedido de seu “mestre” para que se posicionasse a sua frente. Segundo o sujeito, Tadashi teria de desviar, sem atacar de forma alguma, de seus socos e chutes – Sate, sate, sate! Isso não parece um treinamento – Protestou, recebendo como resposta uma longa e estressante explicação sobre o método que seria utilizado, vindo por consequência a entender o real significado daquilo tudo.

Ablon avançou contra o menino realizando socos rápidos e baixos, buscando o rosto do Arauto da Guerra, que só teve tempo suficiente para erguer os braços a fim de amortecer os golpes. O guarda cessou o ataque e realizou uma segunda explicação, desta vez focando um pouco mais nos detalhes. Uma segunda investida se sucedeu, todavia, desta vez, o resultado foi completamente diferente. Com movimentos rápidos e suaves o Grande General movia o seu tronco da esquerda para a direita, e da direita para a esquerda a fim de desviar-se dos golpes, e desviou. No fim, ao perceber que o travesso Tadashi havia conseguido dominar melhor a sua velocidade, Ablon realizou uma rasteira baixa, da qual o peralta escapou com um grande salto. O guarda parabenizou a criança por conseguir aprimorar os seus reflexos, despediu-se do mesmo e seguiu para os seus afazeres, enquanto o inquieto genin tomou o rumo do centro do vilarejo.

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Um assobio seguia de encontro com os ouvidos do pequeno Arauto. O vento ressoava por entre as extensas esculturas da mais pura rocha, esculpidas pelos ninja que anteriormente protegeram e viveram naquele lugar. Macróbios que antecederam aqueles que agora chamavam aquilo de lar, antes mesmo que a vila da pedra se tornasse uma grande e veemente potência. Aos olhos do pequeno e astuto, Yamamoto, se fazia possível o deleite sobre alguns feixes de luz que conseguiam se esgueirar por entre os picos rochosos que cercavam o lugar onde habitualmente o Grande General aprofundava-se em treinamentos extensivos e consistentes.

– Sate, sate, sate! – As palavras usadas rotineiramente demonstravam o quão animado o fulvo se encontrava perante outra oportunidade de praticar e melhorar as suas técnicas, tendo em mente que agora estava praticamente incluso de fato em um time. As imagens vistas enquanto preso no genjutsu de Noah se apresentavam à mente do genin por meio de figuras distorcidas, quase que a todo o momento, entretanto, pouco a pouco a resistência mental do Arauto da Guerra vinha se mostrando crescente, tendo em vista que por meio de uma resistência louvável o peralta conseguia ignorar tais imagens – Noah me motivou a calar aquelas vozes, e a provar que eu vou conseguir de fato ser um ninja de prestigio, e dar orgulho aos meus pais! Heh!

A uma passada de cada vez, pouco a pouco foi se aproximando do local onde tinha o hábito de praticar suas habilidades – Hum? – Ainda ao longe, o Arauto da Guerra notou a presença de outro alguém no ambiente o qual acreditava ser único e exclusivamente seu. O rapaz encheu-se de um sentimento envolvido em surpresa e raiva, afinal de contas a aldeia da pedra era grande o suficiente para, seja lá quem fosse, procurar outro lugar para treinar – Ei! – Ignorando a raiva que surgiu em seu interior, caminhou na direção daquela figura estranha a sua frente, levantando sua destra em um sinal amistoso – Não sabia que mais gente usava esse lugar como campo de treinamentos! Tudo bem se eu ficar por aqui até você termin... – A frase encontrou o seu fim antes de sair pelos lábios do loiro, com seu rosto sendo tomado por uma feição de surpresa.

O mirar de seus olhos correu de encontro com os da pessoa a sua frente, entretanto, o que surpreendeu foi o fato desse individuo possuir uma grande cicatriz em seu rosto, justo no lugar onde deveriam estar os seus olhos, mostrando que na realidade aquele sujeito era cego – O que houve, rapaz? O gato comeu sua língua? – Entre uma risadinha sarcástica o homem indagou palavras provocativas ao genin que sorriu de forma a ficar transparente a sua ignominia, e então se pronunciou com a voz tremula – Gatos comem língua? Heh! Bom, eu aprendi que é inadequado não se apresentar! Eu me chamo Yamamoto Tadashi! – O homem a sua frente pareceu surpreso, não estava acostumado a ser tratado como uma pessoa normal, na maioria das vezes o viam como um coitado. Ele gostou do rapaz naquele instante – Eu me chamo Mithrandir, jovem Tadashi.

Mithrandir parecia ser um velho como qualquer outro. Um grande sobretudo cinzento, acompanhado de um chapéu velho e desbotado. As características mais marcantes eram a sua longa barba e o cajado que carregava em suas mãos, ao menos aos olhos do humilde General – O que veio fazer aqui uma hora dessas, pequeno? – questionou o velho enquanto parecia querer se desvanecer. Com o bater de seu cajado no solo, criou uma espécie de trono de terra atrás de si, sentando-se na sequência de fronte para o genin, que sorriu ao ver as artimanhas do ancião – Eu costumo treinar aqui. Normalmente sozinho, por isso fiquei surpreso ao vê-lo aqui. E quanto ao senhor? – Com uma educação louvável, o Arauto da Guerra respondeu e retrucou a questão levantada pelo idoso.

– Ora, meu pequeno, aprendiz! Eu fui enviado pelos antigos para lhe ajudar a se fortalecer! Você está destinado a grandes feitos, e eu estou aqui para ajuda-lo a alcança-los – com todo um misticismo as questões levantadas por Tadashi foram respondidas. O coração do garoto se encheu de euforia. Apesar de muitas vezes as pessoas ao seu redor acabarem esquecendo, ele ainda era uma criança, e toda aquela história o deixava animado – E o que estamos esperando? – com toda a sua energia, o Grande General se dispôs a iniciar com os treinos do qual Mithrandir falava. O velho se levantou e o seu acento se desfez em lama – Precisamos melhorar o seu taijutsu! Não me pergunte o motivo. Vamos lutar um pouco, sei que será o suficiente.

Ambos de fronte um para o outro, cerca de cinco metros de distâcia. O genin logo de cara adotou uma postura de batalha que demonstrava que seria dele o primeiro golpe, enquanto que o velho a sua frente sorriu de canto quase como se pudesse ver o que estava acontecendo. Utilizando toda a sua velocidade e fúria, o pequeno se dispôs a avançar na direção do ancião, experimentando a tentativa de acerta-lo com um chute no estômago. Entretanto, em um piscar de olhos, sem que o ataque tivesse êxito, o idoso se desfez, deixando em seu lugar uma pedra com uma seta desenhada na mesma. Ao que o Grande General virou o rosto pra a direção que a seta indicava, foi acertado pelo cajado do Mago, vindo como um forte golpe da direção oposta a que olhava – Não seja previsível! Faça seu adversário se preocupar com uma coisa, quando na verdade você esta planejando outra! Deixe-o ver apenas o que você quer que ele veja!

As palavras do velho foram de encontro com os ouvidos do pequeno Tadashi, e lhe serviram de motivacional. Um sorriso brotou no rosto do rapaz, que havia se decidido. Faria exatamente o que seu mestre ordenara. Correu na direção de seu oponente com o punho direito cerrado, demonstrando a intenção de acertar um soco no rosto de Mithrandir, que pareceu decepcionado com o que o garoto estava mostrando. O velho optou por se abaixar antes de ser acertado, e nesse mesmo instante, o soco mostrou ser apenas uma distração, não carregando na realidade força alguma. A intenção do Grande General era fazer com que seu oponente desviasse. Tinha em mente algumas formas de defesa para aquele simples soco, e com isso ficou contente ao ver que seu adversário havia escolhido uma das variáveis que imaginou.

Antes que Mithrandir tivesse tempo de contra-atacar, o joelho esquerdo do fulvo foi de encontro com o seu rosto, lançando-o longe, cerca de cinco metros do ponto onde foi golpeado – Você está bem? – o genin deixou transparecer sua preocupação quanto à situação de seu educador, que se levantou sorrindo, mostrando o quão empolgado havia ficado com o aparente avanço de seu aprendiz – É ISSO GAROTO! EXATAMENTE ISSO! Acredito que por hoje seja suficiente! Veja só o quanto evoluiu no combate corporal! Em uma só dica! É um prodígio! Não que houvesse um mistério, seu nível era realmente muito baixo, e isso já foi avanço suficiente para uma aula só. Volte sempre que puder. Vou estar a sua espera – em um vulto e em meio a sua frase o homem desapareceu, deixando o contente Tadashi com um riso frouxo em seu rosto. O rapaz colocou as mãos em seus bolsos, e retirou-se dali, com seu âmago afundado em alegria.

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