Amaya Kiyome, uma shinobi de Iwagakure no Sato encontrava-se diante de algumas opções para conseguir prosseguir em sua vida como ninja médica. O curso almejado era consideravelmente difícil, suas opções variavam de conseguir um ensino público através de um teste físico e psicológico no hospital, ou dispender de uma enorme quantia de dinheiro para receber os ensinamentos. Sua última opção, não dependeria exclusivamente dela: havia de conhecer alguém que pudesse lhe ensinar os conhecimentos científicos da medicina.

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@Rexien

Era de manhã. Sentada em minha cama estava acordada já há mais de horas, pensando no próximo passo de meu curso. Na verdade, eu pensava além disso. O objetivo era claro: com todos os conhecimentos que eu adquirira nas últimas semanas, o importante era aprender a levar isso para o mundo shinobi, o que não era tão fácil.

Meus estudos durante os últimos dias foram além disso: além da leitura, eu fizera uma pesquisa. Conhecimentos médicos, e mais especificamente, ninjutsu médico, são conhecimentos dominados por poucos no meio ninja, pelo menos pouco com uma maestria admirável, então não haviam muitos caminhos para seguir. No final da busca por métodos de desenvolver meus conhecimentos cheguei a duas conclusões: ou eu deveria buscar por alguém que tivesse as competências necessárias para me ensinar, e mais, que estivesse disposto a me ensinar, ou concorrer com outros aspirantes à ninja-médico para participar do curso que a vila dispunha para o desenvolvimento dessa modalidade shinobi. Existia uma terceira possibilidade: pagar por um curso, porém os valores eram totalmente fora da minha realidade.

Quase uma hora se passara. Se minha avó me visse nesse impasse me estapearia. Dei uma risada abafada ao pensamento. Me levantei já decida: eu iria até o hospital e me inscreveria para o curso. Independente das dificuldades durante o processo de seleção, eu teria de vencer, de uma forma ou de outra.  Era meu dever seguir os passos de minha avó, independentemente das dificuldades.  

Considerações:

Estava feito. A data do exame era anunciada, e seu primeiro passo seria dirigir-se até o centro hospitalar em um horário relativamente cedo. Como estaria Amaya? Havia de ter o preparo psicológico e físico suficiente, pois tudo seria aposto a prova.
[...]
Quando chegasse no centro, veria diversas outras pessoas que também estavam lá para prestar o teste, todas elas sentadas em dezenas de cadeiras enfileiradas, com papéis com uma senha na mão. Havia de pegar sua senha e aguardar.
[...]
O passar de uma hora findou-se com o anúncio de uma mulher, dirigindo todos para uma prova escrita. A organização do local era impecável, e cada um que estava lá tinha sua cadeira designada. A prova escrita seria uma redação, onde haviam de dissertar o porquê de ter escolhido a carreira médica, em conjunto de uma outra prova com conhecimentos gerais.

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@Rexien

A inscrição estava feita. Além do horário que eu deveria chegar ao hospital, nada mais descobri. Os poucos papéis que eu lera enquanto esperava na fila de inscrição descrevia o que eu já sabia: o exame seria composto de testes físicos e psicológicos. Estremeci enquanto tentada mentalizar o que tais modalidades indicavam; uma prova física poderia ser qualquer coisa, porém era algo que eu pessoalmente não via como um grande problema. Meu treinamento físico me preparava cada vez mais para ser uma ninja com força e resistência acima da média. Por outro lado, o teste psicológico conseguia me dar certo nível de assombramento. Se provas físicas poderiam ser qualquer coisa, imagine psicológicas. As inúmeras possibilidades quase fizeram a responsável pelas inscrições pensar que eu estava receosa em seguir em frente. Uma vez com a inscrição pronta, segui os próximos dias treinando ainda mais pesado, tentando em preparar para qualquer situação. Eu não poderia ser derrotada ali.

No dia do teste eu não perdi tempo. Acordei quase duas horas antes do horário marcado, me arrumei como de costume e fui em direção ao centro médico. Quando eu cheguei no local ainda faltava certo tempo antes de que os testes se iniciassem, mas dezenas de pessoas já aguardavam. Engoli um seco quando percebi que todas aquelas pessoas seriam concorrentes. Ser negativa já era um costume, mas não havia tempo para isso aqui. Era meu dever conseguir aquela vaga. Me limitei a pegar a senha no local indicado e me sentar, tentando afastar qualquer pensamento que pudesse me desmotivar.

Uma hora se passara. Eu tentava me concentrar em tudo que eu aprendera que pudesse ter alguma utilidade nos testes, mas a inquietação de uma parte dos participantes começava a me incomodar. Pessoas conversavam, andavam de um lado para o outro, iam ao banheiro e bebiam água. Toda a espera talvez fizesse parte do teste. Paciência talvez fosse um dos requisitos para se encaixar na vaga. Meus pensamentos continuavam a perambular por minha mente quando uma mulher anunciou que os testes se iniciariam. Ao chegar na sala onde o primeiro evento aconteceria pude notar o esmero com que o local era organizado. O número de minha senha me colocava na segunda cadeira da terceira fileira de frente com a examinadora, onde algumas folhas se encontravam. Os papéis já registrados em meu nome me apresentavam duas provas: uma redação e uma prova de conhecimentos gerais. A redação buscava saber dos meus motivos para seguir a carreira médica. Era uma pergunta fácil. Durante o decorrer das linhas eu descrevia como minha relação e admiração pela minha avó e seu trabalho me fizeram buscar pela maestria em ninjutsu médico. Os sentimentos nas palavras eram claros, porém o que eu queria demonstrar ia além disso. Continuei então explicando como eu entendi a necessidade dessa modalidade ninja e como as dificuldades requeriam agilidade, uma mente afiada e concentração, características que eu me julgava portadora. Continuei a avaliação preenchendo o teste de conhecimentos gerais. A dificuldade do teste ascendia enquanto eu respondia às perguntas, mas ao final eu me julguei conhecedora da maior parte dos conhecimentos ali requeridos.

Horas se passaram e eu finalmente finalizara os testes. Entreguei os papéis à examinadora e segui para casa. O sentimento de ansiedade para ter os resultados era grande, mas eu tentava me manter firme, sem deixar que todos aqueles pensamentos transparecessem e expusessem o que eu realmente sentia.

Considerações:

A garota deixaria o local no final da tarde, tendo ficado a maior parte do dia fazendo as provas. O teste benevolente lhe fornecia a possibilidade de ir pra casa descansar, para retornar no dia seguinte para o teste físico.
[...]
Haviam menos pessoas neste dia, mas ainda muitas. O procedimento foi exatamente o mesmo, no entanto foram chamados para um enorme campo aberto atrás do centro hospitalar. O teste físico visava selecionar as pessoas mais adequadas para frequentar as aulas, considerando as atribuições que um médico deveria ter. O campo aberto, no entanto, havia diversas mesas com algumas carnes sobrepostas. Ao lado, um bisturi e um objeto que assemelhava-se a uma pinça. Os participantes deveriam fazer um corte limpo na carne, retirando um fragmento de uma pedra que teria dentro da mesma, e seriam avaliados posteriormente por uma bancada de jurados. Depois do teste, que duraria meia hora, os participantes retornariam para a sala de espera.

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@Rexien

No dia seguinte eu acordei em um horário bem similar ao do dia anterior, mas dessa vez mais calma, mais confiante de mim mesma. O dia anterior fora uma prova de que eu podia fazer aquilo. Como de costume, me arrumei, comi algo leve e segui em direção ao hospital para ver o que me aguardava.

Ao chegar algo fora perceptível logo de cara: a quantidade de pessoas diminuíra, mas o número continuava grande. Exatamente como no dia anterior, todos ali ficaram esperando por uma hora até que fossemos chamados. Dessa vez fomos levados até um local aberto; era um campo verde, com árvores ao fundo, e parecia ser propriedade do próprio hospital. Ao que tudo indicava, ali ocorreria o teste físico.

O teste até agora era  um mistério e após adentrar o local se tornou apenas confuso. Espalhadas pelo campo encontravam-se várias mesas com grandes pedaços de carne. Uma das avaliadoras explicou o que deveríamos fazer: teríamos trinta minutos para retirar fragmentos de rocha que estariam dentro da proteína. Seríamos avaliados por uma bancada, e após terminarmos deveríamos esperar na sala ao lado. Não parecia muito complicado, mas não teria certeza até que fosse minha vez.

Todos iniciaram ao mesmo tempo. Uma série de avaliadores andavam por entre as mesas e observavam o desempenho daqueles que faziam as tarefas. Não perdi muito tempo olhando envolta, apenas me concentrei em fazer meu trabalho. O primeiro passo seria identificar onde a rocha estaria dentro da peça. Apenas com os olhos era difícil identificar qualquer diferença na superfície da carne, então me restava apalpar o material para que encontrasse um corpo estranho. Enquanto apalpava com cuidado a superfície da proteína, tratando como se de fato fosse um ser humano deitado frente a mim, eu pensava: da mesma forma que se fosse muito grande poderia ser facilmente identificada, caso a pedra fosse pequena de mais não poderia ser sentida, então eu estava no caminho certo. Poucos minutos se passaram quando pude sentir uma protuberância incoerente com o resto da carne. Eu deveria ser certeira. Estaria sendo avaliada como se fizesse uma operação, então não havia margens para erro. Não havia mais tempo a perder, uma vez que tempo sendo um fator importante para salvar uma vida, eu imaginava que a duração também seria avaliada. Peguei o bisturi e fiz uma incisão poucos milímetros maiores do que a protuberância aparentava ser com poucos centímetros de profundidade para o interior da carne e ali estava. Não era muito grande, porém as pontas poderiam atrapalhar a saída sem causar nenhum ferimento. Enquanto segurava a pinça com a mão direita inseri o dedo indicador e médio para dar espaço para que a pedra saísse sem causar grandes ferimentos. Com o procedimento finalizado coloquei os equipamentos juntamente da rocha sobre a e mesa e me retirei do local para aguardar os resultados.

O nervosismo talvez não fosse aparente, afinal fazia parte da avaliação uma postura médica, pelo menos era o que eu imaginava, mas a profunda respiração que tomei após entrar na sala de espera provavelmente expusera tais sentimentos para todos na sala de espera.  

Considerações:

O tempo parecia nunca passar. Haviam dois relógios naquele local, e algo aparentava estar errado com eles. A tensão do ambiente era a mesma: algumas pessoas comendo, muitas entediadas, balançando o pé, fazendo barulho de salgadinho. Até que finalmente, em um dado momento quase que imperceptível, o sinal tocou. Mas um sinal diferente. Aquilo parecia ser um alerta de incêndio, e nesse mesmo tempo a atendente aparentou ter um ataque cardíaco na cadeira, enquanto diversas pessoas saiam do centro hospitalar. Uma garota correu para ajudá-la, e tentou colocar suas duas mãos no peito dela para tentar recuperar sua respiração. A porta da frente era tomada em chamas, e a fumaça passou a assolar também o local em que todos os participantes estavam, no caso, os que ainda não haviam conseguido correr pra fora do ambiente. Ainda haviam algumas pessoas machucadas no canto dos locais, e outras que desmaiaram pela fumaça ou pisoteadas na confusão. É incrível como ao presenciar uma cena de morte, os seres humanos buscam incansavelmente por suas vidas tornando-se até mesmo verdadeiros primatas irracionais.

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@Rexien

Os relógios no local começavam a fazer eu sentir louca. Suspirava com a ansiedade. As pessoas não conseguiam se manter calmas e sua agitação começava a me irritar quando um sinal soou ao fundo. Minha atenção antes variando entre as ações irritantes do pessoal presente e meus pensamentos se direcionaram totalmente para o alarme. Por um instante minha cabeça começou a trabalhar; não fomos avisados sobre nenhum alarme, mas então já era tarde. Enquanto eu estava sentada, pessoas começaram a correr em direção a saída. A recepcionista tivera um ataque e parecia mal; uma torrente de fogo começava a se formar pela porta de entrada. O desespero começava a tomar o local. Meus olhos presenciavam a cena começando a fazer com que eu fosse tomada por desespero; agir em tal estado não me ajudaria. Respirei fundo e comecei a analisar a cena. Uma garota correra para ajudar a recepcionista incapacitada, então era meu dever cuidar do resto, mas por um segundo a situação que caíra do céu me lembrou dos relógios com horários incoerentes. Minha proficiência em genjutsu não era das melhores, mas eu sabia como liberar, caso fosse preciso. O pensamento de esperar enquanto tudo aquilo poderia estar de fato acontecendo fazia meus órgãos se revirarem em meu tórax, mas um segundo não faria diferença, ao menos era o que eu esperava. Com as mãos juntas eu flexionava o fluxo de chakra por entre meu corpo e anunciava em voz alta: – Kai!

Considerações:

A muvuca continuava, e o desespero alheio era visível. A garota forçou a liberar-se de um genjutsu, mas na verdade tudo aquilo era real. Cada pessoa correndo, realmente estava correndo loucamente para sair de lá, e a fumaça cada vez mais tomava conta do ambiente em que estavam. Por que o centro hospitalar por mais rico que fosse sofria com um incêndio? Mais pessoas ajudavam os feridos a evacuarem, no entanto ainda haviam quem precisasse de ajuda.

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@Rexien

Um garoto correndo trombou comigo e me amaldiçoou por estar parada no meio do caminho. Mordi o lábio inferior em raiva, não do garoto, mas de minha estupidez. A baderna continuava, duas garotas agora se juntaram à primeira que tentava ajudar a recepcionista que continuava desmaiada. Não havia mais tempo, logo o incêndio tomaria proporções onde eu dificilmente poderia controlar. Olhei em volta; minhas habilidades com habilidades do elemento água eram de níveis aceitáveis, porém a quantidade de água no local não me ajudaria a resolver tanto quanto eu gostaria, portanto dependeria totalmente de minhas habilidades. Juntando as mãos comecei a tecer selos na maior velocidade possível. Em meu estômago meu chakra começou a se acumular e ser moldado. Naquele momento minhas inseguranças começavam a tentar me atrapalhar, mas eu tinha total ciência de que ser insegura naquele momento não era uma opção. Fechei meus olhos quando a técnica estava completa e sabendo que a vida de muitas pessoas dependia de minha ajuda agora, anuncie: – Suiton: Suiryūdan no Jutsu! – O chakra amassado em meu estômago começava a se moldar em água e ser expelido pela minha boca, sutilmente formando um majestoso dragão que ia em direção à torrente de chamas, que no momento era a maior de minhas prioridades, afinal, aquele local era um hospital e caso algo acontecesse, diversas pessoas poderiam perder suas vidas.  

Considerações:

Em um instante, metade das pessoas pararam de se mover e o sistema de incêndio acionou-se conseguintemente. Homens e mulheres revelavam-se dentre os que corriam na bagunça, e ajudavam as pessoas que possivelmente estariam feridas, enquanto no teto alguns pequenos cilindros esguichavam água para apagar o fogo remanescente. A mulher que liderou e deu todas as instruções dava um passo à frente, tranquilizando a todos com algumas falas ── Podem ficar tranquilos, tudo isso não passou de um teste. Esta foi a última etapa para avaliar como reagiriam numa situação real. Acalmem-se, vocês passarão por uma triagem agora para averiguarmos suas condições físicas e depois poderão ir pra casa, onde dentro de dois dias receberão suas notas e resultados.

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@Rexien

Em um piscar de olhos a situação que se voltava em direção de uma catástrofe se inverteu. No meio da confusão crescente dezenas de pessoas simplesmente pararam e o sistema de incêndio se iniciou, controlando o fogo que sobrara. A confusão agora crescia em minha cabeça até que eu finalmente comecei a entender. Aqueles que simplesmente pararam iam em direção de pessoas que poderiam ter se ferido durante toda a correria. Eu parada pude ouvir uma mulher finalmente explicando o que acontecera segundos atrás: tudo fazia parte do teste, no final das contas. Uma etapa de avaliação de reação. Genial. Talvez o que não fora genial tenha sido minha performance durante ele. Ela terminou seu anuncio dizendo que todos passariam por uma avaliação física, para avaliar se alguém precisava de cuidados médicos, e então seríamos liberados. Os resultados sairiam em dois dias e seriam enviados diretamente para nossas casas.

No final das contas eu não tinha muita noção do que aconteceria. Acreditava que meu desempenho nas duas primeiras provas tinha sido bom, mas bom era o suficiente? E claro, o segundo teste fora um fiasco. Meu tempo de reação não fora bom o suficiente, ao menos não do meu ponto de vista. Se eles perceberam isso eu já poderia me despedir de qualquer chance.

Um dia se passara. Apesar da ansiedade, mantive minha rotina. Não me fora designada nenhuma missão, então continuei meus treinamentos. Controle de chakra, força, velocidade, os atributos dos quais eu geralmente treinava.

No dia seguinte eu planejava me inscrever para alguma missão, mas fui interrompida antes de sair de casa pelo envelope selado em cima do balcão, frente as frutas. Meus pais conheciam minha rotina, então provavelmente colocaram lá porque saberiam que eu veria. A ansiedade que aos poucos passava me atropelou como um trem. A vontade de abrir era grande, mas o medo de ter reprovado era equivalente. Independe de do mix de sentimentos que passavam por mim, eu precisava abrir para ter minha resposta, e sem dúvidas é o que eu faria.

Considerações:

Ao abrir o envelope, a garota leria noticias deveras agradáveis de que teria sido aprovada em todos os testes, com uma nota consideravelmente boa. Ainda haviam algumas informações de quando as aulas começariam, bastando apenas dirigir-se para fazer a matrícula [...]
O primeiro dia de aula foi bem comum, apenas dando informações sobre o curso e afins. O cronograma da garota era composto por aulas práticas e teóricas, sendo que ela veria desde Iryō Ninjutsu básico até o mais avançado, podendo dar às técnicas aplicações hospitalares ou em combate shinobi, como o bisturi de chakra. Haviam ainda aulas de anatomia, onde haviam de operar cadáveres, e coisas do gênero, além de aulas de controle de chakra.

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No final das contas todos meus medos foram resultado de uma grande pressão que eu já havia acostumado a colocar sobre mim. Enquanto meus olhos analisavam as palavras da carta meu coração diminuía seu ritmo conforme a calma dominava meu corpo. A carta dizia que eu havia recebera notas que me aprovavam em todas as avaliações e que me restava ir até o hospital para fazer a matrícula, além de indicar quando as aulas teriam início. O dia que estaria reservado para voltar à rotina de missões mudou de direção. Fui até o hospital e concluí a matrícula e reservei o resto do dia para fazer uma pequena comemoração com meus pais, afinal, eles sabiam como eu desejava ser aprovada naquele teste e me apoiaram desde o início.

Os dias se passavam e o curso se iniciara. O primeiro dia foi como o esperado: não vimos muitas coisas relacionadas à pratica, tivemos uma apresentação de como seria o decorrer do curso. A turma, não muito grande, fora apresentada aos professores, às salas em que estudaríamos e a grade, de uma maneira geral. Aprenderíamos sobre as técnicas de ninjutsu médico, anatomia e até aprenderíamos a regular o controle de chakra. No dia seguinte foi a verdadeira primeira aula. O método de ensino era bastante dinâmico: perguntas eram feitas a todo instante para verificar nosso nível de conhecimento enquanto aprendíamos. As aulas de anatomia utilizavam de cadáveres para uma visão extensa das coisas, nos permitindo entender melhor como agir em um humano. Dormir de noite chegava até a ser difícil, pois a ansiedade agora era sobre qual seria a grande novidade do próximo dia.

Considerações:

Em um determinado momento, após alguns meses de curso a garota já seria capaz de reanimar um simples peixe que estava com algum ferimento desconhecido. Era trabalho dos alunos do centro hospitalar reanimar um certo cardume, que por sua vez iria ser enviado para o abate (mas era importante que os mantivessem vivos para que os peixes não estragassem antes do momento certo).

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@Rexien

Passaram-se dias. Passaram-se meses. Conforme o curso passava eu percebia meu amadurecimento de diversas maneiras, desde o controle de chakra até todo o conhecimento sobre anatomia e fisiologia. Atualmente treinávamos a técnica da palma mística e eu já sentia alguma progressão.

No dia de hoje faríamos o que eu considerava um teste sobre a técnica: reviveríamos um cardume de peixes. Os peixes serviriam como comida, no final das contas, mas precisavam estar vivos até que fossem levados ao restaurante. Do meu ponto de vista era uma estratégia inteligente: nos treinar com animais que caso morressem não teriam suas vidas perdidas sem proposito.  Todos entramos na sala e começamos. Em cima das mesas espalhadas pela sala haviam pergaminhos com alguns selos registrados neles e alguns peixes dentro de potes com água. Caso prestasse atenção você podia ver que ainda estavam vivos, mas em um estado de quase morte, então não tínhamos tempo a perder. Logo ao lado de cada mesa haviam carrinhos de metal com aquários de água, para colocarmos os animais vivos. Então, sem mais delongas, começamos. Estendi minhas mãos e aos poucos uma luz esverdeada começava a ser emitida, demonstrando assim que o chakra ia em direção ao animal. No começo as coisas conseguiam ser um pouco complicadas. Um pulo aqui, outro ali, mas recuperar o animal completamente não era tão simples. Depois de um tempo o primeiro peixe começou a saltar em cima do pergaminho, como de costume quando fora da água. E assim o dia continuou. Ao final da aula peixes lotavam os aquários. Toda a sala parecia bastante alegre com o resultado, o que me fazia pensar nos testes e em como eles de fato buscavam pessoas que fossem bem sucedidas no curso.

Considerações:

E com sucesso e muito esforço a garota conseguiu se formar no curso, sendo uma das melhores de sua turma. Ela maximizou seus conhecimentos cientificos e pôde aprender o melhor do Iryō Ninjutsu, podendo utiliza-lo para as finalidades que desejasse. Na sua formatura haviam diversas pessoas, e eles haviam escolhido Amaya para ser a pessoa quem discursaria para todos, tendo de subir no palco e fazer um pronunciamento digno de toda a turma de médicos para não passar vergonha. Era um belo dia ensolarado, todos vestiam-se com trajes pretos e chapéus retangulares os quais representavam sua formação. A festa era chique, no padrão do centro médico o qual trilhou toda sua carreira acadêmica.

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@Rexien

E finalmente chegamos ao final. Meses se passaram e todos da turma agora eram praticamente ninjas médicos formados. Nos últimos dias recebi minha nota final consegui ficar entre as melhoras de toda a turma, o que talvez fora o que levara eles a me escolherem como oradora da turma. Péssima ideia. Talvez todo o estudo fizera eles não notarem na minha incapacidade de me relacionar bem com as pessoas; talvez achassem que eu agisse de tal maneira por estar muito focada nos estudos. Independente do que os levara a essa escolha eles estavam errados.

Amanhã aconteceria a comemoração, a formatura. Durante todos os dias da semana eu sentara na mesma cadeira em meu quarto, mas não conseguia pensar em nada além de palavras para amaldiçoar aqueles bastardos. Respirei fundo. Falar para uma plateia não era o meu maior problema, mas anunciar palavras que eles gostariam de ouvir e compreender como um reflexo dos meus sentimentos era. Horas se passaram e eu consegui escrever algumas palavras que eu ficava lendo e relendo para depois apaga-las, tendo certeza de que aquilo seria totalmente inapropriado para o momento, quando então tive uma ideia: eu deveria usar termos científicos para realizar aquela tarefa. E assim eu fiz. Antes de deitar lia novamente o discurso pela última vez, não tendo certeza de que as pessoas gostariam, mas pelo menos considerando que eu tentara.

O momento era aquele. Frente à uma multidão de pessoas, sentadas logo a minha frente, eu iniciei: – Felicidade. O que é felicidade? Felicidade é um modo de ver a vida. Felicidade é sentir-se bem frente aos acontecimentos do nosso dia-a-dia. Mas felicidade não passa de um estado de equilíbrio entre hormônios liberados pelo nosso cérebro. Dopamina; endorfina; ocitocina e serotonina. Esses hormônios sem o devido equilíbrio nos levam a diversas sensações e sentimentos, e vocês podem ter certezas que durante todo o curso nós sentimos as mais diversas combinações. Sentimentos ansiedade; sentimos medo; sentimos um terror que quase nos fazia sair correndo, mas aqui estamos, com todas essas secreções em seu nível máximo, sentindo a mais pura felicidade. O discurso não durou muito mais que isso e ao seu final eu abri um sorriso, porque sabia que seria considerado como uma maneira positiva de terminar toda a falação. No final, simplesmente esperei pela reação das pessoas.

Na festa apenas andei um pouco e cumprimentei meus novos colegas de profissão e professores, não tendo uma longa conversa com ninguém, passando a maior parte do tempo com meus pais, que foram para a comemoração.

Considerações:

Amaya contornou a situação da forma que pôde, utilizando do que havia de maior conhecimento para suprir suas falhas. O discurso ocorria bem, e os convidados a receberam de bom grado, aplaudindo conseguintemente. A garota dos cabelos ruivos era parabenizada pelos seus professores, sendo uma boa referência para os outros alunos. Ainda na festa, um deles aproximou-se da garota e a propôs uma grande oferta a qual poderia lhe gerar muitos benefícios:
── Amaya, você deseja trabalhar comigo na minha clinica? ── E o homem acariciou seu bigode aguardando uma resposta positiva, era um médico famoso e muito recomendado em todo o vilarejo, portanto seu ego lhe permitira denegrir a garota caso a resposta fosse negativa, com alguns dizeres diretamente à ela.   Num outro canto, havia uma idosa que assemelhava-se com a avó de Amaya, e ela contava histórias de suas incríveis batalhas como uma ninja médica e como atuava nas linhas de frente ── ...Existem coisas importantes que nós médicos devemos seguir, como uma questão de ética, principalmente aos shinobis... Nunca o ninja médico deve parar o tratamento médico até a vida dos membros de seu time ter chegado ao fim! Além de é claro, o ninja médico deve evitar estar na linha de frente, visto que é quem mais deve-se preservar da vida para que possa depois salvar a vida dos companheiros. E ainda há muito mais... a vida no campo de batalha é totalmente diferente. Eu tenho fé que vocês conseguirão segui-las a risca, sendo ótimos também no que fazem ── O discurso parecia nunca terminar, e durou por mais meia hora daquela festa.

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@Rexien

O publico parecera aceitar bem meu discurso, o que me fez soltar um pequeno suspiro de alívio, afinal, conseguir dizer o que as pessoas gostariam de ouvir nunca fora meu forte.

A festa passava e enquanto eu cumprimentava os professores recebia alguns elogios. Conforme eu seguia pela comemoração um deles me abordou. Um senhor já mais velho, com um longo bigode branco me oferecia um trabalho em sua conceituada clínica. O velho tinha uma fama não muito boa quanto a ser rejeitado, o que poderia me prejudicar, mas eu sabia que independentemente do que ele faria, aquele não era meu destino, ao menos não agora. – Eu sinto muito senhor, mas não. No atual momento meu caminho me leva para uma trilha distante de trabalhar em uma clínica. Quem sabe no futuro, não é mesmo? – Terminei com um sorriso forçado, sem muito entusiasmo na voz. Talvez tenha sido até um pouco rude, mas algo me chamava atenção do outro lado do grande salão. Uma senhora vestida com uma roupa um pouco chamativa falava sem parar. Por um segundo, pelo modo com ela gesticulava enquanto falava, eu me lembrei de minha avó. Segui até o local e comecei a ouvir seu discurso. Ela falava de sua vida nos campos de batalha. Parece que não é só na gesticulação que ela lembra a vovó, pensei comigo mesma enquanto uma lágrima tentava sair pelo meu olho esquerdo. A mulher discursou durante um longo tempo, mas no final eu não me importava, ouvir tudo aquilo me lembrava pelo que eu lutava.

Considerações: