Dedilhava as tranças do cabelo rubro enquanto deitado sobre uma grama verdejante e pés apoiados sobre um tronco de uma árvore. Não tinha qualquer ideia do que fazer a seguinte com sua vida, somente bastava se preocupar com o presente. Foi quando de repente deu-se de ouvido com alguns passos em folhas secas. Alguém que não parecia incomodado em demonstrar sua presença. Muniu os pés com chakra e subiu pela árvore como um felino. Buscou se camuflar entre os galhos repletos de folhas mais largas. Uma silhueta se fez presente. Um homem alto, provavelmente idoso, com ombros largos e um porte físico invejável. Não teve confirmação visual do seu rosto. Lentamente, sacou o arco e posicionou uma flecha entre a corda e o instrumento. Apontou contra a figura, movendo-o conforme passeava de uma ala a outra.

— Desça daí, Vorn. Você não reconhece mais o seu avô? — questionou em um tom jocoso, virando o rosto ao seu neto, encarando-o com um sorriso simpático. O garoto bufou profundamente. — Descendo... — disse após ter sido enquadrado. Bastou-lhe um salto e uma mera flexão dos joelhos. Alcançou o chão próximo do outro, abraçando-o tão logo. — Vovô! Como sempre, um grande sensor. Não é a toa ter se tornado o maior da família. — reconheceu as habilidades do ancião. — Esta é uma história antiga, meu querido neto. — bateu contra suas costas com a destra. Distanciou o corpo e cruzou os braços, franzindo as sobrancelhas em seguira. — O que vim tratar é algo mais sério. Você já é da elite deste vilarejo, Vorn. Há muito nossa família não viu um prodígio como você. É chegada a hora de progredir em seu caminho. — apoiou a mão sobre o ombro do garoto. — Você está pronto, meu querido neto? Eu vim treiná-lo de uma vez por todas. — interrogou-o com seriedade, tornando o ar ao seu redor gélido.

Vorn; 1375/1375 1525/1525 00/06

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A questão de teor inesperado provocou um repentino arregalar dos olhos por parte do mais jovem. "Mas o que diabos ele está falando? É mesmo o meu avô?" perguntou-se em sua imaginação enquanto o encarava. O encarar durou apenas alguns segundos. O idoso manifestou o que seria um riso tímido. Bastou um mísero segundo. Pareciam conversar com suas mentes. Deram espaço a uma sonora gargalhada. — Pelas barbas do profeta, quem sou eu, um advogado?! — brincou o calvo. — Você me assustou, vovô. Nunca o vi tão formal até então. — reconheceu o jovem em tom descontraído. — Não se preocupe, Vorn. Eu ainda sou seu avô. — garantiu balançando a parte de cima da cabeça do menino com a destra. — Ainda sim, eu falava sério quando disse que você é um grande potencial. A verdade é que seu talento supera, em muito, as expectativas de todos da família. De qualquer modo, você não está sabendo aproveitar todo seu potencial, garoto. É preciso mais... — dialogou cordialmente.

A conversa persistiu por mais alguns segundos, quando o ancião explicou o que desejava por parte do outro. O amor imperava entre aqueles dois, a aura emanada poderia ser enxergada por qualquer observador externo. Dali partiu em direção à pratica. O objetivo pretendido era o de se tornar ainda mais prodigioso. Para tanto, deveria estudar e esforçar-se ao máximo. Começou dedicando-se aos livros, buscando entender mais sobre si próprio a partir da leitura minuciosa de escritos familiares.

Vorn; 1375/1375 1525/1525 00/06

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Focou-se nos estudos. Tratava-se de um treinamento, por mais teórico que o fosse. O senhor permaneceu sentado ao seu lado, de pernas cruzadas, com a parte interna dos cotovelos apoiadas sobre os joelhos, curvando um pouco de sua coluna. Vez ou outra alterava a posição, sendo o principal pivô da mudança a necessidade de novos pergaminhos, invocados de dentro da biblioteca do mais velho enquanto acessada por meio de um jutsu de selamento. Conhecimento era uma virtude, somente os mais sábios sabiam reconhecer isso. Horas se passaram, até que finalmente esgotasse toda a energia com os neurônios. — Nhawwwwn! — gritou num bocejo erguendo seus braços. — Estou cansado. — resmungou. — Preciso comer alguma coisa e olhar um pouco para as nuvens... Hahaha! — brincou. O velho sorriu em resposta. — De todas as manias, precisou puxar justamente essa de mim. Parece que temos uma maldição entre os Tigrevurmund... — propalou descontraído. — Descanse, Vorn. Relaxar também faz parte desse processo de aprendizagem. — orientou.

Obedeceu-o, não a contragosto, todavia. Deitou-se sobre a grama e cochilou por alguns minutos. Quando acordado novamente, deparou-se com seu avô sem camisa, castigando as árvores que existiam ao redor. A respiração dele era intensa. A força e velocidade seus golpes eram estupefatas, completamente distante do que se esperaria de alguém com sua idade. "Impressionante..." pensou o jovem enquanto o assistia. A musculatura rígida do seu corpo, o suor escorrendo através dos gomos de seu abdome e os cabelos levantados com a prática eram características marcantes daquela cena. — Legal, vovô. Voltou a praticar? — questionou. O velho saltou em um susto. — Oh! Vorn-kun. Quase matou seu velho do coração... — disse com dificuldade. A conversa se estendeu por alguns minutos, até finalmente ser iniciada a segunda parte do treinamento.

O arqueiro era ambientado com as novas condições, conjecturando com alguma dificuldade o que deveria fazer. Tratavam-se de desafios, puzzles, e outros jogos que mexiam com o lógico e com associações realizadas por sua massa cinzenta. Não entendia o porquê de ter que fazê-lo, entretanto recusou a ideia de desobedecer seu avô. Iniciou a prática tão logo aquecido.

Vorn; 1375/1375 1525/1525 00/06

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Desconhecia aquele método de treino, porém o entendeu como intrigante. A cada charada desvendada, sentia-se bem consigo próprio. Vê-lo montar quebra-cabeças diversos e resolver os mais variados enigmas despertava o bom-humor do idoso. Sobretudo quando o enxergava se dedicar ao ponto de se divertir com as tortuosas tarefas. De início, era bem possível que não entendesse o propósito de tudo aquilo, principalmente quando alguns dos puzzles carregavam conteúdo lúdico. De todo o modo, o experiente ancião conhecia bem a capacidade de todos aqueles itens se aplicados sobre um prodígio. Se bem sucedida a tentativa, poderia despertar, em seu neto, uma capacidade invejável de adaptação. Isso aplicado a carreira ninja concederia, ao garoto, gabarito o suficiente para dominar as mais variadas artes de um ninja, transmutando potencial latente em situação palpável e corriqueira.

A dedicação do arqueiro mostrou-se efetiva. Com o decorrer das horas, a mente aparentava poder resolver os códigos com uma simplicidade monstruosa. Demonstrava ser tudo uma questão de perspectiva, compreender as intenções, ler os sinais e, enfim, induzir-se à resposta. Lentamente, era possível vê-lo suar contra aqueles que demandavam uma quantidade considerável de esforços psíquicos. Nada daquilo o fez desistir, entretanto. Remanescia a vasta vontade de vencer qualquer que fosse o empecilho. Novas horas e novos trabalhos... O tempo corria fugaz.

Vorn; 1375/1375 1525/1525 00/06

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Dispendida uma carga monumental de horas, depreendeu, de uma vez por todas, a capacidade máxima alcançável a partir de seu talento. Acrescendo-o, portanto. Largou todos os jogos e virou o rosto ao seu ascendente. — É estranho. — resmungou. — Eu sinto como se pudesse fazer de tudo... Como se minha mente houvesse despertado algo... Mas eu não sei o que... — relatou com um semblante corroído entre dúvida. O ancião riu. — Você conseguiu mais rápido do que eu imaginava, Vorn-kun. À esta altura, creio que já tenha entendido o porquê deste treinamento. O cérebro do humano é capaz de se adaptar a qualquer coisa, não importando que seja ela. Como pôde presenciar, esteve constantemente lidando com desafios dos mais variados tipos, tudo em prol de trabalhar a sua capacidade de adaptação. Em resumo, o que fez foi se tornar alguém ainda mais talentoso. — explicou com um sorriso.

— Talentoso... — repetiu o garoto enquanto observando suas mãos. — E quanto ao demônio que vive dentro de mim, vovô? — questionou. De todas as suas deficiências, o terror que habitava o jovem era a pior delas. Toda vez que o mencionava, lembranças do passado retornavam à mente. Recordava-se sempre de ferir seus pais, assassinar animais indefesos e outras crueldades das quais não se poderia esperar de uma criança. Temia-o, muito embora detivesse já algum controle sobre ele. Quanto a pergunta, no entanto, o velho somente coçou a cabeça e trocou um olhar aprofundado. — Este é um problema que trataremos com o tempo, garoto. Não tenha pressa. — disse em tom firme. O garoto consentiu com um aceno de cabeça. Deixou a floresta ao lado de seu avô, não sabendo que direção tomaria a partir dali.

Vorn; 1325/1325 1525/1525 00/06

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