A SESSÃO

Minha mente estava embaçada, memórias do que fizera no meu dia e da ultima vez que vira meu irmão se misturavam dentro de um único universo. Portas que, quando abertas, não levavam a cômodos diferentes, mas sim para cenários.

Transitei pelas quatro estações conhecidas e outras inexistentes, mas por fim paro no inverno. Um frio percorre todo o meu corpo e um estrondo é ouvido. Tudo começa a tremer, o céu começa a se despedaçar bem acima da minha cabeça após o segundo estrondo, dessa vez mais familiar. A imagem de meu irmão se deteriora e a ultima coisa que vejo é seu sorriso. O estrondo acontece pela última vez, dessa vez noto que chama por mim.

- Jin! – é isso que ouço quando desperto de meu sono. Akio está ao lado de minha cama, o quarto se encontra iluminado e não ouço som de pessoas passando ao lado de fora, presumo qu e ainda seja a noite. – Vamos levante, Jin, sem atrasos no dia de hoje – nisso ele retira de vez as cobertas que já se encontravam na ponta dos meus pés.

- Agora está explicado o inverno, mesmo sendo outono... – Akio olha para mim e imediatamente entendo sua expressão de dúvida sobre o assunto, apenas balanço a cabeça negativamente, afinal ele não estava no meu sonho. Levanto de minha cama e começo a trocar de roupa. Essa seria a madrugada que marcaria o inicio de minha carreira ninja.

Akio estava empolgado, assim que percebeu que eu despertara realmente, e começava a trocar de roupa, abriu a porta do quarto e saiu. No ar ficou o cheiro de café da manhã, ele estava preparando a refeição. Era estranho imaginar um fogão ligado na madrugada, mas ele sempre defendeu que não se deve partir para uma missão de estomago vazio e depois repetia o argumento do ninja que, com fome, acabou aceitando a comida de um estranho e ela estava envenenada e por ai em diante.

- Estou tão orgulhoso, quem diria que o menino que eu resgatei há um ano estaria partindo para sua primeira missão – dizia meu guardião quando percebeu que eu já havia pegado lugar na mesa.

- É apenas uma missão na biblioteca, eu praticamente passo toda a semana lá. A única diferença é que agora será na madrugada. – resmungo para mim mesmo, mas em um tom alto o bastante para que seja ouvido, mas Akio parece eufórico demais para prestar atenção.

Biblioteca da Vila
Descrição: A faxina se estende aqui também, só não vale ficar lendo os pergaminhos ao invés de limpar!

Após ter o café da manhã mais cedo da minha vida parto para a biblioteca. A aldeia é realmente tranquila na madrugada, apenas alguns ninjas transitam na rua, logo, não me preocupo com o risco de encontrar conhecidos. Quando avisto a estrutura da biblioteca, involuntariamente, estalo os dedos e avanço mais rápido.
Caminho em direção a porta principal, mas antes mesmo de chegar até ela ouço alguém me chamando. Um senhor de idade, possivelmente o responsável pela segurança do local, acena para mim e diz meu nome. Mudo minha direção para ele.

- Extrema pontualidade, jovem genin -  diz ele olhando para um relógio de bolso – Geralmente ocorrem atrasos com aqueles que pegam o turno da madrugada, mas agora me siga.

Descemos uma pequena escadaria e uma porta pode ser vista ao seu final. Com um molho de chaves em mão, o senhor, seleciona uma pequena e prateada e abre a porta. Estamos dentro da biblioteca, em uma área que eu jamais vira antes, pois, não havia livros ali, mas sim um monte de móveis cobertos com lençóis brancos e um cheiro de pó dominante. Passamos pela sala, sem sequer um comentário ou explicação do homem, mas preferi por não perguntar também, mesmo minha curiosidade pedindo para eu assim fizesse.

A segunda área, também não me era familiar, mas possuía livros – algo que já sou mais familiarizado. O senhor acende as luzes e pega alguns itens de limpeza que estavam estrategicamente já posicionados.

- É aqui que nós começamos rapaz. Hoje, pela manhã, receberemos a visita de alguns escritores e, por isso precisamos deixar esse cômodo impecável, pois aqui está os livros desses autores.

- Visito essa biblioteca há um bom tempo e jamais encontrei essa sessão – digo isso enquanto fascinado olho para as altas prateleiras repletas de livros, dos mais variados tipos. O homem olha pra mim, limpa a sua garganta e então completa.

- Essa é a sessão de livros adultos, rapaz, seria estranho se você já tivesse entrado aqui. – Imediatamente foco minha visão para o título de um dos livros ali próximos. As palavras na lombada do livro, logo, seu título eram autoexplicativas sobre aquela sessão. Claro, haviam alguns que pareciam tratar de anatomia, assim também como dicas e afins, mas nada que eu realmente precisasse saber neste momento, com a minha idade.

O resto da madrugada seguiu o mesmo ritmo. Limpei cada um dos corredores, enquanto ouvia as mais diversas histórias do senhor – que depois de dez minutos de inicio da faxina reclamou de algumas dores nas costas e foi sentar-se em uma cadeira, também estrategicamente colocada.

Depois de algumas horas de trabalho, corredores limpos, livros limpos e organizados por autor, eu finalmente terminara minha primeira missão. Antes de sair dei uma olhada para o trabalho que havia feito e me senti satisfeito.

“Ren... eu finalmente comecei a trilhar meu próprio caminho ninja...”

Aromas

Acabava de levantar da minha cama, sentava na beirada e passo a fitar o vazio, refletindo sobre a vida. Fecho meu olho direito e tudo que vejo é a escuridão, não há resquícios da capacidade de absorção da luz em meu olho esquerdo, jamais imaginei que isso poderia acontecer comigo.

O único som que ouço vindo da casa é o estalar dos meus dedos, que acabara ecoando por todo o meu quarto. Na rua alguns transeuntes podiam ser ouvidos, provavelmente pessoas iniciando sua manhã. Akio, de acordo com sua rotina, já não devia mais estar em casa.

No criado-mudo uma carta selada, sabia que se tratava de uma missão. Rompo o selo do envelope branco e vejo seu conteúdo. Um trabalho comum para um Genin recém-formado. Não consegui evitar bocejar enquanto lia o conteúdo. Não dormira um sono completo,  afinal minha primeira missão havia tomado boa parte da minha madrugada para ser executada.

- Akio estava me esperando acordado quando cheguei de minha missão – pensei em voz alta, enquanto colocava minhas roupas costumeiras e me preparava para partir para a missão, mas não antes de um reforçado café da manhã. Deixo para trás um bilhete avisando para onde estou indo e parto para minha missão.

Floricultura da Vila
Descrição: A garota que cuida da floricultura agora é uma Kunoichi (ninja) médica muito atarefada, sua missão é cuidar da Floricultura enquanto ela está fora! Se tem alergias a flores, use uma máscara!

Ao chegar à floricultura vejo uma bela moça parada em frente a porta principal, esta olha para o relógio, como se estivesse esperando algo. Quando me aproximo o bastante ela passa a fixar seu olhar nos meus olhos – embora apenas um estivesse vendo esse evento.

- Você deve ser Jin, certo? – Aceno positivamente com a cabeça e então ela, juntando as mãos em sinal de alegria, sorri de maneira elegante e, destrancando a  porta logo atrás, acena para entremos na loja. Até mesmo sua maneira de andar era repleto de sutilezas. Olhando para aquela mulher, que devia estar na casa dos vinte anos, jamais afirmaria que era uma ninja médica.

Dentro da floricultura o aroma de diversas flores e ervas se misturava no ar, criando um fragrância única que perfumava e aquietava a alma. Não era m local rico em espaço e o amontoado de flores e plantas aumentavam ainda mais tal impressão. Enquanto cruzávamos o pequeno corredor que levava até o balcão, sem desperdiçar seu precioso tempo, a proprietária explicava quais seriam as minhas funções ali.

- As datas festivas e epidemias de doenças já passaram, então a movimentação de clientes não será tão grande, pode se tranquilizar. Todas as vendas devem ser registradas no caderno ao lado do caixa e em caso de emergência use o bastão embaixo do balcão – ao dizer essa ultima instrução ela faz um sinal de positivo com o polegar, pega um jaleco que estava pendurado e parte do local.

Era apenas eu e as flores agora. Virei a placa da vitrine da loja para ‘aberta’ e me pus a sentar atrás do balcão. Observei atentamente o movimento na rua e a cada sinal de possível cliente me endireitava na cadeira, mas a grande parte não passava de alarme falso. Começo a me arrepender por não ter trago comigo algum livro.

Depois de um tempo sentado, e com a quase nula movimentação de clientes, começo a transitar pelo local, sentindo o aroma de cada uma das flores ali presentes e fazendo algumas anotações mentais sobre suas características. Tratei de regar algumas plantas e retirar algumas folhas defeituosas, apenas não arrisquei podar, afinal era uma função que requeria habilidade e experiência.

Limpando as prateleiras encontrei um pequeno livro, eram algumas anotações redigidas a punho sobre ervas e flores medicinais. Dentro daquele livro havia um vasto conteúdo que mostrava o domínio da pessoa que escrevera. Em sua contracapa pude ler o nome da proprietária – não estava surpreso por ela ser uma médica tão requisitada. Tinha em mãos uma preciosidade.

Dediquei o restante do meu tempo livre ao livro. Intercalei a leitura enquanto atendia senhoras que entravam na loja pensando se tratar de uma casa de chá, senhores que apenas queriam jogar uma conversa fora, crianças curiosas e até mesmo casais apaixonados. Procurava cada flor e erva, representadas no livro, com as que existiam na loja – isso acabou se tornando minha maneira de fazer com que o tempo passasse mais rápido.

No final de meu expediente ouço os sinos da porta,  significando que alguém entrou, saúdo a pessoa, focado na atividade que estou executando naquele momento – conferindo os dados anotados no caderno de vendas – e percebo que se trata da proprietária. A mulher parara ao lado do balcão e me observava enquanto fazia os cálculos, mas desviou sua atenção para o livro ao lado do caixa.

- Estava procurando esse danadinho por todos os lugares. Foi você que o achou? – Acenei com a cabeça e a mulher sorri como resposta. Após observar como estava sua loja a ninja completa – Você fez um bom trabalho aqui jovem Genin, diria até mesmo que você possui certa aptidão na manipulação de ervas. Já sabe o caminho que deseja seguir nesse mundo ninja?

Olhei para a mulher que falava comigo por alguns minutos e, após refletir comigo mesmo, dividi com ela a conclusão que chegara: eu ainda não sabia; Havia me divertido fazendo as missões deste dia que para ninjas com um perfil mais agitado seriam consideradas chatas e entediantes, mas para mim era algo natural e de puro descobrimento pessoal.

Tomamos um bom chá juntos, enquanto a proprietária falava como havia sido sua jornada no mundo ninja até os dias atuais. Além da recompensa remunerada, saía daquele lugar com experiência de vida obtida. Caminho pelas ruas em direção ao meu lar.

Considerações:

grande escalada

Quando estava me preparando para ir em direção ao quadro de missões e ver as opções que haviam disponíveis para um Genin como eu, uma carta com o selo do da aldeia é entregue para mim por um ninja. Parecia que não precisaria me locomover até o Centro de Missões.

Rompo o selo da carta e passo meus olhos pelo seu conteúdo. Era uma carta da proprietária da floricultura, minha ultima missão, dizendo que havia apreciado o meu trabalho ali e, por isso, decidiu contratar os meus serviços novamente. Desta vez o requerimento não seria feito pela proprietária de uma floricultura, mas sim uma ninja médica e o esquadrão que fazia parte.

Flor Púrpura
Descrição: O Esquadrão Médico de sua vila esta desenvolvendo um novo remédio e precisa de uma flor rara só encontrada em uma montanha muito distante, sua missão é ir buscar essa flor para que a produção do novo medicamento seja iniciada.

O conteúdo da carta dizia que eu deveria estar no Centro Médico da vila assim que o Sol estivesse acima dessa, ou seja, no horário da tarde. Ao final do papel uma pequena nota sugerindo que trouxesse comigo uma mochila com itens básicos, como água e comida. Sigo todas as indicações na carta e me preparo para sair, mas não sem antes um café da manhã reforçado.

A casa encontrava-se vazia, Akio não havia retornado de sua missão ainda e provavelmente levaria um tempo até que isso acontecesse. Tudo isto fazia com que me recordasse de meu irmão e como ele passou a estar mais distante de casa a cada missão, mas desta vez eu não corria perigo algum, com exceção da comida que eu mesmo preparava – não possuía talento nenhum para as artes culinárias.

Com o estomago cheio parti em direção ao local de encontro. A rua estava um pouco movimentada, devido ao horário. O Centro Médico não estava diferente, mas fui capaz de identificar a ninja médica. Diferente da roupa de proprietária de floricultura, seus cabelo estava preso em um rabo de cavalo e usava uma maquiagem mais leve, para não chamar muita atenção, embora a elegância continuasse.

- Aí está você, jovem ninja. Vamos me acompanhe – suas palavras eram apressadas e sequer se permitiam respostas adequadas, enquanto andávamos ela prosseguiu – Estamos lidando com o desenvolvimento de um remédio, mas nos deparamos com uma grande barreira, a falta de um ingrediente: a Flor Púrpura. Infelizmente a localização dela é um tanto longe e por isso não podemos usar um de nossos médicos, pois faltaria mão de obra e é aí que você entra. – ela parou e apontou para mim.



Caminhei por um tempo, seguindo a rota que o mapa que recebi da médica indicava. Dentro do Centro Médico ela me apresentou para a equipe de ninjas especializados no suporte, assim também permitiu que eu assistisse uma pequena cirurgia. Tudo aquilo me despertara certo desejo por aprender mais daquele mundo. Já havia lido alguns livros sobre anatomia, mas “apenas o básico, para saber discernir o braço de uma perna “ era isso que Akio dizia. Talvez, me dedicando a ninjutsus médicos, pudesse tentar reverter o estado de meu olho esquerdo.

Enquanto meu cérebro ainda absorvia a quantidade de informações vistas dentro do Centro Médico, minhas pernas prosseguiam pelo caminho rochoso das montanhas e cada vez precisavam se esforçar mais para não se desestabilizarem e cederem, fazendo com o corpo todo sofresse as consequências.  Eu bem havia sido informado que o caminho não era dos mais simples, no entanto não pensava que precisaria de uma resistência física tão elevada, eu certamente não era a melhor pessoa para aquele trabalho um tanto que braçal.

Conforme a subida se tornava mais íngreme maior era a concentração necessária. Ofegar já havia se tornado algo natural para meu corpo. O suor que escorria pelo meu rosto era descomunal e o já podia sentir um odor vindo de debaixo dos meus braços. Um banho, eu realmente precisaria de um banho depois de tudo isso. Um preparo físico melhor também serviria caso fizesse mais missões desse nível.

Quando pensei que aquela escalada não teria mais fim, finalmente chego ao cume da montanha e vejo, banhada sobre a luz do Sol que passava entre as nuvens fechada do céu, uma pequena e delicada flor, crescendo sozinho em meio aquele solo seco, estalo os dedos em alegria. Admirei por um tempo aquela vista, conseguia ver minha aldeia e as montanhas que a cercavam. Fechei os olhos para sentir a brisa de outono que sobrava e não pude evitar de sorrir. O mundo ninja era um lugar maravilhoso.

“Era assim que você se sentia em cada uma de suas missões, irmão? Essa liberdade de poder fazer aquilo que desejar!” pensei comigo mesmo.

A descida da montanha fora tão difícil quanto a subida, afinal a gravidade fazia com que meu corpo quisesse descer tudo aquilo o mais rápido possível, o problema era que o mais rápido – naquele caso – não era o modo mais saudável de se fazer. Com a flor dentro de minha mochila volto para a aldeia com o sentimento de missão cumprida.

Magnitude 8.0

Estava preparado para dormir, havia sido um dia longo e cansativo. Encostei minha cabeça no travesseiro, fechei os olhos e comecei a sentir o sono vindo, mas foi violentamente interrompido por um forte tremor que fez com que as janelas vibrassem e quadros pendurados nas paredes fossem em direção ao chão.  Quando pensei em reagir o tremo passou.

Troquei meu pijama e vesti meu uniforme ninja para observar o restante da vizinhança. Parecia que muitas pessoas tiveram a mesma ideia que eu, a quantidade de portas abertas era espantoso. O choro de algumas pessoas podia ser ouvido, certamente alguns móveis devem ter caído em cima de alguém, para minha sorte isso não acontecera comigo.

O movimento na rua era constante, principalmente de ninjas. Alguns pontos de fumaça podiam ser vistos, mas nada que parecesse  de alto risco. De repente um dos ninjas que por ali passavam para na minha frente e me convoca para as minas, ele diz de modo apressado que uma das minas desabou e que estão solicitando o auxilio de todos os ninjas. Parto imediatamente.

Enquanto corro em direção a mina, pergunto para os que estão próximos a mim o que havia acontecido e qual era a causa do tremor. Parecia que uma batalha de ninjas de rank elevado estava acontecendo nas proximidades e isso acabou chegando até a aldeia. Tudo aquilo era inacreditável para mim. Há alguns meses não me imaginava levantando da cama após um tremor e tendo que lidar com esse fato enquanto corro para o resgate de feridos.

Quando chegamos na mina vimos que sua entrada estava completamente soterrada. Alguns usuários do elemento terra tentavam abrir caminho, mas o máximo de cuidado era preciso, pois haviam pessoas ali dentro e um movimento errado poderia levar a morte de todos.

Um supervisor estava gritando com todos nós, pedia para que ficássemos em ordem de acordo com nossas graduações. Eu era o único Genin ali e minhas habilidades não seriam o suficiente para o resgate em si, logo fui designado para auxiliar a equipe de médicos para ajudar aqueles  que fossem resgatados.

Por ironia do destino encontrava novamente a proprietária da floricultura, mas ela estava ocupada demais para me perceber. Ver ela trabalhando, focada era algo realmente motivacional. Aquela mulher possuía o dom para coisa. Enquanto a mim, eu tratava de dar um pouco de água para os feridos e auxiliar alguns ninjas médicos com as ataduras. O trabalho se prolongou por toda a noite, com os últimos trabalhadores sendo resgatados somente na madrugada.

Quando o ultimo homem saiu todos que acompanharem aquele incrível resgate gritaram, urraram e bateram palmas. Um dos ninjas bagunçou meus cabelos e eu, sem reação, contemplava toda aquela cena. Este seria um momento único, afinal, um Genin sem habilidades eximias como eu foi capaz de ajudar, a sua maneira, naquela missão.

Minas Subterrâneas - Resgate
Descrição: Você sente um tremor e de repente, uma das minas desabou! Você deverá procurar e resgatar os trabalhadores que não conseguiram sair! Haja rápido e com cautela!

Considerações:

Soldados e Patrulha

Após madrugar no resgate dos trabalhadores da vila, finalmente acordava de meu sono. Desde que iniciara minha vida ninja a rotina se mostrava instável. Não havia horário certo para ir dormir ou estar acordando, quando menos esperava podia ser convocado para uma missão  e obrigado a parar tudo que estava fazendo em prol  da vila. Não considerava isso algo ruim, pelo contrário, estava sendo útil para a minha vila e ajudando, mesmo que de maneira indireta, no crescimento dela.

Ainda havia muito o que melhorar. Antes mesmo de levantar da cama, peguei um livro que estava sob a cabeceira e folheei algumas páginas. O livro se tratava sobre um exemplar, escrito por um usuário de Raiton, que continha técnicas básicas que todo o ninja deveria saber. Algumas das técnicas ali descritas pareciam interessante e provavelmente dedicaria algum tempo meu em treiná-las.

Depois de um reforçado café da manhã, abro a porta da frente e saio em direção as ruas do vilarejo. O número de pedestre está alto, sendo a maioria de pessoas carregando suprimentos, em decorrência ao abalo sísmico da ultima noite. Eu estava ali pois tinha um compromisso com a equipe de ninjas médicos que estavam auxiliando os trabalhadores resgatados.

Pílulas do Soldado
Descrição: Vá até o laboratório da vila, e encontre a ninja responsável pela produção de pílulas do soldado, você será solicitado a recolher produtos raros por toda a vila (florestas, montanhas, minas etc).

Ao chegar no acampamento repleto de tendas , montado especialmente para tratar os trabalhadores,  em um campo afastado da mina. Vejo um homem de meia idade, tendo em mãos um dos aparelhos modernos de comunicação e que aparentava analisar tudo o que acontecia no local, era o supervisor da equipe médica e também líder do time de pesquisa. Ao me avistar ele faz um sinal e pede para que eu me aproxime.

Parecia que um dos soldados havia deslocado um de seus braços durante o resgate, a equipe médica já havia o tratado, mas a lesão se mostrou muito mais complexa. Os músculos do ninja estavam definhados, ele não estava com a mesma força de antes e muito menos com o empenho que todos sabiam que ele tinha. O pesquisador então deve a ideia de usar uma de suas criações no soldado, no entanto não tinha os ingredientes suficientes ali e precisava de alguém com mãos pequenas como as minhas. Recebo uma lista com os ingredientes.

A quantidade de ingredientes era bem vasta e certamente levaria um tempo para que eu colhesse todos eles. Alguns possuíam localizações complexas e se encontravam em lugares que eu jamais havia visto. O mais assustador era que a localização deles era dentro do vilarejo, áreas desertas e sem nenhum morador, assim também como casas vazias e abandonadas – certamente os ninjas que moravam nelas estavam desaparecidos, pois do lado de fora das portas retratos e velas faziam parte da decoração.

Após uma longa busca, briga com alguns gatos de ruas – alguns dos pertences estavam em suas áreas. Eu havia conseguido com êxito todos os ingredientes. Parti em direção onde tudo havia começado e entrego para o pesquisador todos os ingredientes necessários para a criação da pílula.

Patrulha Externa
Descrição: Agora que você já possui uma certa experiência, sua missão é fazer uma patrulha aos arredores da Vila. Lembre-se que mesmo assim deve evitar combates e pedir reforços! Não banque o héroi (ainda!).

Parto do  acampamento e caminho em direção para minha casa, os arranhões dos gatos selvagem ardiam e precisavam ser limpos adequadamente, afinal, não sabia por onde aqueles felinos haviam passado – levando em conta o fato de se tratarem de animais de ruas, certamente não passavam pelos melhores lugares. No entanto,  poucos passos depois, um homem me segura pelo braços e pede a minha ajuda.

Era um ninja que aparentava estar próximo de sua aposentadoria, algo raro para a carreira. O problema era que ele precisava de um ninja para fazer a patrulha externa da cidade e como o desabamento das minas havia pego alguns de seus homens, ele estava sem pessoas para isso. Ele relatou ter me visto ajudando durante a missão de resgate e que eu possuo velocidade para o trabalho.

De prontidão aceito e então me é explicado a tarefa. Possuía o pequeno fator de risco de algum ninja inimigo ser avistado, mas ele havia me dado um apito – aqueles que só são ouvidos por quem tem uma audição muito delicada – e um colete para me proteger caso algum projétil fosse arremessado contra mim.

O exterior da vila estava sossegado. A uma distância considerável haviam outros ninjas da vila de vigia, cada um cobrindo seu perímetro. O colete, alguns tamanhos maior que o meu,  me fazia parecer mais uma criança do que um ninja – embora eu ainda tivesse nove anos, mas ninjas não são medidos pela sua idade e sim pelo desempenho.

Para a minha sorte a patrulha foi calma e nada de emocionante aconteceu, desconsiderando o fato de eu ter me assustado com um coelho que fez com que alguns arbustos se mexessem. A verdadeira batalha ali foi contra o sono. Ficar parado, ou andando de um lado para outro, era uma atividade tediosa. Aquela missão me servira para uma coisa: Jamais gostaria de ser um ninja patrulheiro.

Considerações:

Fios revitalizados

O treinamento de ontem havia deixado sequelas em meu corpo. Embora eu apenas houvesse treinado meu chakra e a leitura, alguns dos meus músculos encontravam-se doloridos e rígidos.  Era como se eu tivesse feito uma série de treinos de força e não da mente. Levantar foi difícil nesse dia, logo, apenas saí da cama quando chegou até mim uma convocação da academia ninja.

Evento na Acadêmia Ninja
Descrição: Hoje a academia ninja terá uma aula especial mostrando as habilidades dos ninjas já graduados, sua missão é ir lá, fazer uma palestra e mostrar algumas habilidades para motivar os estudantes.

Parecia que um dos meus antigos professores havia se lembrado de mim e me chamou para uma pequena palestra sobre a vida ninja e a demonstração de algumas técnicas. Sabendo que, na época da academia, eu não possuía nenhum tipo de técnica especial, apenas os jutsus básicos serviriam para a demonstração. Um sorriso debochado surgiu em meu rosto quando lia a carta. Eu já possuía algumas técnicas para serem mostradas, não muitas, mas já era alguma coisa.

Troco de roupas, como um café da manhã reforçado e rumo em direção a Academia Ninja. Akio ainda não voltara de sua missão. Já ia fazer quase uma semana que ele não retornara para casa, quando chegasse teria muita coisa para contar e mostrar para ele, no entanto eu me preocupava pela demora. Era fato que ele já havia demorado muito mais do que uma semana para retornar, sendo o prazo de tempo mais extenso um mês, mas ele era a única pessoa mais próxima de família que eu tinha naquele momento.

Chego à Academia antes do horário das aulas. Um dos meus antigos professores me esperava do lado de fora e abre um largo sorriso quando me vê. Sou apresentado para o corpo docente daquele ano, alguns rostos bem familiares no meio deles. Tomo um chá e discutimos sobre as expectativas que eu tinha e a realidade que eu encontrava na vida ninja. Foi uma conversa agradável, até que o horário das aulas chegou.

O professor resolveu fazer algum suspense sobre o convidado especial. Não pude deixar de sentir pena quando os alunos pensaram ser algum herói da vila. Quando abri a porta, para me revelar, vi o brilho nos olhos de alguns morrerem e outros apenas revirarem seus olhos. Entendia eles. Se fosse um ninja reconhecido pela vila todos estariam vibrando, mas era apenas um figurante, um Genin qualquer.

Comecei falando sobre a vida ninja que eu tivera até aquele momento. A importância das missões que fizera até aquele momento, embora de baixo nível. Expliquei a falsa ilusão que tínhamos quando nos graduávamos: que pegaríamos missões de rank elevados e já nos tornaríamos ninjas. Era preciso antes pavimentar a estrada, antes de percorrê-la.

Alguns dos alunos estavam quase dormindo com minha palestra, mas o professor havia me recomendado falar sobre o começo da vida ninja e como planejá-la e foi isso que fiz. Mas uma pequena parte prestava atenção e parecia realmente se importar com aquilo. Se uma pessoa me ouvia, estar ali não era total perca de tempo. Mas foi na hora de demonstração que todos realmente se empolgaram.

Pedi para que o professor permitisse que saímos para o pátio da Academia, onde o treino com kunais era feito e assim ele permitiu – não pude deixar de perceber o olhar de curiosidade dele. No campo demonstrei algumas técnicas minhas do elemento raiton e os alunos pareceram gostar. Depois de mostrar as poucas técnicas, parecia que eu havia conquistado eles e logo me encheram de perguntas – apenas um aluno mais afastado não pareceu se interessar e ficou no balanço.

A Procura
Descrição: Recentemente um estudante da Acadêmia Ninja sumiu, sua missão é encontrá-lo e trazê-lo de volta a vila.

No horário do intervalo me retirei e o professor, feliz com o resultado, me convidou novamente para a sala dos professores para ter uma prova quando se gabasse com os outros professores.

Estava saindo quando uma das responsáveis diz que um dos alunos sumira e fora um da turma na qual eu palestrara. Segundo a mulher nenhum movimento foi detectado saindo da academia –havia uma técnica de detecção ao redor do prédio -, logo, o aluno ainda estava lá dentro.  A descrição do rapaz era similar ao garoto do balanço

- Eu posso encontrar o rapaz – me voluntariei. Já imaginando onde o mesmo podia estar. Esperei com que todos fossem para suas classes e iniciei a busca. Na minha época de academia eu possuía um refúgio, onde ninguém me encontrava. Direcionei-me até lá e o garoto ali estava. Quando me viu enxugou as lágrimas.

- Não precisa se assustar, não estou aqui para te levar de volta. – menti -  Na verdade foi só uma coincidência eu te encontrar aqui. Estava apenas vindo visitar meu velho esconderijo. Sempre me escondia aqui quando os garotos da minha velha zombavam de mim.

O garoto pareceu se interessar e então contei toda minha relação de amor e ódio com a academia. Depois de eu falar tudo, ele me explicou o motivo. Assim como eu, na sua idade, ele não possuía nenhum clã ‘maneiro’ e muito menos uma técnica herdada. Expliquei que isso era bom, pois ele se esforçaria muito mais e poderia chegar longe graças a aquilo.

Depois de um tempo o levei até a sala e o professor agradeceu apenas com um aceno de cabeça. Saí dali e me dirigi para minha casa. A missão estava comprida.

Informações:

Jin Vs O Grande Javali

O dia na academia havia sido agradável para mim. Reencontrei-me com alguns professores, que puderam me dividir experiências sobre a vida como um shinobi da vila. Sabia que o que aqueles ninjas faziam ali era importante e me senti honrado em poder demonstrar um pouco das minhas habilidades para os alunos da sala. Mesmo assim não era dentro das salas de aula que queria passar o restante de minha vida. As missões em campo me interessavam mais.

Fazendas da Vila
Descrição: Alguns animais estão atacando as plantações da Vila. Sua missão é aniquilar estes animais.

Sabendo do meu progresso nas salas de aula, o escritório do Kage resolveu me mandar, pela primeira vez, uma missão que parecia envolver um perigo em potencial, onde seria necessário eu usar de minhas habilidades ninjas para resolver o problema, em vez de apenas servir como um ajudante – não que eu considerasse isso ruim, pois era fundamental para a evolução do meu eu.

Após um dia de descanso e de ter todas as minhas forças recuperadas, parto para minha missão. Akio ainda não retornara para casa. Já completara uma semana desde que partiu para a ultima missão. Logo, quando saí apenas tive de garantir se tudo estava devidamente trancado e nos conformes. Após tudo verificado, parti para a área rural.

Parecia que alguns animais selvagens estavam atacando as plantações e atrapalhando o trabalho nas lavouras. No entanto o problema era um único animal, um javali gigante que vivia nas redondezas. Ele era forte o bastante para destruir todas as barreiras construídas pelos trabalhadores e resistente contra as foices e machadinhos dos locais. Alguns já o chamavam de demônio.

Esta seria a primeira missão em que seria necessário o uso de minhas habilidades contra um ser vivo, afinal, antes só treinara em bonecos de madeira incapazes de se mover. Recolhi com o líder dos trabalhadores todas as informações que precisava para o sucesso da missão e imediatamente me coloquei a posto. Parecia que o animal visitava as plantações a cada três dias e, para minha sorte, este era o terceiro dia.

Esperei um tempo, calmamente, enquanto meditava e concentrava o meu chakra. Os aldeões trabalhavam normalmente. Eles haviam montado, dentro da floresta que espreitava o local, algumas linhas com sinos amarrados, dessa maneira qualquer animal que passasse ali seria percebido.

Por um longo período de tempo apenas a calmaria e o som das enxadas na terra eram ouvidos. Até que sinos foram ouvidos, diversos sinos. Algo se aproximava bem rápido do local, passando por todos os ‘alarmes’ criados pelos trabalhadores, que por sua vez, percebendo o perigo eminente, largaram suas ferramentas e correram em direção as suas casas.

Saindo das florestas um grande javali enfurecido vinha em direção a plantações. O animal possuía diversas cicatrizes e destruía tudo que estava na sua frente. Não parecia haver um motivo lógico para tudo aquilo. Inicialmente pensei que talvez quisesse alimentar filhotes ou algo do tipo, mas ele não estava pegando alimento algum, apenas destruindo.

“Talvez os três dias de espera sejam para que os fazendeiros refaçam a plantação e as barreiras. Ele deve estar usando esses pobres homens para o treinamento pessoal dele. Quanto egoísmo”

Imediatamente salto a frente do animal que, quando me viu, partiu em minha direção. No entanto não planejava deixar ele chegar perto de mim. Ativando meu Raiton:Amigumo crio uma teia de eletricidade que para o animal. Controlei a descarga elétrica para que fosse forte o bastante para matar o animal. Com um único movimento tudo estava acabado.

Os trabalhadores, para comemorar, resolveram fazer um grande assado de javali e me convidaram. Foi uma tarde repleta de fartura e alegria. Moças dançavam e cortejavam os rapazes, parecia que aquele animal não seria mais um problema para eles.

Informações: